Como aumentar o Capital Intelectual da sua empresa

A vantagem competitiva das empresas está no seu conhecimento e na capacidade de aprender coisas novas. Na economia moderna, criar e compartilhar conhecimento aumenta o valor do capital intelectual da organização. Entende-se por Capital Intelectual a capacidade que a empresa tem para lidar, sobreviver, crescer e atingir o sucesso nos negócios e mantê-lo. Esse artigo apresenta uma sugestão de como aumentar o Capital Intelectual das empresas.

A boa gestão do Capital Intelectual melhora a lucratividade, a posição estratégica da empresa, aproveita melhor as inovações adquiridas de outras empresas, aumenta a fidelidade dos clientes, reduz os custos operacionais e aumenta a produtividade.

Para empresas de capital aberto, as evidências da boa gestão do Capital Intelectual e seus resultados impactam positivamente no valor e a atratividade das ações.

Podemos analisar o Capital Intelectual por quatro categorias: (1) Capital Humano, que trata da capacidade pessoal, conhecimento e experiência dos empregados, associado a um sistema de recompensa; (2) Capital de Relacionamento, trata da satisfação e relacionamento com os clientes; (3) Capital da Inovação, que define a capacidade de criatividade e inovação para desenvolver novos produtos e modelos de negócios; e, (4) Capital Organizacional, refere-se ao ambiente da empresa para gerar e gerenciar o conhecimento de forma eficaz.

A gestão do Capital Humano envolve o processo de contratação de empregados, seu desenvolvimento e avaliação de seus resultados frente aos seus objetivos de entrega e comportamentais, resultando em uma recompensa.

Contratar um novo empregado é adquirir conhecimento externo e, dependendo do seu perfil, abrir novas oportunidades para aumentar o Capital Intelectual da empresa. Em mercados altamente competitivos onde a inovação é fundamental, o potencial do empregado em aumentar o Capital Intelectual pode ser mais relevante que sua experiência. Desta forma, deve-se rever os critérios e o processo de seleção de pessoal. Avaliar até que ponto as empresas especializadas em seleção estão alinhadas com os objetivos estratégicos da empresa. O envio de um simples perfil de candidato para as consultorias pode não ser suficiente para demonstrar a importância estratégia do Capital Humano da empresa.

A empresa deve acompanhar os profissionais que já passaram pela empresa, principalmente de estagiários e trainees, para avaliar seu desempenho no mercado e considerar seu retorno, somado com novas experiências. Empresas competitivas conhecem os melhores profissionais e podem abordá-los diretamente. Ou seja, uma boa gestão de Capital Humano é gerenciar os profissionais dentro e fora da empresa.

O Capital de Relacionamento deve garantir a satisfação dos clientes. O custo de manter a fidelidade de um cliente é muito menor que a aquisição de novos. Manter a satisfação exige que continuamente a empresa encante os clientes. Esse encantamento vem com a inovação.

Uma boa prática é promover programas para que todos os empregados façam atividades ligadas diretamente com os clientes pelo menos uma vez por ano. Essa experiência permite que os empregados reavaliem seus processos de trabalho e busquem o foco no cliente.

O Capital da Inovação é a garantia de sustentabilidade, longevidade e prosperidade das organizações. As empresas deve ter manter programas de inovação com metodologia e incentivos aos seus empregados para criar projetos de inovação. Uma questão é importante é desenvolver um ambiente onde os erros sejam encarados como aprendizado.

Um programa de inovação deve incorporar técnicas e modelos de gestão de melhoria contínua de processos, como o Six-Sigma. Ter a capacidade de identificar e mensurar os problemas é o primeiro passo para criar soluções criativas. Tecnologias como Big Data e ferramentas de análise avançada de dados podem ser usadas para ampliar a capacidade de inovação.

A boa gestão do Capital Organizacional garante que o conhecimento do conjunto de empregados viabilize a inovação, a melhoria de produtividade, a satisfação dos clientes, a redução dos custos operacionais e o aumento da lucratividade. A gestão do conhecimento é fundamental para o sucesso e crescimento do Capital Intelectual das organizações.

Um dos pontos é rever a estratégia de treinamento. Um estudo da consultoria americana Gartner Group em 2012, mostrou o nível de retenção de conteúdo pelos alunos em diversas modalidade de ensino: Aulas presenciais, apenas 5%; Leitura, 10%; Audiovisual, 20%; Demonstração, 30%; Grupo de Discussão, 50%; Praticar, 75%; e, Ensinar os outros, 90%.

Antes de contratar um curso você deve avaliar a metodologia de ensino observando se o curso explora os critérios de retenção do conteúdo.

Pessoalmente, tenho preferência por cursos fechados para empresas, os chamados in company. Essa modalidade permite a discussão de problemas reais da empresa e buscar soluções a partir do conteúdo do curso.

Um paradigma que foi superado é da dúvida sobre a eficiência do ensino a distância. Atualmente, essa modalidade de ensino está difundida e faz parte de programas universitários e corporativos. Tive a oportunidade de participar do Projeto FORDSTAR da Ford-US que começou a treinar funcionários das concessionárias de veículos nos Estados Unidos à distância, em 1995. O projeto conseguiu ampliar a oferta de treinamento, melhorou os serviços e reduziu custos. Os instrutores cobriram entre 20-30% mais conteúdo durante o telecurso, as notas dos alunos foram 20% melhores e o tempo fora dos escritórios e concessionárias foi reduzido em mais de 50%. Através do FORDSTAR, a equipe a treinamento foi capaz de atingir mais de 45.000 técnicos e 50.000 vendedores em questão de dias. A tecnologia de aprendizado reduziu o treinamento em classe de uma média de 31 dias para somente nove, e um grande número de pessoas podem ser treinadas simultaneamente.

Um exemplo de gestão de treinamento com foco no Capital Intelectual é a metodologia da nMentors (www.nMentors.com.br) que explora os principais critérios de retenção de conteúdo. A partir do planejamento detalhado dos objetivos do treinamento, os tópicos são divididos em breves exposições teóricas com recursos multimídia. O curso é apresentado de forma presencial para um grupo de funcionários que terão a função de multiplicadores. Os tópicos com conteúdo teórico são apresentados sem interrupção e gravados. Após a apresentação é realizado uma dinâmica para provocar uma discussão do assunto e atividades práticas. Concluído o treinamento, as gravações são editadas e publicadas na Intranet da empresa. Os vídeos podem ser acessados por outros funcionários de acordo com o critério estabelecido pela empresa. Cada vídeo pode receber contribuições de conteúdo dos funcionários, ampliando o conhecimento. Os vídeos podem ser utilizados pelos multiplicadores para sessões internas de treinamento, consolidando ainda mais o conhecimento.

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O importante é que cada curso apresentado na empresa é compartilhado com outros funcionários, ou seja, o investimento em treinamento é preservado dentro da empresa e cresce à medida que novas contribuição são incorporadas.

Resumindo, o Capital Intelectual faz parte das boas práticas da Governança Corporativa e influencia na vantagem competitiva das empresas e no seu valor de mercado. Devem ser desenvolvidas estratégias para o gerenciamento das quatro categorias que envolvem o Capital Intelectual: Capital Humano, Capital de Relacionamento, Capital de Inovação e Capital Organizacional.