Gás de xisto pode desbancar fontes renováveis de energia, como a eólica e a solar

Contra todas as expectativas, as emissões dos Estados Unidos de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, desde seu pico de 2007, caíram 12% em 2012, voltando aos níveis de 1995. O motivo principal para isso, em uma palavra, é o “fracking”. Ou, em 12 palavras: perfuração horizontal e fratura hidráulica para recuperar depósitos de gás de xisto.

Nenhum outro fator chega perto de constituir uma explicação plausível. Ao contrário da União Europeia (UE), os Estados Unidos nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto, por meio do qual os países participantes se comprometeram a reduzir as emissões de CO2 em aproximadamente 5%, em relação aos níveis de 1990, até 2012. A persistente redução das emissões nos Estados Unidos também não é efeito colateral da queda do nível de atividade econômica. Embora a economia americana tenha alcançado seu pico no fim de 2007, no mesmo período que as emissões, a recessão acabou em junho de 2009, e o crescimento de seu Produto Interno Bruto (PIB) desde então foi significativamente maior que o da Europa. No entanto, as emissões dos EUA continuaram a cair, enquanto as da União Europeia começaram a subir de novo depois de 2009.

Pode-se virtualmente provar que o gás de xisto foi a principal influência sobre a queda das emissões americanas. Apenas dez anos atrás, o setor de gás natural estava tão convencido de que a produção doméstica americana estava chegando ao seu limite que fez grandes investimentos em terminais a fim de importar gás natural liquefeito (GNL). Mas o “fracking” aumentou a oferta de maneira tão rápida que essas instalações estão agora sendo convertidas para exportar GNL.

Opositores ao “fracking” se preocupam com a possibilidade de o gás de xisto desbancar fontes renováveis de energia, como a eólica e a solar. Mas o fato é que não se pode reduziras emissões de CO2 sem reduzir o uso do carvão, e o gás de xisto já está destronando o carvão nos EUA. Isso não é especulação: está acontecendo agora. Mesmo que alguma fonte mais limpa se torne viável posteriormente, ainda precisaremos do gás natural como uma ponte.

Em outras palavras, se o mundo continuar a construir centrais elétricas a carvão ao ritmo atual, essas usinas ainda estarão operando em 2050, independentemente das outras tecnologias que se tornarem viáveis nesse meio tempo. A energia solar não conseguirá hoje deter a construção dessas centrais a carvão. O gás natural conseguirá.