Eduardo M Fagundes

Artigos

Coletânea de artigos técnicos e reflexões de Eduardo M. Fagundes publicados entre 2011 e 2017

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Tag: Internet of Things

  • Integração RFID e IoT

    A área de logística está prestes a encarar um novo desafio tecnológico. Até agora, um dos grandes desafios era implantar dispositivos de rádio frequência (RFID) para rastrear e identificar mercadorias. Entretanto, no meio do processo de adoção em escala do RFID surge a tecnologia IoT (Internet of Things) que promete mais recursos e, consequentemente, mais melhorias no processo. A convivência de duas tecnologias exige a duplicação de dispositivos de aquisição de dados e roteamento remotos, podendo inibir a adoção da nova tecnologia. Uma das alternativas é conectar os leitores de RFID na Internet, passando a funcionar como um gateway dos dispositivos passivos de RFID e os dispositivos ativos de IoT.

    Como toda adoção de uma nova tecnologia é necessário muito esforço e grandes empresas que apostem na nova tecnologia. Foi o caso do RFID que teve uma forte influência e apoio do  Walmart para alavancar o uso do RFID, recomendando fortemente que seus fornecedores adotassem a nova tecnologia.

    No Brasil, um acordo entre o Ministério de Ciência e Tecnologia, a Receita Federal e as Secretarias Estaduais da Fazenda desenvolvem o projeto Brasil-ID para a adoção de um padrão único para rastreamento e identificação de mercadorias. O projeto prevê a instalação de leitores de RFID ao longo das estradas para identificar as mercadorias nos caminhões em movimento e selecionar quais devem ser inspecionados. Esse projeto, além de atender um requerimento do governo, oferece várias vantagens para o controle interno de mercadorias, uma comunicação mais ágil entre fornecedor e cliente e melhoria no processo logístico como um todo. O projeto já está implantado em alguns Estados, porém sem larga abrangência, o que pode ser uma vantagem para uma mudança de tecnologia.

    Entretanto, o RFID tem limitações por ser um elemento passivo, embora existam dispositivos que tenha alguma capacidade de processamento e leitura de sensores. Os dispositivos de IoT, por outro lado, tem possibilidades infinitas por ser um dispositivo ativo, tanto na leitura de vários sensores como na parte de segurança. O protocolo de dados entre os dispositivos de RFID e os leitores não usam criptografia.

    O desafio é encontrar uma forma de conviver as duas tecnologias e minimizar os custos da infraestrutura. Uma alternativa é utilizar os leitores de RFID como gateways e roteadores entre as redes RFID e IoT.

    Com isso, os investimentos poderiam ser canalizados para a infraestrutura de IoT e começar a usufruir já de seus benefícios.

    Antes de investir na expansão da sua rede de rádio frequência avalie o custo e benefícios da tecnologia de Internet of Things. Você apenas estará antecipando investimentos que deverão ser feitos no futuro com a vantagem de evitar investimentos em uma infraestrutura que será substituída com o tempo.

  • IoT, Big Data, Analytics e os Serviços de Saúde

    Como levar serviços de saúde para mais de 9 bilhões de habitantes em 2050? Como levar serviços de saúde para regiões remotas de baixa densidade populacional? Como diagnosticar doenças em estágios iniciais para salvar vidas e ao mesmo tempo reduzir os custos dos serviços de saúde?

    Esses desafios só poderão ser vencidos com tecnologia. Pensar em um sistema de saúde tradicional com médicos em todas as localidades exigiria um grande esforço na formação de médicos, enfermeiros e técnicos em saúde, além de infraestrutura física e equipamentos para exames e diagnósticos.

    A população estimada pelo IBGE para o Brasil em 2050 é de 226 milhões de habitantes. Em 2013, segundo a OMS, havia 17,6 médicos no Brasil para cada 10 mil pessoas, metade de médicos na Europa (33,3 a cada 10 mil habitantes). Entretanto, nos Estados da região Norte, são apenas 10 médicos por 10 mil pessoas, contra 26 médicos por 10 mil habitantes na região Sudeste. A situação é mais crítica na África que existem 2,5 médicos para cada 10 mil habitantes.

