Como professor da disciplina Governança da Segurança Cibernética na Pós-Graduação Lato Sensu em Segurança e Inteligência Cibernética da Universidade Mackenzie, explorei com meus alunos os desafios de proteger sistemas críticos, como o Pix, que transformou os pagamentos no Brasil desde seu lançamento em 2020. Nossas discussões em sala, repletas de debates sobre a complexidade dos ecossistemas digitais, destacaram a relevância de agregadores de dados que conectam instituições ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). O ataque à C&M Software, com prejuízos estimados entre R$ 541 milhões e R$ 1 bilhão, revelou uma verdade que reforço em aula: aplicações vulneráveis podem comprometer até as infraestruturas mais robustas. Datacenters no Brasil, operados por AWS, Equinix, Ascenty, ODATA, Scala e Cirion Technologies, são certificados por normas como ISO/IEC 27001, SOC 2 e ISAE 3402, mas não protegem as aplicações hospedadas. Neste artigo, compartilho minha perspectiva, baseado na minha experiência profissional e acadêmica, sobre os riscos dos agregadores, suas tipologias, certificações de datacenters, limitações em aplicações e tendências – como inteligência artificial, arquiteturas híbridas/multi-cloud, automação, hiperconvergência, Zero Trust e sustentabilidade – propondo soluções práticas para prevenir incidentes como o do Pix e alinhar o Brasil às inovações globais.
Mesmo as infraestruturas mais robustas falham diante de aplicações vulneráveis: o caso Pix é um alerta.
Certificações de Acreditação em Datacenters no Brasil
As certificações internacionais são fundamentais para garantir a segurança, disponibilidade, conformidade e sustentabilidade dos datacenters que suportam sistemas críticos, como o Pix. Nas minhas aulas discuto como essas normas fortalecem a infraestrutura dos datacenters que hospedam agregadores de dados, mas não protegem as aplicações, como as APIs exploradas no ataque à C&M Software. A seguir, detalho as normas ISO/IEC 27001, SOC 2, ISAE 3402, TSI, ISO 14001 e ISO 50001, destacando suas características, seguidas por exemplos de aplicação em datacenters brasileiros. As tendências, como inteligência artificial, arquiteturas híbridas/multi-cloud e eficiência energética, são integradas para mostrar o futuro da segurança cibernética.
ISO/IEC 27001: Gestão de Segurança da Informação
A ISO/IEC 27001 é o padrão global para Sistemas de Gestão de Segurança da Informação (SGSI). Essa norma exige uma abordagem sistemática, com análise contínua de riscos, implementação de controles técnicos e organizacionais e auditorias regulares para assegurar confidencialidade, integridade e disponibilidade dos dados. Em datacenters, isso se traduz em segurança física robusta, com controles de acesso baseados em biometria e câmeras de alta resolução, além de proteção contra riscos ambientais, como incêndios ou inundações, exigindo localização a pelo menos 2 km de áreas de risco. Na esfera lógica, a norma promove criptografia ponta a ponta e autenticação multifator para proteger dados sensíveis. A integração de monitoramento preditivo via inteligência artificial é uma tendência que potencializa a detecção de anomalias em tempo real, tornando os datacenters mais resilientes contra ameaças cibernéticas.
SOC 2: Segurança e Privacidade de Dados Sensíveis
A SOC 2, baseada no padrão SSAE 18, é projetada para datacenters que gerenciam dados sensíveis, como os de agregadores financeiros. Essa certificação avalia cinco princípios fundamentais: segurança, disponibilidade, integridade de processamento, confidencialidade e privacidade. Em termos práticos, ela exige a implementação de firewalls avançados, monitoramento de intrusões com inteligência artificial e sistemas de backup robustos para garantir a continuidade dos serviços. Tendências como a arquitetura de rede Spine-Leaf, que reduz latência em redes de alta performance, e a segurança Zero Trust, que demanda verificação contínua de identidade, reforçam a conformidade com a SOC 2, atendendo às crescentes demandas por proteção de dados em ambientes digitais complexos.
ISAE 3402: Controles Operacionais Confiáveis
A ISAE 3402, adotada no Brasil como NBC TO 3402 pelo Conselho Federal de Contabilidade, é um padrão de asseguração que valida a eficácia dos controles operacionais em datacenters. Essa norma é essencial para agregadores financeiros, como os do Pix, pois fornece relatórios auditados que aumentam a confiança dos clientes. Na prática, ela abrange a gestão de backups, manutenção de equipamentos e planos de recuperação de desastres, garantindo que os serviços permaneçam confiáveis mesmo em cenários de crise. A automação é uma tendência que transforma a conformidade com a ISAE 3402, reduzindo erros humanos e agilizando processos de auditoria, o que fortalece a resiliência operacional dos datacenters.
TSI: Segurança Física e Disponibilidade
A TSI (Trusted Site Infrastructure), alinhada às normas ISO 22237 e EN 50600, foca na segurança física e na disponibilidade dos datacenters. Essa metodologia assegura proteção contra riscos ambientais, como inundações ou falhas de energia, e implementa sistemas redundantes de energia e redes de fibra óptica para garantir alta disponibilidade. O resfriamento líquido sustentável, como o modelo direct-to-chip, é uma tendência que reduz o consumo energético e reforça a conformidade com o TSI, alinhando segurança física com eficiência operacional em datacenters de alta densidade.
ISO 14001 e ISO 50001: Sustentabilidade e Eficiência Energética
As normas ISO 14001, voltada para gestão ambiental, e ISO 50001, focada em gestão de energia, são cada vez mais relevantes com a demanda por sustentabilidade em datacenters. Essas certificações incentivam o uso de energia renovável, como solar e eólica, e tecnologias de resfriamento líquido, como direct-to-chip, que otimizam o PUE (Power Usage Effectiveness), que atingiu uma média global de 1,56 em 2024. Para 2025, inovações como células de hidrogênio e sistemas de free cooling são tendências que promovem eficiência energética e reduzem a pegada de carbono, alinhando os datacenters às metas globais de sustentabilidade.
Certificações internacionais como ISO/IEC 2700, ISAE 3402 e SOC 2 blindam o datacenter, mas não protegem as aplicações que ele hospeda.
