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Tech & Energy Think Tank

Think tank independente com foco em energia, tecnologia e tendências globais. Análises para apoiar decisões estratégicas com visão de impacto.

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Autor: Eduardo Fagundes

  • Qual a maior dificuldade das empresas para a transformação digital?

    Qual a maior dificuldade das empresas para a transformação digital?

    Generalizando, é a falta de ação do conselho de administração e diretoria executiva a principal dificuldade para a transformação digital das empresas. A falta de ação é decorrente da falta de visão para estruturar negócios disruptivos bem estruturados. Projetos com universidades e programas de aceleração com startups privilegiam a inovação incremental e não negócios disruptivos para reduzir riscos de insucesso e perdas financeiras. A falta de pessoal capacitado para lidar com complexas tecnologias emergentes restringe projetos disruptivos. No final do dia, a maior dificuldade é ter pessoas com conhecimento, habilidades e atitudes para a transformação digital nas empresas.

    Conselheiros de administração e diretores executivos são eleitos obterem os maiores dividendos para os acionistas, em empresas de capital aberto. Nas empresas de capital fechado, os executivos estão comprometidos com o lucro e, assim como os executivos das empresas de capital aberto, os bônus estão vinculados ao atingimento de metas para satisfazer os objetivos corporativos. Implementar planos de transformação digital em ambientes de negócios voláteis, incertos, complexos e ambíguos significa um grande risco para os indicadores de performance (KPI) ou objetivos e principais resultados (OKR) dos executivos e do staff em geral. A melhor forma de se proteger é trabalhar na zona de conforto usando o modelo de negócios atual.

    Outra dificuldade para a transformação digital é a falta de capacidade dos tomadores de decisão de enxergar o futuro e modelar negócios disruptivos que podem, inclusive, destruir o modelo de negócio atual. Para quem não convive e não adota no seu cotidiano novos hábitos tem dificuldade em reconhecer novas oportunidades de negócios. Mesmo sendo alertados pelo seu staff, clientes, fornecedorese com amplo material na Internet muitos executivos experientes não conseguem se sensibilizar com as mudanças e não tomam as decisões necessárias para a transformação nas suas empresas. Isto não ocorre apenas no alto escalão, mas também na média gerência, bloqueando valiosos feedbacks dos clientes, fornecedores e funcionários mais atentos as mudanças.

    Cada vez mais os conselheiros e diretores executivos das empresas incluem em seus discursos a necessidade de cooperação e inovação aberta. Materializam o discurso com a implementação de programas de incentivo com universidades através de hackathons e programas de aceleração de startups. Os programas são excelentes, pois criam oportunidades para a inovação, explorando novos produtos e identificando novos comportamentos dos consumidores. Entretanto, em muitos casos, os projetos selecionados ficam dentro zona de conforto dos responsáveis pelo programa, aprovando apenas projetos de inovação incremental para reduzir os riscos financeiros do programa. Esta atitude restringe as oportunidades de testar modelos de negócios disruptivos que podem, efetivamente, causar a transformação digital na organização. Por falta de engajamento dos conselheiros e diretores executivos nos programas, a aprovação dos projetos fica com a média gerência que, algumas vezes, possui poucas informações estratégicas.

    Outro ponto importante é falta de compreensão e pessoal capacitado desenvolver projetos com tecnologias emergentes, como Big Data, IoT e Inteligência Artificial. Utilizar tecnologias emergentes não é uma questão de modismo, mas uma decorrência e necessidade de modelos de negócios disruptivos. Ou seja, o negócio está na frente da tecnologia. Invertendo a ordem, os projetos, fatalmente, fracassam e saem fortalecidos os que apostam na manutenção do atual modelo de negócio, afinal para eles, time que está ganhando não se mexe.

    Resumindo, a principal dificuldade da transformação digital nas empresas é a falta de ação dos conselheiros e diretores executivos, uma vez que são eles que tomam as decisões e têm os recursos para realizar as mudanças.

  • A queda de preços da energia fotovoltaica e eólica pode trazer aumento de tarifa para os consumidores

    A queda de preços da energia fotovoltaica e eólica pode trazer aumento de tarifa para os consumidores

    No final de junho de 2019, o valor da produção futura de energia fotovoltaica foi comercializado a R$64,99 por megawatt-hora (MWh), pela primeira vez inferior aos preços praticados por usinas eólicas e hídricas. O preço foi menor que o praticado em 2010 pela usina de Belo Monte que negociou contratos de R$87 por MWh. Paradoxalmente, a redução do preço das energias intermitentes, como fotovoltaica e eólica, pode resultar no aumento das tarifas de energia elétrica para os consumidores.