    Outro fato a considerar é o aumento da população idosa e o aumento da expectativa de vida de 73,9 anos em 2013 para 80,7 anos em 2050 e 81,2 anos em 2060. Isso implica na necessidade de ampliação dos serviços de saúde para atender aos idosos e as doenças associadas a idade. Deve-se considerar que parte dessa população viverá sozinha e uma parcela com dificuldades de locomoção. A maior parte dessa população deverá optar pelo serviço público de saúde, devido aos altos custos dos planos de saúde particulares. Talvez, pelo alto custo de vida nas grandes metrópoles, parte dessa população opte por migrar para cidades menores com custo de vida mais baixo.

    O IBGE estima que a partir de 2043 a população brasileira começará a reduzir, de 228 milhões em 2040 para 218 milhões em 2060, projetando uma redução da taxa de natalidade. Menos trabalhadores exigirá maior produtividade e prolongamento das horas trabalhadas. Isso exigirá mais cuidado com a saúde para evitar doenças associadas ao stress e sedentarismo. Essa preocupação já existe em regiões mais desenvolvidas, incluindo São Paulo. Tanto que houve uma explosão de softwares para smartphones para monitoram a qualidade de vida de seus usuários, incluindo sensores para alguns sinais vitais de vida.

    A Internet of Things (IoT) terá um papel importante nesse contexto. A partir de dispositivos remotos com sensores para monitorar sinais vitais e movimentos bruscos (uma queda, por exemplo) as centrais de monitoração de saúde poderão acompanhar milhões de pessoas de todas as idades, alertando sobre comportamentos que levem a riscos de saúde e emitirem sinais de socorro em caso de insuficiência de algum sinal vital.

    A tecnologia IoT dará mais independência para os idosos que poderão viver sozinhos em suas casas e ter acompanhamento remoto, incluindo algumas análises clinicas remotas. Quando algum sinal de atenção for identificado a pessoa será convidada a ir até um posto de saúde. Isso evitará filas para atendimento e poderá definir a alocação de médicos e equipamentos de acordo com a demanda.

    Com os dados coletados dos dispositivos remotos, dos exames clínicos e dos diagnósticos dos médicos será possível, através de Big Data e ferramentas avançadas de análise de dados (Analytics), identificar endemias, e tomar ações públicas para evitar epidemias e pandemias. Outro benefício é prever a necessidade de medicamentos e insumos para exames de laboratórios, além de indicar sintomas para diagnósticos mais rápidos e precisos.

    Big Data e ferramentas analíticas permitirão diagnósticos mais rápidos e precisos e serão fundamentais para um novo modelo de atendimento de saúde. Isso permitirá que diagnósticos preliminares poderão ser realizados pelos agentes comunitários de saúde quando visitam as casas das pessoas, seguindo o modelo atual do SUS (Sistema Único de Saúde), principalmente na identificação de endemias e acompanhamento de saúde de idosos.

    Já estão disponíveis equipamentos de diagnóstico com 33 testes por US$800 por unidade na Índia. Os testes incluem HIV, sífilis, oximetria, pulso e troponina (relativo a ataques cardíacos). Esses equipamentos permitiram aumentar o número de consultas pré-natais de 0,8 para 4,1 por mãe. Os sensores de pressão arterial e urina permitiram o diagnóstico de uma condição chamada de pré-eclâmpsia, que é responsável por 15% da mortalidade das mães. Com os procedimentos anteriores detectavam a pré-eclâmpsia muito tarde, 8 de cada 10 mães faleciam. Depois de implantado os equipamentos de diagnóstico, de 1.000 mães rastreadas, detectou-se 120 mães com pré-eclâmpsia em estágios iniciais e todas foram salvas.

    O fator de sucesso dessa iniciativa foi a construção de uma variedade de aplicativos baseados em inteligência artificial para os agentes comunitários de saúde para identificar as doenças em seus estágios iniciais, salvando vidas e reduzindo os custos dos tratamentos em hospitais e medicamentos.

