Energia fotovoltaica gerará 4% da matriz energética brasileira até 2024

Estima-se que a energia fotovoltaica, gerada a partir de painéis solares, produzirá 7 GW (giga watts) de eletricidade até 2024, metade da energia produzida pela Usina de Itaipu. Em 2015 houve um crescimento de 300% da micro e mini geração, produção independente até 1MWp. Espera-se contratações na ordem de R$8 bilhões até 2018 para as grandes usinas fotovoltaicas, que poderão empregar até 30 mil trabalhadores.

Finalmente, estamos saindo do marasmo e investindo em energia solar e esperamos o mesmo sucesso da energia eólica no pais. O Brasil tem um gigantesco potencial para gerar energia renovável, nossos ventos são bons e somos privilegiados em irradiação solar. Só para se ter uma ideia, a menor região de irradiação solar no Brasil é a maior na Alemanha. A Alemanha conseguiu em recorde em 2012 de gerar 22 GW, que representou 50% do consumo no país.

mapa-energia-solar-no-brasil

O Brasil é signatário da COP21 e anunciou em 2015 na ONU (Organização das Nações Unidas) que a geração de energia renovável representará 45% até 2030, dentro do esforço para reduzir o impacto das mudanças climáticas.

Nem tudo são rosas. O grande desafio energia eólica e solar é mitigar a grande variação de geração em poucos segundos. A produção pode variar de 100% a 10% em apenas 3 segundos, entre uma rasada de vento e outra ou quando uma nuvem espessa faz sombra nos painéis solares.

No caso da energia fotovoltaica, ela só gera energia durante o dia. Durante o período da noite, onde temos o horário de pico de consumo (entre 18 horas e 21 horas) a energia deve ser gerada por fontes de base, como hidrelétricas ou termelétricas. Isso significa que temos que manter um parque de usinas com geração convencional para suprir a demanda em momentos onde as energias eólica e fotovoltaica não suprem. Obviamente, teremos menos necessidade de uso da água dos reservatórios e menos utilização de óleo e gás. Nesse último caso, reduzindo a emissão de gases do efeito estufa.

Uma solução técnica que está sendo adotada é o uso de grandes baterias, montadas em container, para o armazenamento de energia durante o dia para uso a noite, além de compensar as variações de geração das usinas eólicas e fotovoltaicas.

O desenvolvimento de energia fotovoltaica no pais, tanto para o setor residencial como empresarial, depende de incentivos do governo. A Alemanha, subsidiou as instalações fotovoltaicas em residências desde 2.000. Espera-se que os incentivos sejam atrativos no Brasil para motivar ainda mais a adoção de mini geração nas residências.

O programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) pode adotar como a geração fotovoltaica como padrão, como é o caso do aquecimento de água por painéis solares. Dependendo da legislação, as comunidades do programa MCMV podem reduzir o custo da conta de luz entregando para a concessionária de distribuição local o excedente de energia produzida, baseado na resolução nº 482 da Aneel (Agencia Nacional de Energia Elétrica).

Uma ameaça a energia fotovoltaica no Brasil é o início da produção de gás de xisto e seu uso na geração em termelétricas. Uma ala do governo federal está convicta que a produção de gás de xisto pode reduzir, significativamente, o custo da energia. O gás de xisto (shale gas) é uma das apostas dos Estados Unidos para a autossuficiência energética. Pelos riscos ambientais, muitas cidades no Brasil estão proibindo sua exploração.

Na minha visão, o sucesso da implantação em larga escala da energia fotovoltaica no Brasil dependerá do modelo de negócio adotado. Acredito que o uso do modelo tradicional, mesmo com incentivos do governo, não é suficiente para a expansão exponencial e aproveitando do potencial de mercado existente. Temos que desenvolver novos modelos de negócio.