O Brasil está a caminho do seu melhor momento

Em menos de 70 anos, a Alemanha e o Japão, destruídos na 2ª guerra mundial, voltaram a ser potências econômicas mundiais. O Japão destruído por um Tsunami em 2011, incluindo o desastre na usina nuclear de Fukushima, conseguiu uma rápida recuperação. Os Estados Unidos foram surpreendidos duas vezes pelos soviéticos na corrida espacial, um pelo lançamento do satélite Sputnik e outra por Yuri Gagarin, o primeiro homem no espaço. A partir da visão de John Kennedy de levar e trazer americanos na lua até o final da década de 60, a economia e a indústria americana teve um crescimento espetacular. Uma coisa comum nessas três situações é que os objetivos nacionais se confundiram com os objetivos pessoais, reconstruir sua casa, seu negócio, sua família, sua empresa, sua dignidade. Isso foi tão forte nos japoneses que até hoje trabalham compulsivamente.

Quem constrói ou reconstrói o país não é o governo, e sim o seu povo. O que é necessário é um objetivo claro. A reconstrução da Alemanha e Japão e o projeto espacial americano são exemplos de objetivos claros e tangíveis.

O brasileiro tem dado respostas rápidas nas crises. Quando foi necessário reduzir o consumo de energia e água houve uma rápida mobilização para isso e a adoção de novos hábitos. A famosa criatividade do brasileiro aparece nos momentos de crise, quando ele é pressionado por algo que o faz sair da zona de conforto.

O mundo se transforma em uma velocidade exponencial e o comportamento das pessoas e as atividades econômicas devem acompanhar essas mudanças. Retarda-las, com protecionismo do Estado, atrasa o desenvolvimento econômico e social da nação.

Ao longo de 500 anos, os brasileiros mostram passividade aos fatos, com raras exceções. Não houve luta pela independência do Brasil de Portugal. A guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha, e a Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo não mobilizaram a nação por completo. A guerra do Paraguai, onde o Brasil formou um exército com 1,5% da população e gerou um déficit enorme nas contas públicas, apenas ajudou a formar o corporativismo militar, que anos mais tarde proclamou a república e influenciou outros fatos históricos.

Getúlio Vargas, apesar de ditador, só saiu do governo por pressões externas e retornou anos mais tarde para um mandato eleito por voto popular. Seu governo populista, criando benesses para a população e trabalhadores, como as leis trabalhistas, garantiram sua popularidade. No segundo mandato foi abalado pela corrupção e autoritarismo de pessoas do seu governo, que ele afirmava desconhecer.

Durante o regime militar no Brasil, vários guerrilheiros com formação em países comunistas, reclamavam que não tiveram apoio da população nos seus conflitos contra o governo e que, frequentemente, eram denunciados pela população. A situação só se alterou, mesmo com as denúncias de tortura, quando a economia naufragou com a crise do petróleo.

Mesmo com grandes manifestações populares pelas “Diretas Já”, não houve conflitos sociais quando o Congresso, com maioria do governo, não aprovou eleições diretas para presidente. Por sorte, manobras dos congressistas conseguiram eleger um civil da aposição, interrompendo um ciclo de presidentes indicados pelos seus antecessores. Infelizmente, Tancredo Neves faleceu antes de assumir a presidência e o cargo foi passado para o seu vice-presidente José Sarney.

Durante o governo militar, o país investiu pesadamente em infraestrutura: usinas hidrelétricas (Itaipu, por exemplo), telecomunicações, estradas, portos regionais, etc. Todas essas obras com dinheiro do exterior fez saltar nossa dívida externa. Nossa economia era fechada com reservas de mercado em vários setores, como o automobilístico e informática.  A ideia na época era que a reserva de mercado era necessária para criar qualificação interna para depois competir no mercado externo. Infelizmente, pouco se avançou em tecnologia e em novos modelos de negócios durante esse período. A indústria, beneficiada pela falta de competição externa, não se modernizou e nossa qualificação técnica não prosperou, com algumas raras exceções. Com esse protecionismo perdemos décadas de desenvolvimento.

Com a eleição de Fernando Collor, em meio a uma das maiores taxas de inflação da história, aplicou um plano de estabilização da economia, congelando a poupança da população, que obrigou as pessoas e empresas a produzir ao invés de viverem com os rendimentos dos lucros e indexação da economia decorrentes da inflação. Com uma indústria pouco competitiva e pessoas não dispostas a produzir, somado a falta de habilidade politica dele e do seu ministério, o plano naufragou. Collor sofreu o impeachment e o seu vice-presidente assumiu.

