A globalização é baseada em localidades e não em países

Em 2008, Richard Florida publicou o livro “Who’s your city?” sugerindo que o mundo não era plano como afirmava Thomas Friedman em seu livro “The World is Flat” de 2005, mas organizado por localidades. O relatório DHL Global Connectedness Index 2014, publicado em outubro de 2014 por Pankaj Ghemawat e Steven Altman, parece dar razão a Richard Florida.

A crise econômica de 2008, mostrou a fragilidade da globalização e das conexões entre países. O relatório da DHL mostra que entre 2011-2013 o fluxo de informações e capital cresceu entre os países, porém o fluxo de pessoas e comércio permaneceram estagnados. Ainda mostra que a conectividade dos países da América do Sul, Central e Caribe aumentou, porém não ao ponto de gerar resultados significativos devido ao tamanho de suas economias. Os destaques na Ásia são Malásia, Vietnam, Camboja e Hong Kong (China) e Singapura, explicado por suas características estruturais e desenvolvimento de suas economias. A Europa é a região de maior conectividade, explicado pela sua história, e a América do Norte possui os maiores índices de fluxo de informação e capital. Uma ameaça para o crescimento da globalização são as intervenções protecionistas impostas pelos países. O relatório indica que o crescimento econômico mundial entre 2014-2019 será maior que as últimas três décadas.

A globalização tem dois lados. O primeiro é a dispersão geográfica das funções econômicas de rotina, tais como commodities, manufatura ou serviços (serviços de Call Center na Índia, por exemplo). O segundo é de atividades econômicas mais sofisticadas como inovação, design, finanças e mídia que estão limitadas a um pequeno número de localidades.

Dentro desse contexto, os fluxos de informação, pessoas, capital e comércio devem ser analisados por localidades e não por países. Veja o caso da China, as regiões de Shangai e Hong Kong são as localidades de maior destaque. Imaginar que o Brasil, por ser um país continental, tem um amplo mercado para a economia global não é verdade.

Vamos analisar o Estado de São Paulo. O PIB do Estado somou R$1,2 trilhão em 2012, representando 33% do PIB brasileiro. A análise da participação dos setores de atividade econômica na geração de riquezas indica o significativo predomínio dos serviços (69%) em relação à indústria (29%) e à agropecuária (2%). São Paulo concentra mais da metade da produção das instituições financeiras brasileiras, sobressaindo–se também nos serviços prestados às empresas (45%), serviços de informação (46%), saúde e educação (42%).

Cerca de 54,7% da população ocupada do Estado está concentrada na Região Metropolitana de São Paulo, segundo o Ministério do Trabalho. Essa concentração da atividade econômica prioriza os investimentos de infraestrutura das concessionárias e empresas de serviços.

A percentual da receita das empresas de TI que estão localizadas na cidade de São Paulo é de 53,32%. As cidades de Barueri, São Bernardo do Campo, Santana de Parnaíba, Cotia e São Caetano do Sul, representam 24% da receita. Outro polo de tecnologia importante é a região de Campinas, Hortolândia e Jaguariúna, representando 12% da receita.

Seguindo essa linha de raciocínio, a região metropolitana de São Paulo é uma das localidades globais aptas para estabelecer conexões com outras localidades mundiais para desenvolver negócios mais sofisticados da economia. Embora, São Paulo esteja sob forte influência da conjuntura economia, social e política do Brasil, a região tem capacidade econômica, mão de obra especializada, boa infraestrutura tecnológica e de serviços, incluindo financeiros, para se descolar da realidade nacional e buscar conexões globais para alavancar seu crescimento. Internamente, as empresas devem identificar outras localidades no país para estabelecer conexões, permitindo dessa forma ampliar os negócios.