    Não restam dúvidas que novos equipamentos, tecnologias de informação e comunicação móvel são fundamentais para melhorar a qualidade de vida das pessoas e reduzir os custos dos serviços de saúde.

  • A Digitalização da Operação

    A introdução das tecnologias na indústria é feita em ondas. A Internet tem gerado várias ondas, começou com B2C (Business-to-Consumer), B2B (Business-to-Bussiness) e eGov (Governo Eletrônico). Avançou para dispositivos móveis (smartphones, tablets, console de games), ou seja, a Internet está em todos os lugares – Internet Everywhere. Agora chegou a vez da automação da operação através de dispositivos que trocam dados entre si e geram montanhas de dados. O avanço da automação irá reduzir ainda mais os custos de produção e, principalmente, a análise avançada de dados fará previsões mais precisas para evitar falhas e do comportamento dos consumidores. Tais previsões, permitirão que as empresas se reinventem constantemente, criando produtos e modelos de negócios disruptivos. Acredito que não há dúvidas que só sobreviverão as empresas que tiverem a habilidade de adotar e manipular de forma eficiente as novas tecnologias.

    As tecnologias estão cada vez mais acessíveis e baratas. O modelo de computação em nuvem usando a Internet (Cloud Computing), permite ajustar a infraestrutura e custos dinamicamente. Isso cria a oportunidade para pequenas empresas adotarem novas tecnologias e ter vantagem competitiva no mercado onde atua.

    Tecnologias como Internet of Things (IoT), Big Data, Analytics estão saindo dos laboratórios das empresas de software e hardware e indo para o mercado de consumo. Os paradigmas de segurança do ambiente de Cloud Computing foram superados, não restando dúvidas que o ambiente é mais seguro que os ambientes locais. Gigantes da indústria de software já estão oferendo seus produtos na modalidade SaaS (Software as a Services), como SAP, Microsoft, Google (iniciou nessa modalidade), IBM, Oracle e muitas outras. Para as empresas de software, Cloud Computing é uma questão de sobrevivência.

    A indústria de equipamentos de hardware está passando por uma forte transformação. O novo data center do Facebook inaugurou um novo padrão de equipamento, definido por ela, compartilhado com o mercado através da comunidade OCP (Open Compute Project) e fabricado por fornecedores asiáticos de baixo custo. Grandes data centers, como Amazon e Google, já produzem seus próprios equipamentos.

    Com a redução de custos dos sensores remotos, é possível distribuí-los por toda a linha de produção para coletar dados e analisa-los em tempo real. Detectada uma anomalia em algum parâmetro dispara um alarme para investigação, evitando a paralização da produção.

    Na área da logística, é possível acompanhar a distribuição dos produtos em tempo real, monitorando localização, temperatura, pressão, vibração, entre outros itens críticos para assegurar a qualidade dos produtos até a entrega.

    No setor elétrico, cada dispositivo de geração, transmissão, proteção e medição podem ser monitorados em tempo real. Com tecnologias para Big Data e Analytics, falhas podem ser detectadas com antecedência e ações de contorno acionadas para evitar a interrupção do fornecimento, além de evitar perdas técnicas e comerciais (os gatos).

    Na gestão de cidades as aplicações são enormes, incluindo o controle mais eficiente do trânsito, melhor gestão da iluminação pública, aumento da segurança pública, melhoria na qualidade de informações para o cidadão, entre outras.

    Onde está o maior desafio? Na educação. Existe um consenso na comunidade empresarial global que não existe qualificação profissional suficiente para trabalhar nessas novas tecnologias. Existe uma escassez de Cientistas de Dados, profissionais com capacidade analítica, associativa, capazes de construir algoritmos de pesquisa complexos e interpretar seus resultados. A capacidade de análise e execução de ações não se delega, ela é parte do core business das organizações.

    Atualmente, uma das alternativas é as empresas formarem seus próprios Cientistas de Dados. As Universidades devem contribuir com cursos de formação nessas novas tecnologias com sofisticadas ferramentas de análise de dados.

