A digitalização da economia brasileira impôs um novo desafio estratégico aos líderes empresariais: garantir energia elétrica renovável, estável e rastreável para operações críticas — como é o caso dos data centers. Com o avanço das regulamentações ambientais, a pressão por compromissos ESG verificáveis e o crescimento da inteligência artificial em nuvem, os data centers tornaram-se peças centrais da competitividade empresarial. No entanto, o sucesso operacional e reputacional dessas infraestruturas depende de uma engenharia contratual precisa: os Power Purchase Agreements (PPAs).
Os PPAs renováveis são contratos de compra de energia de longo prazo que permitem ao consumidor adquirir diretamente da fonte geradora. No Brasil, onde a matriz elétrica é amplamente renovável, o interesse por esses instrumentos cresceu exponencialmente — mas ainda persiste uma lacuna crítica: muitos contratos ignoram os gargalos de transmissão, os riscos de curtailment e as limitações da infraestrutura óptica e digital que conecta os data centers aos seus mercados e clientes globais.
Este briefing sintetiza as principais conclusões de um estudo estratégico mais amplo, oferecendo aos conselheiros e altos executivos um panorama técnico, comercial e regulatório sobre a estruturação de PPAs renováveis para data centers no Brasil. É um convite à ação coordenada, antecipando riscos estruturais e aproveitando oportunidades regionais.
O Que São PPAs e Por Que Eles Importam
PPAs (Power Purchase Agreements) são contratos de compra e venda de energia celebrados entre um consumidor e um gerador, geralmente com prazos entre 10 e 20 anos. No contexto dos data centers, eles permitem:
Previsibilidade orçamentária frente à volatilidade do mercado livre;
Rastreabilidade de fonte renovável, com certificação (ex.: I-RECs);
Compromissos ESG tangíveis, com impacto direto na reputação institucional;
Redução de emissões de escopo 2, fundamentais para relatórios de sustentabilidade.
Entretanto, a estrutura inadequada de um PPA pode expor o consumidor a riscos ocultos, como a intermitência solar sem backup, incompatibilidade com a curva de carga do data center, ou ainda, restrições de transmissão entre a fonte geradora e o ponto de consumo.
A Importância da Localização e da Infraestrutura
Contratar energia renovável de forma eficiente exige mais do que escolher a fonte mais barata. É necessário considerar três dimensões complementares:
Infraestrutura elétrica: linhas de transmissão, disponibilidade horária da geração, capacidade de despacho e flexibilidade.
Infraestrutura óptica: presença de backbones, pontos de troca de tráfego (IX.br), redundância de rede e latência.
Conectividade internacional: proximidade com cabos submarinos e hubs digitais para exportação de serviços.
Esses fatores variam significativamente entre as regiões do Brasil, exigindo modelagens contratuais diferenciadas conforme o local do data center.
Análise Regional Estratégica
Com base nos mapas de transmissão elétrica, fibra óptica e cabos submarinos, destacam-se cinco regiões com perfis distintos para PPAs renováveis:
⚠️ Observação crítica: A região Nordeste, embora rica em energia renovável, já sofre com episódios de curtailment — ou seja, a produção de energia é temporariamente reduzida ou desperdiçada por falta de capacidade de escoamento. PPAs estruturados nessa região devem prever mecanismos contratuais de compensação ou complementaridade.
Riscos Emergentes e Senso de Urgência
Além dos riscos físicos e operacionais, os contratos de PPAs passam a enfrentar novos desafios regulatórios. O governo federal sinaliza uma revisão do modelo do setor elétrico por meio de medidas provisórias que ainda estão em tramitação. Essas mudanças podem alterar o regime de encargos, tarifas de uso e a dinâmica do mercado livre.
Diante disso, o senso de urgência é claro: empresas que estruturarem seus contratos agora — de forma técnica, robusta e alinhada com sua localização — terão vantagem competitiva sobre aquelas que aguardarem a definição regulatória final. Mais do que custo, trata-se de segurança de abastecimento e reputação institucional.
Conclusão: PPAs Como Ativos Estratégicos
Para conselheiros e executivos, entender PPAs não é mais uma questão técnica secundária. Trata-se de um instrumento estratégico de longo prazo, que impacta a eficiência operacional, a reputação da empresa e sua resiliência diante de crises energéticas ou climáticas.
A escolha da fonte, do parceiro e da modelagem contratual exige visão sistêmica: infraestrutura, regulação, curva de carga, rastreabilidade ambiental e integração digital devem estar no mesmo radar.
Ao estruturar um PPA com essas variáveis em mente, o conselho não apenas protege o presente da organização, como posiciona seu futuro.
Este estudo apresenta uma análise estratégica e técnica sobre o papel dos contratos de compra de energia de longo prazo (Power Purchase Agreements – PPAs) na viabilização de data centers de alta performance no Brasil. O foco central é oferecer aos conselheiros e executivos uma visão clara, aplicada e regionalizada sobre onde e como estruturar PPAs com energia renovável de forma segura, previsível e alinhada aos compromissos ESG — respeitando as especificidades da infraestrutura elétrica e óptica nacional.
Iniciamos explicando os fundamentos dos PPAs, suas vantagens frente ao mercado cativo e os riscos associados à contratação isolada de fontes intermitentes. A análise mostra que, embora o Brasil conte com uma matriz elétrica predominantemente renovável, a entrega firme de energia exige o uso combinado de fontes (como solar, eólica e hidrelétrica) e a compatibilidade entre a curva de geração e a curva de carga dos data centers.
Em seguida, examinamos a infraestrutura nacional sob duas perspectivas críticas: a malha elétrica de transmissão e a malha de conectividade digital, composta por fibras ópticas terrestres e cabos submarinos. Essa dupla análise evidencia que nem todas as regiões com geração renovável abundante estão prontas para suportar contratos de fornecimento firmes para grandes cargas de TI. Gargalos de transmissão, baixa capilaridade óptica e ausência de pontos de troca de tráfego (IX.br) são obstáculos recorrentes em regiões como o Norte e o Centro-Oeste.
Destacamos que os polos com maior atratividade técnico-operacional para PPAs em data centers são: (i) Fortaleza, pela combinação de geração eólica e solar com acesso direto a cabos submarinos internacionais; (ii) São Paulo e Rio de Janeiro, pela robusta malha elétrica e máxima densidade óptica; (iii) Porto Alegre, com opções híbridas de energia e conectividade crescente; e (iv) Salvador e Natal, com potencial de crescimento diante da expansão da conectividade internacional.
Por fim, o estudo propõe diretrizes práticas para a modelagem contratual de PPAs por região, considerando as variáveis técnicas, regulatórias e de mercado. Nosso objetivo é instrumentalizar os conselhos e a alta gestão na tomada de decisão sobre instalação e expansão de operações digitais intensivas em energia, com base em fundamentos técnicos e visão estratégica de longo prazo.
Este material foi elaborado para servir como referência qualificada em momentos de deliberação, planejamento e avaliação de riscos, reforçando o papel do conselho na criação de valor sustentável e resiliente no contexto da transição energética e da transformação digital.
