Eduardo M Fagundes

Artigos

Coletânea de artigos técnicos e reflexões de Eduardo M. Fagundes publicados entre 2011 e 2017

Assine a Newsletter no Linkedin

Tag: data centers

  • Negócios lucrativos de TI para reduzir as emissões de CO2

    A expectativa é de redução das emissões de TI (dispositivos de usuários, telecomunicações e data centers) entre 2011 e 2020 em 2,3%, comparado com o aumento de 6,1% entre 2002 e 2011. Os principais motivos são a maior eficiência energética dos equipamentos e a substituição dos PCs por tablets.

    Em 2011, os data centers contabilizaram 0,16 GtCO2, ou 17%, das emissões de TI. É esperado um crescimento mais rápido até 2020, chegando a 0,29 GtCO2. As emissões serão lideradas pela demanda de armazenamento de dados. Entretanto, várias tecnologias estão contribuindo para neutralizar os impactos do crescimento das emissões, como a virtualização de servidores, eficiência energética dos equipamentos, e melhoria das tecnologias de refrigeração, resultando na melhoria do PUE (Power Usage Effectiveness).

    O crescimento do consumo de energia pelos data centers é inevitável, porém é essencial para viabilizar outras tecnologias que contribuem para a redução global das emissões de CO2. A utilização de ambientes Cloud Computing contribui para o aumento da eficiência operacional das pequenas e médias empresas e abrem novas oportunidades de negócios. Tecnologias de pesquisa na Web, e-mail, redes sociais, acesso remoto e colaborativo para documentos, música e vídeo são alguns serviços que contribuem para a redução geral das emissões de CO2.

    O uso de Big Data contribuirá, significativamente, para o mapeamento em tempo real do tráfego, das redes sociais, ferramentas de tomada de decisão a partir de análises de negócios em tempo real, medições inteligentes (smart metering) que contribuem para a geração de valor na economia.

    Em 2008, o Brasil estava na 14ª posição no ranking dos maiores emissores de CO2 do planeta, contribuindo com 1,4% do total das emissões. O principal ofensor era o desmatamento das florestas para a agricultura e pecuária, com 42% das emissões. A geração de energia contribuía com 18% e o transporte com 12%.

    Em 2013, devido a longa estiagem que o Brasil está sofrendo nossa matriz energética se alterou e deixamos o 2º lugar do ranking de maiores produtos de energia hidráulica do mundo, com uma queda de 7%. O uso de gás natural e óleo provocou o crescimento de 6,7% das emissões de CO2, segundo relatório BP Energy Review. Essa mudança fez o Brasil sair da 14ª posição para a 11ª posição no ranking de maiores emissores de CO2.

    Essa mudança da matriz energética, aumentando a produção de energia das termelétricas, pressiona o aumento de preços da energia e as emissões de gases do efeito estufa. São esperados aumentos significativos do preço da energia enquanto durar a estiagem através do uso das bandeiras tarifarias que repassa para os consumidores o custo extra pelo uso das termelétricas em 2015.

    Por outro lado, o mercado de TI continua crescendo, principalmente nos acessos à Internet. Em 2013, o Brasil tinha 143 milhões de usuários de celulares com 52,3 milhões com conexões banda larga móvel. Em agosto de 2014, o número de celulares pulou para 276,15 milhões, com 132,89 milhões de conexões banda larga móvel, dos quais 3,67 milhões com terminais 4G, segundo a ANATEL.

    No Brasil, 70% do faturamento de TI são provenientes de 16% de fornecedores de TI, principalmente de grandes multinacionais. Algumas dessas empresas estão criando centros de desenvolvimento no país que podem contribuir com soluções locais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e minimizar as mudanças climáticas.

    A TI pode contribuir em quatro áreas: (1) digitalização e desmaterialização de produtos e processos; (2) comunicação e coleta de dados; (3) integração de sistemas; e, (4) otimização de processos.