    O governo deve apoiar essas iniciativas com linhas especiais de pesquisa e incentivos fiscais para as empresas que adotarem essas soluções. Afinal, se as empresas não se modernizam perdem a competitividade e mercado, gerando desemprego e menos impostos.

    Resumindo, para manter a competitividade e aumentar a produtividade é importante desenvolver uma estratégia digital disruptiva baseada nas novas tecnologias e investir na formação de pessoal qualificado.

  • Iluminação Pública a porta de entrada para uma cidade inteligente

    A partir de 2015 todas as prefeituras assumirão os ativos e serviços de iluminação pública de seus municípios. Na maioria dos casos, as prefeituras contratavam esse serviço das concessionárias de distribuição de energia da sua região que incluía os ativos e atendimento ao cidadão. Cada domicilio com uma ligação de energia paga na conta de luz uma Contribuição para Custeio da Iluminação Pública (Cosip), que varia de município para município, determinada pela Câmara de Vereadores. A delegação para a concessionária de energia operar o serviço de iluminação necessitava de um decreto de lei municipal. Atualmente, existem mais de 15 milhões de pontos de iluminação pública no Brasil.

    Existem, basicamente, duas estratégias das prefeituras para operar o serviço: criar um departamento próprio ou estabelecer uma parceria público privada (PPP). Algumas prefeituras estão criando consórcios públicos para operar o serviço em conjunto. As licitações para a formação das PPPs preveem a substituição das lâmpadas tradicionais por iluminação LED, de forma gradativa. Algumas licitações, como a do município de São Paulo, preveem a remuneração do serviço por luminária acessa com um sistema de monitoração integrado ao Centro de Controle Operacional.

    Entretanto, pelo que tenho acompanhado, as prefeituras estão focando apenas no serviço de iluminação pública, deixando escapar a oportunidade de iniciar um projeto mais abrangente de cidade inteligente.

    Os postes de iluminação púbica estão presentes na maioria das concentrações habitacionais e comerciais. Eles são altos e possuem, obviamente, energia. Se tornássemos cada poste de iluminação em um poste inteligente levaríamos muito mais serviços para a população, dentro do conceito de cidades inteligentes.

    Com a tecnologia de Internet of Things é possível, via Internet, monitorar e controlar vários dispositivos remotos instalados nos postes inteligentes. Poderíamos por exemplo:

    • Variar a intensidade da iluminação por faixa de horário ou por detecção de movimento, reduzindo o consumo de energia;
    • Instalar câmeras de monitoração que inibiriam assaltos e ajudariam a identificar os assaltantes, além de identificar veículos estacionados em locais proibidos e outras infrações;
    • Instalar radares de controle de velocidade;
    • Aproveitar os pontos de telecomunicações para oferecer Internet gratuita para os cidadãos;
    • Identificar locais de estacionamento vagos para auxiliar os motoristas via aplicativo móvel, reduzindo o tempo de busca e economizando combustível;
    • Identificar acidentes de trânsito ou incêndios em casas ou em terrenos baldios;
    • Usar o sistema de telecomunicações dos postes para apoiar os serviços de medição e controle de fornecimento de água e eletricidade (Smart Grid).

    Todos esses serviços reduziriam, significativamente, a necessidade de funcionários em campo, aumentando a eficiência dos serviços aos cidadãos através da automação de processos. Todas essas informações seriam concentradas no Centro de Controle Operacional do município, aumentando a sinergia entre os órgãos de segurança municipal e estadual, entre as concessionárias de serviços público e departamentos de trânsito.

    Um projeto integrado de cidade inteligente reduz a emissão de gases do efeito estufa e aumenta a eficiência energética do município, sendo parte integrante do Plano Municipal de Mudanças Climáticas que tem financiamento e suporte do governo federal.

