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Radar 360 – Economia, IA, Energia e Risco Político no Brasil (29/11–05/12/2025)

Resumo executivo

A semana de 29 de novembro a 5 de dezembro de 2025 consolida um cenário de dólar estruturalmente forte, em torno de 5,50 reais nas projeções de mercado, com alta volatilidade de curto prazo.

No mercado de trabalho, o Brasil renova a mínima histórica de desemprego em 5,4% no trimestre até outubro, mas com taxa de subutilização em 13,9% e renda real praticamente estável, reforçando a ideia de “pleno emprego estatístico” com bolso pressionado. Ao mesmo tempo, permanecem fragilidades metodológicas relevantes: a definição de “ocupado” inclui quem trabalhou apenas uma hora na semana de referência e parte dos beneficiários do Bolsa Família não aparece na taxa de desemprego, enquanto a linha de pobreza usada em algumas leituras ainda se ancora em parâmetros antigos do Banco Mundial. Na prática, o “desemprego real” e a vulnerabilidade de renda são maiores do que sugere a fotografia oficial.

No tabuleiro energético, o petróleo tipo Brent gira na faixa de 62–64 dólares o barril, com bancos e agências projetando superávit de oferta e preços mais baixos para 2026–2027, ainda que conflitos e tensões comerciais mantenham o risco geopolítico elevado.

Em tecnologia, a Nvidia reporta nova máxima histórica de receita impulsionada pelo negócio de data centers, enquanto a Amazon Web Services (AWS – Amazon Web Services) expande sua linha de chips de Inteligência Artificial (IA – Inteligência Artificial), com a família Trainium evoluindo para os modelos Trainium3 e Trainium4 e consolidando a “guerra dos chips” entre GPUs tradicionais e silício proprietário de nuvem. Em paralelo, a AWS reforça a integração da computação quântica ao portfólio via Amazon Braket, com casos de uso crescentes em simulação e otimização para energia e utilities, ainda em estágio de P&D, mas já relevantes para a agenda tecnológica de médio prazo.

Simultaneamente, Palantir, Nvidia e CenterPoint Energy anunciam a plataforma Chain Reaction para coordenar licenciamento, cadeia de suprimentos e infraestrutura de energia para data centers de IA, evidenciando que a expansão da infraestrutura digital passa a ser tratada como problema de rede, energia e obras, não apenas de software.

No front geopolítico, a guerra na Ucrânia registra novos ataques em larga escala à infraestrutura de energia e transporte, enquanto o governo de Nicolás Maduro aciona formalmente a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para responder à pressão dos Estados Unidos, recolocando Venezuela e petróleo no centro do risco regional.

No plano institucional doméstico, a decisão monocrática do ministro Gilmar Mendes, restringindo ao Procurador-Geral da República a iniciativa para pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF – Supremo Tribunal Federal), intensifica o ruído entre STF e Senado e reaquece debates sobre mandato, critérios de escolha e responsabilização de ministros, adicionando um componente doméstico ao risco político-regulatório.

Para o Planejamento Estratégico 2026, três premissas são reforçadas:

  1. trabalhar com dólar base em torno de 5,50 reais, com cenários de estresse acima disso;
  2. ler emprego via “desemprego real” (subutilização, rendimento e qualidade da ocupação), não apenas via taxa oficial;
  3. tratar IA, energia, computação quântica nascente e geopolítica como variáveis integradas de risco, investimento e competitividade.
  4. Painel dos indicadores Radar 360

Escala comum:

