Eduardo M Fagundes

Tech & Energy Insights

Análises independentes sobre energia, tecnologias emergentes e modelos de negócios

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Como usar IA para rastrear, certificar e monetizar créditos de carbono

Oportunidade estratégica para o Brasil

O mercado de carbono se consolida como um dos principais instrumentos globais para acelerar a descarbonização da economia. Ao permitir a compensação de emissões por meio de créditos gerados por projetos ambientais, ele conecta metas climáticas a incentivos econômicos. No entanto, sua credibilidade ainda é desafiada por falhas na mensuração das emissões evitadas, ausência de adicionalidade em muitos projetos e dificuldade de verificação contínua e padronizada.

Com o avanço da tecnologia e a aprovação do Marco Legal do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), o Brasil se encontra diante de uma oportunidade concreta: desenvolver infraestruturas inteligentes de carbono baseadas em inteligência artificial (IA), blockchain e sensoriamento ambiental, capazes de rastrear, certificar e monetizar créditos de forma transparente, confiável e valorizada.

Proposta de projeto: carbono inteligente com IA

A proposta apresentada por Eduardo M Fagundes consiste em estruturar um projeto-piloto para operacionalizar o conceito de carbono inteligente no Brasil. Esse modelo alia inovação tecnológica, governança ética e viabilidade econômica, oferecendo uma resposta prática e escalável aos principais gargalos do mercado.

Inspirado em experiências internacionais como Pachama, Carbonfuture e iniciativas em Bangladesh, o projeto propõe a aplicação de IA em todo o ciclo de vida do crédito de carbono — desde o monitoramento automatizado até a comercialização digital com contratos inteligentes.

Principais desafios a enfrentar

  • Estimativas imprecisas de emissões evitadas e sequestro de carbono.
  • Falta de adicionalidade e permanência verificáveis.
  • Certificação manual, lenta e suscetível a falhas.
  • Dificuldade de rastreabilidade e interoperabilidade entre plataformas.
  • Risco de greenwashing e injustiças territoriais.
  • Barreiras à monetização justa e transparente.

Soluções integradas com IA e blockchain

A proposta articula quatro eixos principais:

  1. Monitoramento automatizado com IA: Modelos como Random Forest, XGBoost e Support Vector Regression estimam o sequestro de carbono, detectam desmatamento e recalibram emissões com dados em tempo real, a partir de sensores ambientais, imagens satelitais e históricos climáticos.
  2. Certificação digital com trilhas de auditoria: Blockchain é utilizado para garantir rastreabilidade e integridade, enquanto contratos inteligentes condicionam a emissão de créditos ao cumprimento técnico de critérios ambientais — como adicionalidade e permanência.
  3. Precificação e comercialização inteligente: A plataforma prevê precificação dinâmica com IA e matching automático entre projetos e compradores com metas ESG. Isso favorece a valorização de projetos confiáveis e amplia o acesso de pequenos produtores ao mercado.
  4. Governança algorítmica e ética climática: O modelo incorpora diretrizes para governança digital, mitigando riscos de decisões enviesadas, greenwashing tecnológico e concentração de créditos em regiões específicas. Assegura também participação comunitária e transparência.

Alinhamento com o Marco Legal Brasileiro

A estrutura do projeto está em total conformidade com os princípios do MBRE, incluindo:

  • Integridade ambiental com validação técnica dos dados;
  • Adicionalidade comprovada por modelos preditivos auditáveis;
  • Transparência e rastreabilidade via blockchain;
  • Segurança jurídica por meio de certificações reconhecidas (VERRA, Gold Standard, ISO 14064);
  • Eficiência econômica, com redução drástica de custos operacionais de verificação.

Etapas do projeto

  1. Diagnóstico estratégico – mapeamento de áreas, parceiros e viabilidade de aplicação.
  2. Coleta e integração de dados ambientais – sensores, satélites e bases climáticas.
  3. Desenvolvimento algorítmico – modelos de IA treinados para monitoramento e verificação.
  4. Certificação automatizada – alinhamento com padrões internacionais e rastreamento em blockchain.
  5. Monetização digital – inserção em plataforma de marketplace com contratos inteligentes e dashboards públicos.

Conclusão e próximos passos

A proposta de carbono inteligente não é uma abstração tecnológica: é uma resposta estruturada, realista e replicável a um dos maiores desafios da governança climática atual. Com uma infraestrutura digital robusta, o Brasil pode sair da posição de simples emissor de créditos e assumir a liderança no desenvolvimento de ativos ambientais digitais confiáveis — valorizados globalmente e ancorados em dados transparentes.

O próximo passo é formar um consórcio técnico e institucional para viabilizar um projeto-piloto em território brasileiro, com potencial de expansão para outros países do Sul Global.

O momento de agir é agora — com tecnologia, integridade e visão estratégica.

Leia o artigo técnico completo:

Carbono Inteligente: como usar IA para rastrear, certificar e monetizar créditos de carbono

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