A crise e a TI. Como reduzir 40-50% das despesas de TI?

Especialistas afirmam que nossa economia demorará a se recuperar e teremos baixo crescimento nos próximos anos. Os subsídios do governo secaram. As taxas de juros estão nas alturas e a economia dos gastos públicos está sendo transferida para quem tem títulos da dívida pública. O desemprego aumentará e a renda caíra. Nossa produtividade é quatro vezes menor que a dos americanos. A média de escolaridade dos brasileiros é de 7 anos, enquanto a média americana é 13 anos.  Nossos professores, pesquisadores e cientistas enfrentam dificuldades para suas atividades no país. Nossa indústria está em dificuldades. Apenas a exportação de commodities não será suficiente para reduzir o déficit da balança comercial. Temos poucos acordos de comércio internacionais. Nossos países vizinhos estão com taxas de crescimento maiores que devem atrair os investimentos da América do Sul e estão estabelecendo vários acordos comerciais, como o Chile e Peru que aderiram ao Trans-Pacífico. O Brasil não é signatário do Acordo de Tecnologia da Informação (ATI) que elimina tarifas aduaneiras entre os 78 países que representam 90% do PIB dos 159 membros da Organização do Comércio (OMC). A queda de renda das famílias que experimentaram o pode gerar uma instabilidade social, principalmente nas periferias das grandes metrópoles. Não existe perspectiva de uma demanda autônoma que provoque a retomada do crescimento econômico brasileiro. Resumindo, a situação do país é delicada e exige fortes mudanças na vida das pessoas, empresas e governo.

Diante desse cenário, serão necessários ajustes profundos nos processos de negócios para reduzir, significativamente, o custo dos produtos para maximizar o lucro. Isso inclui os custos de produção, distribuição, vendas e custos administrativos, incluindo os custos de tecnologia da informação (TI). Isso implica em avaliar serviços no mercado internacional. Por exemplo, avaliar se é economicamente viável constituir uma empresa na ZPE (zona de processamento de exportação) no Uruguai e exportar os serviços para o Brasil.

O desafio da TI deve ser reduzir seus custos operacionais entre 40-50% mantendo soluções robustas, integradas e seguras para apoiar os novos processos. A exemplo das montadoras de automóveis, a TI deve determinar qual o valor de cada serviço a ser contratado para atingir o objetivo de custo dos produtos da empresa. Essa postura aperfeiçoará o mercado de produtos e serviços de TI no Brasil, forçando os fornecedores a buscarem soluções inovadoras para atender as expectativas de custo dos clientes. Neste contexto, os custos de TI deverão ser baseados no custeio ABC, ao invés de um simples rateio entre as unidades de negócio.

Em um pacto para a redução de custos da empresa, as áreas de negócios serão mais perneáveis em adotar processos padrões já definidos em softwares de mercado executando na nuvem, na modalidade Software as a Service (SaaS). Esses softwares já implementam práticas de excelência operacional dos processos comuns nas empresas. Aceitarão a tese que não se deve reinventar a roda. Os custos de serviços na nuvem devem ser tão atraentes que inviabilize qualquer argumento sobre falta de segurança ou politicas da empresa.

Mudanças de processos de negócios e uso intensivo de serviços na nuvem permitirão a substituição de vários sistemas legados e, consequentemente, os altos custos de manutenção de sistema. Isso deve corrigir um problema crônico nas organizações de TI de contratar mão de obra, própria ou terceirizada, para manutenção de sistemas. Esse modelo embute o pagamento pela ineficiência da metodologia de desenvolvimento de sistemas e dos programadores. Em outras palavras, um software com erro é pago duas vezes, uma quando se desenvolve e outra quando se corrige. Contratando um serviço na nuvem, paga-se uma única vez.

Confirmando-se a previsão de alguns especialistas que teremos conflitos sociais nas grandes metrópoles durante o processo de ajuste da economia, passa ser arriscado operar em data centers nas grandes cidades sob o risco de paralisação. Seja por greves gerais bloqueando a circulação de pessoas, transporte de produtos (como diesel para os geradores) ou por atos de vandalismos. Isso implica em contratar serviços de data centers principal e de backup em regiões de baixa probabilidade de conflito. Contratando serviços na nuvem facilita e reduz os custos dos planos de continuidade negócios.

Outra ação que reduz custos e aumenta a segurança das informações é a virtualização dos desktops. Com a flexibilidade de utilizar diferentes hardwares para acessar aplicações corporativas e softwares de produtividade (editores de texto, planilhas eletrônicas, etc.) mantendo todas as informações centralizadas em local seguro, reduz significativamente os custos de suporte em campo. Essa solução pode ser potencializada com a adoção do BYOD (Bring Your Own Device), ou seja, permitir que o funcionário utilize seus próprios dispositivos (notebook, tablet e smartphone) para acessar as informações corporativas.

As soluções e tecnologias estão disponíveis para todos, aproveitará esse momento, que exige transformação radical dos processos de negócios, as organizações que tiverem forte liderança para mudança e que consigam motivar seus funcionários para encarar esse desafio.

Para ajudar no planejamento e execução de projetos de transformação desenvolvi um programa de governança de inovação que pode ser aplicado na empresa ou apenas na organização de TI. Dentro desse programa aplico um workshop de apenas um dia para apresentar técnicas de criatividade e inovação e levantar as principais possibilidades de redução de custos das organizações.