    De modo geral, no mercado internacional o preço do watt (unidade de potência) gerado por painéis fotovoltaicos caiu 75% e 50% da geração eólica, entre 2009 e 2017. Entretanto, no mesmo período, na Alemanha o preço da energia ficou 51% mais caro durante a expansão da geração fotovoltaica e eólica, entre 2006 e 2010. Ocorreu o mesmo fenômeno na Califórnia, durante a expansão do sistema de energia fotovoltaica com um aumento de 24%, entre 2011 e 2017. Na Dinamarca, os preços dobraram desde a implantação do sistema de energia eólica, a partir de 1995.

    Várias hipóteses foram levantadas para o aumento do preço da energia para os consumidores. Uma hipótese era que com a redução do preço das energias renováveis e, portanto, tornando-as mais acessíveis para os consumidores o preço das outras fontes de energia, principalmente, carvão, gás natural e nuclear se tornassem mais caras, neutralizando a economia das fontes renováveis.

    Esta hipótese não se confirmou, pois o preço do gás natural caiu 72% nos Estados Unidos, principalmente, devido ao Fracking, método de extração de gás do xisto, ou shale gas, entre 2009 e 2016. Na Europa, o preço do gás natural reduziu cerca de 50% no mesmo período. Em ambos os casos, o preço da energia fotovoltaica e do carvão ficaram estáveis no período.

    Outra hipótese para a elevação dos preços de energia foi o fechamento de usinas nucleares. Em 2010, a Califórnia fechou uma usina nuclear de 2.140MW e a Alemanha encerrou as operações de 5 usinas e desativou 4 reatores de usinas em operação, representando uma redução de 10.980MW. Esta hipótese é interessante, pois a energia nuclear é uma das mais baratas do mundo. A redução destas usinas tenderia o aumento do preço da energia para os consumidores.

    Entretanto, esta hipótese se confirmaria se o preço de outros combustíveis, como gás natural e carvão, elevassem o seu preço, fato que não ocorreu, permanecendo seus preços estáveis. Desta forma, esta hipótese não se confirmou.

    A hipótese seguinte é que o motivo do aumento do preço da energia está ligado ao avanço da geração de energia renovável. Para fundamentar está hipótese, observamos a participação da energia fotovoltaica e eólica na Dinamarca foi de 53%, na Alemanha foi de 26% e na Califórnia foi de 23%. Coincidentemente, os dois países da Europa têm os preços de energia mais altos do continente. Segundo a organização Environmental Progress, entre 2016 e 2017, os preços da eletricidade da Califórnia subiram três vezes mais do que no resto dos Estados Unidos, reforçando a hipótese que o aumento de energia renovável eleva o preço da energia.

    Se esta hipótese for correta, qual a razão do aumento do preço da energia quando os equipamentos reduzem de preço?

    Uma das razões mais provável é o custo da infraestrutura de reserva de energia de base para atender a demanda em caso de falha da geração de energia de fontes intermitentes, como fotovoltaica e eólica.

    O consumidor de energia compra um “serviço” de abastecimento de energia, onde as empresas do setor devem atender os indicadores de qualidade previstos em contrato, como níveis de tensão e disponibilidade. Seria difícil explicar para os consumidores que faltou energia porque a velocidade dos ventos diminuiu ou que os painéis fotovoltaicos não estão recebendo radiação suficiente para gerar energia devido a densas nuvens no céu.

    Para prevenir de casos como o descrito acima, o sistema elétrico de manter hidrelétricas e termoelétricas, a chamada energia de base, prontas para serem acionadas em caso de falha de geração de fontes intermitentes. Estas fontes têm condições de armazenar energia: as hidrelétricas nos lagos de reserva; e, as termoelétricas em tanques de óleo ou reservatórios de gás natural. Manter esta disponibilidade custa caro e deve ser repassada para os consumidores de energia.

    Outro fator é a geração de energia distribuída, onde os consumidores passam a gerar sua própria energia, tornando-se prosumers (produtores e consumidores de energia). Os prosumers entregam o seu excedente de energia para a rede de distribuição, que pode ser estimado, porém não garantido. Isto exige que o sistema tenha capacidade de atender a demanda considerando a aleatoriedade do fornecimento de energia dos prosumers.