    Na área de digitalização e desmaterialização de produtos e processos, podemos utilizar videoconferência e trabalho remoto para minimizar os impactos dos meios de transporte e intensificar o uso do comércio eletrônico, redução do uso de papel e mídia online, reduzindo o impacto na área de serviços ao consumidor.

    Na área de comunicação de coleta dados, a utilização de medidores eletrônicos pelas concessionárias de energia e água reduziria, significativamente, o enorme contingente de pessoas nas ruas coletando dados e equipes de corte e religa. Coletas de dados sobre trânsito orientam os motoristas a utilizar novas rotas e ganhar tempo e combustível, evitando emissões de CO2 (serviços como o Wase). Outra aplicação pouco desenvolvida no país é a agricultura de precisão que auxilia na otimização do cultivo agrícola e na gestão da pecuária.

    A integração de sistemas permitirá a integração dos dados das novas fontes de micro e mini geração de energia renováveis independentes ao sistema integrado, melhorando a gestão da demanda de energia. A integração dos sistemas de tráfego melhorará a eficiência da gestão.

    Nos data centers, o uso de ferramentas DCIM, Data Center Infraestruture Management, integrando dados dos sistemas de TI com os sistemas de infraestrutura predial aumentarão a disponibilidade dos serviços e melhorará a gestão dos recursos de forma integrada.

    A otimização de processos com o objetivo de redução das emissões de CO2 tem uma ampla gama de soluções. No setor de energia, melhorar o balanceamento de carga e otimização da geração de energia. Na área de transporte, otimização do planejamento de rotas e sistemas de logística. Na indústria, a automação de processos industriais. No comércio, a redução de estoques e otimização de entregas de encomendas. Na agricultura, a introdução do conceito de fazendas inteligentes. Na área de construção predial, o uso de práticas de conservação de energia.

    Resumindo, a área de TI tem uma enorme contribuição a oferecer na redução das emissões dos gases de efeito estufa, tanto de sua própria infraestrutura como contribuir em outras áreas da economia. Essas contribuições, além de gerar negócios lucrativos, são ações de responsabilidade social e ambiental.

  • O desafio do consumo de energia dos Data Centers no Brasil

    O consumo total de energia dos data centers ocupa a sexta posição no mundo se comparado ao consumo de países, perdendo apenas para a China, Estados Unidos, Japão, Índia e Rússia (2011). Os recursos por mais processamento, armazenamento de dados e comunicações irá triplicar entre 2012 e 2017, crescendo de 44 para 121 exabytes. O crescimento de streaming de vídeo e áudio são os principais componentes para a explosão do crescimento dos dados, representando 50% do aumento. Nos Estados Unidos, o tráfego de dados da Netflix e YouTube combinados representam mais de 50% do tráfego de Internet nos horários de pico.

    Globalmente, o YouTube continua sendo o serviço que mais cresce em volume de dados, entretanto serviços como o Instagram, Twitter e Pinterest também estão crescendo.

    O Brasil tem um grande potencial para utilizar energia renovável para os data centers. Sua matriz energética tem 75% de geração de fontes hídricas e as fontes de energia eólica vem crescendo. Outras fontes de energia renováveis, como solar e biomassa, são oportunidades dependendo do custo de construção das usinas.

    Entretanto, em 2014 o Brasil vem enfrentando um longo período de estiagem que está comprometendo o uso das hidrelétricas e forçando o uso de energia gerada por termelétricas.

    A situação se agrava pelo fato que as previsões meteorológicas indicam que os níveis dos reservatórios de água levarão vários meses para se normalizarem. Durante esse período, a única alternativa é usar, maciçamente, a geração térmica.

