Sistema de cogeração com gás natural torna empresas autossuficientes em energia

Da mais simples a mais complexa e sofisticada fábrica não opera sem energia. Confiar no sistema público de fornecimento de energia tem suas vantagens, porém tem seus riscos. No Brasil, as concessionárias de distribuição têm um acumulo de multas superior a R$600 milhões por não atingirem os níveis de serviço estabelecidos nos contratos com a Aneel. Os ressarcimentos para os consumidores são tão pequenos que mal se percebe nas contas de energia, o que de longe não compensam os prejuízos gerados pela falta e qualidade da energia. Empresas que desenvolvem planos de continuidade de negócios sérios (aqueles que não são apenas para auditor ver) estão considerando a autoprodução de energia para garantir a autossuficiência de energia. Uma opção é a cogeração com gás natural.

A cogeração com gás natural permite a produção simultânea de energia elétrica e térmica (vapor e água quente) que podem ser utilizadas de diferentes formas na indústria (produção de metanol, amônia e ureia), além de refrigeração isento de CFC no processo de produção de água gelada.

O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves de origem fóssil, isolados ou misturados ao petróleo, onde o metano tem participação superior a 70% em volume de sua composição. Sua composição pode variar bastante dependendo de fatores do campo de extração e do processo de produção, condicionamento, processamento e transporte da substância.

O gás natural é uma commodity cotado nas bolsas de mercadorias, principalmente na Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque (NYMEX) e Bolsa Intercontinental (ICE). O lote padrão é medido em milhões de unidades termais britânicas (mmBtu).

A produção mundial de gás natural cresce em todas regiões do planeta. Alcançou a marca de três milhões de metros cúbicos extraídos, com uma produção de 8 bilhões m3/dia em média. Esse volume representa 1,5% das reservas mundiais aprovadas. A produção no Brasil é de 50 milhões de m3/dia.

A decisão de uso de gás natural deve analisada dentro um contexto amplo dos processos de produção. Como o gás natural é uma fonte não-renovável e pode gerar impactos no meio ambiente seu uso deve compensar outros processos que geram danos ambientais. Além de eventuais acidentes ambientais, como vazamento, a queima do gás natural emite poluentes atmosféricos, como dióxido de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOx) e, em menor escala, monóxido de carbono e alguns hidrocarbonetos de baixo peso molecular, inclusive metano, devido à combustão incompleta.

Entretanto, apresenta mais vantagens ambientais que fontes outras fontes energéticas, se comparadas com o carvão e derivados e petróleo. Entre outras vantagens, emite menor quantidade de emissões de CO2 por unidade de energia gerada (cerca de 20 a 23% menos que o diesel e 50% menos que o carvão) e não é necessário estocar, eliminando riscos associados ao armazenamento de combustíveis.

A nova planta automobilística da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) optou por um sistema autossuficiente de energia usando o processo de cogeração, projeto desenvolvido pela Companhia de Gás de São Paulo (Comgás). O projeto teve apoio da agência de fomento Investe São Paulo, além da participação da prefeitura local. Um dos desafios foi criar uma rede de dutos para a chegada do gás natural na nova fábrica.