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Autor: Eduardo Fagundes

  • Em inovação estamos na quarta divisão

    No Oiweek Open Innovation (março, 2018), evento que reuniu 100 startups para apresentar seus projetos para grandes empresas, um dos organizadores afirmou que o Brasil está na quarta divisão da inovação no cenário global, fazendo uma analogia com o futebol.

    Participei de um encontro de acadêmicos no evento, onde discutimos oportunidades da academia participar mais de projetos de inovação aberta. Entre encontro participaram pesquisadores, empreendedores e representantes de grandes empresas de várias áreas de interesse, mostrando a pluralidade dos projetos de inovação. Um dos comentários é existem várias iniciativas governamentais e fundos de incentivos, porém dispersos. Uma das sugestões foi criar um mecanismo para orquestrar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D).

    Open Innovation Week

    Realmente, existem várias iniciativas para o desenvolvimento de P&D no Brasil e fundos incentivados que podem tirar do papel projetos inovadores, desde que bem elaborados e relevantes para o mercado. Estes fundos não apenas incentivam projetos acadêmicos, mas projetos da iniciativa privada, como o PIPE da FAPESP.

    Em 2017, o Brasil ficou na 69ª posição no Índice Nacional de Inovação, elaborado pela Universidade de Cornell, pela escola de negócios Insead e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) entre as 130 economias pesquisadas.

    Se existe dinheiro, mesmo em tempos de crise, para incentivar a inovação, porque estamos na quarta divisão?

    A primeira explicação é que a grande maioria dos empreendedores no Brasil não desenvolve tecnologia e processos inovadores, apenas as aplicam em seus negócios. Isto não cria um oceano azul de negócios (baixa concorrência e lucros atraentes) e a competição no mercado fica no preço (oceano vermelho). Neste cenário, os empreendedores lutam para sobreviver e não têm tempo para projetos de inovação.

    A segunda explicação é a dificuldade de as pesquisas realizadas nas Universidades chegarem ao mercado consumidores. Algumas vezes, as barreiras são criadas pelos próprios pesquisadores, que priorizam papers acadêmicos e participação em congressos científicos ao invés de focar na aplicabilidade de suas pesquisas.

    Outra explicação é baixa qualidade dos projetos que não conseguem se qualificar para obter os fundos incentivados.

    Coloco neste contexto o baixo desempenho dos alunos no Brasil, evidenciado pelas últimas provas de avaliação mundial entre alunos de até 15 anos. O Brasil continua nas últimas posições no ranking de educação, infelizmente.

    Isto reduz o número de pesquisadores e empreendedores que se qualificam a criar projetos realmente inovadores.

    Isto cria um gigantesco desafio para garantir uma renda mínima para os trabalhadores que perderão seus empregos pela inovação tecnológica crescente, ampliando a desigualdade social e potenciando nossas atuais fraquezas, como a violência urbana.

    Acredito que temos condições de reagir e levar nosso time para a primeira divisão da inovação, basta focarmos nisto e deixar as distrações de lado. Iniciativas como a 100 Open Startups ajudam a virar o jogo.

  • A velocidade de inovação das empresas tradicionais não é capaz de acompanhar o mercado

    As empresas já estabelecidas e com produtos e processos consolidados não conseguem sair do circulo de inovação incremental e possuem baixa capacidade de transformação. Mesmo empresas que conseguiram se adaptar as mudanças do mercado em tempos passados, hoje encontram dificuldades, caso da GE com perda do valor sua ações e uma dívida bilionária. Se analisarmos as noticias da mídia especializada em tecnologia, vemos que as inovações nas empresas tradicionais são melhorias de eficiência e adoção de práticas e tecnologias já existentes no mercado. As verdadeiras inovações estão nas startups, pouco divulgadas pela mídia e, consequentemente, reduzindo a capacidade de divulgação no mercado. Entretanto, ainda precisamos delas para manter o ecossistema do mercado, até que apareça e se consolide um novo paradigma de consumo. Estas empresas têm a oportunidade de planejar o final do seu ciclo, acumulando riqueza para investir em novos desafios. Mas, ao que parece poucas fazem isto, apostando que o seu nicho de mercado nunca será ameaçado.

    Escritório

    Empresas tradicionais são lentas nas tomadas de decisões, pois devem cumprir os rituais do compliance para mitigar os riscos, proteger o capital dos investidores e uma forte cultura organizacional. Como se diz, não é fácil um transatlântico mudar de rumo rapidamente. Quando maior a empresa maior a dificuldade para mudar de rumo. A velocidade de adaptação (mudança de rumo) não está sendo suficiente para acompanhar as mudanças de paradigmas do mercado, tornando as empresas vulneráveis. A GE, por exemplo, teve uma queda do valor de suas ações de US$32.88 em outubro de 2016 para US$14.31 em março de 2018. A Ford é outra empresa que teve impacto no valor de suas ações, cotadas a US$17,72 em julho de 2014 e US$11,15 em março de 2018.

    Uma solução que os investidores das empresas já estabelecidas é investir em startups, assumindo maiores riscos e com pessoal com cultura de inovação das novas gerações. Esta é a melhor maneira de proteger o dinheiro.

  • Oportunidades de inovação para 88% das famílias brasileiras

    Apenas 12% das famílias brasileiras possuem rendimentos acima de R$7.880,00 por mês, classificados como Classe A e B (IBGE, 2015). Um mercado atraente para produtos e serviços inovadores e oportunidade para muitas startups e empresas já estabelecidas atingirem receitas atraentes. Os avanços tecnológicos permitem maior produtividade e redução dos custos de produção e operação, nem sempre acompanhados com redução dos preços dos produtos e serviços. Fato que reduz o emprego e aumenta a desigualdade entre as pessoas. Como consequência podemos ter redução da qualidade de vida dos trabalhadores menos qualificados, aumento da violência e comprometer o crescimento do PIB nacional. Por outro lado, os 88% das famílias das classes CDE podem gerar novas e atraentes novas oportunidades de negócios.