Ainda com uma economia fragilizada e, para a alegria de muitos, com uma alta taxa de inflação, Itamar Franco assume e, por sorte, o ministro da fazenda liderou um plano que reduziu a inflação e fez crescer o PIB em 6% em 1994. Fernando Henrique se elegeu e reelegeu com taxas de crescimento da economia entre 2% e 4% durante a maior parte do seu governo, exceção em 1998 e 1999 com taxas próximas de zero.

Lula assume a presidência da republica em 2002, segue a política econômica de Fernando Henrique, assessorado por um respeitado presidente do Banco Central, com um cenário internacional favorável com altos preços das commodities, descoberta de petróleo na camada do pré-sal e ampliação do programa de distribuição de renda.

Obviamente, um cenário artificial gerado por uma economia internacional manipulada. Com a erupção da crise econômica de 2008, a fraqueza do plano de expansão da economia através do consumo foi percebida. Para manter apenas uma “marolinha” na economia interna, o governo lança mão de subsídios para a indústria e planos de investimentos em grandes obras, criando um mar de tranquilidade e confiança dos consumidores para o endividamento. Henrique Meirelles deixa a presidência do Banco Central em 2011. Muito dinheiro e pouco controle, corrupção em alta. Dilma Rousseff sucede Lula e mantém o cenário de uma economia irreal apoiada com fortes subsídios e distribuição de benefícios para a população. Se reelege, maquiando dados da economia.

Para salvar a economia americana Barack Obama interveio na economia e colocou cerca de US$80 bilhões no mercado mensalmente, usando o que se chama em economia de Quantitative Easing, ou flexibilização quantitativa, para ativar a economia. O plano deu certo e o FED começou a reduzir o apoio a economia. O Banco Central Europeu que estava adotando a estratégia de controlar os juros e injetar cerca de €13 bilhões resolveu adotar a mesma estratégia americana e passou a injetar €60 bilhões até 2016 para ativar a economia europeia.

O “Patinho Feio” da zona do euro é a Grécia, que se recusa a adotar as novas práticas de gestão públicas e econômicas. Enquanto os países da zona do euro faziam ajustes fortes na economia e nos benefícios para os cidadãos, a Grécia insistia em manter um clima artificial na sua economia. Apesar dos gregos terem uma invejável cultura milenar não querem adotar novos hábitos para garantir a solvência do país, parecendo que valorizam mais o individual que o coletivo.

Finalmente, porque acredito que o Brasil está caminhando para o seu melhor momento?

Primeiro, temos uma história que nos ensina a não cometer mais erros. Segundo, estamos em uma situação de escassez de recursos, com falta de dinheiro devido a inflação e desemprego gerando baixa confiança na economia, onde a única saída é usar nossa criatividade e começar um novo ciclo de crescimento apoiado no trabalho sem as benesses do governo.

Como o governo está sem recursos, não adianta ficar esperando socorro. Irá chegar um momento que para não morrer (sentido figurado) as pessoas terão que encontrar outras formas para viver. As empresas sem subsídios terão que investir na modernização do parque industrial, sem ajuda do governo, encontrando outras formas de financiamento, como por exemplo, abrindo o capital na bolsa de valores. O Congresso terá que rever a Constituição de 1988 que centraliza e engessa o orçamento público para atender a população de forma mais democrática e justa. Os jovens que não nunca viveram momentos de crise estão aprendendo que a vida não é um “mar de rosas” e que é preciso trabalhar duro e se qualificar continuamente para ter melhores salários. Os sindicatos devem requalificar seus associados para outras atividades dentro do seu setor de atuação e não lutar com as mudanças.

O combate dos governos à corrupção está criando um ambiente mais competitivo de negócios. Os países do G-20 colocaram o combate à corrupção no topo das prioridades globais. A China trabalha forte contra a corrupção. A Suíça e Luxemburgo colaboram com os outros países para identificar ações de lavagem de dinheiro. Os Estados Unidos abrem processos internacionais para punir pessoas que lesam investidores americanos. No Brasil, a operação Lava a Jato está punindo corruptos e corruptores da Petrobrás e empreiteiras.

Enfim, vamos arregaçar as mangas e continuar a trabalhar duro, não esquecendo a educação.