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Autor: Eduardo Fagundes

  • A próxima crise econômica internacional

    Começam a aparecer os sinais de uma nova crise econômica internacional. O primeiro sinal foi um artigo do New York Times em março 2015 comentando uma palestra de ex-presidente do Banco Central americano (Federal Reserve), Paul Volcker, alertando que os fundos hedges e private equity continuam desregulados e a fragmentação do sistema regulatório americano, entre estados e governo federal, dificulta o acesso às informações e, consequentemente, a detecção de uma próxima crise.  O segundo sinal foi o discurso de lançamento da candidatura de Hilary Clinton em Nova York em junho de 2015, mencionando o potencial risco dos bancos americanos. O terceiro sinal foi um breve comentário do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, no programa Painel da GloboNews, sobre a supervalorização dos ativos americanos e a necessidade de elevação dos juros para evitar a pulverização desses ativos. Um quarto sinal é a não aprovação pelo Congresso americano do acordo de livre comércio Trans-Pacifico, incluindo congressistas do próprio partido de Barack Obama, o partido Democrata, indicando ainda uma visão protecionista de mercado. O quinto sinal é a recusa da Grécia em fazer um ajuste fiscal mais agressivo para equilibrar suas contas. E apenas para não se estender, a queda do crescimento da China que afeta toda a economia mundial.

    No Brasil, o ritmo de adoção de medidas para o ajuste fiscal esbarra no Congresso por questões politicas e eleitoreiras. Nossos principais itens de exportação, as commodities, perderam valor no mercado internacional e não devem recuperar os níveis da década passada, frustrando qualquer ideia de recuperação da balança comercial aos níveis do passado. Se hoje já está difícil obter investimentos externos pela falta de credibilidade do país, essa situação se agravará com uma nova crise internacional. Adiciona-se a falta de acordos de comércio bilaterais do Brasil, ou do ainda sonhado Mercosul, com países de relevância econômica.

    Ao que parece, os empresários e governos continuam a usar os mesmos conceitos da antiga economia, colocando em risco a qualidade de vida de seus cidadãos.

    A saída para o cidadão é o empreendedorismo. Acredito que está na relação próxima das pessoas em suas comunidades, incluindo a digital, as maiores oportunidades para crescimento de renda e qualidade de vida. Essa mudança de paradigma do emprego é importante para proteger a própria família das turbulências da economia e assumir o controle da situação, sem depender do emprego tradicional.

    Os governos competentes e visionários já têm essa noção e agem para incentivar o empreendedorismo, criando uma legislação trabalhista flexível e processos ágeis para a criação de empresas. O desafio é capacitar as pessoas para o empreendedorismo, incluindo técnicas de criatividade e inovação. Ou seja, o caminho é a educação.

    Infelizmente, no Brasil o ajuste fiscal em 2015 atingiu programas como o PRONATEC e FIES. O primeiro, embora seja necessária uma ampla revisão, é um programa importante para a qualificação rápida de microempreendedores na área de serviços que pode garantir o sustento das famílias. O segundo, de longo prazo, é o acesso a cursos de formação universitária.

    Entretanto, os sindicatos com suas verbas do imposto sindical, FAT (fundo de amparo aos trabalhadores) e os parlamentares com suas verbas do governo podem apoiar projetos educacionais para a qualificação de trabalhadores.

    As próprias empresas dentro do viés de responsabilidade social podem apoiar programas de qualificação e empreendedorismo para funcionários com ganhos internos em produtividade e em caso de demissões, garantir uma atividade remunerada dos trabalhadores.

    Modestamente, contribuo com um curso online gratuito sobre inovação disruptiva para auxiliar nesse processo de transformação das pessoas no site www.efagundes.com.

  • A era das empresas sem processos, orientadas a tarefas e executadas por freelancers

    Em 2025, as empresas deixarão de definir seus próprios processos e delegarão isso para freelancers ou empresas contratadas, é o que prevê Joseph Bradley, vice-presidente da Cisco, em uma entrevista no Cisco Live em San Diego (USA), em junho de 2015. Segundo ele, o mundo e os processos serão extremamente dinâmicos, graças a Internet e suas novas tecnologias, como a Internet of Things (IoT), permitindo o controle das tarefas executadas por terceiros.

    Essa ideia não é nova e já coexiste entre nós nos contratos de serviços na modalidade de BPO (Business Process Outsourcing), onde quem define os processos são as empresas contratadas com a comprovação que estão em conformidade com a legislação local e dentro das politicas da contratante. A novidade é que as atividades das empresas serão executadas por freelancers contratados de forma pontual. Algo semelhante ao Amazon Mechnical Turk (www.mturk.com) que permite contratações de tarefas por demanda.

