As oportunidades com a nova Lei de Terceirização e da nova Lei Trabalhista

Para quem vive no ambiente de startups e desenvolvimento de negócios com jovens empreendedores as discussões sobre terceirização e nova lei trabalhista parecem chover no molhado e olhar pelo retrovisor. As novas leis apenas oferecem um olhar legal para coisas que são de senso comum no ambiente jovem e empreendedor de negócios. Entretanto, temos que lembrar que a maioria dos empregados brasileiros vivem uma outra realidade. Em março de 2017, o Ministério do Trabalho denunciou 68 empregadores por manterem trabalhadores em condições análogas à escravidão. Outro desafio para os trabalhadores será a eliminação de 47% dos atuais empregos nos próximos 20 anos (pessoalmente, acho que em menos tempo) devido ao avanço das tecnologias de informação, tais como inteligência artificial e robotização extrema. Ou seja, de nada adianta leis trabalhistas se não existirem empregos para todos.

Uma pesquisa do Datafolha mostra que 64% dos brasileiros acham que as novas leis trabalhistas beneficiam mais os patrões. O lado ruim deste resultado é que muitos brasileiros não estão alinhados com os rumos do trabalho e novos negócios e, provavelmente, não estão fazendo nada para se transformar. Talvez, estejam apenas enchendo as redes sociais de mensagens contra o inevitável e perdendo tempo de se autotransformar para uma nova realidade de negócios. Infelizmente, aqueles que não entendem as mudanças estão trabalhando em uma das profissões que deixarão de existir nos próximos 20 anos.

Os trabalhadores devem mudar o seu mindset, devem pensar como empreendedores, oferecendo seu portfólio de serviços para o mercado. Devem avaliar como sua prestação de serviço agrega valor as empresas. Um trabalhador do passado pergunta para o empregador qual será o seu salário. O novo trabalhador avalia com o empregador quanto o seu serviço irá impactar nos resultados da empresa. Esta métrica é definirá o valor do serviço. Agora, se o trabalho será realizado em casa, na empresa, no horário comercial, aos finais de semana, com transporte da empresa, etc. isto deve ser negociado de tal forma a maximizar o serviço prestado e os resultados para a empresa.

Uma nova forma de atuação permite maiores ganhos, pois o mesmo serviço pode ser prestado para várias empresas, simultaneamente. Uma das poucas alternativas para a classe média manter seu padrão de vida.

Quem realiza trabalho repetitivo, mesmo que intelectual, será substituído por sistemas de inteligência artificial e robôs. Então, temos que utilizar nossas habilidades e criatividade de humanos para encontrar novas formas para conseguir renda e realização profissional.

Stephen Hawking, um dos mais consagrados cientistas da atualidade, acredita que a Inteligência Artificial irá ultrapassar e substituir os seres humanos, partindo da premissa que os seres humanos são limitados pela lenta evolução biológica.

Elon Musk, CEO e CTO da SpaceX, Engenheiro de produto e CEO da Tesla Motors e Chairman da SolarCity, propõe misturar a inteligência humana com computadores. Sua proposta é permitir que os humanos acompanhem o desenvolvimento da inteligência artificial através de um eletrodo implantado no cérebro humano. Com isso, o ser humano poderia se comunicar diretamente com os computadores, sem ser necessário uma interação física. Sua empresa –  Neuralink – desenvolverá o eletrodo para que as pessoas possam fazer upload ou download de pensamentos diretamente ao computador, permitindo aos humanos um altíssimo nível de função cognitiva.

A transformação será radical nos próximos anos. Quem não acompanhar as transformações corre o risco de ter que se submeter a trabalhos diferentes dos atuais e ficarão mais vulneráveis aos que se adaptaram aos novos modelos de negócios e tecnologias.

Uma alternativa para os “desplugados” dos computadores de inteligência artificial será o empreendedorismo social e sustentável.  É crescente a adoção de práticas sustentáveis de vida, como a moda slow fashion, uso de algodão orgânico para roupas, alimentos orgânicos, produtos fabricados apenas com material reciclado, venda de excedente de energia limpa produzida em casa, uso compartilhado de produtos, produtos simplificados para atender as necessidades básicas de processos, etc.

O foco da discussão sobre a terceirização e da nova lei trabalhista não deveria ser como proteger os empresários e trabalhadores do trabalho como o conhecemos hoje, e sim criar uma ponte para a transição para novos cenários de negócios e qualidade de vida para as pessoas.

Como trabalho nas duas áreas: engenharia de software e inteligência artificial em projetos acadêmicos; e, negócios sustentáveis em projetos de consultoria e cursos de pós-graduação, busco o equilíbrio entre as ações. No site Efagundes.com discutimos os avanços tecnológicos e seus impactos nas empresas e pessoas. Defendo o uso da “inovação aberta” (open innovation) para acelerar os movimentos de transformação.