A era das empresas sem processos, orientadas a tarefas e executadas por freelancers

Em 2025, as empresas deixarão de definir seus próprios processos e delegarão isso para freelancers ou empresas contratadas, é o que prevê Joseph Bradley, vice-presidente da Cisco, em uma entrevista no Cisco Live em San Diego (USA), em junho de 2015. Segundo ele, o mundo e os processos serão extremamente dinâmicos, graças a Internet e suas novas tecnologias, como a Internet of Things (IoT), permitindo o controle das tarefas executadas por terceiros.

Essa ideia não é nova e já coexiste entre nós nos contratos de serviços na modalidade de BPO (Business Process Outsourcing), onde quem define os processos são as empresas contratadas com a comprovação que estão em conformidade com a legislação local e dentro das politicas da contratante. A novidade é que as atividades das empresas serão executadas por freelancers contratados de forma pontual. Algo semelhante ao Amazon Mechnical Turk (www.mturk.com) que permite contratações de tarefas por demanda.

Como descrito no livro O Mundo é Plano de Thomas Friedman, podemos contratar tarefas em qualquer localidade do planeta. Isso cria uma enorme reserva técnica de profissionais qualificados, onde um trabalhador trabalha por demanda para muitas empresas. Atualmente, nos Estados Unidos os freelancers representam 34% da força de trabalho, com previsão de chegarem a 50% em 2025.

Essa disponibilidade de mão de obra qualificada e disponível em diferentes horários devido ao fuso horário está revolucionando a forma de trabalho das empresas. Hoje é comum uma organização de TI levantar requisitos de um software durante o dia e despachar para a Índia programar durante a noite (dia na Índia) e receber os programas logo pela manhã. Ou seja, uma linha de produção de software 24 horas.

O importante é a realização de uma tarefa com qualidade, não ferindo a legislação e dentro das políticas da empresa contratante. Como a tarefa será executada não importa, o importante é o resultado no menor tempo possível.

Tecnicamente, isso é possível. Entretanto, o risco de precarização do trabalhador é enorme. Sempre haverá alguém que faça o trabalho mais barato. Isso levará o valor do trabalho no chão e aumentará a desigualdade econômica e social na sociedade global. Por isso, os governos devem estar atentos nesse processo para proteger trabalhadores e suas famílias.

Parece que a boa noticia é que a automação da produção está atraindo mais trabalhadores qualificados. Segundo, Joe Kann, vice-presidente da Rockwell Automation, em 1980 a força de trabalho na manufatura representava 25% e a previsão é que esse percentual suba para 54% em 2025. Entretanto, é fato que essa mão de obra deverá ser qualificada para operar linhas de produção automatizadas.

Esse cenário é ideal para startups altamente especializadas que podem prestar serviços para o mundo inteiro sob demanda. As grandes empresas deverão ao longo do tempo se adequar a esse modelo de trabalho, sob o risco de perderem competitividade.