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Autor: Eduardo Fagundes

  • A guerra do marketing dos certificados dos Data Centers

    A guerra do marketing dos certificados dos Data Centers

    Acompanhei uma discussão no Linkedin sobre certificações de data centers pelo Uptime Institute. A discussão começou com um post de um grande player do mercado relatando à conquista de certificados Tier III em dois de seus data centers no Brasil. A discussão avançou com um participante dizendo que outro player também tinha dois data centers certificados. Teve uma replica dizendo que a certificação do primeiro era para Cloud Computing e não serviços de Colocation. Outro post comparou o investimento de R$100 milhões de um data center Tier III contra R$3,3 bilhões de um data center Tier IV, citando o caso do novo data center do Itaú em Mogi Mirim.

    Durante a leitura dos posts, lembrei que quando comecei a trabalhar com data centers, há muitos anos atrás, era proibido colocar placas de identificação de data centers, para não facilitar a ação de pessoas de má fé. Hoje, com a ajuda do pessoal de marketing e do Google Maps conseguimos ter acesso a muitas informações críticas, incluindo a localização dos geradores de energia, tanques de combustível, subestação de energia, etc.

    Apenas para lembrar, o Uptime Institute tem duas formas de certificação: (1) Design Documents; e, (2) Constructed Facility. Essas certificações referem-se apenas à topologia física da infraestrutura que impacta, diretamente, no ambiente computacional. Existem quatro níveis de certificação: (1) Tier IV – infraestrutura local tolerante a falhas com disponibilidade de 99,995%; (2) Tier III – infraestrutura local paralelamente sustentável com disponibilidade de 99,982%; (3) Tier II – infraestrutura local com componentes redundantes com disponibilidade de 99,741%; e, (4) Tier I – infraestrutura local básica com disponibilidade de 99,671%.

    Entretanto, a certificação que considero mais relevante é de sustentabilidade operacional do Uptime Institute. Essa certificação avalia a gestão e operações (como qualificação do pessoal, programas de manutenção, presença de pessoal, por exemplo), construção com características adicionais e, localização do site (por exemplo, inundações, corredores de transporte, etc.).

    O único site com certificação de sustentabilidade operacional pelo Uptime Institute no Brasil é o data center da Telefônica/Vivo em Santana de Parnaíba, na Av. Marcos Penteado de Ulhôa Rodrigues, atrás da Sky TV, no lado da Plural Indústria Gráfica (onde é impresso o jornal Folha de São Paulo). Também dividido apenas pelo muro da gráfica, fica localizado o novo data center da BM&F Bovespa, classificado como Tier III Certification of Design. Veja a foto abaixo.

    data-center-bmf-bovespa-telefonica-vivo-vista-aerea

    Instalar dois data centers de missão crítica no lado de uma gráfica que processa toneladas de papel diariamente e que mantem estocados toneladas de tinta e outros componentes altamente inflamáveis é no mínimo curioso. Um eventual incêndio na gráfica, paralisaria complemente a região, impedindo inclusive o reabastecimento dos tanques de combustível dos dois data centers, por questões do bloqueio do trânsito e riscos devido ao calor irradiado do incêndio. Comento isso por experiência própria em um incêndio na área de pintura da linha de produção que ficava próxima do data center na planta da Volkswagen (na época da Autolatina) na Rodovia Anchieta. Tivemos que acionar o plano de contingência e desativar o data center devido ao calor, riscos de explosões e dificuldade de acesso ao prédio.

    A exposição das certificações dos data centers na mídia para marketing, tanto da entidade certificadora como das empresas, aguça o apetite dos crakers e se tornam alvo de mais ataques cibernéticos. Entramos na mesma questão de quais arquivos criptografar nas empresas. Melhor criptografar todos, evitando a sinalização de quais arquivos são mais importantes.

    Outra questão que considero importante avaliar é a concentração de data centers em determinadas regiões, tipo na cidade de São Paulo, Barueri e região de Campinas. Veja o post  https://efagundes.com/blog/o-risco-de-concentrar-data-centers-em-grandes-cidades/.

    Confesso que selos de certificação não me impressionam.  Nos bastidores existe uma disputa entre o Uptime Institute e a Associação das Indústrias de Telecomunicações (TIA) com sua norma TIA 942, com algumas trocas polidas de opiniões. Nas seleções de serviços de data centers que fiz ao longo dos anos, inclusive internacionais, sempre fui atrás dos detalhes e evidências que comprovassem os processos e infraestrutura que suportam as certificações.