  • Manufatura Inteligente e a Internet das Coisas

    Um estudo da American Society for Quality (ASQ) de dezembro de 2013 mostrou que apenas 13% das empresas de manufatura usavam conceitos e tecnologias de manufatura inteligente (Smarter Manufacturing) nas suas operações, nos Estados Unidos. Das empresas que adotaram, 82% melhoram sua eficiência, 49% reduziram os defeitos de seus produtos e 45% melhoram a satisfação de seus clientes.

    As soluções baseadas em Internet of Things (IoT) são fundamentais para a implementação de Smarter Manufacturing. Apesar das empresas de manufatura já adotarem sensores e automação em suas linhas de produção há várias décadas, os sensores, os controladores lógicos programáveis (PLC) e os sistemas de gestão estão, em sua grande parte, estão desconectados dos sistemas integrados das empresas. Funcionam como silos e, raramente, trocam informações com os sistemas internos. Existem vários motivos para esses sistemas legados não se integrarem com outros sistemas, entre eles questões de segurança e uso de arquiteturas proprietárias.

    Entretanto, a busca de produtividade para aumentar a qualidade e a redução de custos para enfrentar a alta competitividade internacional, está obrigando as empresas a adotarem padrões abertos de comunicação que possibilitem a integração das informações da linha de produção com outros sistemas para apoiar analises avançada de dados, Big Data, M2M e IoT.

    A Internet of Things (IoT) permite a troca de dados com sensores acoplados a qualquer componente físico através da Internet ou outras redes sem fio. O uso de IoT está crescendo, exponencialmente, em aplicações e dispositivos para consumidores finais. Isso está levando a uma redução considerável dos preços dos sensores e ampliando a oferta de diferentes soluções.

    Essa redução de custos dos dispositivos de IoT cria uma enorme oportunidade para a substituição dos atuais, caros e pouco flexíveis, sistemas de automação industrial. Isso significa que na próxima avaliação orçamentária para alocar recursos para a manutenção ou atualização tecnologia dos atuais sistemas, deve-se avaliar a substituição dos sistemas legados por uma solução baseada em IoT.

    A coleta sistemática de grandes volumes de dados de centenas ou milhares de sensores em vários pontos da linha de produção com integração com dados de sensores no sistema de transporte da cadeia de fornecedores, analisados em tempo real, usando ferramentas avançadas de análise de dados e Big Data, resultará em um salto de qualidade, previsibilidade e redução de custos inimaginável, se comparado com os atuais sistemas de gestão.

    A consequência de uma gestão de ativos ampliada através de sensores com IoT é ter um sistema proativo de manutenção e oportunidades para reduzir custos com energia.

    Por todos os lados que se analise, as vantagens da manufatura inteligente com o uso de soluções de IoT são atraentes. Agora, cabe aos executivos das empresas de manufatura e aos fornecedores de soluções de automação industrial quebrarem paradigmas e avançam para um novo patamar da indústria, antes que os concorrentes o façam.

  • Novas Tecnologias e Práticas para a Segurança da Informação

    A abrangência da segurança da informação vai muita além da detecção e eliminação de vírus, controle de acessos indevidos, assinaturas digitais, criptografia e classificação das informações. Os principais ativos organizacionais definidos pelo modelo de governança corporativa, tem a informação como seu principal fundamento. A prosperidade das organizações tem relação direta com a forma como as informações são interpretadas e utilizadas. As características da informação são: confidencialidade, integridade e disponibilidade. Toda informação tem um ciclo de vida: manuseio, armazenamento, transporte e descarte. O grande desafio da gestão eficiente dos negócios é se antecipar aos eventos de quebra de segurança das informações.

    Acontecimentos recentes de espionagem de chamadas telefônicas da Chanceler da Alemanha Angela Merkel, divulgação de informações confidenciais por Edward Snowden e inúmeras invasões de sites de empresas conhecidas com roubos de dados, incluindo instituições financeiras, têm mostrado a importância das empresas administrarem, cuidadosamente, seus dados. As consequências de uma má administração dos dados podem ser catastróficas.

