Eduardo M Fagundes

Tech & Energy Insights

Análises independentes sobre energia, tecnologias emergentes e modelos de negócios

Assine a Newsletter no Linkedin

A Dinâmica dos Resgates de Ransomware e o Papel dos Seguros no Brasil e no Mundo

A ameaça de ransomware permanece uma realidade preocupante para as empresas em todo o mundo. No Brasil, a situação é particularmente alarmante, com o estudo da Dell indicando que cerca de 93% das empresas vítimas desses ataques em 2023 escolheram pagar o resgate. Isso coloca o Brasil em um patamar de vulnerabilidade acima de outras regiões, onde os índices são significativamente mais baixos: 41% nas Américas, 19% na EMEA (Europa, Oriente Médio e África), 21% no APJ (Ásia-Pacífico, excluindo a China) e uma notável taxa de 26% de empresas na China que não receberam exigências de pagamento.

Uma questão emergente nesse contexto é o papel dos seguros contra ataques cibernéticos. Algumas empresas optam por seguros que cobrem os custos associados a ataques de ransomware, incluindo os pagamentos de resgate. Essa prática pode oferecer um alívio imediato financeiro, mas também levanta preocupações sobre a possibilidade de incentivar cibercriminosos a continuar e até intensificar suas atividades ilícitas, sabendo que os resgates são frequentemente pagos pelas seguradoras.

pagamento de resgates, apesar de controverso, é motivado por várias razões pragmáticas:

  1. Recuperação Rápida de Dados: Com a paralisação das atividades podendo resultar em perdas financeiras avultadas, muitas empresas decidem que pagar o resgate é o menor dos males, buscando restaurar suas operações o mais rápido possível.
  2. Preservação da Reputação Empresarial: A confiança é a pedra angular da relação cliente-empresa. Um ataque de ransomware bem-sucedido pode manchar a imagem corporativa, especialmente se dados sensíveis forem comprometidos. Pagar o resgate, para algumas empresas, parece ser a maneira mais rápida de controlar os danos.
  3. Evitar Complicações Legais: A legislação vigente em proteção de dados muitas vezes impõe às empresas a responsabilidade de proteger as informações de seus clientes. O pagamento do resgate pode ser visto como um esforço para evitar processos legais por falhas na proteção desses dados.

Diante dos custos médios globais de US$ 1,92 milhão decorrentes de ataques cibernéticos, as seguradoras desempenham um papel importante na mitigação de perdas financeiras. No entanto, a dependência de seguros para cobrir pagamentos de resgate deve ser cuidadosamente ponderada. As empresas devem equilibrar o uso de seguros com investimentos em estratégias proativas de segurança cibernética, visando a prevenção de ataques e a minimização de danos, em vez de confiar apenas em compensações pós-incidente.

O cenário brasileiro reflete a necessidade de aprofundar a discussão sobre as melhores práticas em segurança cibernética e a eficácia do seguro como ferramenta de gestão de risco. A resposta ao ransomware não é simplesmente uma questão de se pagar ou não o resgate, mas de como as organizações podem se preparar melhor para evitar ou mitigar ataques futuros.

Em um mundo onde a segurança de dados se torna cada vez mais crítica, é essencial que as empresas brasileiras fortaleçam suas políticas e infraestruturas de segurança. Ao mesmo tempo, é imperativo que o mercado de seguros continue evoluindo para apoiar as organizações sem incentivar inadvertidamente a continuidade do ciclo de ataques de ransomware. O desafio está em encontrar o equilíbrio certo entre proteção, prevenção e uma resposta responsável a incidentes cibernéticos.

Briefing Estratégico

Análises para orientar líderes e decisões técnicas em energia, inovação e automação.

Vamos discutir o que importa.

Qual tema pode ajudar nossa comunidade a se posicionar melhor?

Envie sua sugestão

e-Book

Vivemos um tempo em que decisões estratégicas nas empresas são cada vez mais influenciadas por algoritmos — muitas vezes sem que os conselhos compreendam plenamente seus critérios ou impactos. Este e-book convida conselheiros e líderes a refletirem sobre esse novo cenário, por meio de uma narrativa acessível que acompanha a jornada de um conselho diante da inteligência artificial. Com o apoio simbólico do personagem Dr. Algor, os conselheiros descobrem os riscos éticos, os dilemas da automação e a importância da supervisão consciente. Não se trata de um manual técnico, mas de uma ferramenta estratégica para quem deseja manter sua relevância na era algorítmica. Com lições práticas ao final de cada capítulo e uma proposta de formação executiva estruturada, o livro reforça uma mensagem central: a responsabilidade não pode ser automatizada — e cabe aos conselhos liderar com propósito, antes que a máquina decida por eles.

Download Gratuito