Inovação sustentável: a revolução do consumo

O que difere os humanos de outros seres vivos é busca do “porquê” e a nossa imaginação. Entendendo as “coisas” somos capazes de imaginar novos cenários e quando conseguimos concretiza-los chamamos de progresso. A velocidade das descobertas e a nossa capacidade de implementar novos cenários vem crescendo rapidamente apoiadas pela tecnologia, entrando em uma espiral positiva. Ou seja, quanto mais tecnologia, mais descobrimos coisas, quanto mais coisas descobrimos, mais tecnologia desenvolvemos. Com isso erradicamos doenças que dizimavam milhões de pessoas, permitindo o prolongamento da vida com qualidade. Conseguimos produzir mais alimentos para reduzir a fome no mundo. Criamos mais artefatos para simplificar a vida e aumentar nosso conhecimento. Até os anos 80s do século passado, usamos apenas os “juros” que a natureza nos oferecia para melhorar nossa qualidade de vida. A partir deste ponto de ruptura, estamos consumindo o “capital” principal da natureza para suportar nosso progresso. Hoje somos mais de 7 bilhões de pessoas e a projeção é de 9 bilhões até 2050. O fato é que o atual modelo de vida da humanidade é insustentável. O conceito atual de progresso e riqueza pode levar ao fim da humanidade nas próximas décadas. Muitas pessoas estão descobrindo que sair do ciclo vicioso do consumismo traz mais satisfação, é mais barato e ajuda a proteger o planeta. Isto lança um novo desafio para os empreendedores, criar inovações sustentáveis.

O desmatamento das florestas, mesmo que legal, tem o objetivo de extrair madeira para móveis e construções, e para abrir espaço para a pecuária e agricultura para alimentar milhões de pessoas. Curiosamente, um dos maiores males da vida moderna é a obesidade. Não são raras as milagrosas dietas que prometem o emagrecimento, gerando lucros extraordinários para seus criadores. Ou seja, produzimos alimentos em excesso que engorda as pessoas e depois criarmos soluções para emagrece-las.

A tecnologia nos permite trabalhar mais e a desenvolver novos modelos de negócios, que geram stress nas pessoas. Para aliviar o stress, produzimos remédios, criamos novas modalidades de lazer e tratamentos médicos para combater um problema que nós mesmos criamos.

No conceito atual, uma empresa ou pessoa de sucesso é aquela que progride mais no acumulo de riqueza, mesmo que produza algo para o bem-estar das pessoas.

Seria loucura imaginar uma empresa com crescimento de capital zero, porém que preservasse a natureza? Poderíamos medir o sucesso da empresa pelo menor impacto que ela causa na natureza.

Definimos economia como a ciência que estuda os fenômenos relacionados com a obtenção e a utilização dos recursos materiais necessários ao bem-estar, podemos inferir que quanto menos recursos utilizarmos para atender ao bem-estar das pessoas, melhor será esta empresa.

Por esta definição uma churrascaria que oferece rodizio de carnes com grande desperdício de comida é uma empresa, economicamente, ruim. Também, é uma decisão, economicamente, ruim quem compra um smartphone top de linha apenas para usar o Facebook e o WhatsApp, pois adquiriu recursos em excesso para realizar atividades que exigem poucos recursos computacionais.

As inovações sustentáveis são aquelas que não criam problemas futuros e que possam oferecer bem-estar com o mínimo de recursos possível. Estas inovações ajudarão as pessoas a adotarem um consumo consciente e a proteger o planeta.

Empreendedores com esta visão trarão melhor qualidade de vida para as pessoas, transformarão o conceito de sucesso empresarial e receberão o reconhecimento pela preservação do planeta e por seus produtos e serviços de consumo consciente.