A próxima crise econômica internacional

Começam a aparecer os sinais de uma nova crise econômica internacional. O primeiro sinal foi um artigo do New York Times em março 2015 comentando uma palestra de ex-presidente do Banco Central americano (Federal Reserve), Paul Volcker, alertando que os fundos hedges e private equity continuam desregulados e a fragmentação do sistema regulatório americano, entre estados e governo federal, dificulta o acesso às informações e, consequentemente, a detecção de uma próxima crise.  O segundo sinal foi o discurso de lançamento da candidatura de Hilary Clinton em Nova York em junho de 2015, mencionando o potencial risco dos bancos americanos. O terceiro sinal foi um breve comentário do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, no programa Painel da GloboNews, sobre a supervalorização dos ativos americanos e a necessidade de elevação dos juros para evitar a pulverização desses ativos. Um quarto sinal é a não aprovação pelo Congresso americano do acordo de livre comércio Trans-Pacifico, incluindo congressistas do próprio partido de Barack Obama, o partido Democrata, indicando ainda uma visão protecionista de mercado. O quinto sinal é a recusa da Grécia em fazer um ajuste fiscal mais agressivo para equilibrar suas contas. E apenas para não se estender, a queda do crescimento da China que afeta toda a economia mundial.

No Brasil, o ritmo de adoção de medidas para o ajuste fiscal esbarra no Congresso por questões politicas e eleitoreiras. Nossos principais itens de exportação, as commodities, perderam valor no mercado internacional e não devem recuperar os níveis da década passada, frustrando qualquer ideia de recuperação da balança comercial aos níveis do passado. Se hoje já está difícil obter investimentos externos pela falta de credibilidade do país, essa situação se agravará com uma nova crise internacional. Adiciona-se a falta de acordos de comércio bilaterais do Brasil, ou do ainda sonhado Mercosul, com países de relevância econômica.

Ao que parece, os empresários e governos continuam a usar os mesmos conceitos da antiga economia, colocando em risco a qualidade de vida de seus cidadãos.

A saída para o cidadão é o empreendedorismo. Acredito que está na relação próxima das pessoas em suas comunidades, incluindo a digital, as maiores oportunidades para crescimento de renda e qualidade de vida. Essa mudança de paradigma do emprego é importante para proteger a própria família das turbulências da economia e assumir o controle da situação, sem depender do emprego tradicional.

Os governos competentes e visionários já têm essa noção e agem para incentivar o empreendedorismo, criando uma legislação trabalhista flexível e processos ágeis para a criação de empresas. O desafio é capacitar as pessoas para o empreendedorismo, incluindo técnicas de criatividade e inovação. Ou seja, o caminho é a educação.

Infelizmente, no Brasil o ajuste fiscal em 2015 atingiu programas como o PRONATEC e FIES. O primeiro, embora seja necessária uma ampla revisão, é um programa importante para a qualificação rápida de microempreendedores na área de serviços que pode garantir o sustento das famílias. O segundo, de longo prazo, é o acesso a cursos de formação universitária.

Entretanto, os sindicatos com suas verbas do imposto sindical, FAT (fundo de amparo aos trabalhadores) e os parlamentares com suas verbas do governo podem apoiar projetos educacionais para a qualificação de trabalhadores.

As próprias empresas dentro do viés de responsabilidade social podem apoiar programas de qualificação e empreendedorismo para funcionários com ganhos internos em produtividade e em caso de demissões, garantir uma atividade remunerada dos trabalhadores.

Modestamente, contribuo com um curso online gratuito sobre inovação disruptiva para auxiliar nesse processo de transformação das pessoas no site www.efagundes.com.