Eduardo M Fagundes

Artigos

Coletânea de artigos técnicos e reflexões de Eduardo M. Fagundes publicados entre 2011 e 2017

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Tag: Internet das Coisas

  • Como desenvolver o mercado de IoT no Brasil?

    Não podemos perder mais uma onda de tecnologia. Nossa indústria perde em competitividade para os países asiáticos. Algumas peças do setor automotivo chegam ao Brasil custando três vezes menos que as fabricadas aqui. O poder de produção asiático é assombroso. Entretanto, não somos os únicos a enfrentar esse desafio. Outros países desenvolvidos também enfrentam os mesmos desafios. Entretanto, estão superando esse problema agregando inteligência e integração a Internet de seus produtos. Temos que trilhar o mesmo caminho, sob o risco de ficarmos pela estrada.

    O McKinsey Global Institute apontou cinco oportunidades para o crescimento da economia americana: uso do gás de xisto (shale gas); aumentar a competitividade na indústria de conhecimento; uso de Big Data; investimentos em infraestrutura; e, investimentos em capital humano.  Acredito que nesse caso em particular, podemos adotar as mesmas oportunidades, exceção do uso de gás de xisto, pois temos outras fontes de energia mais interessantes e renováveis.

    As tecnologias que suportam a Internet of Things (Internet das Coisas) estão presentes em pelo menos três das oportunidades citadas: indústria do conhecimento; big data; e, capital humano.

    Nossa indústria precisa desenvolver produtos com inteligência embarcada e conectados na Internet, inseridos dentro de um modelo de negócio onde o hardware é apenas um componente que, eventualmente, pode ser substituído por um similar asiático.

    Depois de visitar várias feiras de equipamentos e tecnologia, com presença maciça de expositores chineses e coreanos, já não me arrisco em afirmar que nós brasileiros somos criativos. A quantidade de produtos inovadores criados por eles é assustadora. Isso vem da experimentação e investimento em capital humano. Aposto que muitos dos produtos expostos não têm sucesso de vendas, porém seu desenvolvimento cria uma cultura de inovação.

    Como o conto dos barquinhos que vieram salvar o padre na torre da igreja em uma enchente que se recusava a embarcar, morreu acreditando que Deus o salvaria. Quando questionou Deus porque não o tinha ajudado, Deus respondeu: e os barquinhos que Eu enviei para salvá-lo? Parece que a nossa indústria está recusando embarcar nos barquinhos. Está esperando que o governo venha com uma política milagrosa para salvar a indústria.

    Acredito que a Internet of Things é o próximo barquinho para se salvar.

    As tecnologias estão disponíveis e, muitas delas, de baixo custo. Algumas plataformas de hardware são open source, como o Arduino, com fácil programação. As plataformas de conexão dos dispositivos remotos de IoT são conhecidas. A computação em nuvem tem uma interface amigável com os programadores e, principalmente, de baixo custo. Os dados coletados dos dispositivos remotos podem ser analisados com ferramentas analíticas de Big Data e fazem parte das soluções de computação em nuvem. A interação dos aplicativos móveis dos smartphones com os dados dos data centers é de fácil construção e utilização.

    Temos que trabalhar em três áreas para acelerar o desenvolvimento de produtos IoT no Brasil: nos departamentos de desenvolvimento de produtos das indústrias em geral; na disponibilidade de uma plataforma de interoperabilidade para dispositivos IoT e Big Data em ambiente de computação em nuvem; e, no desenvolvimento de aplicativos móveis para interagir com os dispositivos remotos de IoT. Veja a figura abaixo.

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    Temos que disseminar a cultura da inovação com treinamentos e experimentações com fundos de programas do governo. Incentivar o empreendedorismo para a criação de startups que com baixo investimento possam criar produtos e modelos de negócios inovadores. As Universidades e os Centros de Pesquisa têm um papel fundamental nesse esforço.

    Exportar produtos com inteligência embarcada têm um alto valor agregado, diferente de commodities agrícolas, minerais ou serviços de mão de obra intensiva, como programação de software.

    Investimentos em produtos com IoT ajudariam no crescimento da economia interna e teriam um impacto positivo nas exportações, melhorando nossa balança comercial.

    Resumindo, a infraestrutura tecnológica está disponível, é barata e de fácil manipulação. O grande desafio é criar produtos inovadores. Para isso, temos que experimentar e criar uma cultura de inovação. Não perca o barquinho, pode ser o último.

  • Internet of Things oportunidades de mercado

    Até 2017, 50% das soluções de Internet of Thing (IoT) serão desenvolvidas por startup com menos de três anos, segundo previsão do Gartner Group. Um dos desafios das empresas é embutir tecnologias em seus produtos para se comunicar com aplicativos móveis ou sistemas de monitoração e controle para ações externas. Além das geladeiras, máquinas de lavar e sistemas de ar-condicionado outros produtos deverão ter sensores que se comunicam com aplicativos, como sandálias e coletores de lixo. A coleta dessas informações associadas a sistemas analíticos baseados em Big Data provocarão a nova onda de inovação no mercado.

    Imagine um filho que gostaria de acompanhar o dia a dia dos pais idosos para evitar preocupações. Ele poderia colocar pulseiras e sandálias com sensores para monitorar os movimentos e medir pressão arterial e temperatura nos pais e acompanhar seus movimentos por um aplicativo móvel. Esses sensores conectados a serviços médicos podem acompanhar de forma contínua os pacientes, oferecendo maior qualidade de vida e pronto atendimento em caso de emergência.

    A americana Big Belly Solar desenvolveu um coletor e compactador de lixo de rua movido a energia solar que sinaliza para a central de monitoramento quando o recipiente está cheio e o lixo precisa ser retirado. Esse sistema gerou uma economia de viagens dos caminhões coletores de lixo, reduzindo a emissão de gases do efeito estufa e gastos com combustível e outros recursos. O compactador permite entre 6-8 vezes mais lixo e as coletas reduziram em 80 por cento.

    A SenseAware, também americana, desenvolveu um dispositivo para ser colocado nas encomendas da FedEx para monitorar o trajeto, a temperatura, a exposição a luz, a umidade e a pressão barométrica. Essas informações são acompanhadas pelos clientes e seus parceiros para uma intervenção, caso necessário.

    Ainda é necessário vencer alguns desafios como regulamentação, redução de custos dos dispositivos, segurança, integração padronizada entre os sensores e aplicativos e transformar a cultura das pessoas para utilizar esses serviços.

    Entretanto, as possibilidades de negócios são muito maiores que os desafios e, acredito, que brevemente serão resolvidos. Para acelerar esse processo é preciso que cresça as soluções envolvendo a Internet of Things.