Eduardo M Fagundes

Artigos

Coletânea de artigos técnicos e reflexões de Eduardo M. Fagundes publicados entre 2011 e 2017

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Tag: energia renovável

  • Adote uma usina de energia renovável

    O apagão forçado coordenado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) em 19 de janeiro de 2015, provou que o sistema elétrico brasileiro opera no limite e qualquer elevação de demanda se torna instável. A restrição de oferta atingiu as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, ou seja, as regiões de maior concentração das atividades econômicas do país. O episódio mostrou nossa forte dependência das hidrelétricas, que tiveram sua capacidade de geração reduzida devido a longa estiagem que reduziu os níveis dos lagos de reserva. Infelizmente, episódios como este podem ocorrer com mais frequência. Embora, algumas empresas tenham geradores a diesel esses não são suficientes para atender toda a demanda ou, se atendem, por períodos pequenos, como é o caso dos data centers. Sistemas elétricos integrados, como o brasileiro, são eficientes se bem dimensionados e modernos (alto grau de automação), caso contrário, uma falha gera um efeito domino. Minha sugestão é que grandes consumidores de energia adotem uma usina de energia renovável e se instalem próximo a ela.

    Acredito que o futuro será da geração distribuída, onde empresas e pessoas gerarão sua própria energia para consumo. Hoje com um investimento de cerca de R$17.000 é possível instalar um sistema de microgeração de energia fotovoltaico para atender uma residência com quatro pessoas, com a possibilidade de repassar para a concessionária de distribuição local o excedente produzido durante o dia, compensando o consumo noturno. A Honda investiu R$100 milhões em um parque eólico de 27MW em Xangri-lá (RS) para atender a demanda da sua fábrica em Sumaré (SP) com uma redução entre 40-45% do custo em energia. Infelizmente, a Honda compartilha o mesmo sistema elétrico integrado para o transporte da energia que em caso de colapso do sistema ela será afetada.

    O Ministério das Comunicações e a Itaipu Multinacional assinaram um acordo de colaboração para a criação de um condomínio de data centers no parque tecnológico dentro da usina. Isso, a princípio, garantirá energia continua e barata (se aprovado algumas isenções fiscais) para os data centers. Nessa situação, mesmo com um colapso do sistema elétrico integrado, os data centers continuariam operando com a energia de Itaipu.

    Uma opção é que os governos (federal, estadual e municipal) criassem condições regulatórias e fiscais para as indústrias, incluindo a de serviços (Call Centers, Data Centers e outras) se instalassem próximas as usinas de geração, principalmente as de fontes renováveis como biomassa, eólica e fotovoltaica.

    Além de garantir maior confiabilidade de fornecimento de energia, desenvolveria as regiões próximas as fontes geradoras, que normalmente estão afastadas dos grandes centros metropolitanos, e estariam em conformidade com a política de redução de emissão de gases do efeito estufa.

    Isso vale também para um movimento que estou apoiando para criar Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) para a indústria de software.

     

  • Um novo paradigma: data center e geração de energia juntos

    Criou-se um novo paradigma no mercado de data centers. Praticamente, todos os novos grandes data centers estão sendo construídos fora dos grandes centros metropolitanos e  próximo de fontes geradoras de energia renovável. Muitos dessas fontes de energia estão sendo construídas pelas próprias empresas de data centers. Veja um exemplo no vídeo abaixo.

  • O desafio da energia para os data centers e o compromisso com a sustentabilidade

    figura-clean-data-center-greenpeace-april-2014

    Em abril de 2014, o Greenpeace liberou um novo relatório sobre o uso de energia renovável pelos maiores data centers globais. Esse relatório apresenta um ranking dos data centers mais comprometidos com o uso de energia renovável com o objetivo de mitigar a emissão de gases do efeito estufa. O relatório destaca a Apple, Google e Facebook com um forte compromisso de uso de energia renovável e critica a Amazon Web Services (AWS) pelo uso de energia não renovável e pouca transparência no setor.

    figura-clean-data-center-greenpeace-company-scorecard-april-2014

    As estimativas são que em 2014 cerca de 2,5 bilhões de pessoas estão conectadas a Internet no mundo. As previsões são que teremos cerca de 3,6 bilhões de pessoas conectadas em 2017. Cada vez mais as pessoas e os negócios são dependentes da Internet e isso cada vez mais poder computacional para executar os serviços online.

    As empresas de tecnologia estão criando novas soluções para aumentar o poder computacional dos equipamentos e soluções de software para maximizar o uso da infraestrutura. Essas ações de eficiência computacional reduzem o consumo de energia e necessidade de refrigeração, contribuindo para a redução do uso de água para refrigerar o ambiente dos data centers.

    Na comparação de consumo de energia de países e Cloud Computing, mostra que em 2011 a energia consumida pelos data centers é a sexta maior no mundo.

    figura-clean-data-center-greenpeace-electricity-demand-april-2014

     

    Essa situação coloca a necessidade de um tratamento diferenciado para os data centers das políticas públicas e regulatórias dos países.

    No Brasil, existe um forte incentivo para o uso da Internet como um fator de inclusão social e desenvolvimento da economia. Entretanto, o Brasil apresenta um dos custos mais elevados de energia e telecomunicações do mundo. Isso tira a competitividade do setor e restringe a expansão do uso da Internet, principalmente, das classes menos favorecidas que representa a grande parcela da população.

    A única política do governo que permite a redução do custo de energia é a compra de energia no mercado livre para empresas que possuem uma demanda de eletricidade acima de 500kW.

    Essa política beneficia apenas os grandes data centers e, praticamente, elimina a competitividade dos pequenos e médios data centers.

    Infelizmente, o Brasil não tem uma política forte de incentivo a minigeração de energia renovável pelas empresas. Os custos de implantação de geração de energia solar fotovoltaica, eólica, biomassa e através de pequenas hidrelétricas ainda não são atrativas para os data centers.

    Uma política de subsídios para a geração de energia de energia renovável para o setor de data centers traria um grande benefício para a sociedade e para o crescimento da economia. Garantiria preços competitivos dos serviços digitais mesmo em períodos de grandes estiagens, que exigem a geração de energia por usinas termoelétricas que além de poluidoras são mais caras.

    A proposta é criar um regime especial para o setor de data centers com três pautas: (1) permitir que todos os data centers, independente da sua demanda de energia, possam comprar eletricidade no mercado livre; (2) isentar de impostos de importação os equipamentos não produzidos no Brasil para a construção de minigeradoras de energia pelos data centers; e, (3) redução do IPTU dos data centers que reduzirem a emissão de gases do efeito estufa que contribuem para o Plano Municipal de Mudanças Climáticas.