Introdução — Por que os PPAs Importam para o Futuro dos Data Centers
A próxima década será marcada por uma aceleração simultânea de duas agendas estratégicas: a transição energética e a transformação digital. Em nenhuma outra infraestrutura isso é tão evidente quanto nos data centers — instalações críticas que operam 24 horas por dia, todos os dias do ano, consumindo grandes volumes de energia, processando dados em tempo real e servindo de base para tecnologias como inteligência artificial, computação em nuvem, internet das coisas e plataformas de streaming.
Com o avanço do mercado livre de energia no Brasil, executivos e conselheiros de empresas que operam ou contratam data centers se deparam com uma decisão estratégica: como garantir o fornecimento de energia renovável, confiável e competitiva para operações que não podem parar?
A resposta passa, cada vez mais, pelos chamados PPAs — Power Purchase Agreements, ou Contratos de Compra de Energia de Longo Prazo.
O que são PPAs?
PPAs são contratos firmados diretamente entre consumidores e geradores de energia, normalmente com prazos de 10 a 20 anos, fora do ambiente tradicional das distribuidoras. Eles surgiram como instrumentos para viabilizar projetos renováveis, oferecendo previsibilidade de receita aos geradores e previsibilidade de custo e origem da energia aos consumidores.
Nos data centers, os PPAs têm se tornado mecanismos estratégicos por três razões principais:
Estabilidade de custo — protegem contra oscilações de preço no mercado de curto prazo (PLD);
Reputação ESG — viabilizam o uso de energia rastreável (ex: I-RECs) para metas ambientais;
Segurança de fornecimento — podem ser desenhados para atender ao perfil horário da carga crítica.
Por que este estudo é necessário agora?
A recente abertura total do mercado livre para alta tensão no Brasil, combinada às novas Medidas Provisórias que reformam o setor elétrico, criou uma janela de oportunidade — e risco — para os consumidores estratégicos. No caso dos data centers, o desafio não é apenas contratar energia limpa, mas garantir que essa energia esteja disponível no momento e na quantidade necessária, com rastreabilidade e flexibilidade.
Há uma armadilha técnica comum: contratar apenas energia solar em PPA sem fontes complementares pode comprometer a operação de um data center no fim da tarde, quando a produção solar cai e a carga continua constante. Essa lacuna é preenchida por outras fontes do sistema — que nem sempre são renováveis.
Por isso, moldar corretamente um PPA é mais do que uma decisão financeira. É uma decisão estratégica que impacta o modelo de negócios, o posicionamento ESG e a continuidade operacional da empresa.
Tabela 1 – Por que o PPA é decisivo para data centers
Critério
Sem PPA (Spot ou Distribuidora)
Com PPA Estruturado (ACL)
Custo da energia
Volátil, exposto ao PLD e encargos
Previsível, com indexador fixo
Origem da energia
Indefinida, pode incluir térmicas
Definida (solar, eólica, UHE, etc.)
Rastreabilidade ESG
Limitada ou inexistente
Sim, via I-REC ou selo próprio
Cobertura horária
Nem sempre compatível com a carga
Pode ser moldada ao consumo
Risco de indisponibilidade
Alto (PLD horário, despacho térmico)
Baixo, se bem estruturado
Objetivo do estudo
Este estudo tem como objetivo orientar conselheiros e altos executivos sobre como estruturar contratos de energia renovável para data centers em diferentes regiões do Brasil, considerando:
A malha elétrica nacional e os gargalos de transmissão;
A infraestrutura de fibra óptica e cabos submarinos;
As características operacionais dos data centers;
E os impactos regulatórios das transformações em curso no setor energético brasileiro.
Mais do que identificar fontes renováveis, buscamos responder:
Onde e como firmar contratos que garantam energia limpa, segura e inteligente para operações digitais críticas?
Entendendo os PPAs: Contratos de Energia como Ativo Estratégico para Data Centers
Os contratos de compra de energia de longo prazo, conhecidos como PPAs (Power Purchase Agreements), estão se tornando ativos estratégicos para empresas com grande consumo energético — em especial, data centers. Com o avanço do mercado livre de energia no Brasil e o crescimento da pressão pública por compromissos ambientais reais, os PPAs têm ocupado o centro das decisões empresariais de médio e longo prazo.
Essa mudança de paradigma ocorre em meio a um ambiente regulatório em transição, com novas medidas provisórias reformando o modelo de contratação de energia, e com um setor cada vez mais orientado à eficiência, rastreabilidade e flexibilidade. Para conselheiros e executivos, entender o que são os PPAs, seus benefícios e riscos, é um passo essencial para garantir que as decisões sobre energia estejam alinhadas à estratégia corporativa, às exigências regulatórias e aos compromissos de sustentabilidade da organização.
Conceito de PPA (Power Purchase Agreement)
Um PPA é, em essência, um contrato bilateral de fornecimento de energia elétrica, celebrado diretamente entre um consumidor livre e um gerador de energia. Seu principal diferencial está na liberdade contratual: a empresa pode definir a fonte de energia desejada, o volume contratado, o perfil de entrega horária, o preço (geralmente fixo ou indexado) e diversas cláusulas de ajuste, flexibilidade e proteção regulatória.
Contrato de longo prazo (geralmente de 5 a 20 anos).
Firmado no Ambiente de Contratação Livre (ACL).
Define a fonte de energia (ex: solar, eólica, hídrica).
Pode incluir rastreabilidade ambiental (ex: certificados I-REC).
Customizável conforme o perfil de consumo da empresa.
Em um cenário onde as tarifas reguladas se tornam menos competitivas, os encargos sistêmicos aumentam, e a exposição ao Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) pode gerar perdas relevantes, os PPAs oferecem previsibilidade, estabilidade e posicionamento estratégico para operações críticas como as de data centers.
Benefícios para grandes consumidores e data centers
Data centers consomem energia de forma constante e ininterrupta, operando em regime 24/7, com altíssima exigência por confiabilidade e estabilidade. Em muitos casos, representam até 40% da pegada de carbono de grandes corporações — o que reforça a necessidade de energia limpa, rastreável e contratualmente bem estruturada.
Os principais benefícios de um PPA bem desenhado são:
Hedge de preço: proteção contra a volatilidade do PLD e dos encargos sistêmicos.
Rastreabilidade renovável: possibilidade de comprovar a origem limpa da energia por meio de certificados (ex: I-REC).
Alinhamento com compromissos ESG: atendendo exigências de investidores, clientes e agências de rating.
Adequação ao perfil de consumo: com contratos ajustados à curva horária do data center.
Vantagem competitiva internacional: especialmente para exportadores de serviços digitais, como hospedagem de nuvem e IA.
Riscos e armadilhas de um PPA mal estruturado
Apesar das vantagens, um PPA não é uma solução genérica. A ausência de conhecimento técnico no momento da contratação pode transformar uma oportunidade em um passivo contratual e reputacional. Alguns riscos frequentes incluem:
Exposição à intermitência: contratar apenas solar pode deixar o consumidor vulnerável nos períodos sem sol, obrigando-o a comprar energia do sistema — que pode incluir térmicas.
