A economia brasileira é terreno fértil para esse tipo de inovação disruptiva?

De maneira geral, como as empresas brasileiras estão lidando com a inovação disruptiva e seus conceitos relacionados? A economia brasileira é terreno fértil para esse tipo de inovação?

O Brasil tem um enorme potencial para produtos e serviços disruptivos. Com o crescimento da renda da população, principalmente das classes menos favorecidas, cresce o desejo por produtos adotados pelas classes mais privilegiadas. Por exemplo, o sonho de consumo de muitos pessoas é ter um iPad ou um Galaxy. Com preços acima de R$1.000 é inviável para a maioria das pessoas das classes C, D e E. Entretanto, se o preço fosse significativamente menor muitas pessoas comprariam, mesmo com recursos mais limitados. A Índia está fabricando e vendendo tablets a partir de US$55 (imagine o tamanho do mercado só na Índia). Existem tablets no Brasil com preços que variam entre R$200 e R$300 nas lojas de importados populares. Os fabricantes nacionais (Positivo, Digibras e Philco, por exemplo) produzem tablets com preços similares aos de marcas de reputação internacional. Com isso, a competição fica muito difícil para os produtos nacionais. Acredito que estamos perdendo oportunidades nessa área e em outras por falta de iniciativas dos empresários de buscarem condições junto ao Governo e fornecedores para viabilizar produtos mais simples e baratos.

Outra oportunidade que acabamos perdendo foi a de smartphones de mais de um chip. O mercado de celulares no Brasil se caracteriza pelo uso do serviço pré-pago. A competição entre as operadoras fez cair o preço das chamadas entre clientes da mesma operadora. Isso fez que as pessoas comprassem vários celulares (ou chips) para falar com suas comunidades de amigos. Outro dia vi um smartphone de 4 chips, wi-fi, acesso as redes sociais, Skype, câmera por R$299,00. Esse smartphone, através do Skype, permite ligações internacionais a custo extremamente baixo. Infelizmente, o produto não é nacional.

Acredito que existam extraordinárias oportunidades para desenvolvermos produtos disruptivos para mais de 90% da população brasileira, precisamos identificar quais os produtos de desejo e desenvolvermos produtos similares com recursos essenciais para mercados de não-consumidores a preços baixo.