Inovação disruptiva, a solução para a indústria nacional

Infelizmente, os indicadores mostram a primarização da nossa economia, ou seja, nossa indústria está regredindo e o agronegócio se consolida como o principal motor de exportação. A crise que assola o Brasil provocado, segundo alguns especialistas, pela dosagem equivocada de subsídios a indústria e ao forte incentivo ao consumo desestabilizou a economia. Essa crise chegou no momento onde a economia internacional começa a se recuperar e pega nossa indústria sem capacidade de competir no cenário internacional. Isso nos tira das grandes cadeias globais de fornecimento, deixando nossa indústria isolada do resto do mundo. O problema é agravado pelos altos impostos de importação de máquinas e equipamentos. O cenário dos nossos parceiros tradicionais, exceção dos Estados Unidos, não é muito animador. A Argentina e Venezuela estão em crise e nossos vizinhos na América Latina estão fazendo acordos bilaterais para impulsionar suas economias. O Chile e Peru aderiram ao acordo Trans-Pacífico de livre comércio. O Uruguai adota políticas mais flexíveis para empresas internacionais usando sua ZPE (zona de processamento de exportações) e o Paraguai atrai novos investimentos com energia barata gerada em Itaipu. A boa notícia é que ainda temos um mercado de mais de 200 milhões de habitantes, consumidores que experimentaram o prazer do consumismo e urgência em aumentar a produtividade no campo com melhorias na infraestrutura para escoar a produção e novas tecnologias para o agronegócio.

Concordando com esse cenário, a única alterativa para a nova indústria é investir em inovações disruptivas. É necessário reinventar os produtos para substituir os itens importados de alto custo com funcionalidades similares de baixo custo.

A redução da capacidade de compra dos consumidores cria uma enorme demanda reprimida por itens de consumo do mercado internacional. Ofertas similares de baixo custo, certamente, encontrarão consumidores dispostos a comprar.

Sei que é uma solução amarga, pois estaremos adotando um modelo que Japão, China e Coréia do Sul usaram décadas atrás e se mostrou eficiente no longo prazo. A Índia vem praticando esse modelo há algum tempo e os primeiros resultados começam a aparecer. Talvez, a Índia devesse ser o nosso principal parceiro tecnológico.

Temos uma grande vantagem que os países que adotaram essa estratégia não tiveram. Nossa indústria de tecnologia da informação está bem avançada, permitindo embarcar tecnologias de conectividade nos produtos, Internet of Things por exemplo, reduzindo a diferença de funcionalidades dos produtos mais sofisticados.

Sugiro que ao invés de ficarmos esperando uma solução milagrosa do governo para sairmos da crise, os empresários deveriam se unir para definir uma estratégia disruptiva para a nossa indústria.