Falta de modulação horária: contratos sem ajuste à curva de carga real geram sobras ou déficits financeiros.
Ausência de cláusulas regulatórias: diante de um setor em mudança, não prever mecanismos de adaptação pode comprometer a validade econômica do contrato.
Greenwashing involuntário: empresas que divulgam metas de neutralidade, mas operam com energia intermitente sem cobertura firme, podem comprometer sua reputação.
Comparando modelos de fornecimento: PPA x modelo tradicional
Para conselheiros que precisam tomar decisões com base em cenários comparativos, a tabela a seguir resume os principais contrastes entre operar com ou sem PPA no contexto de um data center:
Critério
Sem PPA (modelo tradicional)
Com PPA estruturado
Fonte de energia
Indefinida (sistema interligado, inclui térmicas)
Definida (solar, eólica, hídrica, híbrida)
Preço
Volátil, exposto ao PLD e encargos
Previsível, com cláusula de reajuste
Compatibilidade com curva horária
Nenhuma
Alta, com possibilidade de entrega moldada
Rastreabilidade ESG
Limitada
Alta (I-REC, auditoria externa)
Flexibilidade regulatória
Inexistente
Incluída contratualmente (se bem redigido)
Segurança reputacional
Frágil
Robusta, com aderência a compromissos públicos
O papel do conselho na governança de contratos de energia
Em um mundo onde a energia passou a ser tratada como infraestrutura estratégica, os contratos de fornecimento — especialmente de longo prazo — não podem ser delegados exclusivamente a áreas técnicas. Devem ser integrados à governança da empresa.
Conselhos bem informados exercem um papel crítico na supervisão de três frentes:
Alinhamento estratégico: o contrato de energia precisa estar conectado à ambição de crescimento, ao plano de digitalização e às metas ESG da empresa.
Gestão de risco regulatório: cláusulas contratuais precisam prever o impacto de futuras mudanças no modelo do setor elétrico.
Preservação de reputação: a origem da energia consumida pode ser tão relevante para a imagem da empresa quanto suas práticas trabalhistas ou fiscais.
Ao final, um PPA bem estruturado se torna um diferencial competitivo. Já um contrato mal planejado pode gerar desequilíbrios operacionais, surpresas orçamentárias e perdas reputacionais de difícil reparo.
No próximo capítulo, analisaremos o momento atual do setor elétrico brasileiro, com ênfase nas reformas em curso e nos desafios que impactam diretamente os contratos de longo prazo. Compreender esse cenário é essencial para evitar armadilhas e preparar sua organização para o futuro energético que se desenha.
O Setor Elétrico Brasileiro em Transição: Novas Regras, Velhos Riscos e Impactos nos Contratos de Longo Prazo
O setor elétrico brasileiro está passando por uma transição profunda. Mudanças regulatórias já em curso, somadas a propostas legislativas ainda em debate, estão remodelando a forma como a energia é contratada, remunerada e despachada. Para conselheiros e executivos, esse cenário exige atenção redobrada — sobretudo quando se trata de contratos de longo prazo como os PPAs, que podem ser diretamente afetados pelas futuras regras do jogo.
As transformações não são pontuais. Elas fazem parte de uma agenda ampla de modernização do setor, impulsionada pela abertura do mercado livre, pela digitalização do sistema e pela urgência climática. O Brasil ainda opera sob um modelo concebido nos anos 1990, baseado em concessões regionais, tarifas reguladas e centralização das decisões de investimento. Esse modelo já não dá conta da complexidade atual — onde a demanda se desloca, as fontes são intermitentes e os consumidores querem decidir de onde sua energia vem.
Diante disso, o governo federal e os órgãos reguladores (ANEEL, CCEE, ONS e EPE) vêm articulando medidas para redesenhar o setor. O processo está em andamento, mas seus efeitos já começaram a ser sentidos nos contratos em vigor e nas projeções de viabilidade de novos projetos.
O que está mudando no setor elétrico
A abertura total do mercado livre para consumidores de alta tensão, em vigor desde 2024, foi o primeiro marco. Com isso, qualquer empresa que consuma acima de 500 kW pode escolher seu fornecedor de energia, contratando diretamente geradores ou comercializadoras. Na prática, isso universalizou a possibilidade de PPAs — antes restrita a grandes indústrias — para setores como data centers, varejo, mineração e agronegócio.
Paralelamente, medidas provisórias e propostas de lei discutem a criação de um mercado de capacidade, onde geradores seriam remunerados não apenas pela energia entregue, mas também pela disponibilidade de potência em horários críticos. Isso tem impacto direto na precificação dos contratos, sobretudo para fontes intermitentes como solar e eólica.
Outros pontos em debate incluem:
O fim dos subsídios às fontes incentivadas (como solar e eólica) no mercado livre, que impacta diretamente o custo final do PPA.
A introdução do sinal locacional de preço, que poderá valorizar ou penalizar a energia conforme o ponto de entrega e a carga local.
A expansão da responsabilidade pelo pagamento de encargos sistêmicos, que pode recair também sobre consumidores livres e alterar a rentabilidade de contratos em vigor.
A reformulação dos critérios de despacho pelo ONS, priorizando flexibilidade e serviços ancilares, além do menor custo marginal.
Como essas mudanças afetam os PPAs
Contratos de longo prazo precisam prever que o setor elétrico é regulado — e que a regulação muda. Um PPA assinado hoje pode se tornar economicamente inviável se não tiver cláusulas que permitam revisão, ajuste ou reequilíbrio contratual diante de alterações legais.
As mudanças em curso afetam especialmente:
O valor da energia contratada: com o fim de isenções ou o surgimento de encargos, o custo final pode aumentar.
A viabilidade de projetos com fonte única: geradores solares ou eólicos isolados podem enfrentar dificuldades para operar em um sistema que começa a exigir entrega firme e flexível.
A rastreabilidade ambiental: dependendo das novas regras de despacho, uma empresa que contrata energia renovável pode, em horários críticos, estar sendo atendida por uma térmica despachada pelo ONS — sem saber.
A formação de preço horário: mudanças no modelo de precificação podem beneficiar quem contrata energia firme e penalizar quem depende de entregas concentradas em poucas horas.
O que o conselho precisa considerar ao analisar um PPA
Diante dessa transição, conselheiros devem tratar os PPAs como contratos vivos, e não como documentos estanques. É essencial que o processo de avaliação leve em conta:
O horizonte regulatório de 10 a 20 anos, especialmente se a empresa pretende usar o contrato como alavanca para metas ESG ou expansão operacional.
A origem e o perfil da energia contratada, considerando sua compatibilidade com o padrão de consumo do negócio.
A localização do ponto de entrega da energia, que poderá influenciar custos adicionais com encargos locacionais.
A existência de cláusulas de adaptação regulatória: mecanismos que permitam renegociação ou reequilíbrio se houver mudança na regra do setor.