Aplicações no Brasil
No Brasil, as normas descritas são amplamente aplicadas por grandes operadores de datacenters, garantindo infraestrutura robusta para suportar agregadores de dados. Os exemplos incluem:
- A AWS, em São Paulo, possui certificações ISO/IEC 27001:2022, SOC 2 Type 2, ISAE 3402, ISO 14001 e ISO 50001, suportando serviços de inteligência artificial e nuvem com energia renovável.
- A Equinix, com datacenters em São Paulo (SP1, SP2) e Rio de Janeiro (RJ3), adota ISO/IEC 27001, SOC 2, ISAE 3402 Type II e TSI, integrando automação, segurança Zero Trust e células de hidrogênio para sustentabilidade.
- A Ascenty, certificada em São Paulo, Campinas e Vinhedo, o maior datacenter da América Latina, segue ISO/IEC 27001, SOC 2, ISAE 3402, TSI e ISO 14001, utilizando inteligência artificial para eficiência operacional e resfriamento híbrido líquido-ar.
- A ODATA, com SP01 em São Paulo e RJ01 em São João de Meriti, alinha-se a ISO/IEC 27001, SOC 2, ISAE 3402, TSI, ISO 14001 e ISO 50001, com foco em privacidade, colocation e resfriamento líquido.
- A Scala, no Campus Tamboré em São Paulo, combina ISO/IEC 27001, SOC 2, ISAE 3402, TSI, ISO 14001 e ISO 50001, com investimentos de R$ 32 bilhões e ênfase em energia renovável.
- A Cirion Technologies, certificada em São Paulo e Rio de Janeiro, segue as mesmas normas, otimizando interconexão para 5G e edge computing com redundância e sustentabilidade.
Tabela Resumo das Certificações
Para facilitar a compreensão, compilei uma tabela que resume as normas, suas características, aplicações, tendências e exemplos no Brasil:
Norma | Descrição | Aplicação em Datacenters | Tendências 2025 | Exemplos no Brasil |
ISO/IEC 27001 | Padrão global para SGSI, exigindo análise de riscos, controles e auditorias. | Segurança física (biometria, câmeras), lógica (criptografia, autenticação multifator), continuidade. | Monitoramento via IA, automação. | AWS (São Paulo), Equinix (SP1, SP2, RJ3), Ascenty (São Paulo, Campinas), ODATA (SP01, RJ01), Scala (Tamboré), Cirion (São Paulo, RJ). |
SOC 2 | Avalia segurança, disponibilidade, integridade, confidencialidade, privacidade. | Firewalls, monitoramento IA, backups, redundância de energia e redes. | Zero Trust, redes Spine-Leaf. | AWS (São Paulo), Equinix (SP1, SP2, RJ3), Ascenty (São Paulo), ODATA (SP01, RJ01), Scala (Tamboré), Cirion (São Paulo). |
ISAE 3402 | Valida controles operacionais, com relatórios auditados (NBC TO 3402 no Brasil). | Gestão de backups, manutenção, recuperação de desastres. | Automação para conformidade. | AWS (São Paulo), Equinix (SP1, SP2, RJ3), Ascenty (São Paulo), ODATA (SP01, RJ01), Scala (Tamboré), Cirion (São Paulo). |
TSI | Foca em segurança física e disponibilidade (ISO 22237, EN 50600). | Proteção contra riscos ambientais, redundância de energia e redes. | Resfriamento líquido sustentável. | Equinix (RJ3, SP1), Ascenty (Vinhedo), ODATA (SP01), Scala (Tamboré). |
ISO 14001, ISO 50001 | Gestão ambiental e energética, promovendo sustentabilidade. | Energia renovável (solar, eólica), resfriamento líquido, PUE otimizado (1,56 em 2024). | Células de hidrogênio, free cooling. | AWS (São Paulo), Equinix (SP1, SP2), Ascenty (Campinas), ODATA (SP01, RJ01), Scala (Tamboré), Cirion (São Paulo). |
O que são Agregadores de Dados?
Agregadores de dados são empresas ou plataformas especializadas em coletar, integrar, processar e distribuir informações, funcionando como elos essenciais em cadeias digitais complexas. No contexto do Pix, empresas como C&M Software conectam instituições financeiras menores ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), permitindo transações instantâneas que transformaram o cenário financeiro brasileiro desde 2020. Esses agregadores são a espinha dorsal de setores como finanças, seguros, serviços de crédito, cadeias de fornecedores e logística, mas, como destaco em sala, sua dependência de aplicações vulneráveis cria riscos significativos.
As funções principais dos agregadores podem ser divididas em três pilares fundamentais:
- Integração de sistemas: Agregadores conectam plataformas legadas, muitas vezes baseadas em tecnologias obsoletas, a infraestruturas modernas, como o SPB ou sistemas de logística em tempo real. Por exemplo, no Pix, a C&M Software integra bancos menores a uma rede que exige alta disponibilidade e compatibilidade com padrões do Banco Central.
- Processamento de dados: Eles gerenciam grandes volumes de informações sensíveis, como dados bancários, históricos de crédito, informações pessoais ou rastreamento logístico. Esse processamento exige robustez para lidar com picos de tráfego, como os milhões de transações diárias do Pix, que atingiram 3 bilhões em 2024, segundo o Banco Central.
- Intermediação regulatória: Agregadores facilitam a comunicação com sistemas regulatórios, garantindo conformidade com normas do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou de órgãos internacionais. No caso do Pix, isso inclui a validação de transações em conformidade com a Resolução CMN 4.893/2021.
Esses agregadores operam em data centers de alto padrão no Brasil, como os da AWS (São Paulo), Equinix (SP1, SP2, RJ3), Ascenty (Vinhedo, Campinas), ODATA (SP01, RJ01), Scala (Campus Tamboré) e Cirion Technologies (São Paulo, Rio de Janeiro), que são certificados por normas como ISO/IEC 27001, SOC 2 e ISAE 3402. No entanto, como enfatizo em minhas aulas, a segurança robusta desses datacenters – com controles físicos, criptografia avançada e redundância – não se estende às aplicações hospedadas. Por exemplo, o ataque à C&M Software em 2025 explorou vulnerabilidades em APIs, não na infraestrutura do datacenter, revelando uma lacuna crítica. Essa desconexão entre a segurança da infraestrutura e a fragilidade das aplicações é um tema recorrente em minhas discussões com alunos, especialmente quando analisamos sistemas críticos como o Pix.
