Lobistas internos retrógrados atrasam o crescimento das empresas

Você que é a favor do Uber e fã das séries da Netflix, provavelmente, é contra o lobby que os taxistas fazem nas Câmaras de Vereadores e Congresso contra o serviço e fica com medo de pagar mais e perder as melhores séries do planeta se o Netflix for regulado e limitado.

Os usuários do Uber relatam a qualidade do serviço, além de carros ótimos a cortesia dos motoristas. Uma nova regulamentação em São Paulo obriga os motoristas de taxi a serem gentis com os passageiros e regulamenta inclusive as roupas que devem usar. Os taxistas já estão sentindo o impacto do Uber no faturamento.

A Netflix é outro exemplo. Por aqui, estima-se que a Netflix 2,5 milhões de usuários e fature algo em torno de R$1 bilhão, próximo do faturamento do SBT, maior que a Band e RedeTV. Uma diferença é que a Netflix não é obrigada a pagar ICMS e nem ter no seu acervo um percentual mínimo de conteúdo nacional. Também é isenta da taxa do Condecine (Contribuição da Indústria Cinematográfica Nacional). Se adiantando a regulamentação a Netflix está lançando “3%” de conteúdo nacional e, obviamente, seremos prejudicados, pois ela terá que limitar o conteúdo internacional.

No mundo a Netflix tem próximo de 70 milhões de usuários. Nos Estados Unidos, está presente na metade dos lares, tem cerca de 30% do tráfego de Internet no horário nobre e mais de 60 milhões de assinantes de TV a cabo cancelaram os serviços. As novas produções da Netflix estão sendo gravadas e finalizadas em 4K que permitirão alta qualidade de imagem.

Assim como o Napster aterrorizou a indústria fonográfica, a Netflix está aterrorizando a indústria do cinema com suas séries e filmes exclusivos de alta qualidade.

Claro, quando um grupo se vê ameaçado partem para o ataque, afinal para quem já está confortavelmente instalado mudanças são incomodas.

Agora, vamos olhar para as nossas empresas. Será que não temos lobistas internos que sabotam a inovação para manter as coisas como estão? Aquele chefe (sic) que define como as coisas devem ser. O especialista certificado que nega uma mudança porque não está no “compliance” da norma ISO ou nos procedimentos que ele definiu. O grupo mais antigo de casa que querem “enquadrar” os jovens funcionários na cultura da empresa. Sim, temos vários lobistas internos que atrapalham a vida das empresas.

As empresas gastam mais energia em “enquadrar” os funcionários novos do que aproveitar a oportunidade de alinhar seus modelos de negócios e desenvolvimento de novos produtos aproveitando as ideias das novas gerações.

Vamos para um exemplo simples. Se você trabalha em uma empresa produz produtos ou serviços para consumo em massa, conte quantos executivos usam ônibus ou metro? Sem fazer parte do dia a dia dos consumidores será muito difícil capturar as necessidades dos consumidores. Entretanto, os jovens vivem o cotidiano do transporte coletivo, das baladas de final de semana, das viagens com amigos, da dupla jornada de trabalho e estudo, uso intensivo das redes sociais e gadgets e da grana curta. Cá entre nós, não usar essa experiência é um desperdício.

Felizmente, tenho a sorte como professor de MBA e pai de duas universitárias a oportunidade de sempre “consultar os universitários” para entender melhor o comportamento das novas gerações. Consultar os jovens aperfeiçoa as ideias e mantem o pensamento e a cultura da organização sempre atual e preparada para mudanças rápidas no mercado.

Se você é adepto do ditado que “em time que está ganhando não se mexe” ou se sua organização tem lobistas muito fortes, use a estratégia de montar startups para testar novas ideias e depois de consolidadas adote-as na empresa.