    Em minha opinião é necessário identificar a real necessidade da infraestrutura e processos dos data centers para as operações da sua empresa e esquecer as certificações. Dá mais trabalho, porém você terá a certeza que está contratando um serviço adequado a sua empresa com mais opções de fornecedores para contratação e maiores oportunidades de redução de custos.

    Lista dos data center certificados pelo Uptime Institute no Brasil em 16/7/2015.

    CompanyData Center NameData Center LocationTier Certification
    Telefonica VIVOData Center TamboreSao Paulo, Sao PauloTier III Gold Certification of Operational Sustainability
    BrasilTier III Certification of Constructed Facility
     Tier III Certification of Design Documents
    Banco Santander Brasil S/ACentro Tecnológico Campinas – DC2Sao Paulo,Tier IV Certification of Constructed Facility
    BrasilTier IV Certification of Design Documents
    Banco Santander Brasil S/ACentro Tecnológico Campinas – DC1Sao Paulo,Tier IV Certification of Constructed Facility
    BrasilTier IV Certification of Design Documents
    EQUINIX BrasilSite Tambore – SP2, Phase 3Barueri, Sao PauloTier III Certification of Constructed Facility
    BrasilTier III Certification of Design Documents
    Ascenty Data Centers Locação E Serviço LTDAAscenty DC FortalezaFortaleza, CearaTier III Certification of Constructed Facility
    BrasilTier III Certification of Design Documents
    Tribunal de Justiça do Estado do Espírito SantoDATA CENTER – DCMPF – TJESVitoria, Espirito SantoTier III Certification of Constructed Facility
    BrasilTier III Certification of Design Documents
    Itau UnibancoCentro Tecnologico Mogi Mirim-DC2Sao Paulo,Tier III Certification of Constructed Facility
    BrasilTier III Certification of Design Documents
    Itau UnibancoCentro Tecnologico Mogi Mirim-DC1Sao Paulo,Tier III Certification of Constructed Facility
    BrasilTier III Certification of Design Documents
    VIVO S.A.Data Center TamboreSao Paulo, SPTier III Certification of Constructed Facility
    BrasilTier III Certification of Design Documents
    Matrix Data CenterDC Matrix 1Sao Paulo,Tier III Certification of Design Documents
    Brasil
    Getnet TecnologiaGetnet Campo BomCampo Bom, Rio Grande do SulTier III Certification of Design Documents
    Brasil
    Ascenty Data Centers Locação E Serviço LTDAAscenty DC JundiaiSao Paulo,Tier III Certification of Design Documents
    Brasil
    Oi Cyber Data CenterData Center SIG – Brasília – DFBrasília, Distrito FederalTier III Certification of Design Documents
    Brasil
    Governo do Estado do ParanaCELEPAR Data CenterCuritiba,Tier III Certification of Design Documents
    Brasil
    ALOG Data Centers do BrasilRio de Janeiro – Site RJ2Rio de Janeiro,Tier III Certification of Design Documents
    Brasil
    CSUCSU.ITSSao Paulo,Tier III Certification of Design Documents
    Brasil
    BM&F BOVESPA S.A.DATA CENTER BM&F BOVESPASao Paulo,Tier III Certification of Design Documents
    Brasil
    CODEMIGData Center da Secretaria de Estado de Fazenda de Minas GeraisBelo Horizante,Tier III Certification of Design Documents
    Brasil
    CODEMIGDC PRODEMGE – TecnologiaBelo Horizonte,Tier III Certification of Design Documents
    Brasil
    Ascenty Data Centers Locação E Serviço LTDAAscenty DC CampinasSao Paulo,Tier III Certification of Design Documents
    Brasil
    EmbratelData Center Embratel LapaSao Paulo,Tier III Certification of Design Documents
    Brasil
    Globo.comGlobo.com DatacenterRio de Janeiro,Tier III Certification of Design Documents
    Brasil
    PetrobrasCIPD Centro Integrado de Processamento de DadosRio de Janeiro, Rio de JaneiroTier III Certification of Design Documents
    Brasil
    T-Systems BrazilT-CenterBarueri, Sao PauloTier III Certification of Design Documents
    Brasil
    Ativas Data CenterBelo Horizonte, MGBelo Horizonte, Minas GeraisTier III Certification of Design Documents
    Brasil
  • Digitalize seu produto: transforme átomos em bits e ganhe competitividade

    Tem sucesso no mercado os produtos e serviços que levam facilidade e suprem as necessidades dos consumidores. Com a expansão do uso de smartphones e acesso a Internet móvel, é possível colocar produtos e serviços ao alcance dos consumidores a qualquer momento em qualquer lugar. Não é necessário mudar o produto físico (formado por átomos), você pode desenvolver um novo modelo de negócios agregando um novo atributo de valor ao produto de forma digital (os bits). Desta forma, você pode transformar qualquer produto formado por átomos em bits, oferecendo como serviço de forma virtual e escalável.