  • −2 = fortemente negativo
  • −1 = moderadamente negativo
  • 0 = neutro / misto
  • +1 = moderadamente positivo
  • +2 = fortemente positivo
IndicadorValorDescrição resumida
RBA (Risco Brasil Ampliado)0Ambiente de risco misto: câmbio estruturalmente depreciado, sem choque doméstico novo de grande escala, mas exposição alta a geopolítica e petróleo
PER (Pulso da Economia Real)0Economia em “cruzeiro operacional”: sem crise aguda, sem aceleração; consumo ainda limitado pela renda
QTR (Qualidade do Trabalho e Renda)-1Desemprego baixo com subutilização elevada, renda comprimida na base e estatísticas oficiais sujeitas a subestimação da vulnerabilidade
VTT (Vetor de Transformação Tecnológica e IA)+2Semana forte em chips de IA, data centers, plataformas de infraestrutura e avanço de computação quântica gerenciada, consolidando IA como “infraestrutura crítica”
PEC (Pressão Energética e Climática)0Petróleo em patamar mais baixo, com sinais de superoferta, mas sob risco geopolítico contínuo
SPG (Stress Político-Regulatório e Geopolítico)-1Guerra na Ucrânia, tensões EUA–Venezuela e ruído STF–Senado, sem ruptura nova, mas em nível elevado de atenção

Macro e mercados

  • Câmbio: projeções de Relatório Focus, bancos e casas de análise mantêm dólar em torno de 5,50 reais como cenário base para o fim de 2025, com faixa plausível entre 5,00 e 6,30 conforme o balanço entre risco fiscal doméstico e aversão global a risco.
  • Petróleo: o Brent opera próximo de 63 dólares por barril, com bancos projetando preços médios entre 57 e 64 dólares para os próximos anos e a Agência Internacional de Energia indicando superávit relevante de oferta em 2026.

Leitura para RBA (Risco Brasil Ampliado):

  • câmbio desvalorizado e mais volátil aumenta pressão em custos dolarizados (tecnologia, máquinas, insumos industriais);
  • ao mesmo tempo, melhora o colchão cambial para exportadores e agronegócio;
  • ausência de fatos novos domésticos relevantes de natureza econômica na semana mantém o risco em zona “neutra tensa”, com o câmbio atuando como principal amortecedor, ainda que o ruído institucional STF–Senado entre no radar para horizontes mais longos.

Implicação de portfólio: empresas com alto passivo em dólar e baixa receita em moeda forte precisam acionar, em 2026, mecanismos de hedge cambial e revisão de contratos de fornecimento; já players exportadores podem usar o dólar forte como motor de caixa e investimento em produtividade.

Economia real e trabalho

  • Desemprego: a taxa de desocupação no trimestre encerrado em outubro cai para 5,4%, menor nível da série desde 2012, com recuo frente ao ano anterior.
  • Subutilização: a taxa composta de subutilização fica em 13,9%, indicando contingente relevante de trabalhadores em jornada parcial involuntária, bicos e desalento.
  • Renda: o rendimento real habitual se mantém praticamente estável, com ganho moderado em relação a 2024, mas ainda aquém da percepção de “expansão robusta” que os dados de emprego isolados sugerem.
  • Metodologia e “desemprego real”: a definição de ocupação na PNAD Contínua considera como ocupado quem trabalhou ao menos uma hora na semana de referência, enquanto boa parte dos beneficiários do Bolsa Família não entra na força de trabalho oficial. Em paralelo, leituras sobre redução de pobreza ainda utilizam linhas baseadas em parâmetros antigos do Banco Mundial. Resultado: a vulnerabilidade real do mercado de trabalho e da renda é maior do que indica a estatística padrão.

Consequência para o indicador QTR (Qualidade do Trabalho e Renda):

  • QTR em −1: a quantidade de empregos melhora, mas não se traduz automaticamente em poder de compra nem em estabilidade;
  • a ideia de “desemprego real” acima de 15% (quando se considera subutilização e desalento) continua consistente com o comportamento do varejo, dos serviços voltados à base da pirâmide e dos indicadores de crédito.