    No passado era difícil monitorar e analisar grandes volumes de dados por restrições das tecnologias de hardware e limitações dos softwares. Atualmente, com as tecnologias “in-memory” de armazenamento de dados, big data, ferramentas de análise avançada de dados em ambientes escaláveis de infraestrutura dos data centers, como Cloud Computing, é possível melhorar os controles dos processos e detectar fraudes em seu estágio inicial.

    Pequenos desvios do comportamento dos dados podem indicar a existência de uma fraude na organização. Com as novas tecnologias é possível correlacionar vários parâmetros com milhares de dados e analisar, em tempo real, o comportamento dos consumidores, dos processos, econômicos, de transações eletrônicas, entre outras.

    Os principais componentes de uma estratégia de segurança da informação são:

    • Prevenção – ações de planejamento e implantação de processos robustos e avaliação contínua em tempo real para reduzir o risco de ameaças e vulnerabilidades, intervindo e bloqueando um ataque sem causar danos ao sistema;
    • Detecção – abordagens para identificar comportamentos anômalos e descobrir intrusões, detectar códigos maliciosos e outras atividades ou eventos que possam interromper o fornecimento de energia elétrica e coletar evidências das tentativas de ataques para a contínua reavaliação do sistema e ações legais contra os agressores;
    • Resposta – aplicação de ações imediatas para evitar os efeitos de um incidente, incluindo salvar vidas, proteção da propriedade e atender às necessidades básicas da população;
    • Recuperação – coordenar a execução do plano de recuperação dos locais e instalações afetadas pelo ataque, reconstituindo as operações para os clientes no menor prazo possível.

    O crescimento do uso de dispositivos remotos com tecnologia Internet of Things fará aumentar, consideravelmente, o volume de dados manipulados, transportados e armazenados. Isso cria novas oportunidades de negócios e facilidades para as pessoas e empresas. Entretanto, aumentam os riscos de fraudes e violação de privacidade.

    Um exemplo é a substituição dos medidores analógicos de consumo de energia por medidores eletrônicos. Os benefícios são imensos para as distribuidoras de energia, com reduções significativas de custos operacionais e aumento do conhecimento do perfil dos consumidores. Será possível saber quando o consumidor ligou o ferro elétrico ou a máquina de lavar roupas. Nessa aplicação, deve-se monitorar, continuamente, a existência de fraudes e proteção das informações dos consumidores.

    A monitoração desse novo ambiente de negócios requer novas práticas de gestão e novas funcionalidades de softwares. Nesse novo cenário, os processos de negócios devem considerar controles internos para detectar quebra da segurança da informação.

    Desta forma, a visão de gestão da segurança da informação deve envolver, diretamente, os processos de negócios e seus gestores devem compartilhar a responsabilidade com a áreas de tecnologia da informação da empresa.

    A nova plataforma tecnológica de segurança da informação deve considerar modelos de gestão, análise de risco, conformidade com a legislação e normas internas, gestão de ativos, gestão de portfólios de projetos, técnicas de melhoria contínua de processo, big data, ferramentas avançadas de análise de dados, além dos softwares de segurança tradicionais.

    Apresento a seguir um conjunto de softwares e modelos de gestão para o novo ambiente de segurança da informação:

