A disputa por cérebros

Em artigo no Washington Post, Bem Wildavsky comenta que a transmissão do conhecimento constitui um novo tipo de livre comércio, o de mentes, e isso está preocupando os países. Muitos países como China e Índia restringem o acesso de Universidade estrangeiras a seus países. Por outro, são quase 3 milhões de jovens que estudam fora de seus países, representando um aumento de 57% na última década. A maioria estuda nos Estados Unidos e desses, 64% dos estudantes, cursam doutorado em ciência da computação.

No Brasil, o número de doutores cresceu em média 11,9% no período entre 1996 e 2008, segundo pesquisa do CGEE (Centro de Gestão de Estudos Estratégicos). A pesquisa mostra que o Brasil tem 137 mil doutores. O crescimento de doutores em engenharia e em ciências exatas e da terra (onde se enquadra ciência da computação) foi menor que a média: 10,3% e 8,1%, respectivamente. Isso demonstra a pouca competitividade do Brasil na geração de conhecimento através da pesquisa de ponta.

Segundo a pesquisa, 76% dos doutores atuam na área de educação e 28% estão desempregados. A maior concentração de doutores empregados está na região Sudeste com 68,3%, seguido pela região Sul com 14,7%. A região Nordeste tem 7,9%, a região Centro-Oeste 6,4% e por último a região Norte com 2,7%.

Sem uma elite acadêmica uma nação não consegue ter crescimento sustentável. Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, falou em tom alarmante sobre essa situação: “Se quisermos continuar construindo os carros do futuro aqui não podemos nos permitir ver o número de doutorados em engenhara aumenta na China, na Coréia do Sul e no Japão, ao mesmo tempo que se observa uma queda aqui nos Estados Unidos.”

A questão da educação no Brasil é um dos grandes desafios da nação. O nosso crescimento está sendo inibido pela falta de mão de obra qualificada na área operacional. O número de engenheiros formados no Brasil está muito aquém das necessidades para sustentar o nosso crescimento. Também, infelizmente, nossas faculdades não formam profissionais aderentes com as necessidades do mercado forçando as próprias empresas a investir em treinamento para compensar a falta de conhecimento e habilidades dos recém formados.

Defendo a tese que devemos investir em núcleos de pesquisas focados em tecnologias emergentes para aplicação na indústria. Esses núcleos, se privados, devem receber fortes incentivos fiscais para viabilizá-los e monitorados por agencias do governo. Se públicos, selecionar apenas as melhores mentes, independente da classe social, raça ou credo.