Agregadores são a espinha dorsal digital de setores críticos — mas suas vulnerabilidades também os tornam alvos preferenciais.
Além disso, agregadores enfrentam desafios adicionais no Brasil, onde sistemas legados ainda predominam. Muitas empresas, especialmente em finanças e logística, utilizam tecnologias dos anos 1990 ou 2000, que não foram projetadas para suportar ameaças cibernéticas modernas, como ataques de injeção de código ou exploração de credenciais. Costumo destacar que a modernização dessas aplicações é essencial, mas exige investimentos significativos, algo que nem todos os agregadores priorizam. A integração com tendências como inteligência artificial (IA) para monitoramento de ameaças, arquiteturas multi-cloud para resiliência e segurança Zero Trust para autenticação rigorosa, pode mitigar esses riscos, mas exige uma abordagem proativa que ainda está em desenvolvimento no Brasil.
Riscos Associados aos Agregadores
Agregadores de dados são fundamentais para integrar e processar informações sensíveis em setores como finanças, seguros, serviços de crédito, cadeia de fornecedores e logística. Contudo, sua posição como intermediários em cadeias digitais os torna alvos vulneráveis, capazes de comprometer ecossistemas inteiros quando não protegidos adequadamente. O ataque à C&M Software, ocorrido em 30 de junho de 2025, explorou credenciais roubadas para acessar contas de reserva no Banco Central, resultando em 166 transações fraudulentas via Pix e prejuízos estimados entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão, com R$ 541 milhões confirmados para a BMP. Esses desafios, evidentes em sistemas críticos como o Pix, vão além da infraestrutura robusta de datacenters certificados, como os da AWS, Equinix, Ascenty, ODATA, Scala e Cirion Technologies. A seguir, detalho os principais riscos enfrentados pelos agregadores, com ênfase no ataque recente, e conecto esses desafios a inovações, como inteligência artificial, segurança Zero Trust, arquiteturas multi-cloud, hiperconvergência e capacitação, para propor caminhos de mitigação.
- Controles frágeis: Falhas em autenticação e gestão de acessos são um risco crítico para agregadores. O ataque à C&M Software, iniciado em 30 de junho de 2025, é descrito como o maior ataque cibernético à infraestrutura financeira do Brasil. Hackers usaram credenciais roubadas de um funcionário que vendeu acesso por R$ 15 mil, para realizar transferências fraudulentas em menos de cinco horas (2h03 às 7h04), desviando valores convertidos parcialmente em criptomoedas como Bitcoin e USDT. Esse incidente expõe a fragilidade de sistemas sem autenticação multifator robusta, mesmo em datacenters certificados por normas como ISO/IEC 27001 e SOC 2. A segurança Zero Trust, que exige verificação contínua de identidade, está consolidada em grandes empresas globais, mas sua adoção no Brasil é incipiente devido a custos e complexidade. O monitoramento com inteligência artificial, com eficácia de 80-92% na detecção de ameaças, é mais amplamente adotado, mas ainda não universal entre agregadores menores.
- Cadeia de suprimento: A interdependência dos agregadores amplifica o impacto de uma brecha. Como elos que conectam bancos, fintechs e outras instituições ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), uma falha em um agregador afeta todas as organizações conectadas. No ataque de junho de 2025, a C&M Software, que atua como gateway de mensagens para o Pix, comprometeu ao menos seis instituições, incluindo BMP, Banco Paulista e Credsystem, causando interrupções temporárias nos serviços de Pix. Esse efeito cascata destaca a vulnerabilidade de cadeias digitais. Arquiteturas multi-cloud, que distribuem cargas de trabalho para maior resiliência, estão em adoção inicial no Brasil, limitadas a grandes players como AWS e Equinix devido a custos elevados, mas oferecem uma solução promissora para mitigar pontos únicos de falha.
- Engenharia social: Técnicas como phishing exploram falhas humanas em agregadores com baixa conscientização. No ataque de junho de 2025, um funcionário da C&M Software, foi abordado em março de 2025 fora de um bar e vendeu suas credenciais por R$ 5 mil, executando comandos adicionais por mais R$ 10 mil, totalizando R$ 15 mil. Ele trocava de celular a cada 15 dias para evitar rastreamento, evidenciando a sofisticação da engenharia social. No Brasil, a falta de programas robustos de capacitação aumenta a exposição. Sistemas de detecção de phishing com IA estão consolidados, mas a capacitação baseada em normas como NBC PA 12 é incipiente, com ferramentas como Keepnet ganhando tração lentamente entre agregadores menores.
- Sistemas legados: Tecnologias obsoletas, comuns no Brasil, são incompatíveis com padrões modernos de segurança. Muitas empresas operam com sistemas dos anos 1990 ou 2000, vulneráveis a ataques como injeção de código ou exploração de APIs. Embora o ataque à C&M Software tenha explorado credenciais, sistemas legados podem ter facilitado a integração inadequada com o SPB, ampliando vulnerabilidades. A hiperconvergência, que virtualiza hardware obsoleto, está em adoção inicial no Brasil, implementada por datacenters como Scala e Ascenty, mas limitada por custos elevados. Essa tecnologia é uma solução promissora para modernização, mas exige investimentos significativos, desafiadores para agregadores menores.
- Falta de auditorias em aplicações: A ausência de auditorias específicas em aplicações é uma lacuna crítica. Normas como ISO/IEC 27001, SOC 2 e ISAE 3402 certificam a infraestrutura de datacenters, mas não as aplicações, como APIs ou softwares personalizados. O ataque à C&M Software explorou APIs mal configuradas, permitindo acesso a contas de reserva em poucas horas. Testes de penetração e frameworks como DevSecOps, que integram segurança no desenvolvimento, estão consolidados globalmente, mas no Brasil são incipientes, adotados principalmente por grandes empresas. Sistemas SIEM com IA, que detectam falhas em tempo real, estão mais difundidos, mas sua implementação em agregadores menores é limitada por custo e expertise.