Para planejamento 2026:

  • segmentos expostos à base da pirâmide devem operar com cenários conservadores de demanda, ancorados em dados transacionais e não apenas em estatísticas oficiais;
  • o foco passa a ser mix de produtos com melhor relação “valor percebido/preço”, crédito mais seletivo e gestão fina de estoques, com clusterização regional e por faixa de renda.

Tecnologia e IA

Três movimentos estruturais se destacam:

  • Nvidia: a empresa registra receita recorde de 57 bilhões de dólares no trimestre encerrado em outubro, com 51,2 bilhões de dólares vindos de data centers, crescimento de mais de 60% em relação ao ano anterior, consolidando as GPUs de IA como alicerce da nova infraestrutura digital.
  • AWS (Amazon Web Services): a linha de chips de IA Trainium se torna um negócio multibilionário, com cerca de 1 milhão de chips implantados e avanço para os modelos Trainium3 e Trainium4, reduzindo custo de treinamento e inferência e diminuindo dependência de GPUs de terceiros.
  • Cadeia de infraestrutura: Palantir, Nvidia e CenterPoint Energy lançam o projeto Chain Reaction, uma plataforma de IA para organizar licenciamento, cadeia de suprimentos, obras e integração à rede elétrica de data centers de IA, tratando-os explicitamente como cargas equivalentes a “pequenas cidades” em termos de consumo de energia.

Adicionalmente, a AWS reforça a integração da computação quântica ao portfólio por meio do Amazon Braket e de programas voltados a energia e utilities. Essa camada ainda opera em regime de P&D, com foco em simulação e problemas combinatórios complexos (planejamento de rede, alocação de ativos, otimização de portfólio), mas sinaliza a direção da próxima fronteira de eficiência para empresas intensivas em energia e infraestrutura crítica.

Ao mesmo tempo, executivos e analistas, como o CEO da Anthropic, alertam para sinais de bolha financeira em IA, com “YOLO” de investimentos em chips e data centers, ciclos de realimentação entre fabricantes e clientes e elevada incerteza sobre a demanda efetiva de longo prazo.

Leitura para o indicador VTT (Vetor de Transformação Tecnológica e IA):

  • VTT em +2: a IA deixa de ser apenas software e passa a ser lida como infraestrutura crítica (silício, energia, rede, licenciamento), com a computação quântica emergindo como vetor complementar de médio prazo;
  • empresas brasileiras de tecnologia e serviços precisam tratar FinOps (Financial Operations) e arquitetura de nuvem como alavancas de margem, não apenas como pauta de TI;
  • a “guerra dos chips” (GPUs de Nvidia vs. chips proprietários de nuvem) cria uma deflação técnica potencial de custo por unidade de computação, que porém chega filtrada pelo câmbio e pelas decisões de arquitetura;
  • para energia e utilities, a janela 2026–2028 é o momento adequado para pilotos e “sandboxes” em computação quântica aplicada, não para produção.

Energia, clima e sustentabilidade

O quadro da semana combina preço moderado e risco elevado:

  • preços: o Brent opera perto de 63 dólares, com bancos projetando preços mais baixos à frente, superávit de oferta em 2026 e possibilidade de o barril cair abaixo de 50 dólares em cenários de tensão comercial e aumento de produção da OPEP+;
  • oferta x demanda: projeções indicam crescimento de demanda mais lento que o da oferta em 2025–2026, com produtores como Brasil, Estados Unidos, Canadá e outros ampliando capacidade offshore;
  • geopolítica: tensões EUA–China, conflitos na Ucrânia e atritos em torno de sanções reforçam o risco de choques pontuais de preço, mesmo em cenário de superávit estrutural.

Para o indicador PEC (Pressão Energética e Climática):

  • PEC em 0 reflete esse trade-off: alívio potencial de preço pela via da oferta, com risco de picos de volatilidade por eventos geopolíticos;
  • para o Brasil, a matriz majoritariamente renovável segue como ativo estratégico, permitindo contratos de longo prazo mais previsíveis para grandes consumidores, inclusive data centers e indústria eletrointensiva.