    Quanto mais cresce a geração distribuída maiores são os desafios de gerenciamento da rede. Por exemplo, durante o dia as plantas fotovoltaicas geram, normalmente, mais energia que a demanda, porém, esta energia excedente deve ser consumida para manter o equilíbrio do sistema elétrico. Na Europa, alguns países pagam para outros países consumirem sua energia.

    Por outro lado, durante à noite quando aumenta o consumo de energia, as fontes fotovoltaicas ficam incapazes de gerar energia, simplesmente, pela ausência do Sol. Para armazenar a energia das fontes fotovoltaicas é necessário grandes baterias, fato que eleva o custo da energia.

    Em uma breve análise, pode parecer que a troca de energia entre o concessionário de energia e o prosumer é justa, ou seja, o prosumer entrega a energia excedente durante o dia para o concessionário e a noite ele a recebe de volta, pagando a diferença a maior ou recebendo créditos se entregar mais que recebeu. Entretanto, se a soma do volume entregue durante o dia é maior que capacidade do sistema absorvê-la, o concessionário terá que descartá-la para manter o sistema em equilíbrio e, consequentemente, perdendo receita e sendo compensada pelo aumento do preço de energia.

    Esta breve exposição de argumentos pode justificar o aumento de preço de energia com a expansão das gerações fotovoltaicas e eólicas.

    O preço da energia é um fator fundamental para o desenvolvimento econômico, uma vez que representa um dos principais custos de produção.

    Para prosumers com porte financeira para construir plantas fotovoltaicas com capacidade para gerar o mínimo suficiente para atender as suas operações, o preço da energia no mercado passa a ser irrelevante e, desta forma, trazendo enorme vantagem competitiva para a empresa.

    As empresas do setor de energia (geradoras, transmissoras e distribuíras) buscam o equilíbrio financeiro através do reajuste tarifário da energia, previstos nos contratos de concessão.

    As empresas, por sua vez, incorporam o preço da energia nos custos dos produtos e serviços. Sobrou para o consumidor final pagar a conta das garantias pela disponibilidade e equilíbrio do sistema elétrico.

    Entretanto, do ponto de vista macroeconômico, as consequências não são boas, pois no cenário econômico global o país perde competitividade de seus produtos e serviços, podem perder disputas para a instalação de fábricas, devido ao preço da energia.

    Uma solução é a introdução de grandes baterias para armazenar energia das fontes intermitentes: fotovoltaica e eólica.

    Um sistema de armazenamento de energia solar pode representar uma receita até 50% maior por local, além de eliminar a variabilidade solar ao longo do dia, como a passagem de nuvem, e expandir a entrega de energia durante parte da noite. Como o vento não é contínuo e é sazonal, as baterias servem para manter um fluxo contínuo de energia na rede, eliminando a variabilidade dos ventos.

    Concluindo, o preço da energia aumenta com a expansão das fontes de energia intermitentes – fotovoltaica e eólica – devido a necessidade de manter uma infraestrutura de reserva de geração de energia de base (hídrica e termo) para atender, quando necessário, a demanda devido a inconstância de fornecimento de energia das fontes intermitentes. Nota-se, desta forma, que o uso de energia fotovoltaica e eólica não é ilimitada, pois é necessária uma infraestrutura de geração de base para compensar a intermitência das fotovoltaicas e eólicas. Também, a falta de previsibilidade de geração das fontes de geração distribuídas dos prosumers inviabiliza a otimização de geração do sistema, onde em certas ocasiões a concessionária de distribuição tem que descartar a energia recebida dos prosumers para manter o equilíbrio e estabilidade do sistema elétrico, porém tendo que ressarcir os prosumer com energia para o seu consumo. Uma alternativa para evitar a alta de preços de energia é o uso de grandes baterias para armazenar energia para evitar a intermitência e prolongar a entrega de energia ao sistema, podendo resultar maiores receitas para a planta de geração de energia renovável.

  • Plano Nacional de IoT deve fomentar novas soluções tecnológicas e o empreendedorismo

    Plano Nacional de IoT deve fomentar novas soluções tecnológicas e o empreendedorismo

    O Decreto nº 9.854/2019 institui o Plano Nacional de IoT e dispõe sobre a Câmara de Gestão e Acompanhamento do programa. A essência do decreto é o incentivo a soluções usando IoT (Internet of Things, Internet das Coisas), incluindo acesso a mecanismos de apoio à pesquisa cientifica, ao desenvolvimento tecnológico e à inovação, e ao empreendedorismo de base tecnológica. O Plano prevê ações em vários temas, como: ciência, tecnologia e inovação; inserção internacional; educação e capacitação profissional; infraestrutura de conectividade e interoperabilidade; regulação, segurança e privacidade; e, viabilidade econômica. O fortalecimento com o bloco do Mercosul e o acordo de livre comércio com a União Europeia devem trazer impactos positivos para os projetos de inovação desenvolvidos por aqui, assim espero.