O ataque à C&M Software escancarou como um único ponto frágil pode comprometer todo um ecossistema financeiro.
O ataque à C&M Software, que levou à suspensão temporária de suas operações pelo Banco Central, evidencia que a segurança de datacenters certificados não compensa falhas nas aplicações dos agregadores. A recuperação de R$ 270 milhões via Mecanismo Especial de Devolução (MED 2.0) e o bloqueio de 69 transações entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões destacam a sofisticação do ataque e a importância de rastreamento avançado. Inovações como IA para monitoramento e sistemas SIEM estão consolidadas, enquanto Zero Trust, multi-cloud e hiperconvergência permanecem incipientes no Brasil. Combinar infraestrutura robusta com auditorias rigorosas em aplicações é crucial para proteger ecossistemas digitais como o Pix.
Tabela Resumo dos Riscos Associados aos Agregadores
Para esclarecer os leitores, compilei uma tabela que resume os riscos, suas descrições, impactos potenciais, exemplos práticos e soluções com seus status de adoção em julho de 2025:
Risco | Descrição | Impacto Potencial | Exemplo Prático | Soluções (Status em Julho de 2025) |
Controles frágeis | Falhas em autenticação e gestão de acessos permitem acesso não autorizado. | Comprometimento de sistemas críticos, como transações fraudulentas. | Ataque à C&M Software: credenciais roubadas, prejuízos de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão. | Zero Trust (incipiente no Brasil), monitoramento com IA (consolidado). |
Cadeia de suprimento | Brecha em um agregador afeta todas as instituições conectadas. | Efeito cascata, comprometendo múltiplas organizações e serviços. | Ataque à C&M Software afetou BMP, Banco Paulista, Credsystem. | Arquiteturas multi-cloud (adoção inicial no Brasil). |
Engenharia social | Phishing explora falhas humanas devido a baixa conscientização. | Acesso não autorizado via credenciais roubadas. | Funcionário da C&M Software vendeu credenciais por R$ 15 mil. | Detecção de phishing com IA (consolidado), capacitação (incipiente). |
Sistemas legados | Tecnologias obsoletas são incompatíveis com padrões modernos de segurança. | Vulnerabilidades a ataques como injeção de código ou exploração de APIs. | Sistemas legados no Pix podem ter facilitado o ataque à C&M Software. | Hiperconvergência (adoção inicial no Brasil). |
Falta de auditorias em aplicações | Aplicações vulneráveis, como APIs mal configuradas, não são cobertas por certificações. | Exploits em softwares personalizados comprometem sistemas. | APIs mal configuradas exploradas no ataque à C&M Software. | DevSecOps (incipiente no Brasil), SIEM com IA (consolidado). |
Tipos Comuns de Agregadores
Agregadores de dados desempenham papéis essenciais em diversos setores, conectando sistemas, processando informações sensíveis e facilitando operações em cadeias digitais complexas. Cada tipo de agregador – financeiros, seguros, serviços de crédito, cadeia de fornecedores e logística – apresenta funções e riscos específicos, que vão além da segurança robusta de datacenters certificados, como os da AWS, Equinix, Ascenty, ODATA, Scala e Cirion Technologies. A seguir, detalho esses tipos, seus papéis, exemplos práticos, riscos associados e soluções baseadas em inovações em julho de 2025, como inteligência artificial, segurança Zero Trust, arquiteturas multi-cloud, hiperconvergência e capacitação, que estão em diferentes estágios de adoção no Brasil.
- Financeiros: Agregadores financeiros processam transações ou conectam instituições ao SPB, garantindo a interoperabilidade de sistemas críticos como o Pix. Exemplos incluem C&M Software e LogBank, que atuam como gateways para bancos menores e fintechs, gerenciando milhões de transações diárias – o Pix atingiu 3 bilhões de transações em 2024, segundo o Banco Central. Esses agregadores lidam com dados bancários sensíveis, como números de contas e históricos de transações, exigindo alta disponibilidade e conformidade com normas como a Resolução CMN 4.893/2021. O principal risco é a fraude financeira. Vazamentos de dados bancários também são uma ameaça, podendo expor informações de clientes. Soluções como segurança Zero Trust, ainda incipiente no Brasil devido a custos, e monitoramento com IA, consolidado com eficácia de 80-92% na detecção de ameaças, são cruciais para mitigar esses riscos, embora a adoção de Zero Trust em agregadores menores seja limitada.
- Seguros: Agregadores no setor de seguros integram dados de clientes, como históricos médicos e financeiros, para avaliação de sinistros e cálculo de prêmios. Empresas nesta área utilizam esses sistemas para processar grandes volumes de informações, frequentemente integrando dados de terceiros, como hospitais e bureaus de crédito. Os riscos incluem a exposição de informações pessoais, que podem ser exploradas em ataques de ransomware, e a manipulação de apólices, como a alteração fraudulenta de coberturas. Um incidente hipotético, inspirado no ataque à C&M Software, poderia envolver credenciais roubadas para acessar bases de dados sensíveis, comprometendo a privacidade de milhares de segurados. Sistemas SIEM com IA, amplamente adotados, ajudam a detectar anomalias, mas a capacitação de funcionários contra phishing, baseada em normas como NBC PA 12, é incipiente no Brasil, aumentando a vulnerabilidade a ataques de engenharia social.
- Serviços de crédito: Agregadores de serviços de crédito, como bureaus de crédito compilam históricos financeiros para avaliar a solvência de indivíduos e empresas. Eles integram dados de bancos, fintechs e varejistas, fornecendo scores de crédito que orientam decisões de empréstimo. O principal risco é o acesso não autorizado a dados de crédito, que pode resultar em roubo de identidade ou fraudes. No contexto do Pix, um ataque a um bureau poderia expor dados sensíveis de milhões de consumidores. Arquiteturas multi-cloud, em adoção inicial no Brasil, oferecem resiliência ao distribuir dados entre provedores, mas sua implementação é limitada por custos. Testes de penetração regulares, parte do framework DevSecOps, são consolidados globalmente, mas incipientes no Brasil, especialmente em agregadores menores, dificultando a proteção contra exploits.
