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Radar 360 – Economia, IA, Energia e Risco Político no Brasil (06/12–12/12/2025)

Período: sábado 06/12/2025 a sexta 12/12/2025

1) Resumo executivo

  1. Política monetária manteve o modo “defesa”: o Copom (Comitê de Política Monetária) preservou a Selic em 15% a.a., reforçando o custo de capital e o filtro mais duro para CAPEX (Capital Expenditure) em 2026. 
  2. Choque climático-operacional em São Paulo: ciclone extratropical gerou apagão relevante, afetando água e logística urbana; a Aneel cobrou explicações da concessionária, elevando a sensibilidade do tema “resiliência de rede” no debate público e regulatório. 
  3. Descompressão institucional externa: os EUA removeram Alexandre de Moraes, esposa e entidade associada da lista Global Magnitsky, reduzindo ruído de sanções e abrindo espaço para normalização diplomática no curto prazo. 
  4. Regulação habilitadora da transição: a Aneel abriu consulta pública (CP42/2025) para aprimorar regras de conexão de eletromobilidade (carregadores de veículos elétricos) à rede de distribuição, sinalizando agenda pró-escala com governança técnica. 
  5. Infraestrutura global de IA (Inteligência Artificial) segue em aceleração: (i) Amazon anunciou plano de investimento de mais de US$ 35 bi na Índia até 2030, com ênfase em IA e logística; (ii) tese “data center fora da Terra” entrou no radar com Blue Origin; (iii) Coreia do Sul reforçou ambição industrial em semicondutores, com foco em foundry. 
  6. Sinais de ciência e saúde: FDA aprovou a primeira terapia gênica para uma doença imune rara, enquanto crises sanitárias (cólera na RDC e nova variante recombinante de mpox no Reino Unido) lembram que risco sistêmico não é só macro e geopolítica. 

2) Método do Radar 360 (para manter comparabilidade)

Escala comum (−2 a +2) e indicadores-base do Radar 360 conforme o modelo de relatório: RBA (Risco Brasil Ampliado), PER (Pulso da Economia Real), QTR (Qualidade do Trabalho e Renda), VTT (Vetor de Transformação Tecnológica e IA), PEC (Pressão Energética e Climática), SPG (Stress Político-Regulatório e Geopolítico). 

3) Painel dos indicadores Radar 360 (semana 06–12/12/2025)

IndicadorValorLeitura da semana
RBA0Risco misto: juros altos travam apetite a risco, mas melhora marginal no ruído externo de sanções. 
PER0Economia segue em “cruzeiro operacional”; custo do dinheiro permanece como teto de crescimento. 
QTR-1Mercado de trabalho pode estar “forte” no headline, mas renda/qualidade seguem como ponto de atenção (pressão social e de demanda).
VTT+1Infra global de IA continua expandindo (nuvem, chips, data centers); implicação direta em produtividade e competição. 
PEC-1Evento extremo em SP materializa risco climático-operacional e reabre debate sobre resiliência, manutenção e resposta. 
SPG0Descompressão via Magnitsky ajuda, mas o sistema segue com alto “beta institucional” e sensível a choques. 

4) Macro e mercados

Copom manteve Selic em 15% a.a.; leitura tática: custo de capital continua como régua de governança, exigindo ROI (Return on Investment) mais robusto e cronogramas de payback mais curtos em 2026. 

5) Tecnologia e IA

Três vetores práticos para estratégia 2026:

  1. Capacidade computacional como insumo crítico: planos de investimento em IA (Inteligência Artificial) e cadeias de suprimento (nuvem, chips, data centers) reforçam disputa por energia, semicondutores e talento. Implicação: quem tiver contratos de energia e arquitetura eficiente escala mais rápido.
  2. Data centers como tema de soberania e infraestrutura: a discussão migra de “TI” para infraestrutura crítica, com peso em licenciamento, água, rede elétrica e narrativa ESG (Environmental, Social and Governance). Implicação: business case precisa nascer com métricas auditáveis (energia, água, emissões).
  3. IA no fluxo de trabalho: a próxima onda é automação operacional com agentes integrados a processos (compras, atendimento, engenharia, finanças), reduzindo custo de ciclo e retrabalho. Implicação: sair do piloto isolado e migrar para governança de dados, integração e medição de ganho (tempo, qualidade, custo por processo).

    6) Energia, clima e sustentabilidade

    O ciclone extratropical em São Paulo foi um “teste de estresse real” para rede, poda, manutenção e plano de contingência; efeitos em cascata (energia, água, aeroportos) tornam resiliência um KPI (Key Performance Indicator) de reputação e regulação. 

