Eduardo M Fagundes

Tech & Energy Insights

Análises independentes sobre energia, tecnologias emergentes e modelos de negócios

Assine a Newsletter no Linkedin

O atual paradoxo do Triple Bottom Line

O Triple Bottom Line, o triplé da sustentabilidade (People, Planet and Profit), apresenta um paradoxo se a sociedade não mudar seus conceitos econômicos. O desafio é conseguir o equilíbrio nas ações que buscam o bem-estar das pessoas, a proteção ambiental do planeta e o lucro aceitável nos negócios. A questão é como conseguir o equilíbrio entre pessoas e planeta de forma harmônica com a economia?

Existe o consenso que devemos devemos adotar atitudes responsáveis para minimizar as mudanças climáticas e reduzir a desigualdade social, como por exemplo, adotar práticas de consumo consciente. Ninguém questiona isto. Eu mesmo, reduzi consideravelmente o desperdício e adotei práticas de menor consumo, resultando em uma economia substancial nos meus gastos. Essa atitude, compartilhada por muitos, tem impacto na economia. Adicionalmente, as novas tecnologias e serviços tem trazido bem-estar para as pessoas, como o Uber, Airbnb, Netflix, Spotify, entre outros, com redução de custos significativos. Várias pessoas estão abdicando o segundo carro. Optam por apartamentos ou quartos em residências, deixando de se hospedar em hotéis. Escutam musicas e assistem filmes via serviços de streaming, deixando de comprar CDs e DVDs. Os novos produtos são manufaturados com componentes reciclados, evitando a extração de minério e outras substâncias da natureza.

Como a maioria das empresas ainda adotam modelos de negócios antigos, onde o aumento do consumo é fator de crescimento, cresce o desemprego e o fechamento de negócios. Com isto pressionamos os governos a adotarem ações para promover o crescimento. Quando as tomam, reclamamos que impactam planeta. Na verdade, não é o governo que deve tomar as decisões (muitas vezes influenciadas pelos grandes grupos econômicos), mas sim a sociedade: eu e você.  É fato que as pessoas convivem com paradoxos, mesmo sem se dar conta. Por exemplo, muitos acreditam, simultaneamente, em Deus e Diabo. A maioria quer o fim da desigualdade social, entretanto, são contra o aumento de impostos e acham que poderiam pagar menos. Muitos querem a ampliação dos empregos, porém não se qualificam em novas habilidades e querem continuar a fazer a mesma coisa, com o agravante de querem ganhar mais fazendo a mesma coisa. Todos querem uma aposentadoria decente, entretanto não poupam durante a vida economicamente ativa.

Muitos culpam o desemprego no Brasil pela corrupção e incompetência do governo. Eu diria que conseguiram potenciar o caos e não tomarem ações para minimizar o inevitável. Por exemplo, o governo português está discutindo com a industria a transição da manufatura tradicional para a Industria 4.0, que adotando a automação extrema, reduzirá substancialmente o número de empregos. Emmanuel Macron, jovem presidente francês, está destinando 10 milhões de euros para tornar a França uma nação Startup. Infelizmente, nossos governantes, influenciados pelo poder econômico, estão tomando ações antigas para tentar o crescimento do país, isto pode até funcionar no curto-prazo, mas será um desastre no médio e longo prazo.

Para o Triple Bottom Line funcionar temos que rever alguns conceitos econômicos. Por exemplo, se estamos reduzindo o desperdício e utilizando novos serviços para o nosso bem-estar e protegendo o planeta, não é mais aceitável medir o sucesso de um país pelo PIB. Podemos até admitir PIBs negativos, desde que as pessoas tenham bem-estar e consigam mitigar os impactos das mudanças climáticas. Os setores da economia não precisam crescer, basta os mais eficientes destruirem os menos eficientes e tomarem seus clientes, onde individualmente as empresas aumentarão seus lucros. Nesta linha, os salários não precisam crescer, podemos adotar hábitos mais saudáveis, reduzir o desperdício e adotar serviços e produtos mais baratos, aumentando nosso bem-estar e protegendo o planeta. O aumento de renda virá com maiores contribuições dos trabalhadores para destruir outras empresas e tomarem seus clientes.

No passado o domínio era pela força e poder econômico, hoje o domínio é pela inovação disruptiva que leve bem-estar as pessoas e proteja o planeta, através da destruição de modelos de negócios ultrapassados para alcançar o lucro.

Briefing Estratégico

Análises para orientar líderes e decisões técnicas em energia, inovação e automação.

Vamos discutir o que importa.

Qual tema pode ajudar nossa comunidade a se posicionar melhor?

Envie sua sugestão

e-Book

Vivemos um tempo em que decisões estratégicas nas empresas são cada vez mais influenciadas por algoritmos — muitas vezes sem que os conselhos compreendam plenamente seus critérios ou impactos. Este e-book convida conselheiros e líderes a refletirem sobre esse novo cenário, por meio de uma narrativa acessível que acompanha a jornada de um conselho diante da inteligência artificial. Com o apoio simbólico do personagem Dr. Algor, os conselheiros descobrem os riscos éticos, os dilemas da automação e a importância da supervisão consciente. Não se trata de um manual técnico, mas de uma ferramenta estratégica para quem deseja manter sua relevância na era algorítmica. Com lições práticas ao final de cada capítulo e uma proposta de formação executiva estruturada, o livro reforça uma mensagem central: a responsabilidade não pode ser automatizada — e cabe aos conselhos liderar com propósito, antes que a máquina decida por eles.

Download Gratuito