- Cadeia de fornecedores: Agregadores na cadeia de fornecedores gerenciam dados de suprimentos, como estoques e prazos de entrega, para otimizar cadeias de produção e distribuição. Empresas de tecnologia oferecem plataformas que integram fornecedores, fabricantes e varejistas, comuns em indústrias como automotiva e varejo. Os riscos incluem a interrupção de operações por ataques cibernéticos, como ransomware, que podem paralisar cadeias de suprimento, e a manipulação de dados, como alterações fraudulentas em pedidos. Um ataque inspirado no caso da C&M Software poderia desestabilizar a logística de uma grande varejista. A hiperconvergência, que virtualiza sistemas legados, está em adoção inicial no Brasil em datacenters como os da Scala, mas é limitada por investimentos. A automação com IA, mais consolidada, ajuda a monitorar fluxos de dados, mas a proteção total exige auditorias rigorosas.
- Logística: Agregadores no setor de logística processam dados de rastreamento e entregas, como os usados por empresas de logística para otimizar rotas e prazos. Eles integram informações de GPS, inventário e pedidos, garantindo eficiência em cadeias de distribuição. Os riscos incluem a manipulação de rotas, que pode desviar mercadorias, e o roubo de dados sensíveis, como endereços de clientes. Um ataque similar ao da C&M Software poderia comprometer sistemas de rastreamento, facilitando roubos físicos. A automação com IA para monitoramento de rotas está consolidada, mas a segurança Zero Trust, que poderia proteger APIs de rastreamento, é incipiente no Brasil. Frameworks como DevSecOps, ainda em adoção inicial, são essenciais para auditar aplicações logísticas e prevenir exploits.
Cada tipo de agregador depende de datacenters robustos, certificados por normas como ISO/IEC 27001, SOC 2 e ISAE 3402, mas a segurança das aplicações permanece um desafio crítico. O ataque à C&M Software, que levou à suspensão temporária de suas operações pelo Banco Central, com recuperação de R$ 270 milhões via Mecanismo Especial de Devolução (MED 2.0), destaca a sofisticação dos ataques e a necessidade de soluções integradas. Inovações como IA e automação (consolidadas) e Zero Trust, multi-cloud e hiperconvergência (incipientes no Brasil), são cruciais para mitigar esses riscos e proteger ecossistemas digitais como o Pix.
Seja no Pix, na logística ou nos seguros, cada tipo de agregador carrega riscos específicos e precisa de soluções sob medida.
Tabela Resumo dos Tipos Comuns de Agregadores
Para esclarecer os leitores, compilei uma tabela que resume os tipos de agregadores, suas funções, exemplos, riscos e soluções com seus status de adoção em julho de 2025:
Tipo de Agregador | Função | Riscos | Soluções (Status em Julho de 2025) |
Financeiros | Processam transações ou conectam bancos ao SPB (ex.: Pix). | Fraudes financeiras, vazamento de dados bancários. | Zero Trust (incipiente), monitoramento com IA (consolidado). |
Seguros | Integram dados de clientes para avaliação de sinistros e prêmios. | Exposição de informações pessoais, manipulação de apólices. | SIEM com IA (consolidado), capacitação contra phishing (incipiente). |
Serviços de crédito | Compilam históricos financeiros para scores de crédito. | Acesso não autorizado a dados de crédito, roubo de identidade. | Multi-cloud (adoção inicial), DevSecOps (incipiente). |
Cadeia de fornecedores | Gerenciam dados de suprimentos para otimizar cadeias. | Interrupção de operações, manipulação de dados de pedidos. | Hiperconvergência (adoção inicial), automação com IA (consolidado). |
Logística | Processam dados de rastreamento e entregas. | Manipulação de rotas, roubo de mercadorias ou dados. | Automação com IA (consolidado), Zero Trust (incipiente). |
Limitações: Certificações Não Abrangem Aplicações
As certificações de datacenters, como as aplicadas a instalações da AWS, Equinix, Ascenty, ODATA, Scala e Cirion Technologies, asseguram a robustez da infraestrutura física e lógica, mas apresentam uma limitação significativa: elas não abrangem as aplicações hospedadas, como APIs ou softwares personalizados usados por agregadores. Essa lacuna expõe sistemas críticos a vulnerabilidades que não são mitigadas pelas normas de infraestrutura, como ISO/IEC 27001, SOC 2 e ISAE 3402. A seguir, detalho as razões dessa limitação – escopo restrito das certificações, complexidade das aplicações, prevalência de sistemas legados e ausência de normas específicas para aplicações – e exploro soluções emergentes em julho de 2025, como frameworks de segurança integrados ao desenvolvimento, ferramentas de monitoramento avançado e modernização de sistemas, que estão em diferentes estágios de adoção no Brasil.
- Escopo restrito: Normas como ISO/IEC 27001, SOC 2 e ISAE 3402 foram projetadas para avaliar a infraestrutura dos datacenters, abrangendo aspectos como segurança física (controles de acesso biométrico, proteção contra riscos ambientais), redes (redundância de fibra óptica) e sistemas operacionais (criptografia, backups). No entanto, elas não examinam o código-fonte, a lógica de negócios ou as configurações de aplicações desenvolvidas por agregadores, como as APIs que conectam sistemas ao SPB. Essa restrição significa que uma aplicação mal projetada, como uma API com permissões excessivas, pode ser explorada mesmo em um datacenter altamente seguro. Frameworks como DevSecOps, que incorporam segurança em todas as fases do desenvolvimento de software, estão consolidados em mercados globais, mas no Brasil, sua adoção é limitada por custos e falta de profissionais qualificados, deixando muitas aplicações vulneráveis a exploits.