    • GRCGovernance, Risk Management and Compliance – Software que gerencia funções de trabalho como: controles e mapeamento de políticas; rotinas de trabalhos (workflows); funções de pesquisa; repositório de dados; avaliações de risco e painéis de controle (dashboards);
    • SIEMSecurity Information Event Management – software de gerenciamento centralizado para armazenar dados de segurança (informações de registros e eventos apenas) para simplificar o gerenciamento de incidentes de segurança e a emissão de relatórios de conformidade;
    • AMSAsset Management System – software de gerenciamento de ativos tangíveis e intangíveis para gestão de todo o ciclo de vida do ativo (concepção, construção, comissionamento, operação, manutenção, reparação, modificação, substituição e descarte);
    • PPMPortfolio Project Management – software de gestão centralizada de grupos de projetos, auxiliando a determinar o mix ideal de recursos para a entrega e melhorar as metas operacionais e financeiras de uma organização, respeitando as restrições impostas pelos clientes, objetivos de negócios e estratégias;
    • Six-Sigma – metodologia de melhoria contínua de processos com o objetivo de eliminar falhas através do uso de um conjunto de técnicas e ferramentas estatísticas;
    • Softwares de Segurança – conjunto de software para proteção e monitoração da segurança: firewalls, antivírus, criptografia, gestão de identidade, governança e gerenciamento de interfaces de dados entre sistemas internos e externos;
    • Testes de Conformidade – comissionamento da infraestrutura tecnologia com testes integrados de software para garantir a conformidade das especificações e reduzir a incidência de erros no sistema;
    • Big Data – tecnologia para armazenamento de grandes volumes de dados com grande velocidade de acesso;
    • Advanced Data Analytics – ferramentas de análise avançada de dados para prever eventos e comportamentos futuros, auxiliando na definição de novas estratégias de negócios e identificação de potenciais problemas nos processos e fraudes.

    Investimentos em segurança da informação não devem ser atribuídos apenas para a área de TI. As áreas de negócios devem considerar a revisão de seus processos e incluir mecanismos de prevenção, detecção, resposta e recuperação das informações de negócios. Novas tecnologias e práticas de monitoração devem ser implementadas para evitar fraudes e quebras de segurança. Os investimentos em segurança podem ser utilizados para planejamento estratégico de Marketing para a definição de novos produtos e modelos de negócios, aproveitando a tecnologia de Big Data e as ferramentas avançadas de análise de dados.

     

     

     

  • Como desenvolver o mercado de IoT no Brasil?

    Não podemos perder mais uma onda de tecnologia. Nossa indústria perde em competitividade para os países asiáticos. Algumas peças do setor automotivo chegam ao Brasil custando três vezes menos que as fabricadas aqui. O poder de produção asiático é assombroso. Entretanto, não somos os únicos a enfrentar esse desafio. Outros países desenvolvidos também enfrentam os mesmos desafios. Entretanto, estão superando esse problema agregando inteligência e integração a Internet de seus produtos. Temos que trilhar o mesmo caminho, sob o risco de ficarmos pela estrada.

    O McKinsey Global Institute apontou cinco oportunidades para o crescimento da economia americana: uso do gás de xisto (shale gas); aumentar a competitividade na indústria de conhecimento; uso de Big Data; investimentos em infraestrutura; e, investimentos em capital humano.  Acredito que nesse caso em particular, podemos adotar as mesmas oportunidades, exceção do uso de gás de xisto, pois temos outras fontes de energia mais interessantes e renováveis.

    As tecnologias que suportam a Internet of Things (Internet das Coisas) estão presentes em pelo menos três das oportunidades citadas: indústria do conhecimento; big data; e, capital humano.

    Nossa indústria precisa desenvolver produtos com inteligência embarcada e conectados na Internet, inseridos dentro de um modelo de negócio onde o hardware é apenas um componente que, eventualmente, pode ser substituído por um similar asiático.

    Depois de visitar várias feiras de equipamentos e tecnologia, com presença maciça de expositores chineses e coreanos, já não me arrisco em afirmar que nós brasileiros somos criativos. A quantidade de produtos inovadores criados por eles é assustadora. Isso vem da experimentação e investimento em capital humano. Aposto que muitos dos produtos expostos não têm sucesso de vendas, porém seu desenvolvimento cria uma cultura de inovação.

    Como o conto dos barquinhos que vieram salvar o padre na torre da igreja em uma enchente que se recusava a embarcar, morreu acreditando que Deus o salvaria. Quando questionou Deus porque não o tinha ajudado, Deus respondeu: e os barquinhos que Eu enviei para salvá-lo? Parece que a nossa indústria está recusando embarcar nos barquinhos. Está esperando que o governo venha com uma política milagrosa para salvar a indústria.

    Acredito que a Internet of Things é o próximo barquinho para se salvar.