A tabela a seguir resume os principais vetores de mudança e sua relação com os PPAs:
Mudança em curso
Impacto direto nos contratos de PPA
Fim de subsídios às renováveis
Aumento do custo de geração contratado
Sinal locacional de preço
Penalização para contratos distantes dos centros
Mercado de capacidade
Valorização da flexibilidade e da potência firme
Exposição a encargos sistêmicos
Redução da previsibilidade financeira
Formação de preço horário
Risco de exposição nos horários sem geração própria
Regras de despacho mais exigentes
Necessidade de fontes firmes ou híbridas
Considerações finais
O setor elétrico brasileiro vive uma inflexão. As mudanças são inevitáveis, mas ainda pouco compreendidas fora dos círculos técnicos. Para empresas que operam data centers ou grandes estruturas consumidoras de energia, antecipar essas transformações é essencial.
Conselhos e alta gestão precisam olhar para os PPAs com a mesma atenção que dedicam a contratos de financiamento, aquisições ou expansão internacional. A energia, neste novo cenário, deixa de ser insumo e passa a ser componente estratégico de posicionamento, continuidade e reputação corporativa.
No próximo capítulo, analisaremos a infraestrutura elétrica e de conectividade no Brasil, identificando as regiões com maior atratividade para implantação ou expansão de data centers, considerando não apenas a fonte de energia disponível, mas também a capacidade de entrega, resiliência e conexão com redes globais de dados.
Infraestrutura Elétrica e Óptica no Brasil: Onde Estão as Condições Técnicas para PPAs Robustos
A contratação de energia renovável para data centers por meio de contratos de longo prazo — os chamados PPAs (Power Purchase Agreements) — não deve ser guiada apenas por preço ou por metas de sustentabilidade. É essencial garantir que essa energia possa, de fato, ser entregue ao ponto de consumo com qualidade, estabilidade e rastreabilidade. Para isso, dois sistemas críticos precisam ser avaliados em conjunto: a infraestrutura elétrica, responsável pela entrega da energia, e a infraestrutura óptica, que assegura a conectividade digital e a redundância de dados.
No caso de data centers, essa dupla infraestrutura é especialmente sensível. Esses empreendimentos operam com tolerância zero a falhas, tanto no fornecimento de energia quanto na conectividade de dados. Uma interrupção de minutos pode gerar perdas financeiras bilionárias e impactos sistêmicos sobre plataformas de e-commerce, inteligência artificial, bancos digitais e serviços públicos. Por isso, a escolha do local onde se instala um data center — e o tipo de contrato de energia firmado — deve considerar rigorosamente a capacidade técnica de entrega contínua de energia e dados.
Malha Elétrica: Capacidade Instalada, Interligações e Gargalos
O Brasil opera sob um sistema quase totalmente integrado de geração e transmissão elétrica, conhecido como Sistema Interligado Nacional (SIN). Essa rede, coordenada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), conecta as principais regiões do país e permite o intercâmbio de energia entre diferentes fontes e localidades.
Contudo, essa interligação é assimétrica. As regiões Norte e Nordeste concentram os maiores polos de geração solar e eólica, impulsionadas pela qualidade dos ventos e alta irradiação solar. Porém, o Sudeste — que concentra a maior parte dos data centers — enfrenta limitações de escoamento para receber essa energia renovável. As linhas de transmissão entre Bahia e Sudeste, por exemplo, já operam em níveis críticos em certos horários do dia.
Uma nova linha de corrente contínua (HVDC) está em construção para ampliar a transferência energética entre as regiões, mas sua conclusão ainda levará tempo. Enquanto isso, a entrega firme de energia renovável para o Sudeste permanece restrita.
Outro aspecto relevante é a disponibilidade de usinas hidrelétricas com reservatórios (UHEs) nas regiões Sudeste e Sul. Essas usinas são moduláveis — ou seja, conseguem compensar variações da geração solar ao longo do dia, o que é crucial para atender à carga constante dos data centers, especialmente nos horários de entardecer e à noite, quando a geração solar decresce rapidamente.
Mapa do SIN – Infraestrutura de Transmissão de Energia Elétrica no Brasil (Fonte: ONS, 2025)
Malha Óptica Terrestre: Conectividade, Redundância e Capilaridade
Se por um lado a energia sustenta o funcionamento físico dos servidores, por outro, a fibra óptica garante a operação digital dos data centers. É por meio dela que dados trafegam com baixa latência, alta velocidade e confiabilidade. Para data centers de grande porte ou voltados à exportação de serviços digitais, essa infraestrutura é tão estratégica quanto a energia elétrica.
As regiões Sudeste e Sul apresentam os backbones ópticos mais robustos, com alta densidade de fibras, múltiplas rotas redundantes e ampla integração com os pontos de troca de tráfego do IX.br. As cidades de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro se destacam como os principais nós dessa malha. No Sul, o eixo Porto Alegre–Curitiba–Joinville mostra boa cobertura, em expansão.
O Nordeste também começa a se destacar, especialmente nos corredores ópticos entre Fortaleza, Recife e Salvador. Essas cidades, além de conectadas por rotas terrestres, também funcionam como pontos de aterragem de cabos submarinos internacionais, agregando valor logístico para data centers voltados à conectividade global.
Já as regiões Centro-Oeste e Norte ainda possuem cobertura mais limitada, com menor redundância, o que pode representar risco para serviços que exigem alta disponibilidade de rede.
Mapa de Backbones Ópticos no Brasil (Fonte: ITU / MCTI, 2025)
O tráfego nos PTTs também revela padrões importantes sobre a maturidade digital das cidades brasileiras. Como mostra o gráfico agregado do IX.br, São Paulo lidera amplamente em volume diário de dados, seguido por Fortaleza, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Essas cidades concentram os principais data centers em operação no país, com infraestrutura de fibra redundante e integração internacional. Em contraste, localidades com baixa presença de tráfego óptico sustentam nossa avaliação de menor atratividade para contratos de PPA aplicados a empreendimentos digitais de missão crítica.
O gráfico a seguir mostra o tráfego diário agregado nos Pontos de Troca de Tráfego (IX.br) nas principais cidades do Brasil. Os dados reforçam a assimetria na maturidade digital entre regiões, essencial para decisões sobre localização de data centers.
Fonte: IX.br, 20 de julho de 2025.
O gráfico apresenta o tráfego agregado diário nos Pontos de Troca de Tráfego (PTTs) do IX.br — a principal infraestrutura de interconexão da internet no Brasil. A curva mostra o volume de dados trafegados ao longo de 24 horas, medido em terabits por segundo (Tbps). Observa-se um comportamento típico de carga digital: o tráfego aumenta ao longo do dia, atinge seu pico entre 18h e 22h e cai durante a madrugada, com retomada progressiva nas primeiras horas da manhã. Esse padrão é particularmente relevante para contratos de energia (PPAs), pois evidencia a sincronização entre consumo digital e consumo energético em data centers.
