Tecnologia e sofisticadas técnicas de gestão de projeto ajudam, mas não fazem a diferença na entrega do produto final

Na lista de livros de administração mais vendidos da Livraria Cultura, dois livros sobre gestão de projetos aparecem nas seis primeiras posições. No meu primeiro contato com gestão de projetos, ainda na escola de engenharia, me questionava como os egípcios conseguiram construir grandes obras de engenharia civil, entre elas as pirâmides sem PERT/CPM, técnica usada pelos americanos no desenvolvimento dos submarinos nucleares Polaris, em 1957. Depois, me intrigava como gerenciavam sem os softwares Primavera (agora da Oracle) ou Project da Microsoft. Agora, com as redes sociais e softwares de gestão de portfólio continuo com a dúvida. Visitei o Egito para ver as pirâmides e fiquei ainda mais impressionado com as maravilhosas mesquitas e suas colossais cúpulas. A pergunta que faço é qual o impacto da evolução tecnológica e das novas técnicas de gestão de projetos para aumentar a satisfação dos Stakeholders, entregando projetos no prazo, no orçamento e na qualidade prometida?

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As pirâmides eram a pousada eterna dos faraós e nada era mais importante para eles que continuar com uma vida próspera depois da morte. Os arquitetos das pirâmides sabiam que seriam enterrados na pirâmide junto com o faraó quando morresse. Os feitores dos operários e dos escravos tinham privilégios durante a construção da pirâmide. Baseado na expectativa de vida do faraó existia um prazo para concluir a construção. Quem falhasse no trabalho tinha penalidades severas podendo perder a própria vida. Ou seja, todos estavam envolvidos no projeto e suas vidas e, segundo a crença na época, até depois da morte.

Fico admirado em observar que muitos executivos delegam as tarefas de gestão a gerentes de projetos, acreditando que o projeto se auto realiza sem sua presença e apoio, apenas usando técnicas de monitoramento ou softwares de gestão. Vejo que alguns gerentes enxergam o gerenciamento de projeto como um fim e não como um meio para atingir os objetivos. Gráficos bem elaborados e intermináveis reuniões para justificar atrasos e necessidade de mais recursos são comuns. O máximo que pode acontecer é a demissão de alguns membros do projeto e uma frustrante justificativa para os acionistas ou proprietário da empresa que o projeto atrasou e que medidas severas foram tomadas de recuperação que, infelizmente, aumentaram o custo do projeto e seu prazo de entrega.

Se compararmos os projetos corporativos e a construção das pirâmides podemos encontrar os principais pontos de uma gestão eficiente de projetos. Sem dúvida, a mais importante é a liderança e o comprometimento do dono do projeto. O segundo, é que o projeto fazia sentido para os principais assessores do faraó, pois afinal eles seriam enterrados vivos na pirâmide. Para os artesões e escravos o bom trabalho representava uma vida mais tranquila e sabiam que em caso de falha pagariam com a própria vida. Por último, como a construção era a principal obra do faraó não faltavam recursos financeiros e humanos para completar o projeto.

Resumindo, o sucesso de um projeto depende da forte liderança e comprometimento do dono do projeto, que o projeto faça sentido para quem trabalha nele e que existam recursos suficientes para executá-lo. Ou seja, tecnologia e sofisticadas técnicas de gestão de projeto ajudam, mas não fazem a diferença na entrega do produto final.