Downsizing com dignidade

As empresas estão reduzindo de tamanho (downsizing), seja pelo aumento de produtividade com novas tecnologias, pela perda de mercado para novos competidores ou pela recessão econômica. Uma situação difícil é demitir pessoas. Isso afeta não apenas os empregados que deixam a empresa, mas também as que ficam. Se os empregados percebem que a empresa é apenas uma máquina de fazer dinheiro, os sobreviventes perderão o respeito pela empresa e a moral acaba sendo destruída. Desta forma, é importante não centrar as demissões por questões de eficiência financeira, mas dentro de um contexto de produtividade e mercado.

Empregados que detém o capital intelectual das organizações são menos atingidos pelo downsizing, pois são os responsáveis pelo aumento de produtividade e transformações dos negócios. É claro que os empregados intelectuais precisam se manter atualizados e gerando soluções de negócios e produtividade de forma permanente. Contribuições passadas não garantem a manutenção do emprego.

Mesmo assim, os empregados intelectuais não estão livres de perderem o emprego. Por exemplo, em casos de aquisições e fusões de empresas alguns serão afetados. Sobreviverão aqueles mais competentes. Certamente, a compra do banco HSBC pelo Bradesco irá gerar redução de pessoal qualificado, não apenas dos bancos, mas de toda a cadeia de fornecedores que prestam serviços ou vendem produtos para esses bancos. Isso significa que os empregados devem se manter competitivos no mercado e não apenas dentro da empresa.

A situação é mais complicada para empregados operacionais que podem ser substituídos por novos sistemas de informação, melhores práticas ou mudanças nos negócios da empresa. Por exemplo, os novos sistemas de computação cognitiva usando inteligência artificial e com poderosas ferramentas de interação homem-máquina irão reduzir, drasticamente, o número de operadores de Call Centers.

Uma medida importante é assegurar que o downsizing está dentro da lei. Por exemplo, se as demissões forem em massa é obrigatório uma negociação prévia com o sindicato. Evite cometer o mesmo erro da Gol quando demitiu os empregados da Webjet em 2012 depois de adquirir suas operações. A Gol convidou os empregados para um evento em um hotel e foram surpreendidos com o aviso de demissão. O ministério público recorreu e a Gol teve que fazer a reintegração dos empregados.

Tenha sempre em mente duas coisas antes de fazer as demissões: respeito aos empregados e um plano de médio e longo prazo. Compartilhe com os sobreviventes sua visão e seus planos. Isso será importante no futuro se você tiver que fazer demissões involuntárias.