Abaixo da curva, a tabela detalha o tráfego individual por cidade. São Paulo lidera com ampla vantagem (pico de 24,25 Tbps e média de 15,49 Tbps), consolidando-se como o principal hub digital do país. Fortaleza, com pico superior a 5 Tbps, destaca-se como o segundo maior ponto de interconexão, apoiado por sua conectividade internacional via cabos submarinos. Outras cidades como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília também mostram volumes expressivos, reforçando sua importância como polos secundários. Já cidades como Palmas (TO), Boa Vista (RR) e Rio Branco (AC) apresentam valores muito baixos, indicando limitações significativas na infraestrutura óptica — o que compromete sua atratividade técnica para projetos intensivos em dados, como data centers.
Essa assimetria reforça a necessidade de avaliar a infraestrutura digital local ao estruturar contratos de PPA, principalmente em projetos que visam exportação de serviços digitais, uso intensivo de IA ou operação contínua com baixa latência.
Cabos Submarinos: As Portas Digitais do Brasil para o Mundo
O Brasil está conectado ao restante do planeta por uma malha de cabos ópticos submarinos, que garantem o tráfego de dados internacionais. Esses cabos conectam o país aos Estados Unidos, Europa e África, e aterrissam em cidades estratégicas ao longo do litoral.
A cidade de Fortaleza (CE) se destaca como o principal hub internacional do Brasil. Abriga múltiplos cabos submarinos — como EllaLink, Seabras-1 e Monet — e possui infraestrutura local avançada, com IX.br dedicado. Essa combinação torna a cidade altamente atrativa para data centers com foco em exportação de serviços digitais com latência ultrabaixa.
Outros pontos relevantes de aterragem são o Rio de Janeiro (RJ) e Praia Grande (SP), ambos com grande capacidade de tráfego e integração com a malha terrestre nacional. Salvador (BA) e Natal (RN), embora menos consolidadas, mostram potencial de crescimento, principalmente com a interiorização da fibra e a criação de novos edge data centers.
Figura: Mapa de Cabos Submarinos da América do Sul (Fonte: Greg’s Cable Map / ITU)
Tabela de Atratividade Técnico-Operacional para Data Centers com PPAs Renováveis
Abaixo, reunimos as principais regiões com potencial técnico-operacional para receber data centers de grande porte, considerando simultaneamente a qualidade da infraestrutura elétrica, óptica e a conectividade internacional.
Alta (proximidade Praia Grande, hubs internacionais)
🔵🔵🔵 Alta
Fortaleza (CE)
Solar + Eólica (alta geração)
Boa capilaridade óptica, IX.br com pico de 5,24 Tbps
Excelente (maior hub de cabos submarinos do Brasil)
🔵🔵🔵 Alta
Rio de Janeiro (RJ)
Solar + UHEs
Alta densidade óptica, IX.br com tráfego relevante
Boa (cabo submarino direto + integração nacional)
🔵🔵🔵 Alta
Porto Alegre (RS)
Solar + Eólica + backup térmico
Boa estrutura, IX.br com tráfego ainda moderado (1 Tbps)
Conectável via backbone terrestre ao Sudeste
🔵🔵 Média-Alta
Salvador (BA)
Solar + Eólica
Capilaridade em crescimento, tráfego de IX.br com 337 Gbps
Em consolidação (alguns cabos submarinos)
🔵🔵 Média
Natal (RN)
Solar + Eólica
IX.br com tráfego moderado (37 Gbps), potencial de crescimento
Boa proximidade com rotas internacionais
🔵🔵 Média
Brasília (DF)
UHE + PCHs
Alta média de tráfego óptico (>600 Gbps), mas sem saída internacional
Depende da integração com Sudeste
🔵🔵 Média
Centro-Oeste / Norte
Hidro abundante, porém mal escoada
Limitada capilaridade óptica, tráfego baixo (<100 Gbps)
Isolada dos cabos submarinos
🔵 Baixa
Considerações Adicionais
Contratar energia renovável para data centers por meio de PPAs é uma decisão que deve considerar muito mais do que o custo da fonte geradora. A robustez técnica do contrato depende da existência de infraestrutura elétrica capaz de entregar a energia contratada com estabilidade e rastreabilidade, bem como da presença de redes ópticas que assegurem conectividade de alto desempenho — tanto para o território nacional quanto para os principais hubs internacionais.
A análise combinada da malha de transmissão de energia, da infraestrutura de fibra óptica terrestre e dos pontos de aterrissagem de cabos submarinos mostra que as regiões brasileiras não oferecem condições homogêneas para sustentar operações digitais de alta criticidade. Enquanto São Paulo e Fortaleza despontam como locais altamente preparados, outras regiões ainda enfrentam gargalos significativos.
Para conselheiros e executivos, compreender essa geografia energética e digital é essencial para:
Mitigar riscos operacionais decorrentes de falhas energéticas ou de conectividade;
Estruturar contratos de fornecimento (PPAs) aderentes à curva de carga dos data centers;
Sustentar compromissos de descarbonização e conformidade ESG com rastreabilidade energética;
Maximizar a competitividade em serviços digitais com baixa latência e alta disponibilidade.
Em um cenário de transição regulatória e expansão da infraestrutura nacional, a localização do data center e o desenho técnico-comercial do PPA devem caminhar juntos. Esta é uma responsabilidade que ultrapassa a esfera técnica e deve ser endereçada diretamente nas discussões estratégicas do conselho.
No próximo capítulo, faremos uma análise regional detalhada, com recomendações práticas sobre como estruturar PPAs renováveis para data centers de acordo com o perfil técnico e de conectividade de cada região do Brasil.
Como Estruturar um PPA Robusto para Data Centers
Assinar um contrato de fornecimento de energia de longo prazo — um PPA — é mais do que uma decisão de compra. Trata-se de uma estratégia estruturante para garantir a operação contínua de uma infraestrutura crítica. No caso dos data centers, onde a energia é insumo vital e a estabilidade é condição inegociável, a modelagem desse contrato exige atenção especial a aspectos técnicos, regulatórios e operacionais que vão além do simples custo por megawatt-hora.
Neste capítulo, exploramos os elementos essenciais para a estruturação de um PPA robusto voltado a data centers no Brasil. Partimos da premissa de que a energia renovável é um vetor estratégico, mas que seu uso exige cautela diante da intermitência, do risco de curtailment e da necessidade de alinhamento com a curva de carga. A estrutura do contrato deve ser capaz de mitigar esses riscos sem comprometer a viabilidade econômica e os compromissos ambientais assumidos pela empresa.
A abordagem inclui questões como a escolha da matriz ideal (complementaridade entre fontes), cláusulas de flexibilidade horária, estratégias de backup, critérios de rastreabilidade (como I-RECs), garantias de entrega, e eventuais contratos complementares de curto prazo para cobertura residual. Também abordamos a importância de alinhar a modelagem do PPA à localização do data center — especialmente em relação à disponibilidade da infraestrutura de transmissão e conectividade óptica.
Nosso objetivo é oferecer, neste capítulo, um roteiro claro e prático para conselheiros e executivos que precisam tomar decisões com impacto de longo prazo, equilibrando previsibilidade de custos, solidez contratual e aderência às metas de sustentabilidade e resiliência digital.
