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Tech & Energy Think Tank

Think tank independente com foco em energia, tecnologia e tendências globais. Análises para apoiar decisões estratégicas com visão de impacto.

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Autor: Eduardo Fagundes

  • Quais os motivos da baixa reputação de TI nas empresas?

    Prazos longos e atrasos na entrega de projetos, estouro nos orçamentos e qualidade dos produtos são fatores que prejudicam a reputação da área de TI nas empresas e de empresas contratadas para desenvolvimento de projetos de sistemas. Mas afinal, falta competência dos profissionais de TI ou os recursos que a empresa oferece são limitados? Será que a desconfiança na área de TI é que reduz os orçamentos de TI? Porque, apesar de tanta tecnologia disponível e investimentos em treinamento a má percepção ainda persiste?

    Discuto esse assunto nas minhas aulas de pós-graduação em governança de TI e os próprios alunos têm as respostas baseados nas suas experiências corporativas.

    Difícil identificar a causa raiz do problema, pois a má reputação vem de uma sequência de fatos e atitudes comportamentais que desencadeiam outros problemas.

    Vamos começar analisando como é feita a negociação de novos projetos. A experiência mostra que dos três expectativas de um projeto ideal só podemos atender a duas delas. As expectativas são: (1) qualidade do produto esperada; (2) entrega dentro do orçamento; e, (3) entrega dentro do cronograma prometido. Se as premissas do projeto é cumprir o orçamento e entregar no prazo, a expectativa de qualidade do produto deve ser reduzida. Se as premissas são a entrega com a qualidade esperada e dentro do cronograma prometido, haverá um possível estouro no orçamento.

    As equipes que afirmam que cumprem as três premissas, provavelmente, não consideram alguns custos escondidos.  Por exemplo, definir um prazo com a entrega de todos os requisitos solicitados com um staff fixo alocado para o projeto, que definiria um custo fixo, pode esconder as horas extras feitas para compensar alterações de requisitos e desenvolver atividades não consideradas no cronograma inicial. As horas extras são custos adicionais que serão compensadas de alguma forma.

    Estudos mostram que os programadores subestimam o tempo entre 20-30% das atividades e omitem cerca de 30-50% por acharem triviais. Outro estudo mostra que 75% dos programadores são introvertidos e que apenas 33% deles têm habilidades de negociação. Esse tipo de comportamento faz com que os gerentes das áreas de negócios ou vendedores de serviços de TI estabeleçam seus próprios prazos, orçamentos e requisitos sem questionamento por parte das equipes de TI.

    A ausência de uma metodologia de desenvolvimento de sistemas e de métricas de desempenho e a falta de informações das lições aprendidas de outros projetos faz com que cada projeto comece do zero. Isso se agrava se as equipes de desenvolvimento são contratadas de fora da empresa de forma pontual.

    A pressão por prazo é apontada como responsável por 40% dos erros de projeto, contribuindo para a baixa qualidade das entregas. Um programador pode entregar um programa para ser testado, mesmo sabendo que tem erros, para atender o prazo. Quando o programa retorna apontando os erros, o programador ganha novo prazo.

    Entregar de qualquer jeito para atender o prazo pode gerar enormes impactos negativos nas operações da empresa. Se os testes individuais e integrados não foram realizados da forma correta, os problemas ocorrerão na produção, podendo comprometer de forma irreparável os dados da empresa.

    Diante desses fatos entre outros, é compreensível a má percepção que as áreas de negócios têm da TI nas empresas.

    O desafio é o que fazer para melhorar a reputação das áreas de TI nas empresas. A solução passa por implantar uma metodologia de desenvolvimento de sistemas com métricas e acompanhamento de resultados. Manter desenvolvedores treinados e com vivência no uso da metodologia e evitar altas taxas de turnover do pessoal. Desenvolver a habilidade de negociação dos desenvolvedores para acordar prazos e recursos compatíveis com os projetos. Trabalhar com total transparência com as áreas de negócio da empresa.

  • Inovação disruptiva, a solução para a indústria nacional

    Infelizmente, os indicadores mostram a primarização da nossa economia, ou seja, nossa indústria está regredindo e o agronegócio se consolida como o principal motor de exportação. A crise que assola o Brasil provocado, segundo alguns especialistas, pela dosagem equivocada de subsídios a indústria e ao forte incentivo ao consumo desestabilizou a economia. Essa crise chegou no momento onde a economia internacional começa a se recuperar e pega nossa indústria sem capacidade de competir no cenário internacional. Isso nos tira das grandes cadeias globais de fornecimento, deixando nossa indústria isolada do resto do mundo. O problema é agravado pelos altos impostos de importação de máquinas e equipamentos. O cenário dos nossos parceiros tradicionais, exceção dos Estados Unidos, não é muito animador. A Argentina e Venezuela estão em crise e nossos vizinhos na América Latina estão fazendo acordos bilaterais para impulsionar suas economias. O Chile e Peru aderiram ao acordo Trans-Pacífico de livre comércio. O Uruguai adota políticas mais flexíveis para empresas internacionais usando sua ZPE (zona de processamento de exportações) e o Paraguai atrai novos investimentos com energia barata gerada em Itaipu. A boa notícia é que ainda temos um mercado de mais de 200 milhões de habitantes, consumidores que experimentaram o prazer do consumismo e urgência em aumentar a produtividade no campo com melhorias na infraestrutura para escoar a produção e novas tecnologias para o agronegócio.