    A tecnologia de IoT viabiliza várias soluções de monitoração e controle, provendo dados para sistemas de Big Data, Analytics e inteligência artificial.

    Com novos hardware e software para pequenos dispositivos, como Raspberry e Arduino, é possível coletar dados de inúmeros sensores e chaves, tais como:

    • sensor de som sensível;
    • detector de obstáculos;
    • detector de chama;
    • sensor de efeito hall linear;
    • sensor de toque;
    • sensor de temperatura digital com termistor;
    • buzzer ativo e passivo;
    • chave magnética digital (reed-switch);
    • chave magnética miniatura (reed-switch);
    • sensor de batida de coração;
    • sensor de choque;
    • sensor de inclinação;
    • sensor de movimento;
    • sensor de umidade e temperatura DHT11;
    • sensor de efeito hall analógico;
    • sensor de efeito hall magnético;
    • sensor de temperatura digital;
    • sensor de impacto;
    • sensor de bloqueio de luz;
    • sensor de vibração;
    • entre outros.

    Por exemplo, o Raspberry Pi 4 possui uma configuração de desktop e permite programação aprimorada, usando o sistema operacional Raspbian nativo da plataforma ou o Ubuntu MATE, uma distribuição do Linux.

    Especificações do Raspberry Pi 4:

    • SoC: Broadcom BCM2711B0 quad-core A72 (ARMv8-A) 64 bits a 1.5 GHz
    • GPU: Broadcom VideoCore VI
    • Rede: LAN sem fio de 2,4 GHz e 5 GHz 802.11b/g/n/ac
    • RAM: SDRAM LPDDR4 de 1 GB, 2 GB ou 4 GB
    • Bluetooth: Bluetooth 5.0, Bluetooth de baixa energia (BLE)
    • Armazenamento: microSD
    • Portas: 2 × micro-HDMI 2.0, conector de áudio analógico de 3,5 mm, 2 × USB 2.0, 2 × USB 3.0, Ethernet Gigabit, Interface Serial de Câmera (CSI), Interface Serial de Exibição (DSI)
    • Dimensões: 88 mm × 58 mm × 19,5 mm, 46 g

    Um kit completo do Raspberry Pi 4 é comercializado fora do Brasil por US$120, incluindo a placa, um mouse, um teclado, um carregador e acessórios, além do sistema operacional Raspbian. Um kit com 37 sensores para Raspberry e Arduino é comercializado por R$90 no Brasil.

    Combinando os novos hardwares, softwares, sensores é possível desenvolver sofisticadas aplicações de coleta de dados e uso de sistemas de inteligência artificial locais (sim, isto mesmo podemos executar redes neurais artificias comprimindo as camadas) para tomadas de decisões locais em aplicações de missão crítica.

    Com equipamentos de baixo custo e dominando a programação do Raspberry ou Arduino é possível qualquer empreendedor desenvolver uma solução de IoT para monitorar e controlar dispositivos remotos sem nenhum problema.

    Já estão disponíveis no Brasil várias redes de dados próprias para a transmissão para pacotes de dados pequenos, como Sigfox, LoRaWAN e a rede de Internet móvel das operadoras de celular. A questão será avaliar a melhor relação custo/benefício para a seleção de uma destas redes e provedores de serviços.

    Praticamente, todos os provedores de computação em nuvem (Cloud Computing) já possuem soluções para IoT, definindo os protocolos de rede e implementando a segurança necessária para este ambiente. As soluções incluem a gravação dos dados remotos em Big Data e ferramentas para análise avançada de dados.

    Ou seja, a tecnologia está disponível e aberta para novas soluções e projetos de empreendedorismos.

    Se já sem os incentivos para o desenvolvimento de soluções a tecnologia de IoT combinada com Big Data e Analytics era interessante, agora com o Plano Nacional de IoT as possiblidades são maiores.

    Bora! Se alguém precisar de ajudar entre em contato.