Região Sudeste: Centro de Consumo com Flexibilidade Hidrelétrica e Densidade Óptica
A região Sudeste é, historicamente, o epicentro do consumo elétrico e da infraestrutura digital do Brasil. Com polos como São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, concentra grande parte dos data centers, exchanges financeiras, empresas de tecnologia, instituições públicas e operadoras de telecom.
Além do peso econômico, a região também possui condições privilegiadas para modelagem de PPAs renováveis com menor exposição a riscos técnicos, quando comparada a outras regiões do país.
Pontos Fortes
Alta densidade de usinas hidrelétricas (UHEs e PCHs), com capacidade de modulação de carga — fundamental para contratos que exigem estabilidade.
Crescimento significativo da geração solar distribuída e de médio porte, o que viabiliza PPAs híbridos com entrega firme.
Densidade máxima da malha óptica terrestre, com presença de múltiplos backbones, redes metropolitanas, IX.br e operadoras neutras.
Conectividade internacional via cabos submarinos aterrados em Praia Grande (SP) e Rio de Janeiro (RJ), com latência competitiva.
Condições Técnicas para PPAs
Diferente do Nordeste, a região Sudeste não sofre com curtailment severo, pois o consumo é elevado e a infraestrutura de transmissão interna é robusta. Além disso, a presença de hidrelétricas com reservatórios oferece capacidade de ajuste de entrega, o que é essencial para suprir a curva de carga constante dos data centers, sobretudo ao entardecer — quando a geração solar declina.
Riscos Pontuais
Apesar da alta confiabilidade, há dependência de algumas interligações críticas com outras regiões — gargalos entre Norte e Sudeste podem afetar o intercâmbio nacional.
A competitividade entre consumidores por contratos renováveis firmes pode pressionar preços em algumas áreas, exigindo planejamento antecipado.
Recomendações Estratégicas
Priorizar contratos híbridos combinando solar com hidrelétrica modulável (PCH/UHE) ou usinas com baterias (BESS), especialmente em modelos sleeved.
Avaliar o uso de PPAs estruturados por horário, ajustando o perfil de entrega à curva de consumo do data center.
Aproveitar a proximidade com hubs ópticos e cabos submarinos para reforçar a vantagem competitiva do local.
Estruturar cláusulas que permitam renegociação em caso de mudanças regulatórias, dada a transição do setor elétrico com as novas MPs.
Visão Executiva
Instalar ou ampliar operações de data centers na região Sudeste ainda é, sob o ponto de vista técnico-operacional, a escolha mais segura e estratégica no país. A previsibilidade da entrega elétrica, aliada à conectividade digital redundante e à capacidade de integração com outras regiões, tornam os PPAs nesta região mais simples de estruturar e menos vulneráveis a choques sistêmicos.
Região Sul: Potencial Híbrido com Eólica, Solar e Gás Natural
A Região Sul do Brasil vem se consolidando como uma alternativa técnica robusta e regionalmente autônoma para projetos de data centers de alta performance, como exemplifica o megaprojeto da SCALA em Eldorado do Sul (RS). A combinação de recursos energéticos diversificados e infraestrutura crescente de conectividade digital posiciona o Sul como um território de PPAs customizáveis e resilientes.
Pontos Fortes
Fontes renováveis diversas: presença de usinas solares no interior e eólicas no litoral sul do RS.
Capacidade de backup térmico, com destaque para a termelétrica a gás de Uruguaiana, próxima à fronteira com a Argentina.
Expansão da malha de fibra óptica nos eixos Porto Alegre–Curitiba–Joinville, com crescente atuação de operadoras neutras e ISPs regionais.
Interligação com o sistema nacional e possibilidade de intercâmbio com a Argentina em emergências.
Condições Técnicas para PPAs
A combinação de eólica e solar, somada à possibilidade de uso estratégico de fontes térmicas a gás em horários críticos, permite modelagens sofisticadas de PPAs. A presença de PCHs e a conectividade com o Sudeste agregam segurança ao abastecimento, especialmente para contratos com cargas críticas como as de data centers.
Riscos Pontuais
A curva de geração das fontes intermitentes ainda exige modulação — seja via PCH, seja por BESS (armazenamento).
A conectividade internacional depende de backbones terrestres, pois a região ainda não possui pontos de aterrissagem de cabos submarinos.
Capacidade de tráfego óptico ainda inferior à do Sudeste e Nordeste, o que pode limitar serviços de exportação digital.
Recomendações Estratégicas
Estruturar PPAs híbridos com solar e eólica, com contratos de lastro complementar via térmica a gás ou UHE.
Monitorar a expansão de rotas ópticas e IX regionais para avaliar o momento ideal de operação plena ou escalonamento.
Priorizar cláusulas contratuais que considerem a sazonalidade do regime solar/eólico no RS e em SC.
Visão Executiva
O Sul se posiciona como um território tecnicamente robusto e geopoliticamente estável para data centers regionais ou edge. A diversificação energética, somada à capacidade de resposta térmica e à conectividade em amadurecimento, oferece segurança e flexibilidade para PPAs de médio e longo prazo, especialmente em empreendimentos com necessidade de contingência energética.
Região Nordeste: Potência Renovável com Riscos de Curtailment
O Nordeste brasileiro é um verdadeiro celeiro de energia renovável. Estados como Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí concentram os maiores complexos de energia solar e eólica da América Latina. No entanto, o desafio está na entrega eficiente e contínua dessa energia para grandes consumidores como data centers — especialmente em contextos de curtailment crescente.
Pontos Fortes
Altíssima geração de energia solar e eólica, com fator de capacidade competitivo internacionalmente.
Proximidade com os principais hubs de cabos submarinos — especialmente em Fortaleza, o maior polo óptico do país.
Tráfego expressivo nos IX.br de Fortaleza e Salvador, com crescente presença de ISPs de alta performance.
Incentivos estaduais para projetos tecnológicos e exportação de serviços digitais.
Riscos Técnicos e Comerciais
Curtailment frequente em horários de pico de geração solar/eólica, especialmente quando a demanda local é insuficiente e há restrições na transmissão para o Sudeste.
Gargalos estruturais em linhas de transmissão entre Bahia e Sudeste, ainda em processo de expansão.
Exposição elevada a variações climáticas sazonais e à intermitência se não houver estruturação contratual adequada.
Recomendações Estratégicas
Estruturar PPAs com fontes híbridas ou complementares (solar + eólica com PCH, ou solar + armazenamento).
Garantir cláusulas de entrega física firme e rastreabilidade I-REC, evitando riscos de reputação ESG.
Avaliar projetos de data centers com foco em exportação digital a partir de Fortaleza ou Salvador, aproveitando o backbone internacional.
Visão Executiva
O Nordeste oferece uma proposta de valor agressiva e moderna, mas que exige inteligência contratual e planejamento de infraestrutura. Para conselheiros e decisores, a região representa uma oportunidade estratégica para internacionalização digital e imagem ESG, desde que acompanhada de garantias técnicas sólidas de entrega.
Região Norte e Centro-Oeste: Potencial Energético Isolado e Conectividade Limitada
As regiões Norte e Centro-Oeste possuem grande potencial hidrelétrico e crescente inserção solar — especialmente em Mato Grosso e Tocantins. No entanto, a infraestrutura de transmissão e conectividade óptica ainda são restritivas, o que limita a atratividade para instalação de grandes data centers.
