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Tech & Energy Think Tank

Think tank independente com foco em energia, tecnologia e tendências globais. Análises para apoiar decisões estratégicas com visão de impacto.

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Autor: Eduardo Fagundes

  • Inovação a partir de uma brincadeira

    Uma brincadeira de 1º de Abril, dia da mentira, pode gerar uma inovação. A empresa americana Hyperkin publicou um acessório para o iPhone 6 para simular o Smart Boy. A arte foi publicada no site da empresa no dia 31 de março. Curiosamente, vários clientes entraram em contato querendo comprar o acessório. Depois a empresa explicou que era apenas uma brincadeira.

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    Esse é um bom exemplo que ideias que podem parecer ridículas em um primeiro momento, podem se tornar sucesso de vendas.

    Pensando bem, poderíamos simplificar o desenvolvimento de aplicativos móveis se utilizássemos apenas um dispositivo que pudesse ser “envelopado” para diferentes tipos de aplicações. Por exemplo, utilizar o iPhone para simular pistolas leitoras de código de barras acoplando um acessório que desse a mesma funcionalidade anatômica.

    Desta forma, vá em frente com suas ideias, mesmo que parecem tolas para alguns.

  • O impacto da Portaria 141/2014 nas operações dos data centers

    Está em discussão a Portaria Interministerial 141/2014, que implementa a necessidade de certificação de todos os equipamentos e sistemas de TICs a serem vendidos para o governo e empresas públicas em relação à existência de backdoors e vulnerabilidades de segurança em equipamentos de rede, data center, comunicações, etc., adotados pelo governo. Em resumo, o governo quer criar um critério próprio de certificação, e exige que as empresas entreguem o firmware e o código fonte dos seus softwares.

    A Portaria 141 trata das comunicações de dados da Administração Pública Federal direta, e autárquica, e nasceu do Decreto 8.135/2013, que estabeleceu uma política de segurança cibernética e veio depois das denúncias de espionagem praticadas pela NSA e pelo governo norte-americano reveladas pelo ex-funcionário da agência de segurança dos EUA, Edward Snowden. O governo, por meio da Portaria (assinada pelo Planejamento, Comunicações e Defesa) definiu que as comunicações governamentais deveriam ser trafegadas por redes públicas e que os equipamentos e softwares contratados deveriam passar por um processo específico de certificação.

    Os fornecedores internacionais até aceitam o debate, mas querem que o Brasil adote padrões mundiais, e não estabeleça uma certificação própria. Em relação à entrega dos códigos fonte, 54 de 55 associadas da Brasscom (associação que representa esses fornecedores) já disseram que em hipótese alguma entregariam isso ao governo brasileiro. Essas empresas incluem a IBM, Cisco, Oracle, SAP, HP, Microsoft, entre outras.

    Se a Portaria for aprovada dentro dos critérios estabelecidos pelo governo teremos um colossal impacto nas áreas de TI do governo atingindo diretamente os data centers que utilizam softwares internacionais, ou seja, todos que prestam serviços para o governo. Como os principais fornecedores se negam a submeter seus softwares para o governo, as operações terão que ser transferidas para data centers próprios ou de empresas que aceitarem adotar os padrões do governo.

    Veja o caso da ONS (Operador Nacional do Sistema) que executa seus softwares de simulação de demanda de energia na AWS (Amazon.com). Em tese, se a portaria for aprovada, o ONS teria que migrar para um data center em conformidade com a nova legislação ou a AWS se certifica abrindo seus softwares para o governo brasileiro. Embora não atingidas pela portaria, as concessionárias de energia, consideradas de segurança nacional, que utilizam softwares internacionais que poderiam colocar o sistema em risco em caso de má fé de algum fornecedor. Mais critico ainda são os bancos que utilizam softwares internacionais para a gestão de seus processos.

    Essa é um assunto muito polêmico. Por um lado, hoje as empresas que adotam softwares internacionais conhecem muito pouco sobre o funcionamento interno dos softwares contratados. Isso se estende para os software de controle dos data centers, tanto em data centers próprios como em ambientes externos, incluindo Cloud Computing. Seu uso é lastreado na confiança no fornecedor do software ou do data center. Essa confiança, infelizmente, abalada pelas declarações do Snowden.

    No outro lado, não utilizar softwares internacionais de larga adoção no mercado internacional, reduz drasticamente a competividade e aumenta os custos de desenvolvimento e controle.

