A transformação digital torna a TI estratégica e não-terceirizável

Hoje a buzzword do mercado é transformação digital. Um desafio para os executivos, principalmente de empresas tradicionais, criar novos modelos de negócios baseados na digitalização, independentemente do seu produto. O fabricante de lixeiras deve desenvolver uma lixeira inteligentes que avise ao serviço de coleta quando estiver pronta para a coleta. As bonecas devem ter um sistema de reconhecimento de voz e inteligência artificial para conversar e aprender os hábitos das crianças. O fabricante de concreto deve implantar um sistema de logística integrado com as obras para minimizar o tempo de espera para entregar o concreto. A diferença da transformação digital para o tradicional modelo de tecnologia da informação é que agora a TI é parte integrante da estratégia do negócio, ao invés de ser apenas uma ferramenta de apoio para melhorar a produtividade. Com isto, o conceito de terceirização de serviços de TI deve ser revisto. Não dá mais para delegar o desenvolvimento de sistemas ou entregar, completamente, a operação para especializadas. Nas startups o CEO já incorporou as funções do CIO, os analistas de negócios incorporaram as funções de analistas de sistemas, o staff de backoffice assumiu a operação dos sistemas e garantir a disponibilidade dos serviços.

O mercado de TI vive de buzzwords para mostrar a evolução da tecnologia e dos modelos de negócios. Como qualquer outro negócio passa por ondas de modismo, algumas ficam ou desaparecem. Já tivemos ondas de reengenharia, qualidade total, bug do milênio, comércio eletrônico, aplicativos móveis, entre outras. O momento atual é marcado pela transformação digital, uma nova onda que resgata muito do que discutíamos no passado sobre a economia digital e que hoje já foi incorporado pelas empresas (no Brasil por algumas).

A transformação digital exige mudança cultural, principalmente da alta direção. Impossível fazer transformação digital delegando para o staff intermediário, terceirizando ou contratando uma consultoria. O CEO deve assumir as funções estratégicas do CIO e liderar a mudança.

Dentro deste contexto, a terceirização da TI deve ser revista. Vamos começar pelo desenvolvimento de sistemas. A introdução de modelos de desenvolvimentos ágeis, para manter o alinhamento com as rápidas mudanças do mercado, exige que a equipe seja interna e comprometida com os resultados do negócio. Pequenas equipes focadas e entregando resultados entre duas e quatros semanas são mais eficientes que grandes grupos e projetos de médio e longo prazo. Contrate e retenha talentos na sua organização para o desenvolvimento de sistemas estratégicos. O que é possível terceirizar são processos que exigem conformidade com a legislação e que não possam ser aprimorados, por exemplo, eSocial ou Spead. A concorrência no mercado faz com este tipo de serviço tenha preço justo.

Em relação a infraestrutura, contrate serviços de Cloud Computing e Colocation. Mantenha uma equipe própria para a operação. Isto é possível graças a automação dos processos de operação e a integração com o desenvolvimento de sistemas, o DevOps. Invista na automação. Com isto, é possível garantir todas as regras de conformidade – compliance – e alcançar eficiência máxima. Tire da cabeça que para resolver problemas da operação de TI a melhor alternativa é a terceirização, a melhor solução é a automação.

Nesta jornada de transformação digital o comprometimento e qualificação dos funcionários é fundamental. Eles devem se habilitar a fazer análise avançadas de dados usando Big Data e ensinando máquinas em software de inteligência artificial. Você tem que tornar cada funcionário em um “cientista de dados”.

Os desafios para a transformação digital nas empresas são grandes, porém tangíveis com um bom planejamento.