    Vários indicadores mostram grandes desafios para o futuro dos brasileiros. No Brasil, apenas 43% da população acima de 25 anos concluiu o ensino médio. Nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) o índice é de 90%. Um em cada três jovens de 19 anos está fora da escola. Estamos na 67ª posição no ranking de 72 países do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) que avalia alunos de até 15. O Brasil não está entre as 50 economias mais inovadoras do planeta. Apenas agora começamos a discutir a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da educação infantil e do ensino fundamental e, recentemente, foi aprovada a reforma no ensino médio.

    A indústria brasileira enfrenta dificuldades e deve fazer um grande esforço de renovação. O setor automobilístico é um termômetro da economia do país. Ford, GM e Volks entre o início de 2014 e dezembro de 2017, tiveram perdas bilionárias. Um levantamento feito pelo Instituto Nacional de Recuperação Empresarial mostra que, até setembro de 2016, 130 fabricantes de autopeças já faliram, enquanto outras 105 pediram recuperação judicial.

    A renovação da indústria deve adotar as novas tecnologias da Indústria 4.0: automação extrema para a produção em massa de produtos personalizados, com suporte de inteligência artificial. Isto requer profissionais altamente qualificados. Aumentando, consideravelmente, a produtividade das fábricas os produtos tendem a reduzir de preço e alcançar mercados mais amplos.

    Analisando os índices educacionais e os desafios da indústria vemos que existe um grande desafio. Felizmente, o SENAI está qualificando vários jovens para atuarem na Indústria 4.0. Entretanto, o número é insuficiente para toda a indústria nacional.

    Uma alternativa é investir em novos produtos e serviços inovadores para as famílias de baixa renda. As Universidades brasileiras responsáveis pela captação da maior parte das verbas de pesquisa dos órgãos governamentais deveriam focar em projetos de geração de renda e produtos para atender as classes CDE.

    Economia Criativa

    Um exemplo é investir na economia criativa, conjunto de atividades econômicas relacionadas a produção e distribuição de bens e serviços que utilizam a criatividade e as habilidades dos indivíduos ou grupos como insumos primários. No mundo, o comércio de bens e serviços criativos somou US$ 624 bilhões (R$ 2,3 trilhões) em 2011, mais do que o dobro do registrado em 2002, aponta a Unesco. No Brasil, a indústria criativa empregava 1,8% dos trabalhadores formais em 2013, com 892,5 mil profissionais. Em quase dez anos, o número de empregados no ramo saltou 90%, superior ao avanço de 56% do mercado de trabalho brasileiro como um todo no mesmo período.

    Os novos avanços tecnológicos podem potencializar a criatividade e as habilidades dos indivíduos. Nesta linha, sugiro pesquisas e desenvolvimento de novos negócios. Acredito que podemos encontrar novos modelos de crescimento econômico usando nossas habilidades criativas.

  • Inovação: as sombrias perspectivas para operar novos produtos e serviços

    Cresce o abismo entre os avanços tecnológicos e as habilidades das pessoas para usá-los. Novos produtos e modelos de negócios são capazes de gerar milhões de novos empregos, e destruir outros milhões, mas as sombrias estatísticas sobre educação colocam em dúvida se teremos pessoas capacitadas para preencher as novas vagas.

    O PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) que avalia alunos de até 15 anos em 72 países, mostra que várias nações estão perdendo a competividade devido ao baixo desempenho de seus alunos. Os Estados Unidos, por exemplo, perderam em matemática para 23 países em 2009, foi superado por 35 países em 2012 e na última avaliação em 2015 perdeu para 39 países. Ou seja, ano após ano o desempenho dos alunos americanos está caindo. Isto acaba refletindo na capacidade de inovação.

    No último ranking de economias inovadoras, os Estados Unidos, saíram da lista dos Top 10 entre 50 países. Se comparar com o desempenho dos alunos chineses isto custa algo em torno de US$1 trilhão por ano para a economia americana.

    Aparentemente, não é dinheiro que falta para melhorar o desempenho dos alunos, possivelmente, é a forma de ensinar que faz a diferença. A Finlândia (7ª no ranking em inovação e 13ª no PISA) faz muito pouco em termos de currículo comum, permitindo aos professores, individualmente, autonomia quase total.

    Analisando pesquisas sobre projetos de tecnologia nas empresas podemos avaliar sua capacidade de inovação e inferir sobre a capacidade da nação para inovar.

    Mapa-ranking-economias-inovadoras-2018

    Sobre o Brasil? Ficamos na 67ª posição no ranking de 72 países do PISA, não estamos entre as 50 economias mais inovadoras do planeta e começamos a discutir a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da educação infantil e do ensino fundamental, e foi aprovada a reforma no ensino médio. A pesquisa da Computerworld com 100 líderes de TI no Brasil em 2017, mostra que os investimentos são para a melhoria dos sistemas, segurança da informação, melhoria na governança, processamento na nuvem e Big Data/Analytics, ou seja, pouco sobra para a inovação.

    Como é nos momentos difíceis que encontramos as melhores soluções, este cenário é propicio para as startups lideradas por empreendedores que pensem de forma diferente e ousam desafiar os modelos de negócios já estabelecidos, incluindo modelos recentes como Uber, AirBnB entre outros. Se você não é um destes caras, ouse e se torne um. O futuro das próximas gerações depende disso.