- Complexidade de aplicações: As aplicações personalizadas usadas por agregadores variam amplamente em arquitetura, linguagens de programação (como Java, Python ou C#) e integrações com sistemas externos, como plataformas de pagamento ou bases de dados de terceiros. Essa diversidade dificulta a criação de padrões universais para auditorias, ao contrário da infraestrutura, que segue especificações mais uniformes. Por exemplo, uma API mal configurada pode conter vulnerabilidades como validação insuficiente de entradas, permitindo ataques como injeção de SQL ou cross-site scripting (XSS). Ferramentas de análise estática de código, como SonarQube, estão disponíveis para identificar falhas em aplicações, mas sua implementação no Brasil é incipiente, especialmente em agregadores menores, que muitas vezes carecem de recursos para testes regulares de segurança.
- Sistemas legados: Muitas aplicações hospedadas em datacenters certificados são baseadas em sistemas legados, desenvolvidos décadas atrás e incompatíveis com padrões modernos de segurança, como autenticação baseada em tokens ou criptografia avançada. No Brasil, esses sistemas são comuns em setores como finanças e seguros, onde agregadores integram tecnologias dos anos 1990 ou 2000 a plataformas modernas. Essas aplicações são vulneráveis a ataques sofisticados, como exploração de APIs desatualizadas, que não são cobertos pelas certificações de infraestrutura. A hiperconvergência, que permite virtualizar e modernizar sistemas legados, está em adoção inicial em datacenters como os da Scala e Ascenty, mas sua implementação em agregadores menores é restrita por altos custos e complexidade técnica, limitando a mitigação desse risco.
- Ausência de normas específicas: Diferentemente da infraestrutura, que conta com normas bem definidas como ISO/IEC 27001, não há frameworks amplamente adotados para auditar a segurança de aplicações personalizadas. Iniciativas como o OWASP Top Ten, que identifica vulnerabilidades comuns em aplicações web, são usadas globalmente, mas no Brasil, sua aplicação é limitada, especialmente em empresas com recursos restritos. A falta de padrões específicos dificulta a identificação de falhas em aplicações, como configurações inadequadas ou código vulnerável. Ferramentas como Burp Suite para testes de penetração e scanners de vulnerabilidades, como Nessus, estão consolidadas em mercados globais, mas no Brasil, sua adoção é incipiente, dificultando a proteção de aplicações hospedadas em datacenters certificados.
As certificações protegem a infraestrutura dos datacenters — mas não o código: APIs e softwares permanecem expostos sem auditorias específicas.
A limitação das certificações em não abranger aplicações exige uma abordagem integrada para proteger sistemas críticos. Soluções como DevSecOps e ferramentas de análise de código estão consolidadas globalmente, mas no Brasil, enfrentam barreiras de custo e expertise. A hiperconvergência e normas como OWASP, embora promissoras, permanecem em adoção inicial. Para superar essas lacunas, é essencial investir em auditorias regulares de aplicações, modernização de sistemas legados e adoção de ferramentas de segurança, complementando a robustez dos datacenters certificados.
Tendências e Impactos na Segurança
As inovações atuais em segurança cibernética estão transformando a proteção de agregadores e datacenters no Brasil, oferecendo soluções robustas para mitigar riscos em setores como finanças, seguros, serviços de crédito, cadeia de fornecedores e logística. Essas tecnologias, em diferentes estágios de adoção – algumas consolidadas globalmente, como inteligência artificial, e outras incipientes no Brasil, como segurança Zero Trust – fortalecem a resiliência de datacenters operados por empresas como AWS, Equinix, Ascenty, ODATA, Scala e Cirion Technologies. A seguir, detalho seis inovações principais – inteligência artificial e machine learning, arquiteturas híbridas e multi-cloud, automação e hiperconvergência, segurança Zero Trust, sustentabilidade e eficiência energética, e edge computing – explorando seus impactos, aplicações em datacenters brasileiros e exemplos práticos que ilustram seu potencial para proteger sistemas críticos.
- Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning: A inteligência artificial e o machine learning revolucionam a segurança cibernética ao permitir a detecção proativa de ameaças em tempo real. Essas tecnologias analisam grandes volumes de dados para identificar anomalias, como tentativas de acesso não autorizado ou padrões de tráfego suspeitos, antes que se tornem incidentes. Em datacenters, sistemas SIEM (Security Information and Event Management) integrados com IA alcançam taxas de detecção de 80-92%, superando sistemas tradicionais (30-60%). No Brasil, datacenters da Ascenty em Campinas utilizam IA para monitoramento preditivo, ajustando sistemas de resfriamento e energia com base em padrões de uso. A ODATA implementa IA em SP01 para detectar intrusões em redes, enquanto a AWS integra machine learning em serviços de segurança para análise comportamental. Por exemplo, sensores inteligentes em datacenters da Equinix em São Paulo (SP1) monitoram variações de temperatura e tentativas de acesso físico, ajustando controles automaticamente. Embora consolidada globalmente, a implementação de IA em agregadores menores no Brasil é limitada por custos e expertise, exigindo maior disseminação.
- Arquiteturas Híbridas e Multi-Cloud: Arquiteturas híbridas e multi-cloud combinam ambientes on-premises, nuvem pública e privada, oferecendo redundância e resiliência contra ataques concentrados, como ransomware ou DDoS. Essas arquiteturas distribuem cargas de trabalho entre múltiplos provedores, reduzindo o impacto de falhas em um único sistema. No Brasil, a Scala suporta arquiteturas multi-cloud no Campus Tamboré, integrando provedores como AWS e Azure para agregadores financeiros. A Cirion Technologies, em São Paulo, utiliza configurações híbridas para garantir alta disponibilidade em serviços de interconexão. Por exemplo, um agregador de serviços de crédito, como um bureau, pode usar multi-cloud para armazenar dados sensíveis em diferentes provedores, minimizando riscos de indisponibilidade. No Brasil, a adoção dessas arquiteturas é incipiente, limitada a grandes players devido a custos elevados, mas sua escalabilidade e resiliência são cruciais para proteger sistemas críticos em setores de alta demanda.