Para projetos 2026, a mensagem é clara: estruturar PPAs (Power Purchase Agreements) de longo prazo ancorados em fontes renováveis, combinando previsibilidade de custos com posicionamento ESG (Environmental, Social and Governance) em um ambiente global de energia ainda volátil. No horizonte pós-2030, tecnologias emergentes como computação quântica aplicada à otimização de redes e portfólios de energia tendem a reforçar esse vetor de eficiência, mas para 2026 permanecem como agenda de P&D e preparação de capacidades internas.

Política e regulação

No plano doméstico, a semana traz um movimento institucional relevante: a decisão monocrática do ministro Gilmar Mendes, ao restringir ao Procurador-Geral da República a iniciativa para pedidos de impeachment de ministros do STF, é percebida por parte do Senado como tentativa de limitar suas prerrogativas constitucionais. Isso ocorre em paralelo a projetos já em discussão que tratam de mandato para ministros, critérios de escolha e regras de impeachment.

O cenário segue marcado por:

  • ruído político elevado;
  • agenda econômica e regulatória fragmentada entre Congresso, Executivo e Judiciário;
  • incerteza recorrente em temas como reforma administrativa, marcos ambientais, regulação financeira e telecomunicações, agora somada ao debate explícito sobre freios e contrapesos entre STF e Senado.

Para o indicador SPG (Stress Político-Regulatório e Geopolítico), o peso da semana vem tanto do eixo externo (guerra na Ucrânia, tensões EUA–Venezuela, petróleo) quanto desse ruído institucional interno, mantendo SPG em −1, porém com composição de risco mais equilibrada entre fatores domésticos e internacionais.

Do ponto de vista empresarial, isso significa que:

  • o risco regulatório brasileiro permanece “alto, porém conhecido”, exigindo governança robusta, mas com um novo vetor de atenção no relacionamento STF–Congresso;
  • o vetor geopolítico volta a ser tão relevante quanto o vetor regulatório interno para decisões de CAPEX (Capital Expenditure) em energia, logística, tecnologia e exportações, e o “mapa institucional” de cada projeto deve passar a incluir, de forma explícita, dependências críticas de decisões judiciais.

Cadeias globais e geopolítica

Dois blocos de eventos moldam o ambiente externo:

  1. Guerra na Ucrânia e Europa
  • novos ataques em larga escala à infraestrutura de energia, transporte e logística mantêm a Europa em modo de alerta operacional, com risco de impacto em preços de energia, fertilizantes e seguros de transporte.
  1. Venezuela, OPEP e Estados Unidos
  • Nicolás Maduro aciona a OPEP em carta formal, acusando os Estados Unidos de buscar controle sobre reservas venezuelanas e pedindo suporte do cartel;
  • analistas lembram que o setor de petróleo venezuelano está fragilizado por anos de subinvestimento e sanções, mas o reposicionamento político reacende incertezas sobre fluxos regionais e estabilidade institucional.

Somam-se a isso:

  • projeções de superávit global de petróleo em 2026, indicando pressão baixista estrutural de preços;
  • tensões comerciais entre grandes economias, impactando cadeias de suprimento de energia, tecnologia e minerais críticos.

Para o Brasil, a combinação de matriz renovável, papel crescente como produtor de petróleo e potencial exportador de soluções em energia limpa e alimentos reforça a posição de “porto seguro relativo”, desde que:

  • o país saiba usar câmbio competitivo a favor de exportações;
  • preserve credibilidade regulatória e ambiental para atrair capital de longo prazo em energia, infraestrutura digital e projetos de alto CAPEX.