Pontos Fortes
Disponibilidade de energia hídrica em regiões como Rondônia, Pará e Goiás.
Expansão da geração solar distribuída em áreas urbanas do Centro-Oeste.
Incentivos fiscais estaduais para tecnologia e infraestrutura.
Desvantagens Técnicas
Backbones ópticos esparsos, com poucas rotas redundantes e baixa capilaridade digital.
Longas distâncias até os hubs internacionais, o que aumenta a latência e reduz a competitividade digital.
Dependência de backhaul via satélite ou torres de rádio em áreas remotas.
Riscos para PPAs
Baixa previsibilidade de entrega contínua para cargas críticas como as de data centers.
Descompasso entre a geração e a demanda local, dificultando o equilíbrio de carga.
Dificuldade em garantir redundância elétrica e digital simultaneamente.
Recomendações Estratégicas
Utilizar essas regiões como base para créditos de energia (I-RECs), e não como ponto direto de consumo de data centers.
Monitorar o avanço da malha óptica e da nova fronteira agrícola-tecnológica como potencial de médio prazo.
Avaliar parcerias regionais para instalação de edge computing em escala limitada.
Visão Executiva
Norte e Centro-Oeste são regiões com potencial energético ainda subaproveitado, mas que carecem de maturidade de infraestrutura para suportar operações digitais de missão crítica. A curto prazo, servem melhor como parceiras de compensação energética do que como sede para data centers de grande porte.
Conclusões Estratégicas para Conselhos e Próximos Passos
À medida que os data centers assumem um papel central na economia digital — sustentando operações de IA, serviços financeiros, redes sociais, plataformas públicas e comércio eletrônico — a decisão sobre onde instalar e como abastecer essas infraestruturas se torna estratégica para os conselhos de administração. A escolha de um PPA (Power Purchase Agreement) de longo prazo, especialmente com energia renovável, deixa de ser apenas uma ação operacional e se transforma em elemento central da governança energética e digital da empresa.
O que este estudo demonstrou
Este estudo trouxe evidências técnicas, regulatórias e estratégicas que sustentam três conclusões principais:
Nem toda energia renovável é igualmente viável para data centers. Curtailment, intermitência e limitações de transmissão afetam diretamente a entrega contratual e a reputação ESG.
A infraestrutura de fibra óptica é tão crítica quanto a elétrica. A redundância, a latência e a integração com redes internacionais definem a capacidade do data center de atuar em cloud, edge, IA e exportação digital.
Há regiões com vantagens competitivas claras. O Nordeste (especialmente Fortaleza), o Sudeste (RJ e SP) e parte do Sul (Porto Alegre e eixo Curitiba–Joinville) combinam geração renovável firme, conectividade robusta e ambiente regulatório mais previsível.
Implicações para conselhos e altos executivos
Diante deste cenário, o papel do conselho é:
Mapear riscos contratuais em PPAs mal estruturados, especialmente aqueles baseados em fonte única (como solar isolada).
Aprovar critérios técnicos mínimos para a escolha de localizações de novos data centers ou ampliação dos existentes.
Exigir rastreabilidade e garantias contratuais de entrega firme de energia, combinando fontes renováveis com mecanismos de backup ou flexibilidade.
Inserir conectividade digital como parte da estratégia energética, integrando decisões de TI, engenharia e sustentabilidade.
Próximos Passos Recomendados
Etapa Estratégica
Objetivo
Responsável Sugerido
Diagnóstico de contratos energéticos atuais
Identificar riscos de intermitência, curtailment e exposição ao PLD
Diretoria de Engenharia + Jurídico
Mapeamento técnico de sites estratégicos
Avaliar localizações com melhor infraestrutura energética e óptica
Engenharia + TI + Sustentabilidade
Estudo de viabilidade de PPA híbrido
Definir modelo de contratação mais adequado por região
Consultoria externa + PMO
Negociação com geradoras e agregadores
Obter propostas com garantias de entrega e rastreabilidade
Comercial + Jurídico
Elaboração de política de energia para missão crítica
Formalizar diretrizes para data centers e operações digitais
Conselho + Presidência
Conclusão Final
O Brasil vive um momento singular, com grande oferta de energia renovável, expansão da malha óptica e internacionalização digital. Entretanto, aproveitar esse potencial exige mais do que entusiasmo: exige disciplina técnica, visão estratégica e governança ativa por parte de conselhos e altos executivos.
PPAs para data centers não são apenas contratos de fornecimento. São decisões estruturantes de posicionamento competitivo, reputação ESG e continuidade operacional. E, como demonstrado neste estudo, essas decisões precisam estar amparadas por dados técnicos, mapas de infraestrutura e visão sistêmica de futuro.
O setor elétrico brasileiro atravessa um momento decisivo de transformação regulatória. Junho/Julho de 2025 marcou o avanço de medidas que reestruturam subsídios, modernizam as redes de distribuição e criam um ambiente mais atrativo para investimentos em renováveis, data centers e infraestrutura crítica.
As mudanças exigem atenção imediata de conselhos de administração e executivos seniores — especialmente quanto a riscos contratuais, CAPEX regulatório e posicionamento competitivo frente às novas diretrizes do MME e da ANEEL.
Principais Destaques Regulatórios
Fim dos Descontos no Fio (Portaria MME nº 843/2025)
A proposta de encerramento dos descontos nas tarifas de uso das redes para o segmento de consumo terá efeito a partir de 2026. Apenas contratos registrados até 31 de dezembro de 2025 manterão o benefício.
Implicação direta: aumento estrutural do custo de energia para grandes consumidores e autoprodutores.
Mecanismo Concorrencial para Litígios do MRE
O MME propôs um modelo de cessão de dívida entre agentes do setor para liquidar ações judiciais ligadas ao risco hidrológico (GSF). O processo será coordenado pela CCEE.
Vantagem estratégica: redução de passivos judiciais e regularização da situação de geradoras hidrelétricas.
Decisão sobre a RBSE reduz encargos
A ANEEL corrigiu a metodologia de cálculo dos ativos da Rede Básica do Sistema Existente (RBSE), resultando em uma economia estimada de R$ 5,6 bilhões nas tarifas até 2028.
Iniciativas para Inovação e Expansão
Digitalização obrigatória nas concessões de distribuição
O MME determinou diretrizes que tornam a digitalização — com foco em medidores inteligentes, transparência de dados, canais digitais e resiliência climática — uma exigência contratual para concessões renovadas entre 2025 e 2031.
Sinal claro: modernização das redes passa a ser condição para continuidade dos contratos.
Regulação das Eólicas Offshore
Avançam os preparativos para o Portal Único para Gestão do Uso de Áreas Offshore (PUG-Offshore), que centralizará a governança de áreas destinadas à geração eólica marítima.
Perspectiva futura: Brasil se posiciona como polo estratégico de renováveis no Atlântico Sul.
Roraima será finalmente conectado ao SIN
Com 90% das obras concluídas, a interligação Manaus–Boa Vista trará economia superior a R$ 1 bilhão/ano em contas de energia no Norte do país.