- Automação e Hiperconvergência: A automação reduz erros humanos em processos de segurança, como configuração de firewalls ou aplicação de patches, enquanto a hiperconvergência virtualiza servidores, armazenamento e redes, facilitando a modernização de sistemas legados. Em datacenters, a automação agiliza respostas a incidentes, como bloqueio automático de IPs maliciosos, e a hiperconvergência simplifica a gestão de infraestruturas complexas. A Ascenty, em Vinhedo, utiliza hiperconvergência para otimizar sistemas legados de agregadores logísticos, enquanto a ODATA implementa automação em SP01 para gerenciar cargas de trabalho em tempo real. Por exemplo, robôs de software em datacenters da Scala ajustam dinamicamente alocação de recursos, reduzindo vulnerabilidades causadas por configurações manuais. No Brasil, a hiperconvergência está em adoção inicial, restrita por investimentos, enquanto a automação é mais consolidada, mas sua aplicação em agregadores menores ainda enfrenta barreiras de custo e treinamento.
- Segurança Zero Trust: O modelo Zero Trust, baseado no princípio “nunca confiar, sempre verificar”, exige autenticação contínua para todos os usuários e dispositivos, mitigando riscos de acesso não autorizado. Em datacenters, isso se traduz em criptografia ponta a ponta, segmentação de redes e validação de identidade em tempo real. A Equinix integra Zero Trust em SP1 e SP2, usando segmentação para isolar workloads sensíveis, enquanto a AWS aplica autenticação baseada em tokens em São Paulo. Por exemplo, um agregador de seguros pode usar Zero Trust para proteger APIs que acessam dados de clientes, evitando acessos indevidos. Globalmente consolidada, a segurança Zero Trust é incipiente no Brasil devido à complexidade de implementação e custos, especialmente em agregadores menores, mas sua adoção é essencial para proteger sistemas críticos em cadeias digitais.
- Sustentabilidade e Eficiência Energética: A sustentabilidade fortalece a resiliência operacional ao reduzir custos e minimizar interrupções por falhas energéticas. Tecnologias como energia renovável (solar, eólica) e resfriamento líquido (direct-to-chip) otimizam o PUE (Power Usage Effectiveness), com valores próximos de 1,56 em datacenters avançados. No Brasil, a ODATA utiliza energia solar em SP01, enquanto a Scala adota resfriamento líquido no Campus Tamboré. A Ascenty, em Campinas, combina energia renovável com sistemas de free cooling para maior eficiência. Por exemplo, datacenters da AWS em São Paulo, certificados com ISO 14001 e ISO 50001, usam painéis solares para reduzir a pegada de carbono, garantindo operações contínuas durante picos de demanda. A sustentabilidade está consolidada em grandes datacenters, mas sua adoção em agregadores menores é limitada por investimentos iniciais, embora seja um diferencial competitivo.
- Edge Computing: A computação de borda processa dados próximo ao usuário, reduzindo latência e aprimorando a segurança em aplicações de alta demanda, como logística e finanças. Microdatacenters próximos a centros urbanos suportam dispositivos IoT e serviços de baixa latência. No Brasil, a Equinix expande microdatacenters em São Paulo (RJ3), enquanto a Cirion foca em edge computing para interconexão 5G. A Ascenty, em Campinas, suporta agregadores logísticos com edge computing para rastreamento em tempo real. Por exemplo, um agregador de logística pode processar dados de GPS em microdatacenters, minimizando atrasos e riscos de manipulação de rotas. Embora consolidado globalmente, o edge computing é incipiente no Brasil devido à infraestrutura limitada, mas sua expansão é vital para setores que exigem baixa latência.
IA, multi-cloud, hiperconvergência e Zero Trust já desenham o futuro da segurança digital, mas sua adoção no Brasil ainda engatinha
Essas inovações, em diferentes estágios de adoção no Brasil, fortalecem a segurança de agregadores e datacenters, mas exigem integração com auditorias rigorosas de aplicações para máxima eficácia. A combinação de tecnologias consolidadas, como IA e automação, com soluções incipientes, como Zero Trust e edge computing, é essencial para proteger cadeias digitais e garantir a resiliência de sistemas críticos.
Recomendações para Melhorar a Segurança
Agregadores de dados, essenciais em setores como finanças, seguros, serviços de crédito, cadeia de fornecedores e logística, enfrentam riscos significativos devido à sua posição como intermediários em cadeias digitais. Para mitigar essas vulnerabilidades e fortalecer a segurança, é crucial adotar práticas que complementem a robustez dos datacenters operados por empresas como AWS, Equinix, Ascenty, ODATA, Scala e Cirion Technologies. As recomendações a seguir, baseadas em inovações atuais em diferentes estágios de adoção no Brasil – algumas consolidadas, como inteligência artificial, e outras incipientes, como segurança Zero Trust – oferecem um caminho para proteger sistemas críticos. A seguir, detalho nove estratégias, incluindo auditorias específicas, adoção de normas, regulamentação atualizada, monitoramento avançado, capacitação, modernização de sistemas, fortalecimento de infraestrutura, parcerias com datacenters certificados e edge computing, com aplicações práticas e exemplos em datacenters brasileiros.
- Auditorias Específicas para Aplicações: Para superar a limitação das certificações de datacenters, que não abrangem aplicações, é essencial desenvolver frameworks para auditar APIs e softwares personalizados. Essas auditorias devem incluir testes de penetração regulares para identificar vulnerabilidades como validação inadequada de entradas ou permissões excessivas. No Brasil, a adoção de frameworks como DevSecOps, que integra segurança ao desenvolvimento de software, é incipiente devido à falta de expertise, mas datacenters como os da AWS em São Paulo já utilizam ferramentas como SonarQube para análise estática de código. Por exemplo, um agregador financeiro pode implementar testes automatizados para APIs, garantindo conformidade com padrões de segurança, como os do OWASP Top Ten, e prevenir exploits que comprometam dados sensíveis.
- Adoção de Normas Internacionais: Exigir que agregadores sigam normas como ISO/IEC 27001, SOC 2 e ISAE 3402, alinhadas à NBC TO 3402 no Brasil, fortalece a governança de segurança. Além disso, a norma ISA 402 pode ser aplicada para auditar instituições que dependem de agregadores, garantindo controles robustos em toda a cadeia. Datacenters da Equinix, em SP1 e RJ3, combinam múltiplas certificações para suportar agregadores em setores como finanças e seguros. Por exemplo, um agregador de serviços de crédito hospedado em um datacenter da Ascenty pode adotar SOC 2 para proteger dados sensíveis, enquanto auditorias baseadas em ISA 402 asseguram a confiabilidade dos processos de terceiros, reduzindo riscos operacionais.