    Acredito que a solução para esse impasse é o dialogo e pesadas penalidades caso sejam descobertos back doors nos software internacionais e provedores de serviços de data centers.

  • O risco de concentrar data centers em grandes cidades

    Uma questão a considerar na expansão de grandes data centers é sua localização física. Muitos data centers estão concentrados em grandes cidades e isso aumenta o risco potencial de paralisação. Em caso de mudanças climáticas extremas em uma grande cidade o caos se instala. Os transportes param, as pessoas não conseguem chegar ao trabalho, a energia pode ser interrompida, o abastecimento de produtos é prejudicado entre outras situações que foge ao controle das pessoas.

    Nessa situação, os data centers podem ser prejudicados, não no primeiro momento devido as reservas de combustível para seus geradores de energia em caso de interrupção do sistema público de energia, porém a falta de transporte para abastecer os tanques de combustível levarão a paralisação dos serviços. A concentração de grandes data centers em grandes cidades gera o risco de paralisar setores inteiros da economia em caso de situações extremas nas cidades.

    A região metropolitana de São Paulo concentra  54,7% da população ocupada do Estado, segundo o Ministério do Trabalho. Essa concentração da atividade econômica prioriza os investimentos de infraestrutura das concessionárias públicas (energia, água, comunicações e gás), empresas de serviços e educação superior.

    Não por coincidência, a receita das empresas de TI localizadas na cidade de São Paulo corresponde a 53,32% de todo o Estado. As cidades de Barueri, São Bernardo do Campo, Santana de Parnaíba, Cotia e São Caetano do Sul, representam 24% da receita. Outro polo de tecnologia importante é a região de Campinas, Hortolândia e Jaguariúna, representando 12% da receita. Em uma primeira análise, é o lugar ideal para se instalar um data center. Entretanto, se houver uma interrupção de energia por um longo período e problemas de transporte na região, a vantagem se torna desvantagem.

    No caso de São Paulo, a situação é minimizada se as empresas instalarem seus backup site (DRP) na região de Campinas, Hortolândia e Jaguariúna que possuem grande data centers instalados. Alguns data centers podem implementar seus DRPs em outros Estados, como no Rio de Janeiro, por exemplo. Entretanto, manter data centers espelhos é um investimento alto é deve ser avaliado seu impacto nos negócios (BIA).

    Uma questão que deve ser avaliada é a interiorização dos data centers. Várias cidades do interior dos Estados reúnem excelentes condições para a instalação de data centers, tornando-se ideal para hospedar, no mínimo, a infraestrutura de backup site das empresas.

    Resumindo, quando for rever sua estratégia de data centers considere sua localização e avalie os riscos de ficar longos períodos sem energia em função de mudanças climáticas extremas que estão se manifestando com maior frequência em todo o planeta.

  • Internet ultra-rápida em Cupertino na Califórnia

    A AT&T anunciou hoje um serviço de Internet ultra-rápida (1 Gbps ou 1000 Mbps) na cidade de Cupertino na Califórnia, via fibra óptica. O serviço custará US$110 por mês e terá a capacidade de baixar um filme HD em 36 segundos. Alguns serviços de banda larga de 150Mbps custam cerca de US$115 por mês usando tecnologia via par metálico (DSL) e cabo coaxial nos Estados Unidos.

    A capacidade de transmissão de dados via fibra óptica é espetacular. É possível multiplexar frequências de luz e conseguir altas taxas de transmissão. Atualmente, as operadoras operam equipamentos com 160 canais de 10Gbps em links de 1.6Tbps.

    As taxas de transmissão estão aumentando exponencialmente para os usuários. O número de dispositivos móveis e a capacidade de processamento também aumentam de forma exponencial. A Internet of Things (IoT) levará comunicação para lugares e dispositivos ainda nem sonhados.

    Isso significa que o gargalo estará na capacidade de processamento das aplicações, que precisarão de grandes infraestruturas de servidores para processar grandes volumes de dados e número elevado de acessos simultâneos com velocidade e alta disponibilidade.

    Difícil imaginar um cenário futuro sem cloud computing e Big Data para as grandes empresas. As pequenas e médias empresas poderão se beneficiar com as gigantescas infraestruturas de data centers para criarem novos negócios e se equipararem em competitividade com as grandes, pelo menos na área tecnológica.