    Minha recomendação para a questão energética para os data centers no Brasil é adotar a seguinte estratégia:

    1. Curto Prazo: Migrar para o mercado livre de energia contratando energia de fontes renováveis: Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH); energia eólica; e, energia fotovoltaica;
    2. Médio Prazo: Adotar o modelo OCP (Open Compute Project) para a infraestrutura de seus data centers; e,
    3. Longo Prazo: Construir ou utilizar usinas de geração de energia renováveis próximas de seus data centers para mitigar os riscos de falhas do sistema integrado de transmissão de energia nacional;

    A legislação do setor elétrico brasileiro permite que empresas que tenham uma demanda superior a 500kW possam comprar energia, diretamente, de fontes geradoras de energia renovável. O processo não requer grandes investimentos e oferece garantia total de fornecimento pelo sistema integrado nacional, mesmo em caso da fonte geradora ficar inoperante.

    O Open Compute Project, lançado pelo Facebook em 2011, tem o objetivo de replicar o sucesso do Open Source para os data centers e estimular a eficiência energética do setor. Embora os impactos do OCP ainda não sejam conhecidos, o projeto mostra o potencial das ações coletivas para mitigar as mudanças climáticas no planeta e o uso racional de energia.

    A opção de localizar os data centers próximo de fontes geradoras de energia renovável tem várias vantagens, incluindo a de ter duas fontes independentes de fornecimento, condição para a certificação Tier 4 do Uptime Institute. O desafio é tornar, economicamente, viável o projeto. Para isso, é necessária uma mobilização do setor para pleitear incentivos fiscais para reduzir o investimento dos equipamentos.

    Essa estratégia garante estabilidade dos preços de energia e garantia de fornecimento continuo de energia dentro da demanda necessária para operar os data centers. Mesmo que os preços de energia contratados inicialmente sejam ligeiramente superiores aos praticados pelas concessionárias locais de energia, existe a contrapartida de redução dos riscos de falta ou racionamento de energia e blindagem dos preços em cenários futuros de aumento de preço definidos pelo governo.

  • Adeus Departamento de TI. Benvinda Área de Negócios Digitais

    Em 2014 a IBM comemora 50 anos do lançamento dos seus mainframes. Tivemos várias evoluções tecnológicas ao longo desses anos. A miniaturização dos equipamentos, computação de alto desempenho distribuída e a Internet sem dúvida foram as maiores revoluções tecnológicas na área de processamento e comunicação. Os serviços de informações, comércio eletrônico e o Internet Banking foram revoluções que mudaram o cotidiano das pessoas. Esses serviços estão sendo potencializados com a computação móvel, Big Data e gigantescos data centers. O próximo desafio é levar a computação móvel para as pessoas de baixa renda em mercados emergentes, usando smartphones de baixo custo.

    Entretanto, se formos olhar as áreas de tecnologia da informação (TI) nas organizações pouca coisa mudou nesses 50 anos. Ainda temos a área de CPD (Centro de Processamento de Dados), área de suporte técnico e a área de desenvolvimento de sistemas (DS). O CPD ainda envolvido com questões de desempenho e disponibilidade das aplicações, o DS ainda as voltas com manutenções corretivas e evolutivas (nunca entendi isso!) e a área de suporte técnico com os problemas do cotidiano de segurança da informação, manutenção de software e atendimento ao cliente interno.

    Acredito que chegou a hora de uma mudança radical nas organizações mais conservadoras.

    Elimine o departamento de TI. Crie a unidade de negócios digitais.

    Promova para liderar essa área um executivo de visão inovadora capaz de criar novos negócios a partir da tecnologia. Desapegue-se do CPD. Entregue as operações para empresas especializadas em processamento massivo de dados. Migre para um ecossistema integrado de softwares que agilize sua operação de negócios e que permita agilidade para desenvolver novos negócios.

    A questão é que as novas empresas já estão fazendo isso. Se as empresas tradicionais não agirem rápido em algum momento na linha do tempo serão ultrapassadas pelas novas.

    Correm os maiores riscos as empresas que estão em boa situação econômica no mercado atualmente. Acreditando que em time que ganha não se mexe, podem perder o passo no futuro porque não inovaram. Essas empresas devem aproveitar a boa situação atual para promover as mudanças. Quando as coisas estiveram difícil será mais complicado e talvez seja tarde demais.

    Benvinda a nova área de negócios digitais nas empresas.