- Regulamentação Atualizada: Atualizar regulamentações nacionais para incluir requisitos específicos para auditorias de aplicações é fundamental. Incorporar padrões como segurança Zero Trust e incentivos para automação pode fortalecer a proteção de agregadores. No Brasil, regulamentações como a LGPD já exigem proteção de dados pessoais, mas carecem de diretrizes específicas para APIs. Por exemplo, um agregador de logística pode se beneficiar de normas que obriguem testes regulares de segurança em aplicações, inspiradas em padrões globais como o NIST 800-53, garantindo maior resiliência contra ataques cibernéticos. Embora incipiente, a regulamentação de segurança de aplicações está ganhando tração em setores regulados.
- Monitoramento com IA e SIEM: Sistemas SIEM (Security Information and Event Management) integrados com inteligência artificial permitem monitoramento em tempo real, identificando anomalias como tentativas de acesso não autorizado. No Brasil, datacenters da Ascenty em Campinas utilizam IA para detectar padrões suspeitos em tráfego de rede, enquanto a ODATA em SP01 implementa SIEM para proteger workloads de agregadores. Por exemplo, um agregador de cadeia de fornecedores pode usar sistemas SIEM para monitorar fluxos de dados em tempo real, bloqueando atividades maliciosas antes que causem interrupções. A IA está consolidada em grandes datacenters, mas sua adoção em agregadores menores é limitada por custos e treinamento.
- Capacitação e Conscientização: Treinamentos baseados em normas como NBC PA 12, focados em proteção contra engenharia social e adoção de práticas como Zero Trust, são essenciais para reduzir falhas humanas. No Brasil, a capacitação é incipiente, mas datacenters como os da Scala promovem campanhas para conscientizar agregadores sobre ameaças como phishing. Por exemplo, um agregador de seguros pode implementar simulações de phishing com ferramentas como Keepnet, fortalecendo a resiliência de funcionários contra ataques que exploram credenciais. A disseminação de programas de treinamento é crucial para complementar soluções técnicas.
- Modernização de Sistemas: Substituir sistemas legados por APIs modernas, como RESTful com autenticação baseada em tokens, reduz vulnerabilidades inerentes a tecnologias obsoletas. Datacenters da AWS em São Paulo suportam arquiteturas modernas para agregadores, enquanto a Ascenty em Vinhedo utiliza hiperconvergência para virtualizar sistemas legados. Por exemplo, um agregador de serviços de crédito pode migrar de sistemas monolíticos para APIs REST seguras, minimizando riscos de injeção de código. A hiperconvergência, embora em adoção inicial no Brasil, é uma solução promissora para modernizar aplicações sem interrupções significativas.
- Fortalecimento da Infraestrutura: Investir em datacenters com práticas avançadas, como redundância de anéis de fibra óptica, sustentabilidade com energia renovável e resfriamento líquido, e segurança com Zero Trust e criptografia, é essencial. A Equinix, em SP1, utiliza anéis de fibra para alta disponibilidade, enquanto a ODATA em SP01 adota resfriamento líquido direct-to-chip. A Cirion em São Paulo implementa criptografia ponta a ponta, e a Ascenty em Vinhedo otimiza o PUE com certificações ISO 14001 e TSI. Por exemplo, um agregador financeiro hospedado em um datacenter da Scala pode se beneficiar de redundância de energia e redes, garantindo continuidade mesmo em cenários de crise.
- Parcerias com Datacenters Certificados: Priorizar datacenters com certificações como ISO/IEC 27001, SOC 2, ISAE 3402, TSI, ISO 14001 e ISO 50001 assegura uma infraestrutura robusta. No Brasil, datacenters como os da Scala no Campus Tamboré oferecem múltiplas certificações, suportando agregadores em setores críticos. Por exemplo, um agregador de logística pode firmar contratos com a Ascenty para hospedar aplicações em um ambiente certificado, garantindo conformidade e segurança física. Essas parcerias são consolidadas em grandes empresas, mas requerem maior adoção por agregadores menores.
- Edge Computing para Agregadores: O edge computing, que processa dados próximo ao usuário, reduz latência e aprimora a segurança em aplicações de alta demanda. No Brasil, a Ascenty em Campinas suporta agregadores logísticos com microdatacenters para IoT, enquanto a Cirion expande edge computing para interconexão 5G. Por exemplo, um agregador de logística pode usar microdatacenters para processar dados de rastreamento em tempo real, minimizando riscos de manipulação de rotas. Embora incipiente no Brasil devido à infraestrutura limitada, o edge computing é essencial para setores que exigem baixa latência.
Somente a integração de auditorias, normas, capacitação e inovação tecnológica pode blindar os agregadores brasileiros.
Essas recomendações, combinando inovações consolidadas como IA e automação com soluções incipientes como Zero Trust e edge computing, fortalecem a segurança de agregadores e datacenters. A integração de auditorias de aplicações, regulamentações atualizadas e parcerias estratégicas é crucial para proteger cadeias digitais e garantir a resiliência de sistemas críticos.
Conclusão
Agregadores de dados são vitais, mas vulneráveis devido a controles frágeis em aplicações, mesmo em datacenters certificados. Operadores no Brasil, como AWS, Equinix, Ascenty, ODATA, Scala e Cirion Technologies, oferecem infraestrutura robusta com certificações ISO/IEC 27001, SOC 2, ISAE 3402, TSI, ISO 14001 e 50001, mas não cobrem aplicações, como evidenciado pelo ataque à C&M Software. Tendências como IA, arquiteturas híbridas/multi-cloud, automação, hiperconvergência, Zero Trust e sustentabilidade, oferecem soluções para mitigar riscos. Este artigo, baseado na expertise do autor como professor da Mackenzie, propõe auditorias específicas, regulamentações atualizadas, monitoramento com IA, capacitação, modernização e parcerias com datacenters certificados para proteger ecossistemas digitais no Brasil.