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Radar 360 – Economia, IA, Energia e Risco Político no Brasil (13/12–19/12/2025)

Resumo executivo

A semana consolidou um padrão típico de fim de ano: liquidez global comprimida, menor apetite a risco e mais ruído técnico na formação de preços. Isso não é “clima”; é um evento de mercado observável, com leitura explícita de viés defensivo em noticiário de referência. Implicação executiva: reduzir decisões estruturais não-hedgeadas e endurecer limites de risco no curto prazo. 

No Brasil, a semana foi de estabilidade relativa de ativos (câmbio e juros menos sensíveis a ruído doméstico), o que sustenta previsibilidade tática, mas não muda o diagnóstico estratégico: custo de capital segue como a principal régua de governança para 2026. Implicação: preservar caixa, calibrar duration (sensibilidade a juros) e manter disciplina de hedge. 

Na energia, o gatilho concreto que mantém o tema no board é a continuidade do escrutínio pós-eventos extremos: debate sobre qualidade e continuidade do serviço, fiscalização e risco operacional/contratual ganhou tração (ainda que sem “novo choque” na semana). Implicação: revisar SLAs (Service Level Agreements), planos de contingência e cláusulas de força maior em contratos críticos e PPAs (Power Purchase Agreements). 

Em tecnologia, a IA passou a ser cobrada por eficiência, não por narrativa: a semana reiterou investimentos e adoção, mas com foco maior em governança, ROI (Return on Investment) e custo energético (data centers como infraestrutura crítica). Implicação: business cases auditáveis, FinOps (Financial Operations) e leitura explícita de energia/infra como restrição de projeto. 

No risco transversal, cibersegurança seguiu com alertas recorrentes sobre exploração de vulnerabilidades e risco de cadeia de fornecedores. Implicação: acelerar patching, testes de resposta e governança de terceiros, tratando ciber como risco de negócio. 

Em síntese: semana para “arrumar a casa” com disciplina de portfólio, resiliência operacional e governança de IA, aproveitando a estabilidade tática doméstica para preparar 2026 com menos improviso e mais controle. 

Método do Radar 360

Escala comum (−2 a +2) e indicadores-base:

  • RBA (Risco Brasil Ampliado)
  • PER (Pulso da Economia Real)
  • QTR (Qualidade do Trabalho e Renda)
  • VTT (Vetor de Transformação Tecnológica e IA)
  • PEC (Pressão Energética e Climática)
  • SPG (Stress Político-Regulatório e Geopolítico). 

Painel de indicadores (semana 13–19/12/2025)

Tabela 1. Indicadores Radar 360 (valores e leitura)

Indicador06–12/1213–19/12DeltaLeitura da semana (13–19/12)
RBA0,00,00,0risco doméstico equilibrado, sem novo gatilho dominante
PER0,0+0,4+0,4atividade resiliente, com viés de desaceleração marginal
QTR-1,00,0+1,0estabilidade, sem novo vetor claro na semana
VTT+1,0+0,6-0,4tração estrutural permanece, com cobrança maior por eficiência
PEC-1,0-0,4+0,6pressão climática segue, mas sem novo choque equivalente ao da semana anterior
SPG0,0-0,3-0,3stress moderado, com agenda reduzida e incerteza empurrada para 2026

Macro e mercados

Eventos que sustentam a leitura:

Tabela 2. Evidências da semana em macro/mercados e implicação

Evidência observada na semanaO que isso sinalizaImplicação executiva
Liquidez mínima e viés defensivo no noticiário; maior distorção de preços e movimentos técnicoscenário tático ruim para decisões direcionaisoperar com limites de risco mais conservadores; evitar decisões estruturais “no ruído”
Juros internacionais como âncora de expectativas (sem novo choque), mantendo a leitura de política restritiva por mais tempocusto de capital permanece alto por horizonte maiorrevisar premissas de WACC (Weighted Average Cost of Capital), duration e gatilhos de investimento
Brasil com câmbio e juros mais reativos ao externo do que ao domésticoestabilidade tática doméstica, mas dependência do externomanter hedge e disciplina de caixa; não “comprar narrativa” sem proteção

Mensagens para decisão (stack de governança):

preservar liquidez e flexibilidade financeira; ajustar duration e custo de capital em cenários conservadores; evitar apostas direcionais sem hedge claro. 

Trabalho e renda

A semana não trouxe novos dados relevantes e manteve leitura de estabilidade, com renda real pressionada e consumo mais seletivo. Implicação prática: planejar vendas com cenários conservadores de volume e ajustar mix para maior sensibilidade a preço. 

