IoT, Big Data e Agricultura de Precisão

A forte estiagem que atinge as regiões Sudeste e Centro-Sul era prevista para daqui a 15 ou 20 anos. Com a aceleração do desmatamento da Amazônia, a falta de umidade e a fumaça das queimadas impede a formação de nuvens e chuvas nessas regiões. A Amazônia e a Mata Atlântica são responsáveis por manter a região Sudeste com clima temperado e chuvas regulares, uma vez que essa região está na faixa dos desertos existentes no hemisfério sul (desertos australianos, africanos e do Atacama). Investigações geomorfológicas indicam que entre os anos 1.000 e 1.300 houveram secas generalizadas e várias populações desapareceram nas Américas.

As mudanças climáticas extremas irão afetar diretamente a produção de alimentos no mundo. Estima-se que cerca de 70% da água doce do mundo é utilizada para a agricultura. O aumento da população mundial, estimada em mais de 9 bilhões de habitantes para 2050, exige a produção cada vez maior de alimentos. O Brasil, que detém a maior área cultivável do mundo e continuará sendo um dos maiores produtores mundiais de alimento.

Infelizmente, a expansão da produção de alimentos e pecuária leva ao desmatamento de vastas áreas, que por sua vez aumenta o risco de escassez de água e desertificação da região Sudeste.

As mudanças climáticas estão desafiando as previsões dos agricultores tradicionais, aqueles que sentindo o vento, a umidade, as movimentações dos pássaros sabiam que estava na hora de plantar ou colher.

A solução para reduzir os riscos ambientais e da economia do país é a tecnologia, o que chamamos de agricultura de precisão. Com informações de sensores instalados no campo para medir a temperatura, umidade do solo e do ar circulante é possível fazer análises em tempo real para planejar, dinamicamente, o plantio e a colheita.

Através de fotos de satélites ou drones robóticos é possível determinar a maturidade da cultura. Associando esses dados com a disponibilidade de equipamentos e mão de obra através de análise preditiva é possível tomar decisões mais acertadas sobre o plantio e colheita. Por exemplo, essas informações podem adiar a adubação de uma plantação antes de uma forte chuva para evitar o desperdício do adubo que seria levado pelas águas.

Com a agricultura de precisão é possível aumentar, consideravelmente, a produtividade da agricultura e pecuária, reduzindo o desmatamento e seus efeitos desastrosos para o meio ambiente, para as populações e para a economia. O uso da agricultura de precisão deve ser uma regra e não uma exceção nos países produtores de alimentos.

A agricultura de precisão gera empregos de qualidade no campo e novos negócios para fornecedores de equipamentos e produtos para o campo. Por exemplo, as plantadeiras e semeadeiras conectadas via Internet aos bancos de dados com informações precisas sobre a qualidade do solo, podem liberar a quantidade e o tipo de adubo para cada metro quadrado de solo, reduzindo o desperdício e aumentando a produtividade do solo.

Tecnologias como Internet of Things, Big Data, Analytics e Cloud Computing devem ser comuns ao agricultor e pecuarista moderno. O governo deve fomentar a pesquisa, formação de especialistas e utilização da agricultura de precisão.

Obviamente, os compradores de commodities e analistas de mercado estão atentos ao uso destas tecnologias pelos agricultores em todo o mundo através de imagens de altíssima definição dos satélites. Essas imagens são analisadas por sofisticados softwares que conseguem determinar a qualidade e volume da safra, informações que serão utilizadas para investimentos e negociação do preço das commodities, incluindo o mercado futuro.