Data de validade da Petrobrás

Tudo tem data de validade. A Terra, 5 bilhões de anos. O Sol, 10 bilhões de anos. As pessoas, 75,2 anos (78,8 para mulheres e 71,6 para os homens, no Brasil). A vida na Terra como conhecemos hoje até 2.100, devido as mudanças climática. Os regimes políticos, a moda, nossa habilidade profissionais e até mesmo os conceitos de certo e errado.

Qual a data de validade da Petrobrás? Meu chute é janeiro de 2045.

Os sauditas preveem que ainda estarão no mercado de petróleo para a produção de energia por mais uns 20 anos. Mesmo com o preço do barril do petróleo abaixo de US$30, é preferível fazer caixa agora do que deixar o petróleo estocado no subsolo e depois não ter para quem vender.

Finalmente “caiu a ficha” dos governantes que a vida na Terra irá acabar (literalmente) e que são necessárias ações urgentes para retardar o inevitável. A principal delas, e que temos controle, é reduzir a emissão de gases do efeito estufa. A energia gerada através de combustíveis fosseis é uma das maiores ofensoras no planeta. Daí o esforço global para mudar a matriz energética para energias renováveis, como eólica e fotovoltaica.

O Brasil é um dos principais players nessas iniciativas, talvez uma das poucas de relevância que sobrou depois da sequência de escolhas erradas que fizemos nos últimos anos. O governo brasileiro assinou e se comprometeu internacionalmente a contribuir com a redução de gases do efeito estufa.

Em discurso nas Nações Unidas, em setembro de 2015, o governo brasileiro se comprometeu com um INDC de 43% para a redução das emissões de gases de efeito estufa até 2030, com base no ano de 2005. O INDC é sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas. O compromisso é ter uma matriz energética com 66% de fonte hídrica, 23% de fontes renováveis (eólica, solar e biomassa) e aumento de 10% em eficiência energética.

Essas diretrizes deixam pouco espaço para o uso de petróleo e gás na matriz energética. Isso significa que uma boa parte das atuais usinas termelétricas a óleo e gás tem prazo de validade até 2030.

Outro compromisso assumido pelo governo brasileiro é ter a participação de 16% de etanol carburante e das demais biomassas derivadas da cana-de-açúcar no total da matriz energética. Isso pode ser ampliando se cada proprietário de carro optar por usar etanol ao invés de gasolina em seus carros. A conta não é se o etanol é mais barato ou mais caro por quilometro rodado, a conta é quantos dias há mais retardaremos os efeitos das mudanças climáticas extremas com a substituição da gasolina pelo etanol. Depois não adianta reclamar que os preços dos alimentos aumentaram por causa das estiagens ou fortes chuvas.

A indústria automobilística já entendeu que o prazo de validade dos carros a motor a combustão está para vencer. Estão substituindo os motores poluentes por motores elétricos. Mas do que isso, perceberam que o prazo de validade das pessoas desejarem possuir carros também está para vencer e já estão partindo para um novo modelo de negócio de compartilhamento de veículo, dentro do conceito de mobilidade.

Com os preços do petróleo abaixo de US$30 e a derrubada das barreiras comerciais do Irã que voltará a comercializar petróleo livremente no mundo, não tem mais sentido ficarmos expostos aos altos riscos da exploração de petróleo na camada do pré-sal. Não vale mais os altos investimentos em tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas para evitar o risco de fracionamento da camada e vazamento do petróleo com enormes consequências ambientais. Como também não faz nenhum sentido destinar verbas do Tesouro Nacional para socorrer uma empresa poluidora que tem data de validade pré-fixada.

Vamos fazer nossa parte, substituindo o petróleo por combustíveis renováveis, encontrando oportunidades de eficiência energética em casa e no trabalho e optando por usar energia de fontes renováveis através de autoprodução de energia ou comprando energia limpa no mercado livre.

Observação final, notem que nem falei da Operação Lava a Jato.