  • Incentivos para energia fotovoltaica gera emprego, produz crescimento e cria riqueza com uma criptomoeda própria

    Incentivos para energia fotovoltaica gera emprego, produz crescimento e cria riqueza com uma criptomoeda própria

    A ABSOLAR prevê um saldo líquido positivo de R$25,2 bilhões até 2027 da geração própria de energia fotovoltaica conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e a geração de mais de 672 mil novos empregos até 2035. Estas informações foram dadas após a publicação de um relatório (junho/2019) da SECAP – Secretaria de Avaliação de Políticas Públicas, Planejamento, Energia e Loteria – criticando os atuais subsídios, argumentando que as famílias mais pobres acabam financiando os sistemas fotovoltaicos das famílias de maior renda. A ABSOLAR alega que o estudo do governo apenas levou em conta as perdas, esquecendo de computar o aumento de arrecadação. Neste contexto, embora não mencionado nas discussões, existe um incentivo mundial para o aumento do uso de energia fotovoltaica através de recompensas para os produtores com uma moeda referenciada pela energia – o SolarCoin.

    A Fundação SolarCoin (www.solarcoin.org) oferece aos fabricantes de energia tokens digitais baseados em blockchain à taxa de uma SolarCoin (SLR) por megawatt-hora (MWh) de energia solar produzida. O SolarCoin é gratuito. É uma recompensa adicional para os produtores de energia solar, separado de outros incentivos, como subsídios do governo ou créditos de carbono.

    O SolarCoin é uma criptomoeda e está listada entre as mais de 2.600 criptomoedas existentes atualmente. Sua cotação em 25/06/2019 era de US$0,04875 com um valor de mercado de US$2,61 milhões, muito distante dos US$11.409,60 e valor de mercado de US$202,21 bilhões do Bitcoin e dos US$310,04 e valor de mercado de US$32,98 bilhões do Ethereum. Porém, ocupava a 724º posição no ranking de todas as criptomoedas.

    Alguns comparam a SolarCoin com milhas de passagens aéreas, com a diferença que a pessoa (ou empresa) não fica vinculado a uma empresa aérea.

    Eu prefiro compará-la ao Bitcoin, por reunir várias semelhanças. Bitcoin é uma moeda digital descentralizada sem um banco central ou administrador único que pode ser enviada de usuário para usuário na rede bitcoin peer-to-peer sem a necessidade de intermediários. As transações são verificadas pelos nós da rede por meio de criptografia e registradas em um livro-caixa (ledger) distribuído e público, chamado blockchain. Bitcoins são criados como recompensa para um processo conhecido como mineração.

    O SolarCoin utiliza a infraestrutura de blockchain e são criados a partir da comprovação que um produtor de energia fotovoltaica gera 1MWh, similar ao processo de mineração do Bitcoin. O número máximo de Bitcoins no mercado será de 21 milhões, com previsão de mineração até 2140. O número máximo de SolarCoins definido é de 97,5 bilhões criados nos próximos 40 anos.

    Um estudo realizado por Nick Gogerty e Paul Johnson, em outubro de 2018, estima que seria possível uma recompensa entre US$10-20/MWh, onde a produção de energia fotovoltaica está entre R$23-30/MWh, representando uma economia entre 40-70% para os usuários da rede SolarCoin.

    Genericamente, o preço de uma moeda é definido pela seguinte fórmula:

    P = Max [R, N + S]

    onde o P = Preço; R = Resgate; N = Network e S = Especulação.

    Resumindo a fórmula, quanto maior o poder de resgate e a rede de atores que participam nas transações com a moeda, adicionado a especulação, maior será o preço da moeda.

    Verificamos isto com o Bitcoin. Inicialmente, o valor da moeda era baixo e, praticamente, só circulava nos mercados negros, como o Silk Road, um mercado negro on-line conhecido como plataforma de venda de drogas ilegais, onde aceitava, exclusivamente, bitcoins como pagamento, chegando a movimentar 9,9 milhões em bitcoins, no valor de cerca de US$214 milhões. Em 2011, o preço começou em US$0,30 por bitcoin, crescendo para US$5,27 no ano. O preço subiu para US$31,50 em 8 de junho. Dentro de um mês, o preço caiu para US$11,00. No mês seguinte, caiu para US$7,80 e, no outro mês, para US$4,77. Em 25/06/2019, o preço era de US$11.409,60.

    Se o Bitcoin conseguiu esta façanha, nada impede que o SolarCoin siga o mesmo caminho. Isto significa que as pessoas e empresas de energia fotovoltaica devem converter sua produção de energia em SolarCoin para usufruir no futuro de um patrimônio gerado pelo Sol.

    Obviamente, que está riqueza gera mais empregos, acelera o crescimento da infraestrutura instalada de geração fotovoltaica e mais riqueza para a sociedade.