    Concordando com esse cenário, a única alterativa para a nova indústria é investir em inovações disruptivas. É necessário reinventar os produtos para substituir os itens importados de alto custo com funcionalidades similares de baixo custo.

    A redução da capacidade de compra dos consumidores cria uma enorme demanda reprimida por itens de consumo do mercado internacional. Ofertas similares de baixo custo, certamente, encontrarão consumidores dispostos a comprar.

    Sei que é uma solução amarga, pois estaremos adotando um modelo que Japão, China e Coréia do Sul usaram décadas atrás e se mostrou eficiente no longo prazo. A Índia vem praticando esse modelo há algum tempo e os primeiros resultados começam a aparecer. Talvez, a Índia devesse ser o nosso principal parceiro tecnológico.

    Temos uma grande vantagem que os países que adotaram essa estratégia não tiveram. Nossa indústria de tecnologia da informação está bem avançada, permitindo embarcar tecnologias de conectividade nos produtos, Internet of Things por exemplo, reduzindo a diferença de funcionalidades dos produtos mais sofisticados.

    Sugiro que ao invés de ficarmos esperando uma solução milagrosa do governo para sairmos da crise, os empresários deveriam se unir para definir uma estratégia disruptiva para a nossa indústria.

  • Constelação de satélites miniaturas para mapear o planeta

    Os satélites têm o tamanho de um carro, normalmente. Talvez, uma exceção seja o satélite espião NROL-32, lançado pelos Estados Unidos em 2010 que tem uma antena de aproximadamente 100 metros. Entretanto, parece que as coisas estão mudando. A Planet Labs, uma startup californiana fundada em 2012, está desenvolvendo satélites do tamanho de caixas de sapatos. Em 2014, eles lançaram o Flock 1, uma rede de 28 pequenos satélites, constituindo hoje a maior constelação de satélites do mundo.

    small-satellites-DoveA foto mostra os pequenos satélites sendo lançados da Estação Espacial Internacional em fevereiro de 2014.

    O projeto tem várias aplicações comerciais, ambientais e humanitárias. O projeto atende a várias indústrias cobrindo a agricultura, energia, florestas, infraestrutura, mapeamento de áreas e recursos naturais. Existem várias aplicações comerciais, tais como: detecção de mudanças, mapas personalizados, monitoração persistente, planejamento e logística.

    Em outubro de 2014, o foguete Antares com 26 Doves explodiu quatorze segundos depois de lançado. Nos próximos meses mais 30 serão lançados para formar uma constelação formada por aproximadamente 100 satélites.

    Os satélites funcionam com energia solar, cada um produzindo cerca de 20W cada.

    Os satélite podem tirar fotos de alta resolução, entretanto, por questões de privacidade as imagens das pessoas serão tratadas para não serem reconhecidas.

     

     

  • As mais inovadoras de TI: Google, Apple, Amazon e Microsoft

    Uma pesquisa da TechPro publicada em abril de 2015, apontou as empresas de TI mais inovadoras. A pesquisa envolveu 363 tomadores de decisão de várias empresas de setores diferentes. Interessante observar que duas empresas, Google e Amazon, foram criadas na era da Internet e as outras, Apple e Microsoft, foram disruptivas na sua época, com o lançamento dos computadores pessoais. A característica comum entre elas é que nasceram com uma visão de inovação e continuam até hoje.

    As outras empresas citas na pesquisa obtiveram pontuação inferior a 50% entre os entrevistados, incluindo Cisco, IBM, HP, Dell, Oracle, SAP e EMC. Veja o gráfico abaixo.

    techpro-most-innovative-companies-2015

    A pesquisa mostra que 52% dos entrevistados acham que a inovação é igualmente importante no mercado consumo e nos negócios empresariais. Dentre eles, 38% apontam maior importância no mercado de consumo, enquanto 10% indicam o mercado empresarial.

    As tecnologias de Cloud Computing, Mobility, Software as a Service (SaaS) e ferramentas de colaboração são apontadas como as mais utilizadas para a inovação. Veja o gráfico abaixo.

    techpro-which-technologies-are-your-company-using-to-innovate-2015

    As empresas tradicionais do mercado de TI que obtiveram baixa pontuação em inovação (HP, Dell, Oracle, SAP e EMC) oferecem serviços para clientes que buscam eficiência operacional e são avessos a riscos. Desta forma, continuam fortes no mercado e acompanhando a evolução de seus clientes.