A renúncia do CEO da Infosys mostra a força da cultura dos fundadores

A saída de Vishal Sikka da Infosys, uma das principais empresas de tecnologia da Índia com atuação global, mostra o poder dos membros dos conselhos de administração das empresas, principalmente, de seus fundadores. Sikka tentou alavancar os negócios da Infosys para US$20 bilhões até 2020, introduzindo um estilo de gestão americano. Este estilo mostrou-se incompatível com a cultura dos fundadores da empresa, o que acabou forçando a renúncia de Sikka. Este caso mostra a importância do alinhamento das ações dos CEOs com os membros dos conselhos de administração e a compreensão da cultura da empresa. Muitos CEOs são contratados com a missão de transformar a organização para se adaptar e superar desafios do mercado, para garantir a continuidade e crescimento dos negócios. Entretanto, em alguns casos, os fundadores e membros do conselho de administração acabam sendo o principal obstáculo das mudanças. Como superar este desafio?

Vishal Sikka

A rápida transformação dos mercados, principalmente, causados pelo avanço da tecnologia, exige mudanças na lógica de como se faz negócios. O grande desafio, em mercado altamente dinâmicos, é apostar em certos cenários futuros e investir no capital intelectual e tecnológico para prepara a empresa para o futuro.

Aparentemente, Sikka criou um caminho lógico de crescimento da empresa. Nos últimos três anos, preparou a empresa para enfrentar futuros desafios ao traçar uma jornada de inovação, incluindo automação e inteligência artificial. Um exemplo disso, foi quando Sikka e seu COO Praveen Rao chegaram com um carrinho de golfe autônomo para anunciar os resultados da empresa. O carro autodirigido foi como um símbolo do trabalho de Sikka na empresa.

Para atingir seus objetivos, Sikka treinou engenheiros em tecnologia autônoma e criou serviços de computação em nuvem e inteligência artificial. Estes novos serviços acabaram contribuindo com mais da metade do crescimento da receita de US$2 bilhões em 2015.

Entretanto, parece que este movimento de transformação da Infosys conflitou com a cultura e os propósitos de seus fundadores, resultando na renúncia de Sikka.

A conclusão que chegamos é que antes de transformação a empresa devemos transformar seus fundadores e elaborar um plano que seja aceito, incondicionalmente, por eles. Se não, saia rápido para não se desgastar. A questão que fica é qual será a estratégia de transformação da Infosys para enfrentar os desafios do futuro.