As condições ideais para fomentar o empreendedorismo

Em visita ao Brasil, John Chisholm, empreendedor serial e diretor da MIT Global Alumni Association, afirmou que é possível construir um Vale do Silício em São Paulo. A entidade liderada por ele reúne mais de 130 mil alunos e ex-alunos do instituto com o objetivo de conectar mentes geniais com interesses similares para elaborar grandes projetos. Com sua experiência de ter lançado duas startups no meio da bolha da Internet, ele disse que criar empresas no meio de crises econômicas torna mais fácil sua sobrevivência no futuro, baseado no fato que você deve operar com recursos limitados e mercados recessivos.  Ele desmistifica a ideia que as pessoas nascem com o perfil empreendedor, segundo ele é possível desenvolver essa habilidade. Ele aponta dois fatores ideais para fomentar o empreendedorismo: livre comércio e baixa regulamentação, incluindo impostos.

O livre comércio é o sonho de qualquer empreendedor. Entretanto, os desafios são grandes, pois cada país cria leis protecionistas para seus produtos para garantir a competitividade interna e, em alguns casos, criam incentivos artificiais para aumentar a competitividade no mercado global. Os lobbies são enormes, veja o caso do acordo de livre comércio Trans-Pacific que teve mais de cinco anos de negociação para superar as regulamentações dos 12 países envolvidos. Esse grupo de países representam 40% da economia mundial e pode se tornar no maior acordo regional da história. Acordos desse dessa magnitude exigem líderes fortes e comprometidos para remover os obstáculos. O nosso Mercosul fracassou do ponto de vista econômico, cada país está fazendo seus próprios acordos bilaterais para salvar e estimular suas economias. Talvez, as únicas coisas que avancem no Mercosul são as placas dos carros e a carteira de identidade comum.

O desafio da regulamentação é encontrar o ponto de equilíbrio. Regras são necessárias para proteger a saúde, condições de trabalho e o patrimônio das pessoas. A história mostra que a falta de regulamentação do mercado cria situações desastrosas, como a Grande Depressão de 1929 e mais recentemente a crise econômica de 2008. Em ambos casos, as pessoas perderam seus patrimônios e o emprego. Por outro lado, uma forte regulamentação inibe a criação de negócios inovadores que querem quebrar paradigmas de mercado e são barrados pela regulamentação, veja o caso do Uber. Mas acredito que o pior é o intervencionismo do Estado de forma intempestiva para proteger interesses de fortes grupos sem a preocupação dos impactos na economia como um todo. Isso gera incerteza nos empresários e reduz o interesse por novos projetos devido ao receio de mudanças nas regras no meio do jogo.

A questão dos impostos é polêmica, temos que analisar pelo ponto de vista custo/benefício. Altos impostos podem ser interessantes se usados para compartilhar benefícios como saúde, educação, pesquisa e infraestrutura de forma a criar uma plataforma de desenvolvimento comum, reduzindo investimentos individuais. Bons exemplos vêm dos países da Escandinávia, onde os impostos são elevados, porém são transformados em benefícios para as pessoas e empresas. Por outro lado, cobrar impostos altos e usar o dinheiro para interesses partidários e desperdiça-los por incompetência e corrupção reduz a capacidade de crescimento econômico e qualidade de vida da população.

Particularmente, reduzo as condições ideais para o empreendedorismo no equilíbrio da regulamentação, eliminando a intempestividade intervencionista dos governos, e a melhor aplicação dos impostos em uma plataforma de crescimento sustentável, incluindo saúde, educação e infraestrutura. O livre comércio é um plus para as empresas. E o dinheiro para os empreendedores? Com essas condições ele aparece em abundância.