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Tech & Energy Think Tank

Think tank independente com foco em energia, tecnologia e tendências globais. Análises para apoiar decisões estratégicas com visão de impacto.

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Autor: Eduardo Fagundes

  • Esqueça as soluções do passado, o mundo mudou

    Esqueça as soluções do passado, o mundo mudou

    Analisando o índice Big Mac, produzido pela The Economist, percebe-se a desvalorização da maioria das moedas frente ao dólar. O Real desvalorizou 32%, o dólar australiano 24% e o dólar canadense 16%. Em tempos passados, quando acontecia uma desvalorização da moeda as exportações costumavam aumentar. Entre 1980 e 2014, de acordo um uma análise em 60 economias do FMI, uma depreciação de 10% da moeda em relação a parceiros comerciais impulsionava as exportações líquidas em 1,5% do PIB no longo prazo, em média. Mas, isso parece que não está acontecendo agora. O Japão é o melhor exemplo, o iene desvalorizou (em 2013 o índice Big Mac mostrava uma desvalorização de 20%, hoje é de 37%). No entanto, as exportações japonesas estão estáveis.

    Alguns países exportadores de commodities estão compensando a queda de receita com o aumento das exportações. É o nosso caso, aumentamos em 10% o volume de exportações, mas mesmo assim reduzimos em 22% as receitas.

    Com o encolhimento da economia da China a vida dos exportadores ficou mais difícil. Entretanto, pelo que mostram os números a vida dos importadores também.

    Esse cenário, aparentemente novo, requer mais criatividade e soluções inovadoras. É impossível querer adotar antigas práticas de negócio nesse momento. Percebe-se que apenas a questão cambial não ajuda muito os produtos se tornarem mais competitivos.

    Não adianta os países fornecedores de matéria-prima aumentarem o volume de exportações a preços reduzidos e depois terem que importar produtos acabados com valores muito superiores.

    Esse cenário pode ser uma boa oportunidade para os países intensificarem seus mercados internos, aproveitando para aumentar a produtividade da indústria e desenvolver produtos ajustados a atual situação e que no futuro possam ser exportados para países com características semelhantes.

    Big-Mac-Index-January-2016

  • A Ford está acabando com o conceito de propriedade de carros

    FordPass Vehicle Controls

    Lembra daquela expressão “destrua o seu produto antes que a concorrência o faça”, parece que a Ford está seguindo esse ensinamento.

    A Ford lançou um novo aplicativo chamado FordPass onde qualquer pessoas, mesmo que não for proprietário de um carro (ou bicicleta) da Ford, possa usar para melhorar seu deslocamento. Ou seja, melhorar sua mobilidade.

    O aplicativo incorpora pelo menos três sistemas da Ford: FordGuides, FordPay e FligthCar.

    O FordGuides é similar ao serviço OnStar da General Motors (disponível no Brasil), porém ao invés de apenas ajudar na navegação, reservas e assistência em estradas, o serviço da Ford ajuda na soluções de problemas de mobilidade. Será um concierge pessoal gratuito. Você pode acessar o FordGuide ao vivo apertando apenas um botão do aplicativo. Mas de graça? Sim, a Ford mira no futuro. Quando você for pensar em mobilidade, você pensará Ford. Mais ou menos quando hoje você tem uma dúvida, você consulta o…. Google.

    O FordPlay é uma forma de pagar pelos recursos do FordPass. A Ford fez parceria com o McDonalds e 7-Eleven para pagamentos nos restaurantes fast-food.

    O FlightCar é uma função interessante para você compartilhar um carro em viagens e acesso a sistemas multimodal de transporte.

    Como venho comentando, não sensato investir um montante significativo dos seus rendimento em toneladas de aço para deixar isso no estacionamento de casa ou do trabalho, ficar horas no transito e ainda poluir o meio ambiente.

    Parece que a Ford entendeu isso e está mudando seu modelo de negócios.

  • A Internet não é a principal distração no trabalho

    Para quem acha que o acesso as redes sociais é a principal distração no trabalho, uma pesquisa desmente essa percepção, pelo nos Estados Unidos.