    No front de transição, a CP42/2025 da Aneel sinaliza preparação do grid para escala de carregamento de veículos elétricos, com implicação em investimentos de distribuição e padrões de conexão. 

    7) Política e regulação

    O fato político-regulatório mais relevante da sexta-feira: remoção de Alexandre de Moraes, esposa e instituição vinculada da lista Global Magnitsky pelos EUA. Isso reduz fricção bilateral no curto prazo e melhora o “sentimento de risco” no eixo institucional externo, embora não elimine volatilidade doméstica. 

    8) Matriz de correlação de eventos (clusters da semana)

    ClusterRBAPERQTRVTTPECSPG
    A) Copom mantém Selic em 15%-1-1-1000
    B) Ciclone em SP e apagão0-1-10-2-1
    C) Remoção da lista Magnitsky+10000+1
    D) Aneel CP42/2025 (eletromobilidade)0+10+1+10
    E) Infra global de IA e chips (Índia/Coreia; orbital DC)000+2-10
    F) Saúde global (gene therapy; cólera; mpox)000+10-1

    Leituras (para decisão):

    • A reforça disciplina financeira: adiar o “nice-to-have”, priorizar eficiência e projetos com geração rápida de caixa. 
    • B transforma resiliência em tema de board (conselho): risco climático virou risco de continuidade operacional e reputação. 
    • C reduz ruído externo no curtíssimo prazo, mas a volatilidade política segue como variável de portfólio. 
    • D acelera a agenda “grid ready” para eletromobilidade e abre janela para serviços, hardware e software de gestão de carga. 
    • E mantém VTT pressionando CAPEX/OPEX (Operating Expenditure) de infraestrutura digital e energia. 

    9) Implicações para negócios – lente 2026 setorial

    Mantemos a matriz setorial do modelo de relatório (setor, farol, ação prioritária) para comparabilidade no tempo. 

    SetorFarolAção prioritária (versão 06–12/12)
    Agronegócio e exportaçãoVerdeMonetizar câmbio e previsibilidade de demanda externa; elevar produtividade e blindar insumos críticos via hedge e contratos.
    Energia e data centersAmareloResiliência e eficiência como “padrão de projeto”: PPAs (Power Purchase Agreements) longos, redundância elétrica, cooling e resposta a eventos extremos.
    Indústria e tecnologiaAmareloFinOps (Financial Operations), automação e IA para defesa de margem; revisar CAPEX dolarizado sob régua Selic 15%.
    Comércio e varejoVermelhoGestão de caixa e demanda: rotação de estoque, política de crédito conservadora e foco em “value for money”.

    10) Desdobrando em ações concretas para 2026

    1. FinOps como governança obrigatória em TI/Cloud (Computação em Nuvem): custo por workload, contrato por capacidade, e metas de eficiência por unidade de computação.
    2. Resiliência elétrica como agenda executiva: contingência, manutenção baseada em risco, e desenho de redundância calibrado por criticidade (não por tradição).
    3. Grid + eletromobilidade: mapear impactos de conexão de carregadores (picos, transformadores, proteção) e construir ofertas B2B (Business-to-Business) de gestão inteligente de carga.
    4. Gestão institucional “sem romantismo”: acompanhar pontos de atrito e reduzir exposição regulatória com cláusulas, cenários e trilhas de mitigação.
    5. Portfólio de inovação em IA: priorizar casos que reduzam custo fixo, encurtem ciclo decisório e aumentem produtividade mensurável.

    11) Como podemos ajudar

    O Radar 360 existe para transformar ruído em agenda executável: onde defender margem, onde acelerar crescimento e onde reduzir exposição antes que o risco seja precificado. Essa abordagem mantém consistência metodológica no tempo e cria um trilho de decisão para conselho e C-level (governança, CAPEX, contratos, energia e tecnologia). 

    Tabela – Oportunidades estratégicas (versão desta semana, mantendo o padrão do relatório) 

    EixoOportunidade centralAlavancas práticas para 2026
    Juros e caixaGanhar opcionalidade financeiraReprecificar portfólio, reduzir ciclo de caixa, CAPEX “stage-gated”
    ResiliênciaTransformar eventos extremos em vantagem operacionalPlanos de continuidade, redundância calibrada, SLAs (Service Level Agreements) realistas
    IA e nuvemProdutividade com governançaFinOps, arquitetura eficiente, automação de processos críticos
    Energia e PPAsPrevisibilidade em ambiente volátilPPAs longos, eficiência energética, gestão ativa de portfólio
    RegulaçãoAntecipar mudançasMapas de risco por projeto, cenários e “cláusulas de proteção”
    GovernançaTornar o Radar rotina decisóriaComitê mensal de risco, ritos trimestrais de cenário, backlog de decisões
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