    Você pode achar, no primeiro momento, que existem produto que é impossível transformá-los em bits. Por exemplo, automóveis. Vamos pensar. Quais os principais atributos de valores de um carro: transportar pessoas e encomendas de um ponto físico a outro, com segurança e conforto. Para atender essas necessidades o consumidor não precisa, necessariamente, comprar um carro. Ele pode contratar um taxi. Porém, existe outro atributo de valor importante, o prazer do motorista em dirigir um determinado carro. Ele pode alugar um carro. Entretanto, para reunir esses atributos de valores, o consumidor precisa se deslocar até uma agência de aluguel de carros, entrar em uma fila, apresentar documentos e retirar o carro, além de ter que devolvê-lo no final do período contratado em um local definido pela agência. Agora imagine a situação onde o consumidor, cadastrado em uma agência virtual de aluguel de carros, identifica um carro da empresa próximo via GPS, solicita via smartphone uma senha de acesso ao carro, dirige durante um determinado período, estaciona o carro em algum lugar próximo ao seu último destino e conclui a transação. Melhor ainda, só é cobrado pelo tempo que utilizou o carro. Esse novo modelo de negócios, chamado de car sharing, já existe e está atraindo muitos consumidores, como o serviço Zipcar nos Estados Unidos. As montadoras de carros já identificaram que esse novo comportamento dos consumidores irá transformar a indústria automotiva nos próximos anos. Além do uso crescente de bicicletas com a criação de bairros inteligentes, onde as pessoas trabalham próximo de onde moram com uma completa infraestrutura de comércio, escolas, hospitais e lazer.

    Outro exemplo é a completa substituição dos mapas de cidades e rodovias pelos aplicativos de mapas em smartphones, onde destruiu o emergente negócio dos aparelhos de localização dedicados, os GPS. A vantagem do uso de serviços como o Wise e Google Maps é a interatividade em tempo real, permitindo a reprogramação de rotas dependendo das informações dos próprios usuários do serviço.

    A figura abaixo mostra a matriz de produto-canal versus físico-virtual. O desafio é desenvolver produtos ou modelos de negócios que virtualize os produtos utilizando um canal virtual. Isso pode ser mais fácil que você imagine.

    figura-matriz-canal-produto-fisico-virtual-v81

    Lembre-se que o consumidor compra alguma coisa para atender uma necessidade, virtualizar pode significar “emprestar” algo para atender uma necessidade momentânea. Isso significa a possibilidade de “vender” várias vezes um único produto físico. Tem gente que aluga iphone para as pessoas mostrarem nas baladas noturnas. As possibilidades são infinitas. Digitalize-se.

  • A falta de governança pessoal reflete o mau desempenho dos negócios

    Governança é um conjunto de práticas, regulamentos, processo de decisão, costumes, ideias que mostram a maneira pela qual algo é dirigido ou administrado. Em um governo, a governança é maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos sociais e econômicos de um país visando seu desenvolvimento, e a capacidade de planejar, formular e programar políticas e cumprir funções. A governança corporativa nas empresas é o conjunto de processos, orientados pelos regulamentos e ideias, que mostram como a organização é dirigida. A governança de TI é um conjunto de práticas adotadas pelos profissionais de TI para garantir controles efetivos e para ampliar os processos de segurança e desempenho. Entretanto, pouco se comenta sobre a governança pessoal na qual envolve o planejamento, as ações, costumes e ideias de um indivíduo. Acredito que a falta da governança pessoal influencia, diretamente, no mau desempenho dos negócios, por um simples motivo, quem não consegue ter seu próprio planejamento de vida, fundamentos sólidos, ideias próprias, autoconhecimento e espiritualidade, não consegue definir, implantar e seguir a governança no governo, na empresa ou em TI.