    As tecnologias estão disponíveis e, muitas delas, de baixo custo. Algumas plataformas de hardware são open source, como o Arduino, com fácil programação. As plataformas de conexão dos dispositivos remotos de IoT são conhecidas. A computação em nuvem tem uma interface amigável com os programadores e, principalmente, de baixo custo. Os dados coletados dos dispositivos remotos podem ser analisados com ferramentas analíticas de Big Data e fazem parte das soluções de computação em nuvem. A interação dos aplicativos móveis dos smartphones com os dados dos data centers é de fácil construção e utilização.

    Temos que trabalhar em três áreas para acelerar o desenvolvimento de produtos IoT no Brasil: nos departamentos de desenvolvimento de produtos das indústrias em geral; na disponibilidade de uma plataforma de interoperabilidade para dispositivos IoT e Big Data em ambiente de computação em nuvem; e, no desenvolvimento de aplicativos móveis para interagir com os dispositivos remotos de IoT. Veja a figura abaixo.

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    Temos que disseminar a cultura da inovação com treinamentos e experimentações com fundos de programas do governo. Incentivar o empreendedorismo para a criação de startups que com baixo investimento possam criar produtos e modelos de negócios inovadores. As Universidades e os Centros de Pesquisa têm um papel fundamental nesse esforço.

    Exportar produtos com inteligência embarcada têm um alto valor agregado, diferente de commodities agrícolas, minerais ou serviços de mão de obra intensiva, como programação de software.

    Investimentos em produtos com IoT ajudariam no crescimento da economia interna e teriam um impacto positivo nas exportações, melhorando nossa balança comercial.

    Resumindo, a infraestrutura tecnológica está disponível, é barata e de fácil manipulação. O grande desafio é criar produtos inovadores. Para isso, temos que experimentar e criar uma cultura de inovação. Não perca o barquinho, pode ser o último.

  • Internet of Things oportunidades de mercado

    Até 2017, 50% das soluções de Internet of Thing (IoT) serão desenvolvidas por startup com menos de três anos, segundo previsão do Gartner Group. Um dos desafios das empresas é embutir tecnologias em seus produtos para se comunicar com aplicativos móveis ou sistemas de monitoração e controle para ações externas. Além das geladeiras, máquinas de lavar e sistemas de ar-condicionado outros produtos deverão ter sensores que se comunicam com aplicativos, como sandálias e coletores de lixo. A coleta dessas informações associadas a sistemas analíticos baseados em Big Data provocarão a nova onda de inovação no mercado.

    Imagine um filho que gostaria de acompanhar o dia a dia dos pais idosos para evitar preocupações. Ele poderia colocar pulseiras e sandálias com sensores para monitorar os movimentos e medir pressão arterial e temperatura nos pais e acompanhar seus movimentos por um aplicativo móvel. Esses sensores conectados a serviços médicos podem acompanhar de forma contínua os pacientes, oferecendo maior qualidade de vida e pronto atendimento em caso de emergência.

    A americana Big Belly Solar desenvolveu um coletor e compactador de lixo de rua movido a energia solar que sinaliza para a central de monitoramento quando o recipiente está cheio e o lixo precisa ser retirado. Esse sistema gerou uma economia de viagens dos caminhões coletores de lixo, reduzindo a emissão de gases do efeito estufa e gastos com combustível e outros recursos. O compactador permite entre 6-8 vezes mais lixo e as coletas reduziram em 80 por cento.

    A SenseAware, também americana, desenvolveu um dispositivo para ser colocado nas encomendas da FedEx para monitorar o trajeto, a temperatura, a exposição a luz, a umidade e a pressão barométrica. Essas informações são acompanhadas pelos clientes e seus parceiros para uma intervenção, caso necessário.

    Ainda é necessário vencer alguns desafios como regulamentação, redução de custos dos dispositivos, segurança, integração padronizada entre os sensores e aplicativos e transformar a cultura das pessoas para utilizar esses serviços.

    Entretanto, as possibilidades de negócios são muito maiores que os desafios e, acredito, que brevemente serão resolvidos. Para acelerar esse processo é preciso que cresça as soluções envolvendo a Internet of Things.