Novos modelos de negócios para enfrentar a estagnação econômica global

Minha opinião é que a “crise econômica” que o Brasil atravessa não é apenas o resultado de gestões governamentais desastradas e o elevado nível de corrupção, mas uma consequência do ajuste global da economia. As maiores economias globais atuais estão desacelerando e mantendo estagnados os salários e com previsão de redução na participação do PIB global. Os países da Ásia devem assumir o protagonismo mundial. A alternativa para os atuais países ricos é avançar na automação para competir com os baixos preços dos asiáticos, com salários de US$100 por mês. Índia, Paquistão e Bangladesh tem salários 75% mais baixos que os chineses e devem colocar entre 1 milhão e 1,5 milhão de trabalhadores por mês até 2020. Para competir, fora as commodities agrícolas e minerais, é necessário o desenvolvimento de novos modelos de negócios, baseados em automação extrema e inteligência artificial.

O comércio eletrônico, apresentou no Brasil, acumulou uma deflação de 1,06% nos últimos 12 meses (jun/2016 a jun/2017). Vários são os fatores pela deflação, competir no oceano vermelho só baixando o preço, sacrificando as margens de lucro. Isto é insustentável no médio e longo prazo. As empresas precisam buscar outros diferenciais.

Deflação no comércio eletrônico

Uma pesquisa da Atento mostra que 58% dos brasileiros ainda preferem comprar em lojas físicas. Usam a Internet apenas para pesquisar produtos e preços. Conhecendo o preço delapidado pela competição na Internet, forçam o lojista a praticar preços semelhantes que acabam corroendo as margens de lucro e compromete a manutenção das lojas físicas.

Grandes lojas conseguem vender mais barato produtos de qualidade devido a produção em massa em países emergentes. Com isto, acabam concentrando as vendas e destruindo os pequenos comerciantes. Veja o caso da Forever 21 e Zara, no ramo de vestuário, que praticam preços abaixo das lojas tradicionais e possuem lojas em grandes shopping centers. Com o tempo, passam a ser a primeira opção de compra.

A Industria 4.0, a quarta revolução industrial, que produz em massa produtos personalizados, segundo estimativas, deve destruir mais de 7 milhões de empregos em vários setores, 5 milhões na indústria. Softwares de inteligência artificial estão assumindo tarefas de uso raciocínio complexo, colocando em risco vários empregos qualificados. Os robôs se auto configurando para atender a demandas diversificadas, sistemas de informações integrados via IoT ou Blockchain, e análises preditivas e prescritivas usando ferramentas de inteligência artificial podem mudar o jogo da competividade asiática, fabricando produtos mais baratos e localizando vários componentes, hoje fabricados em massa na Ásia.

Dos 14 milhões de desempregados muitos não encontrarão posições que exerciam no passado, alguns entrarão para a classe dos inempregáveis, mesmo alguns especialistas em modelos de negócios ultrapassados.

Atualmente, existem 48 milhões de empreendedores no Brasil, dos quais 44% foram obrigados a empreender por necessidade. Neste grupo, o risco é maior de perda de habilidades para o novo cenário de negócios, pois eles não têm acesso a treinamentos especializados em novas tecnologias, uma vez que 70% ganham até R$2.800 por mês.

A redução dos custos do processamento, armazenamento e uso intensivo de softwares open-source viabilizam novos negócios baseados na Internet.

Muitas vezes, a dificuldade que temos para fazer algo pode ser o insight para desenvolver um novo negócio. Então, analise as dificuldades e encontre uma solução que possa ser escalável.

Se a economia cresce lentamente a solução é avançar no market share, abocanhando clientes de outras empresas com soluções mais simples, robustas e baratas. Comece devagar para não chamar a atenção. Siga o exemplo do Skype abocanhou uma significativa parcela do mercado de ligações de longa distância sem alarme, quando os tubarões do mercado de telecomunicações perceberam já tinham perdido um significativo número de clientes.

Como sugestão final para novos negócios, crie um que faça os outros ganharem dinheiro, trabalhando de forma colaborativa, como o Waze, é muito mais fácil alavancar um negócio.