Atração de Data Centers
O MME informou que 52 projetos de data centers solicitaram acesso à Rede Básica, com demanda estimada em 13,2 GW até 2035. As ações incluem:
Ampliação das redes de transmissão
Incentivo à eficiência energética e integração com IA
Segurança regulatória para investimentos estrangeiros
Conclusão: o Brasil se consolida como destino preferencial para infraestrutura digital limpa.
O que Executivos e Conselhos Devem Fazer Agora
Curto prazo
Revisar contratos de energia e registro na CCEE até 31/12/2025
Avaliar exposição a litígios do MRE e possível participação no novo mecanismo
Médio prazo
Reestruturar planos de investimento para incorporar digitalização nas redes
Analisar oportunidades em hubs de dados, especialmente nas regiões Nordeste e Sudeste
Longo prazo
Preparar para migração de consumidores ao mercado livre com base em dados abertos
Estudar viabilidade técnica de projetos eólicos offshore ou de colocation com data centers
Conclusão
O cenário regulatório exige visão de longo prazo e decisões técnicas com lastro estratégico. Os conselhos de administração devem atuar como catalisadores de reposicionamento competitivo, alinhando seus gestores à nova realidade do setor: menos subsídios, mais tecnologia, mais exposição a riscos e novas oportunidades em energia limpa e infraestrutura digital.
Como transformar conectividade, energia e regulação em vantagem estratégica para data centers
A América do Sul vive um momento decisivo na disputa global por infraestrutura digital. Com crescimento estimado de 20% ao ano, o mercado de data centers na região deve alcançar US$ 8 a 10 bilhões até 2029, puxado por aplicações cada vez mais intensivas em dados. Inteligência artificial, simulações de engenharia, análises climáticas, sistemas financeiros digitais, streaming, jogos online e soluções em nuvem estão no centro dessa nova demanda, que exige capacidade computacional, baixa latência, energia limpa e conformidade regulatória.
Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai disputam esses investimentos com diferentes estratégias. O Brasil lidera em escala, com 70 data centers, energia 86% renovável e infraestrutura robusta de cabos submarinos (EllaLink, Firmina, GlobeNet). A Redata e a LGPD garantem segurança jurídica, mas impõem exigência de armazenamento local de dados sensíveis, exigindo modelos híbridos. A proposta de taxar Big Techs pode afastar investimentos, e os gargalos de transmissão entre Nordeste e Sudeste ainda são desafios técnicos. A Argentina destaca-se como aposta promissora, com gás de xisto de Vaca Muerta viabilizando projetos de curto prazo e reatores modulares SMRs previstos para 2030 na Patagônia. No entanto, há instabilidade política e limitações de conectividade fora de Buenos Aires. O Chile oferece estabilidade política, um hub consolidado (AWS em Santiago) e boa conectividade com os Estados Unidos e Ásia. Mas sofre com secas recorrentes e custos energéticos altos, exigindo investimentos em soluções ESG como resfriamento a ar. O Uruguai destaca-se pela baixa latência (10–20 ms), estabilidade institucional e pela presença do data center da Google em Canelones. Sua capacidade, no entanto, é limitada a apenas nove data centers. Já o Paraguai atrai por seu baixo custo de energia (US$ 16,71/MWh em Itaipu), mas não possui cabos submarinos, o que resulta em alta latência e dependência de rotas terrestres via Brasil ou Argentina.
A conectividade submarina é um diferencial estratégico. O Brasil é o principal hub da região, enquanto Uruguai e Chile têm boa conexão com o exterior, mas pouca integração leste-oeste. Um único cabo interliga Argentina e Chile, representando vulnerabilidade. O Paraguai está fora dessa rede, o que limita seu uso em aplicações sensíveis ao tempo de resposta. Em termos regulatórios, o Brasil exige armazenamento local de dados pessoais. Já Uruguai e Chile seguem padrões próximos ao GDPR europeu, permitindo processamento de dados anonimizados. Argentina e Paraguai têm marcos legais em evolução, exigindo contratos rigorosos para garantir conformidade com a LGPD brasileira.
A recomendação central para empresas e conselhos é adotar uma estratégia de infraestrutura híbrida. Armazene dados sensíveis no Brasil, conforme exige a Redata, e processe tarefas pesadas ou análises com dados não sensíveis no Uruguai, Chile ou Argentina. Parcerias com Big Techs como Google, AWS e Microsoft são importantes para garantir conformidade e acesso a tecnologia de ponta. Dados anonimizados e contratos com cláusulas de segurança (criptografia, auditorias, certificações ISO) são fundamentais para mitigar riscos. Projetos no Paraguai ou na Patagônia argentina exigem investimento em fibra óptica para reduzir latência. No Brasil, reforçar a transmissão entre regiões é crítico. E no Uruguai, a ampliação da capacidade instalada deve ser planejada com antecedência.
Como plano de ação, empresas devem mapear os fluxos de dados e classificar sua sensibilidade, decidir quais aplicações exigem baixa latência, avaliar a maturidade regulatória de cada país parceiro e acompanhar de perto os desdobramentos da Redata e da taxação de Big Techs no Brasil. Além disso, é essencial alinhar a estratégia de infraestrutura digital com metas ESG, priorizando energia limpa, eficiência térmica e soluções de baixo impacto ambiental.
Em resumo, quem souber equilibrar custo, desempenho e regulação em um cenário geopolítico em transformação terá uma vantagem estrutural nos próximos anos. A América do Sul está pronta para receber data centers inteligentes. O desafio agora é escolher onde, como e com quem construir essa nova camada da competitividade digital.
País
Vantagens Estratégicas
Riscos e Limitações
Uso Recomendado
Brasil
Escala (70 data centers), energia 86% renovável, conectividade internacional robusta
Gargalos na transmissão elétrica Nordeste–Sudeste, proposta de taxação de Big Techs, exigência de armazenamento local (LGPD/Redata)
Armazenamento de dados sensíveis, operações em larga escala
Argentina
Gás de Vaca Muerta (energia térmica de baixo custo), planos de SMRs, apoio dos EUA
Conectividade de dados limitada fora de Buenos Aires, instabilidade política, marco regulatório em transição
Processamento de IA e engenharia em Buenos Aires (curto prazo)
Chile
Estabilidade política, hub da AWS, boa conectividade de dados com o Pacífico
Escassez hídrica, custo alto de energia, baixa redundância de rotas leste-oeste
Processamento confiável e análises em aplicações que toleram latência
Uruguai
Baixa latência (10–20 ms), estabilidade institucional, conectividade com cabos Firmina e Tannat
Capacidade instalada limitada (9 data centers), risco hídrico
Aplicações em tempo real, IA leve, análises climáticas regionais
Paraguai
Energia mais barata da região (Itaipu), proximidade geográfica com o Brasil
Sem cabos submarinos (dependência terrestre de dados), alta latência, infraestrutura limitada
Projetos de baixo custo e menor exigência de tempo de resposta
Gerenciar o consentimento
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Funcional
Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos.O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.