Eduardo M Fagundes

Tech & Energy Insights

Análises independentes sobre energia, tecnologias emergentes e modelos de negócios

Assine a Newsletter no Linkedin

CITEENEL 2025 Transição Energética Brasil: Briefing Executivo

Visão Geral do Evento

Entre os dias 17 e 19 de setembro de 2025, Manaus foi palco do CITEENEL 2025, um dos maiores encontros sobre inovação tecnológica e eficiência energética do setor elétrico brasileiro. Organizado pela ANEEL em parceria com empresas líderes do setor, o evento reuniu reguladores, utilities, startups, universidades, investidores e representantes do governo para debater o futuro da energia.

Este briefing executivo tem como objetivo traduzir as discussões técnicas e regulatórias em percepções estratégicas, oferecendo uma leitura clara e prática para conselhos de administração e executivos de alto nível. O foco está em identificar tendências globais, riscos regulatórios, oportunidades emergentes e caminhos de inovação, sempre com impacto direto no Brasil.


O Cenário Global: Acelerando a Transição Energética

CITEENEL 2025 reforçou que o setor elétrico brasileiro está em um ponto de inflexão. Se, por um lado, o país já conta com uma matriz 88% renovável (ANEEL, 2025), por outro, enfrenta desafios crescentes de modernização regulatória, integração de tecnologias emergentes e atração de capital privado.

cone de futuros apresentado na palestra de encerramento destacou três megatendências que devem guiar o setor até 2045:

  1. Inteligência Artificial e IoT (2025–2032): aplicadas em eficiência energética, automação de redes e previsão de consumo.
  2. Armazenamento de Energia (2030–2040): essencial para estabilizar o sistema e integrar fontes renováveis intermitentes.
  3. Hidrogênio Verde (2035 em diante): com potencial de transformar o Brasil em exportador global de energia limpa.

Esses vetores colocam o país diante de uma escolha: liderar a transição energética ou perder espaço competitivo para outras economias.


Riscos e Incertezas Regulatórias

Nenhuma inovação prospera sem segurança jurídica. O evento destacou que a revisão regulatória do Programa de Eficiência Energética (PEE) e dos fundos obrigatórios de P&D (Lei 9.991/2000) pode redefinir prioridades.

Entre os riscos mais citados:

  • Incerteza regulatória: mudanças na metodologia podem inviabilizar projetos já planejados.
  • Dispersão de recursos: sem critérios claros, há risco de financiar iniciativas com baixo impacto energético ou climático.
  • Baixa maturidade de startups: 75% ainda estão em fase de MVP, dificultando escala.

A recomendação é acompanhar de perto a regulação e preparar portfólios flexíveis, que combinem inovação com foco em resultados comprováveis.


Oportunidades para o Brasil

Apesar dos riscos, o CITEENEL 2025 deixou evidente que o Brasil está diante de oportunidades únicas. A seguir, os principais destaques para diferentes atores:

1. Geração

  • AIoT aplicado a plantas renováveis para otimização de desempenho.
  • Hidrogênio Verde como diversificação e exportação.
  • Captura de carbono como diferencial em projetos de gás natural.

2. Transmissão

  • Baterias de grande porte (BESS) para amortecer picos de carga.
  • Smart grids para integração de renováveis intermitentes.
  • Digital twins para aumentar confiabilidade e reduzir custos de manutenção.

3. Distribuição

  • Smart metering com IA para combater perdas não técnicas.
  • Soluções de eficiência energética com IoT em clientes corporativos.
  • Novos modelos de negócio como BaaS (Battery as a Service).

4. Startups e Inovadores

  • Climate techs com soluções de armazenamento, mobilidade elétrica e automação.
  • Programas de aceleração conectados a utilities.
  • Venture building em parceria com fundos corporativos.

5. Academia

  • Parcerias para transformar TRL baixo (1–3) em aplicações comerciais.
  • Cooperação internacional em hidrogênio, captura de carbono e armazenamento térmico.

