O desafio da sustentabilidade no Brasil

O Brasil, representado pela presidente Dilma Rousseff, se comprometeu nas Nações Unidas a alcançar o desmatamento ilegal zero até 2030, fazer o reflorestamento ou restauração de 12 milhões de hectares, recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e com 5 milhões de hectares para a integração lavoura-pecuária-floresta. Na área de energia, o governo mantém o compromisso de ter 45% de fontes renováveis e a manter 66% de fonte hidrelétrica, 23% de outras fontes como solar, eólica e biomassa.

Sem dúvida, um grande desafio para os brasileiros. Associado com os 17 objetivos globais de sustentabilidade das Nações Unidas que prevê a erradicação da fome e pobreza, preservação da natureza e redução dos gases de efeito estufa, cria um desafio ainda maior para a nação.

O Brasil enfrenta severas dificuldades conjunturais, tais como a desindustrialização, a reprimarização da economia, uma gigantesca massa de pessoas vivendo nas periferias das cidades sem perspectivas de melhoria de vida e uma precária educação que nos impede de ter competitividade no cenário global, podendo tornar os acordos de livre comércio com outros países ainda mais prejudiciais para o nosso país.

O desafio de reflorestar e recuperar 32 milhões de hectares e, ao mesmo tempo, ampliar nossas exportações de alimentos para o mundo requer um esforço para aumentar a produtividade no campo e na melhoria significativa da infraestrutura de armazenamento e de transportes das nossas commodities. Para atingir esse objetivo, além de recursos financeiros, o país precisa melhorar, significativamente, sua capacidade de gerenciamento de grandes obras e adotar projetos inovadores para aumentar a produtividade e reduzir nossos custos operacionais.

Os economistas mais pessimistas comentam que o Brasil poderá levar até 10 anos para ter uma normalidade econômica, depois do desastre das decisões erradas que o governo tomou na condução da sua política econômica. Essa previsão pode desestimular investidores nacionais e internacionais na implantação de projetos para atingir as metas propostas.

Para conseguir limitar áreas de desmatamento, mesmo legais, para ampliar nossa capacidade de plantio e pecuária, teremos que investir, pesadamente, na agricultura de precisão. É verdade que as novas tecnologias de Big Data, Internet of Things e Drones conseguem reduzir os custos de análise e monitoramento das plantações e áreas de pastagem, porém para atingir um alto nível de adoção de novas tecnologias e práticas devemos ter profissionais no campo altamente capacitados. Cenário com baixa probabilidade de acontecer devido ao baixo aproveitamento escolar das escolas públicas, demonstrada nos estudos de aproveitamento escolar do próprio governo.

Além disso, enfrentamos mudanças climáticas observadas pelos próprios agricultores que afirmam não ser mais possível prever o clima como no passado. Investimentos em cenários em mudança exigem cautela.

Investir em energia renovável no Brasil fora de programas incentivados pelo governo, assegurando leilões exclusivos para cada tipo de geração da matriz energética é arriscado, reduzindo dessa forma a livre iniciativa de autoprodução de energia. A promessa de manter em 66% a geração por hidrelétricas, considerando que nossos reservatórios não atingirão os níveis de água do passado, teremos que investir em PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) que usam fio d’água para suas turbinas. Entretanto, isso só se justifica com o aumento da demanda de energia que está associado, diretamente, com o crescimento econômico e a volta do crescimento da produção da indústria, que hoje vive um cenário adverso.

O brasileiro é criativo para se ajustar a situações adversas, porém a história tem mostrado que temos dificuldades em implantar projetos de inovação, onde transformamos uma boa ideia em um produto para o mercado ou uma solução para aumentar a produtividade. No nosso caso, sem inovação não atingiremos os objetivos propostos pelas Nações Unidas até 2030.

Por outro lado, se observamos os índices de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil nos últimos 20 anos, vemos que evoluímos consideravelmente. Bem verdade que fomos beneficiados pelo alto preço das commodities no mercado internacional e ao câmbio favorável. Infelizmente, esse cenário mudou. As commodities estão em baixa e o Real teve uma das maiores desvalorizações no mundo, ganhando apenas do Rubro russo.

Uma transformação dessa magnitude no pais exige uma forte liderança, um objetivo nacional claro e tangível, confiabilidade nas instituições, qualificação da mão de obra, segurança pública eficiência, infraestrutura apropriada e capacidade de investimento. A melhoria da saúde é uma consequência das outras melhorias.

Vamos em frente!