    Como descrito no livro O Mundo é Plano de Thomas Friedman, podemos contratar tarefas em qualquer localidade do planeta. Isso cria uma enorme reserva técnica de profissionais qualificados, onde um trabalhador trabalha por demanda para muitas empresas. Atualmente, nos Estados Unidos os freelancers representam 34% da força de trabalho, com previsão de chegarem a 50% em 2025.

    Essa disponibilidade de mão de obra qualificada e disponível em diferentes horários devido ao fuso horário está revolucionando a forma de trabalho das empresas. Hoje é comum uma organização de TI levantar requisitos de um software durante o dia e despachar para a Índia programar durante a noite (dia na Índia) e receber os programas logo pela manhã. Ou seja, uma linha de produção de software 24 horas.

    O importante é a realização de uma tarefa com qualidade, não ferindo a legislação e dentro das políticas da empresa contratante. Como a tarefa será executada não importa, o importante é o resultado no menor tempo possível.

    Tecnicamente, isso é possível. Entretanto, o risco de precarização do trabalhador é enorme. Sempre haverá alguém que faça o trabalho mais barato. Isso levará o valor do trabalho no chão e aumentará a desigualdade econômica e social na sociedade global. Por isso, os governos devem estar atentos nesse processo para proteger trabalhadores e suas famílias.

    Parece que a boa noticia é que a automação da produção está atraindo mais trabalhadores qualificados. Segundo, Joe Kann, vice-presidente da Rockwell Automation, em 1980 a força de trabalho na manufatura representava 25% e a previsão é que esse percentual suba para 54% em 2025. Entretanto, é fato que essa mão de obra deverá ser qualificada para operar linhas de produção automatizadas.

    Esse cenário é ideal para startups altamente especializadas que podem prestar serviços para o mundo inteiro sob demanda. As grandes empresas deverão ao longo do tempo se adequar a esse modelo de trabalho, sob o risco de perderem competitividade.

  • O desafio da TI na horizontalização das empresas

    Conceitualmente, empresa é uma atividade econômica exercida por um empresário para a produção ou circulação de bens ou serviços através da orquestração de fatores produtivos. Por muito tempo para aumentar a produtividade e controles internos as empresas contratam trabalhadores organizados de forma hierárquica e burocrática para a produção de seus produtos e serviços. Durante muito tempo a falta de sistemas de informação integrados exigiam uma forte interatividade entre os funcionários e fornecedores, gerando uma grande quantidade de reuniões e comunicação de voz e e-mails. Neste contexto, formou-se o paradigma que uma empresa deve ter funcionários que planejam, executam e controlam os processos produtivos, ou seja, uma visão verticalizada. A terceirização é aceita neste contexto como atividade operacional complementar e uma maneira para reduzir o custo da mão de obra. Nas últimas décadas, as empresas implantaram sistemas de gestão integrados (ERP) para operar e controlar todas as etapas da sua operação dentro do paradigma da verticalização. Fenômenos como a globalização, Internet, novas tecnologias da informação (Big Data, IoT, inteligência artificial e outras) e a massificação da produção nos países asiáticos mudaram as regras do jogo, exigindo que as organizações trabalhem por eventos para acompanhar a dinâmica do mercado. Para atingir altos níveis de produtividade e competitividade, resultando em produtos e serviços de qualidade e preço baixo, as empresas deverão se horizontalizar e permitir arranjos organizacionais múltiplos. A orquestração dos fatores produtivos deverá extrapolar ainda mais os limites das empresas. Os sistemas de informação e as organizações de TI deverão acompanhar essa dinâmica de mercado e transformações dos negócios.

    A rápida transformação do comportamento dos consumidores abrem e fecham janelas de oportunidades na mesma velocidade, essas janelas, ou eventos, devem ser tratados por especialistas para reestruturar ou criar novos produtos ou modelos de negócios para a empresa. Organizações estruturadas com base no modelo tayloriano têm fortes restrições para mudanças rápidas de produção. Obviamente, existem tipos de indústrias que trabalham com processos contínuos de produção que exigem o modelo tayloriano, como o processo de produção de leite pasteurizado. Entretanto, essa mesma indústria pode ter outros processos baseados em eventos para a produção de determinados tipos de queijo para acompanhar demandas de mercado. O exemplo mostra que as empresas para serem competitivas devem operar com arranjos organizacionais múltiplos.

    Manter recursos internos aguardando janelas de oportunidades é inviável, tanto do ponto de vista econômico como técnico, porque não é possível prever os recursos necessários para atender a novas demandas dos consumidores. A empresa que se diferenciará no mercado é aquela que tem a capacidade de orquestrar os fatores produtivos de forma rápida e eficiente, incluindo sistemas de informações capazes de se integrar a outros sistemas para criar fluxos de informação de controle.

