A educação precisa de metas e rotas tecnológicas

Não há dúvidas que a educação é fundamental para o crescimento de uma nação, tanto do ponto de vista econômico como social. O desafio da sociedade é atrair e motivar os jovens a estudar e se qualificar em coisas que interessam para as empresas e comunidade. Falar genericamente em educação é muito vago. Temos que definir as prioridades e as rotas tecnológicas. Essas definições não são responsabilidade do governo e sim das empresas e da sociedade. O governo é um instrumento que deve viabilizar políticas públicas para atingir os objetivos do mercado e da sociedade. Agora vem a pergunta chave, o que o mercado e a sociedade precisam? As empresas mais lucro, a sociedade mais justiça social. Ambos possuem uma forte dependência. Como chegar ao ponto de equilíbrio?

A primeira coisa é ajustar as expectativas. Isto envolve a transparência de onde queremos chegar. Se as empresas buscam a automação extrema, como o que deve ocorrer nos Estados Unidas para o retorno das fábricas do Oriente, devemos deixar claro que determinadas profissões irão desaparecer e mostrar os novos caminhos para os jovens e profissionais que precisam se requalificar. Obviamente, devem existir escolas capacitadas para qualificar as pessoas, oportunidades de estágios e salários compatíveis com a especialização.

Devemos explicar para os jovens que cursos técnicos podem ser muito mais rentáveis que alguns cursos universitários. Melhor investir menos tempo e dinheiro em curso técnico que longos anos em um curso que traga pouco retorno do investimento. Veja o caso de técnicos para implantar soluções de IoT (Internet of Things). Apenas a Cisco estima que serão necessários centenas de milhares de técnicos para implantar as suas soluções. A evolução de soluções de geração de energia distribuída, como energía fotovoltaica, exigirá milhares de técnicos para instalação e manutenção dos equipamentos. A substituição dos atuais medidores analógicos de energia por medidores eletrônicos, estimados em 36 milhões no Brasil, exigirá a qualificação de milhares de técnicos.

As novas tecnologias para a área de saúde exigirão novos técnicos e agentes de saúde para monitorar pacientes remotamente e aplicar novos exames clínicos. A área jurídica exigirá um novo perfil de advogados, habilitados a utilizar ferramentas de inteligência artificial para definir melhores abordagem jurídicas.

O desafio é mapear e quantificar a necessidade de novos cursos e a quantidade de profissionais. Os instrumentos estão disponíveis, o IBGE, as associações de classe patronais e dos trabalhadores, e as entidades educacionais. Precisamos reunir essas entidades e definir um plano de crescimento integrado e dinheiro para viabilizar.

Quem se habilita a liderar esse movimento?