Energia, clima e resiliência operacional

O que sustenta a conclusão (eventos e sinais):

a pressão sobre infraestrutura crítica permaneceu em foco após eventos climáticos recentes, com debate regulatório incremental voltado à qualidade/continuidade do serviço e reforço da tese de manutenção e redundância como CAPEX “defensivo”. Contratos de energia e cláusulas de força maior voltaram ao radar jurídico, elevando a agenda de revisão de PPAs. 

Checklist executivo (energia/resiliência):

auditar SLAs críticos; revisar plano de contingência e resposta; revisar seguros operacionais; mapear riscos de força maior e gatilhos contratuais; priorizar manutenção e redundância onde o custo de interrupção é assimétrico. 

Tecnologia, IA e infraestrutura digital

O que sustenta a conclusão:

a semana consolidou IA como prioridade estratégica mesmo em ambiente cauteloso, porém com mudança clara de regime: mais cobrança por eficiência, governança e energia. Data centers apareceram como tema de consumo energético e dependência de infraestrutura crítica; cloud e automação permaneceram como vetores de eficiência. Cibersegurança seguiu integrada à agenda. 

Diretriz de portfólio (fora da caixa, mas pé no chão):

tratar IA como programa de produtividade com metas trimestrais, e não como “projeto de inovação”; exigir ROI em janela compatível com custo de capital e com restrições de energia/infra; padronizar governança e rastreabilidade de decisões (modelo, dados, custo, risco). 

Política e regulação

O que sustenta a conclusão:

Congresso em ritmo reduzido e decisões estruturais postergadas para 2026; Judiciário como risco latente sem decisão disruptiva na semana; agências reguladoras com agendas técnicas sem mudanças abruptas; Executivo em gestão corrente. Leitura: estabilidade tática, incerteza estratégica para 2026. 

Matriz de correlação de eventos

Clusters definidos no relatório: A Liquidez global; B Clima e energia; C IA e infraestrutura digital; D Política doméstica; E Trabalho e renda; F Cibersegurança. 

Tabela 3. Clusters x indicadores (direção do impacto na semana)

ClusterEvidência-chaveIndicadores mais afetadosDireção
A Liquidez globalliquidez mínima e viés defensivoPER, RBAneutro a levemente defensivo
B Clima e energiacontinuidade/fiscalização pós-eventos extremos; debate de qualidadePECnegativo moderado (pressão persistente)
C IA e infraestrutura digitalIA com tração, mas cobrança por eficiência e energiaVTT, PECVTT positivo; PEC como restrição
D Política domésticacompasso de espera para 2026SPGnegativo moderado (incerteza empurrada)
E Trabalho e rendasem novos dados; consumo seletivoQTR, PERneutro a levemente conservador
F Cibersegurançaalertas recorrentes e risco sistêmicoVTT, RBAeleva prioridade transversal de controle

Implicações para negócios (lente 2026)

Disciplina de portfólio:

  • congelar iniciativas com ROI frágil e payback longo até reprecificar custo de capital e riscos (energia, regulação, cyber). 
  • Resiliência operacional como KPI de board:
    • sem novo choque na semana, mas com continuidade do tema pós-eventos extremos, resiliência vira métrica de continuidade, reputação e exposição regulatória. 
  • A com governança e energia no centro:
    • a semana reforçou que o “cheque em branco” acabou: eficiência mensurável, governança e leitura energética passam a ser requisitos, não diferenciais. 

Matriz de ação (Q1 2026)

Tabela 4. Checklist por cadeira executiva

CadeiraPrioridadeEntregável em 90 dias
CFO (Chief Financial Officer)hedge e caixa como “ativo estratégico”revisão de hedge, covenants, stress de liquidez e cenários de juros
COO (Chief Operating Officer)continuidade e resiliência operacionalatualização de BCP (Business Continuity Plan), auditoria de SLAs e seguros
CIO (Chief Information Officer)IA com ROI e controle de custoportfólio de IA com business case, FinOps e governança de dados/modelos
Jurídico/Compliancecontratos críticos sob ótica de risco climático e operacionalrevisão de força maior, indexadores e gatilhos de renegociação

Como podemos apoiar (serviços)

  • Diagnóstico de resiliência: avaliação de riscos operacionais e energéticos com plano pragmático de mitigação.
  • Governança de IA: estruturação de iniciativas com ROI real, rastreabilidade e leitura explícita de energia/custo de nuvem.
  • Cenários estratégicos 2026: modelagem de impacto regulatório e financeiro para decisões de CAPEX e portfólio.
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