    O modelo de organização por eventos pode chegar ao limite de criar empreendimentos apenas para atender demandas pontuais dos consumidores. Isso implica em criar sistemas de informações por tempo determinado configurados para integrar diferentes sistemas. Isso cria um novo desafio para as organizações de TI que terão que se organizar a partir de diferentes arranjos organizacionais, interagindo com sistemas de informação estrangeiros. Nessas organizações o responsável por TI terá o desafio de apenas orquestrar as informações de diferentes sistemas da cadeia de valor.

    Na prática, as novas organizações que adotarem o modelo por evento contratarão serviços de BPO (Business Process Outsourcing) com mão de obra qualificada operando com as melhores práticas de mercado apoiadas por sistemas de informação próprios ou de mercado configurados para suas necessidades.

    A grande diferença é que os BPOs contratados não se limitarão as atividades meio das empresas, mas também as atividades fins, quebrando os paradigmas das empresas tradicionais. Essa horizontalização das empresas, a principio não teria limites, salvo alguma restrição da legislação.

    Os desafios para a TI são grandes para atender aos novos modelos de negócios baseados em eventos, mesmo porque os fornecedores de software não estão preparados para operarem dentro desse modelo. A melhor opção é redirecionar o desenvolvimento de sistemas e investimentos em software para operar dentro do conceito de múltiplos arranjos organizacionais.

  • Sugestão de formação profissional para maximizar os investimentos e não se tornar obsoleto

    Os critérios de avaliação de um investimento em educação são os mesmos de qualquer outro empreendimento. Você deve avaliar o retorno do investimento (ROI) em um determinado período. Comercialmente, uma certificação para operar um determinado produto de um fornecedor tem um ótimo retorno de investimento se houver escassez de mão de obra no mercado. Esse é um bom investimento de curto prazo. Entretanto, nada se compara a um curso de formação em uma escola de boa reputação como investimento de longo prazo. Você precisa avaliar o seu momento profissional para avaliar o investimento. 
    No final do dia tudo é comércio. Você precisa agregar atributos de valor aos seus serviços. Para começar é necessário cursar uma faculdade de reputação para ter uma formação holística sobre ciências exatas, ciências humanas e, principalmente, trabalho em equipe e liderança. Estabeleça laços fortes de relacionamento com a turma, pois será a sua confraria para escalar o sucesso profissional.

    O próximo passo é apostar em uma tecnologia, seja qual for sua formação. Se você cursou finanças selecione uma tecnologia para modelagem de projetos financeiros. Se sua formação foi de engenharia civil escolha uma ferramenta para análise estrutural ou de CAD. Se for em engenharia mecânica ou elétrica uma tecnologia de automação industrial ou geração de energia renovável. Se sua formação for em análise de sistemas invista em uma certificação de um fornecedor. O importante nessa fase é saber operar ou configurar alguma ferramenta, pois ainda você não tem experiência suficiente para desenvolver projetos complexos. 

    Esqueça certificações em processos, pois as ferramentas dos fornecedores já contemplam as melhores práticas. Se você fez uma boa faculdade você deve ter aprendido os principais conceitos de gerenciamento de projetos, modelagem de processos, governança de TI e segurança da informação. Todas essas práticas são implementadas através de ferramentas de fornecedores, logo você terá um ROI mais atrativo na certificação em uma ferramenta do que de um framework de mercado. 

    Depois que você adquiriu alguma experiência profissional é hora de continuar sua formação acadêmica. Faça uma pesquisa com seus colegas da confraria da faculdade quais os MBA de melhor reputação no mercado. Analise os currículos dos professores, eles são o próximo alvo da sua rede de contatos. Muitos bons professores com posições executivas em grandes empresas estão em escolas que estão trabalhando duro para adquirir excelência no mercado educacional. Apenas para reforçar, um MBA (Master Business Administration) é um curso sobre técnicas avançadas de administração para solução de problemas complexos das organizações. Um MBA pode ter enfase em alguma área de negócios, como finanças. 

    A melhor alternativa seria tirar um ano sabático para cursar o MBA fora do Brasil, principalmente se o destino uma escola de boa reputação nos Estados Unidos. É uma boa oportunidade para repensar a carreira profissional e buscar novas tecnologias e tendências de mercado.

    Se sua opção for pelo aperfeiçoamento na sua área de atuação o caminho é fazer cursos de pós-graduação. Analise os currículos dos cursos, converse com os coordenadores e consulte sua confraria da faculdade. Veja se o conteúdo é mais avançado ou inédito daquele que você estudou na faculdade. Não esqueça de avaliar o currículo dos professores. Os cursos de pós-graduação são uma boa alternativa para reforçar e ampliar conceitos não abordados na faculdade, principalmente, os novos que chegaram com as recentes transformações dos negócios. Também é uma oportunidade para atualizar o seu currículo se você não teve a oportunidade de fazer uma escola de boa reputação.

    Lembre-se que como qualquer produto você pode se tornar obsoleto. Os cursos de certificação são como atualizações de aplicativos, os cursos de pós-graduação são novas versões de sistema operacional.