    Pergunte-se a si mesmo, quais são seus pontos fortes, pontos fracos, as oportunidades que estão a sua volta e ameaças para não ter sucesso nos seu trabalho ou empreendimento? Ou seja, o clássico SWOT. Conhecendo esses pontos (sem enganar a si próprio) você tem um plano para superar as fraquezas e as ameaças, e melhorar ainda mais seus pontos fortes e pegar as melhores oportunidades que estão ao seu redor?

    Já parou para pensar qual o real valor que você oferece para a sua organização? Está claro quem são seus clientes e qual a melhor forma de se relacionar com eles? As atividades e os recursos que você tem a sua disposição estão sendo utilizados da melhor maneira possível? O seu relacionamento com seus parceiros de negócios internos ou externos são apropriados? O investimento que você fez no seu MBA (ou que ainda fará) teve o retorno do investimento que foi projetado? Você fez alguma coisa para garantir que esse retorno acontecesse?

    Se você respondeu não ou teve dúvidas em alguma dessas perguntas você deve rever sua governança pessoal. Antes de você buscar um coaching profissional, acredite na sua capacidade de virar o jogo com a ajuda de colegas e amigos. A busca precipitada de ajuda profissional pode demonstrar que você não tem maturidade suficiente para dirigir algo importante, uma vez que você não consegue nem dirigir a sua própria vida.

    Uma regra de ouro é que são apenas os verdadeiros amigos que irão te dizer a verdade, por mais dura que seja. Desta forma, saiba quem são seus melhores amigos. Provavelmente, a lista não ultrapasse os dedos das duas mãos, incluindo a sua própria família. Pergunte a eles quais são seus pontos fortes e suas fraquezas. Questione-os sobre seu comportamento, ideias e costumes. Procure ideias para melhorar.

    Outra fonte de pesquisa importante são seus colegas e seus superiores no trabalho, incluindo as pessoas nas quais você presta serviço dentro da empresa. Não espere, passivamente, por uma avaliação formal. Questione-os sempre que tiver oportunidade, principalmente, logo depois que você concluiu uma atividade ou tomou uma decisão por conta própria.

    Outra regra de ouro: escreva tudo e resuma seus objetivos em uma única folha e revise todos os dias para não se desviar do seu rumo.

    A próxima etapa é saber se a organização que você trabalha está em linha com seus objetivos. Você pode estar em uma ótima empresa, porém fazendo coisas que não contribuem para alcançar seus objetivos. Procure influenciar seus superiores para trocar de posição. Caso não consiga, troque de emprego.

    Se você estiver exercendo uma atividade em linha com seus objetivos, além de você ganhar a empresa ganha. Uma empresa de alta performance é aquela que tem colaboradores que conseguem realizar seus objetivos pessoais melhorando o desempenho da empresa.

  • Bancos: os dois lados da moeda tecnológica

    O CIAB 2015, congresso e exposição do setor bancário, mostrou novas tecnologias de informação para o setor. Novos equipamentos e softwares, além dos tradicionais serviços de outsourcing. Sem dúvida, os bancos oferecem serviços modernos aos seus clientes, como aplicações móveis e sistemas de acesso mais seguros. Entretanto, se olharmos o núcleo dos principais sistemas de informação encontramos antigos programas COBOL executando em mainframes com tecnologias ultrapassadas e limitadas. Para atender as expectativas dos clientes com aplicações modernas é necessários construir sistemas satélites integrados aos sistemas legados através de vários tipos de conectores de software ou acesso direto as bases de dados nos mainframes. Essa fragmentação de sistemas aumenta o risco de inconsistência das informações.

    Os bancos têm um gigantesco desafio para migrar seus sistemas legados para novas tecnologias da informação. O risco da mudança e o investimento são muito altos, fazendo que constantemente os projetos sejam adiados. O desafio é ainda maior devido as frequentes mudanças regulatórias dos órgãos de controle governamentais.

    Atualmente, uma boa parte dos sistemas bancários é mantida por funcionários experientes e especialistas nas tecnologias legadas. Entretanto, existem limites para esse suporte, um é a aposentadoria dos funcionários e outro é a falta interesse dos grandes fornecedores de hardware e software de continuar mantendo as tecnologias. Quanto mais se posterga a migração dos sistemas maior é o risco de falta de suporte futuro.

    Um projeto de migração desse porte é muito complexo, principalmente, devido às frequentes mudanças do cenário de negócio. Entretanto, esse desafio deverá ser encarado pelos bancos e deverá contar com o apoio dos órgãos relatórios sob o risco de no futuro prejudicar todo o sistema financeiro do país.