O mercado brasileiro de datacenters está em um ponto de inflexão, com previsão de expansão geográfica e consolidações nos próximos 18 meses, conforme o relatório “Global Data Center Trends 2025” da CBRE. Impulsionados por tecnologias como Edge Computing e treinamento de inteligência artificial (IA), os datacenters são essenciais para suportar a economia digital, desde redes 5G até aplicações industriais. No entanto, desafios como soberania digital, sustentabilidade e benefícios econômicos locais exigem decisões estratégicas para que o Brasil maximize seu potencial como hub tecnológico. Este briefing apresenta insights para executivos sêniores avaliarem investimentos, políticas e parcerias no setor.
Oportunidades Técnicas
- Edge Computing para Baixa Latência: Edge Computing utiliza data centers locais para processar dados próximos aos usuários, reduzindo latência em aplicações críticas. No Brasil, operadoras como Vivo e TIM estão implantando mini data centers para suportar redes 5G, atendendo a serviços como streaming, telemedicina e cidades inteligentes. Por exemplo, projetos de smart cities em São José dos Campos utilizam Edge Computing para gerenciar dados de sensores de tráfego em tempo real. Cidades como Fortaleza, um hub de cabos submarinos, e São Paulo, um centro financeiro, são estratégicas para essa expansão.
- Treinamento de Modelos de IA: O treinamento de modelos de IA, como sistemas de recomendação e detecção de fraudes, exige alta capacidade computacional e energia. A matriz energética brasileira, com 85% de fontes renováveis (principalmente hidrelétricas), oferece custos competitivos para workloads intensivos. Empresas como Nubank e Mercado Livre podem usar data centers locais para treinar modelos com dados regionais, garantindo conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Startups de agritech beneficiam-se do processamento local para otimizar a agricultura de precisão.
- Crescimento do Mercado: O mercado de data centers no Brasil está projetado para crescer de US$ 2,14 bilhões em 2023 para US$ 4,67 bilhões em 2028, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 7,11%, segundo projeções de mercado. O gráfico abaixo ilustra essa trajetória, refletindo a demanda por infraestrutura digital.

O gráfico de linha mostra o crescimento do mercado de data centers no Brasil, de US$ 2,14 bilhões em 2023 para US$ 4,67 bilhões em 2028, com uma CAGR de 7,11%. A trajetória ascendente reflete a demanda por Edge Computing, IA e serviços digitais, impulsionada por fatores como a expansão do 5G, conectividade de cabos submarinos em Fortaleza e incentivos da Política Nacional de Data Centers (Redata, prevista para 2025). O gráfico, baseado em análises de mercado, destaca o potencial do Brasil como hub regional, mas reforça a necessidade de investimentos em capacitação e sustentabilidade, áreas onde a nMentors pode atuar com impacto.
Desafios Estratégicos
- Soberania Digital: Parte dos dados de serviços brasileiros é processada em data centers no exterior, operados por provedores como AWS, Microsoft e Google, levantando preocupações com a LGPD, que exige proteção de dados pessoais. A conformidade em jurisdições estrangeiras é complexa, aumentando riscos de privacidade e segurança. A nuvem soberana da Serpro, que atende órgãos como IBGE e Petrobras, é um passo para o processamento local, mas a dependência de provedores globais persiste. A nMentors pode apoiar empresas com consultoria em LGPD, desenvolvimento de arquiteturas de nuvem soberana e treinamentos em cibersegurança, fortalecendo a autonomia digital.
- Sustentabilidade: Data centers consomem quantidades significativas de energia e água, especialmente para resfriamento, o que pode pressionar a matriz energética brasileira, apesar de suas fontes renováveis. A crescente demanda por IA intensifica esse desafio, exigindo soluções como liquid cooling e integração com energia solar/eólica. A nMentors pode oferecer consultoria em tecnologias sustentáveis e parcerias com fornecedores de energia renovável, alinhando operações a práticas ESG (ambientais, sociais e de governança).
- Impacto Econômico Local: A operação remota de data centers, com configurações centralizadas via containers e servlets, gera poucos empregos locais, limitando benefícios para regiões hospedeiras. Em 2021, o CAPEX de um data center Tier 3 no Brasil era 25,9% superior ao do Chile devido a impostos. Projetos como a Scala AI City (R$ 3 bilhões, Eldorado do Sul) mostram potencial, mas exigem capacitação local. Programas de treinamento em DevOps, ciência de dados e manutenção de data centers são importantes para transformar regiões como Ceará e Rio Grande do Sul em hubs de inovação.
Recomendações para Executivos
- Investimentos Estratégicos: Priorize parcerias com operadoras locais e startups para desenvolver data centers focados em Edge Computing e IA, reduzindo dependência de provedores estrangeiros.
- Conformidade com LGPD: Assegure que datacenters locais processem dados sensíveis para cumprir a LGPD, investindo em infraestrutura de nuvem soberana, como a da Serpro.
- Sustentabilidade: Adote tecnologias de resfriamento eficiente e energia renovável, alinhando-se a metas ESG para atrair investidores globais.
- Capacitação Local: Invista em programas de formação técnica em parceria com universidades, criando empregos qualificados e reduzindo a operação remota.
- Apoio à Política Nacional: Engaje-se com a “Política Nacional de Data Centers” para moldar incentivos fiscais e regulamentações que promovam benefícios regionais.
Conclusão
A expansão dos data centers no Brasil oferece uma oportunidade única para liderar em Edge Computing e IA na América Latina, aproveitando energia renovável e conectividade estratégica. No entanto, desafios como soberania digital, sustentabilidade e impacto local exigem ações coordenadas. Executivos devem priorizar investimentos em infraestrutura local, conformidade regulatória e capacitação para garantir que o Brasil não seja apenas um fornecedor de recursos, mas um hub de inovação. O futuro da infraestrutura digital depende de decisões estratégicas hoje.