6. Investidores

  • Expansão do Corporate Venture Capital (CVC) em energia.
  • Estruturação de fundos híbridos (capital privado + crédito verde).
  • Investimentos em early stage de deep techs voltadas ao setor energético.

7. Comunidades

  • Inclusão social por meio de projetos comunitários de geração distribuída.
  • Justiça energética como diferencial competitivo e reputacional.
  • Licença social para operar como pré-requisito em regiões sensíveis como a Amazônia.

O Papel dos Conselhos de Administração

Um dos focos centrais do briefing é traduzir os debates em ações concretas para conselhos de administração e alta gestão. Sete movimentos estratégicos se destacaram:

  1. Antecipar mudanças regulatórias, criando comitês de monitoramento e interação constante com a ANEEL.
  2. Adotar portfólios de inovação integrados, equilibrando risco, retorno e impacto socioambiental.
  3. Explorar novos modelos de negócio, como serviços baseados em assinatura e plataformas P2P de energia.
  4. Investir em tecnologias de transição, especialmente IA, IoT e armazenamento.
  5. Apoiar startups e deep techs, reduzindo o “vale da morte” com capital paciente e parcerias.
  6. Fortalecer a governança ESG, incorporando métricas de equidade e justiça energética.
  7. Ampliar a internacionalização, conectando o Brasil a hubs globais de inovação energética.

Conclusão

CITEENEL 2025 mostrou que o Brasil não pode se dar ao luxo de esperar. A transição energética está em curso, e as decisões tomadas hoje determinarão se o país será protagonista ou coadjuvante no cenário global.

Para os conselhos de administração e executivos seniores, a mensagem é inequívoca: é hora de sair da postura reativa e assumir protagonismo, investindo em inovação, governança e engajamento estratégico com todos os stakeholders.


Tabela Resumo – Riscos, Oportunidades e Recomendações

TemaRiscosOportunidadesRecomendações para Conselhos
RegulaçãoIncerteza regulatória; dispersão de recursosNova revisão do PEE e fundos de P&DMonitorar regulações e dialogar com ANEEL
InovaçãoBaixa maturidade de startupsVenture building e aceleraçãoCriar portfólio flexível com CVC e PoCs
GeraçãoCompetitividade global em renováveisHidrogênio, AIoT, captura de carbonoDiversificar fontes e internacionalizar projetos
TransmissãoGargalos de integraçãoBESS e digital twinsInvestir em inovação para confiabilidade
DistribuiçãoPerdas não técnicas; baixa digitalizaçãoSmart metering, BaaSPriorizar digitalização e novos modelos de negócio
SociedadeResistência social e ambientalJustiça energética e inclusãoFortalecer ESG e licença social
CapitalVolatilidade de investimentosCrédito verde, fundos híbridosEstruturar financiamentos sustentáveis

Veja o relatório técnico completo

Briefing Estratégico

Análises para orientar líderes e decisões técnicas em energia, inovação e automação.

Vamos discutir o que importa.

Qual tema pode ajudar nossa comunidade a se posicionar melhor?

Envie sua sugestão

e-Book

Vivemos um tempo em que decisões estratégicas nas empresas são cada vez mais influenciadas por algoritmos — muitas vezes sem que os conselhos compreendam plenamente seus critérios ou impactos. Este e-book convida conselheiros e líderes a refletirem sobre esse novo cenário, por meio de uma narrativa acessível que acompanha a jornada de um conselho diante da inteligência artificial. Com o apoio simbólico do personagem Dr. Algor, os conselheiros descobrem os riscos éticos, os dilemas da automação e a importância da supervisão consciente. Não se trata de um manual técnico, mas de uma ferramenta estratégica para quem deseja manter sua relevância na era algorítmica. Com lições práticas ao final de cada capítulo e uma proposta de formação executiva estruturada, o livro reforça uma mensagem central: a responsabilidade não pode ser automatizada — e cabe aos conselhos liderar com propósito, antes que a máquina decida por eles.

Download Gratuito