    A pesquisa mostra os principais ofensores da produtividade no horário de trabalho

    1. Fazer pausas para beber água, ir a cozinha do escritório ou outra parada (exceto para almoço)
    2. Ir ao banheiro
    3. Participar em pequenas conversas ou fofocas com colegas de trabalho
    4. Comunicação com membros da família (telefone, e-mail, mensagens de texto, mídia social)
    5. Verificar informações da vida pessoal (pagamentos online, compras online, etc)
    6. Comunicação com amigos não-relacionados com o trabalho (telefone, e-mail, mensagens de texto, mídia social)
    7. Usar as mídias sociais por motivos não relacionados ao trabalho
    8. Assistir TV (incluindo móvel e computador)

    Pode parecer ruim, entretanto, uma pesquisa da Universidade de Baylor, mostra que as paradas são saudáveis para os funcionários. Fazer algo que gostam melhora sua satisfação e com isso podem recuperar a produtividade.

    O fato que melhorar o relacionamento interno com outros colegas de trabalho, no café ou no almoço, melhora o clima organizacional, melhorando a produtividade.

    Também é fato que cada vez trabalhamos mais. Um pesquisa feita pela EY com 9.700 gerentes, mais de 50% afirmaram que trabalham bem mais que 40 horas por semana.

    Outro fato é que os gerentes pedem para seus funcionários ficarem disponíveis fora do horário de trabalho. As ferramentas sociais, e-mails e telefones celulares garantem o acesso rápido em qualquer horário. Desta forma, não seria justo controlar o tempo de ir ao banheiro ou acessar as mídias sociais com fins pessoais. Claro, que tudo tem seu limite.

    Acredito que o mais importante é garantir que as pessoas tenham um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Em algumas atividades (aquelas que não serão substituídas pela computação cognitiva e robôs) o paradigma do desperdício de tempo no escritório deve ser reavaliado nas empresas.

  • O avanço da inteligência artificial e robótica

    Cada vez mais o poder computacional está decifrando o comportamento das pessoas e podendo substituir as interações humanas repetitivas com mais eficiência. O robôs há muito tempo substituíram as tarefas perigosas e repetitivas das linhas de produção com muito mais eficiência do que os humanos. Agora essas facilidades, antes exclusivas para as grandes organizações, estão chegando ao alcance das pequenas empresas e pessoas.

    O Watson, um software de computação cognitiva da IBM, consegue estabelecer um dialogo consistente e fluido com humanos, assumindo inclusive a personalidade de seu instrutor. Como ele consegue ler, literalmente, todas as publicações na área médica, por exemplo, ele tornou-se um dos maiores especialistas em oncologia do mundo. A partir dos sintomas dos pacientes o Watson consegue com diagnosticar uma doença com um melhor grau de certeza que um médico.

    Uma das potenciais aplicações do Watson no mercado corporativo é a substituição dos atendentes de Call Center. Muito provavelmente ele substituirá o humano com grandes vantagens. Conseguirá alterar a abordagem de convencimento do cliente a medida que identifica um padrão de dialogo e passa a utilizar um script (ou constrói um) baseado em experiências passadas que deram certo. Fato que apenas os operadores de Call Center mais experientes e habilidosos conseguem fazer. Existem muitas outras vantagens, como redução do passivo trabalhista das empresas, absenteísmo, licença maternidade e humor dos atendentes.

    Os robôs domésticos estão, gradativamente, executando as tarefas de rotina (e chatas) de uma casa sem interferência humana. Um exemplo, é o robô que limpa a casa enquanto os moradores trabalham, produto já disponível no mercado brasileiro.

    Os carros autônomos já são uma realidade. O desafio é aprovar legislações que permitam seu uso pleno.

    O avanço da tecnologia da Internet da Coisas (Internet of Things), que permite que dispositivos inteligentes troquem informações entre si sem a interferência humana, avança de forma exponencial em todas as áreas de negócios e no cotidiano das pessoas.  A IoT potencializa aplicações de análises avançadas de dados através de Big Data, permitindo a coleta de dados em tempo real de um número ilimitado de dispositivos remotos.

    Esse é um caminho sem volta. A questão agora é encontrar soluções para criar novas oportunidades de trabalho para a massa de trabalhadores que perderão seus empregos com as novas tecnologias. Os principais afetados serão os trabalhadores em processos de mão de obra intensiva. Isso pode incluir até professores, que estão perdendo espaço depois do avanço do ensino a distância.

    Analisando cenários prospectivos reforço minha tese que a única alternativa é desenvolver o empreendedorismo nas pessoas para que elas encontrem novas atividades produtivas para a sua manutenção e de sua família.

    As escolas, definitivamente, têm que mudar a forma e o que ensinam para oferecer mais oportunidades para os jovens. O desenvolvimento do raciocínio lógico e habilidade de expressão para vender ideias são importantíssimos no novo cenário global, uma vez que o conhecimento está disponível, gratuitamente, na Internet.