Matriz de correlação de eventos

Clusters de eventos da semana e impacto qualitativo nos indicadores Radar 360:

A. Dólar estruturalmente forte, com projeções convergentes para 5,50 reais em 2025

B. Desemprego em mínima histórica, subutilização elevada e renda estável

C. Nvidia, AWS e cadeia de chips de IA em expansão acelerada

D. Petróleo em torno de 63 dólares, com previsões de superávit e preços mais baixos

E. Guerra na Ucrânia com ataques à infraestrutura e tensões EUA–Venezuela/OPEP

F. Discussões sobre bolha em IA e risco de correção de mercado

ClusterRBAPERQTRVTTPECSPG
A. Dólar forte, projeções em 5,50-10-1000
B. Emprego recorde com renda fraca00-1000
C. Chips de IA, data centers e Chain Reaction+1+10+200
D. Petróleo moderado com tendência de superávit+1+100+10
E. Ucrânia, Venezuela, OPEP e sanções-1-100-1-2
F. Discurso de bolha em IA e risco de correção-100-10-1

Leituras:

  • A pressiona margens de setores com custos dolarizados e receita em reais, penalizando RBA e QTR.
  • B reforça a ideia de “desemprego real” e limita a leitura otimista da economia real, sobretudo quando combinada a limitações metodológicas das estatísticas oficiais.
  • C eleva VTT, trazendo oportunidades em produtividade, automação e novos serviços, mas também pressiona CAPEX e OPEX de infraestrutura digital.
  • D melhora PEC e PER ao combinar energia mais barata com demanda ainda resiliente.
  • E e F são os principais vetores de risco externo, deteriorando SPG e impondo disciplina na alocação de capital em IA, energia e infraestrutura; o ruído STF–Senado, embora não explicitado na matriz, adiciona um componente doméstico que reforça a necessidade de gestão institucional ativa.

Implicações para negócios – lente 2026 setorial

Aplicando as premissas ajustadas para 2026 (dólar base em torno de 5,50 reais, “desemprego real” elevado, geopolítica volátil, ruído institucional e transformação tecnológica acelerada), a leitura estratégica por setor converge para a seguinte matriz de prioridade:

SetorFarolAção prioritária
Agronegócio e exportaçãoVerdeAcelerar produção exportadora, consolidar caixa em reais e travar custos críticos (insumos, câmbio, frete) via hedge e barter
Energia e data centersAmareloInvestir em eficiência energética, cooling avançado, contratos de energia renovável e pilotos em computação quântica aplicada; disciplina rigorosa em CAPEX dolarizado
Indústria e tecnologiaAmareloDefender margem com automação e IA voltadas à redução de custo fixo e aumento de produtividade; reposicionamento exportador sempre que possível
Comércio e varejoVermelhoMáxima cautela: foco em liquidez, rotação rápida de estoque, menor alavancagem e oferta “value for money”, calibrando demanda por dados transacionais, não por estatísticas agregadas

Desdobrando em ações concretas para 2026:

  1. Tecnologia e software (SaaS/Cloud – Software as a Service / Computação em Nuvem)
  • FinOps (Financial Operations) como disciplina obrigatória: migração para instâncias otimizadas, uso de chips proprietários de nuvem (Trainium, etc.), contratos de nuvem com reserva de capacidade e revisões trimestrais de custo por unidade de computação.
  • Retenção de talentos seniores: programas de retenção e participação para proteger a base de conhecimento, dado o déficit de formação em matemática e áreas quantitativas.
  • Primeiros movimentos em computação quântica gerenciada: casos piloto em simulação, otimização e problemas combinatórios relevantes para o negócio.
  1. Data centers e infraestrutura digital
  • Eficiência energética e hídrica como diferencial competitivo: projetos de cooling líquido, uso de energia renovável dedicada, integração com armazenamento e desenho arquitetural alinhado a requisitos de resiliência.
  • Regionalização e soberania digital: enfatizar baixa latência, conformidade regulatória local e integração com sistemas elétricos mais robustos como argumento competitivo frente a infraestrutura offshore.
  • Monitorar oportunidades de P&D em computação quântica aplicada a planejamento de capacidade, localização de sites e acoplamento com redes elétricas.
  1. Energia
  • Estruturar PPAs de longo prazo com grandes consumidores industriais e digitais, capturando a volatilidade global de petróleo a favor de contratos previsíveis em reais.
  • Acelerar projetos que combinem geração renovável e uso produtivo do solo (ex.: Agri-PV), criando colchão de caixa em setores ligados ao agronegócio.
  • Desenvolver competências internas em ferramentas avançadas de otimização (IA, HPC, pilotos quânticos) para planejamento de redes e portfólios de geração.
  1. Indústria de transformação
  • Automação e IA como alavanca de eficiência, não apenas inovação: projetos focados em reduzir custo unitário e aumentar produtividade, preservando caixa.
  • “Exportar para sobreviver” onde houver produto competitivo: uso do câmbio elevado como vantagem estrutural para reposicionar portfólio em mercados externos.
  • Ajustar decisões de investimento e crédito considerando tanto o risco geopolítico quanto o ruído institucional STF–Congresso, sobretudo em projetos regulados ou intensivos em infraestrutura.
  1. Comércio e varejo
  • Planejamento de demanda baseado em dados transacionais reais (vendas, adquirentes, indicadores de crédito), não em narrativas de “pleno emprego”.
  • Mix orientado a valor: ampliação de marcas próprias, linhas econômicas e embalagens com melhor relação preço/benefício.
  • Gestão de risco com foco em liquidez, capital de giro e flexibilidade de estoques para absorver oscilações de renda na base da pirâmide.
  1. Agronegócio e complexos exportadores
  • Travar custos de insumos (fertilizantes, defensivos, máquinas) via contratos antecipados e hedge cambial, garantindo margens em reais.
  • Investir em conectividade no campo, agricultura de precisão e telemetria para reduzir risco climático e operacional.
  • Aproveitar o câmbio competitivo e a condição de “porto seguro relativo” para consolidar mercados externos e financiar investimentos em tecnologia, energia limpa e logística.

Em síntese: 2026 tende a ser um ano de defesa de margem nos setores pressionados por câmbio, renda e risco geopolítico-institucional, e de aceleração estratégica em agronegócio, exportações, energia e infraestrutura digital. A chave é combinar leitura realista de risco (incluindo as limitações dos dados oficiais de trabalho e renda) com uso disciplinado de IA, computação de alta performance, pilotos em computação quântica e instrumentos financeiros para transformar volatilidade em vantagem competitiva.

Como podemos ajudar

A partir do Radar 360, o recorte para 2026 mostra um cenário desafiador, mas com assimetria positiva para quem atuar com disciplina estratégica: dólar estruturalmente alto, “desemprego real” elevado, geopolítica volátil, aceleração da IA e início da curva de computação quântica aplicada à energia e infraestrutura. Nesse contexto, o papel do think tank é transformar esse ruído em agenda objetiva de decisão: onde defender margem, onde acelerar crescimento e onde reduzir exposição antes que o risco seja precificado pelo mercado.

A proposta é atuar como parceiro intelectual de alta frequência do conselho e do C-level, conectando macro, tecnologia, energia e regulação em teses concretas de portfólio, CAPEX e eficiência operacional. Em vez de apenas produzir relatórios, o foco é ancorar decisões críticas (investimentos, contratos, PPAs, nuvem, IA, data centers, expansões e desinvestimentos) em análises independentes, comparáveis ao padrão de grandes fundos e corporate ventures, mas adaptadas à realidade brasileira e setorial.

Tabela – Oportunidades estratégicas mapeadas pelo Radar 360

EixoOportunidade centralAlavancas práticas para 2026
Câmbio e exportaçãoMonetizar dólar forte e posição de “porto seguro relativo”Revisão da agenda de exportação, hedge estruturado e arbitragem regulatória
Trabalho e rendaLer “desemprego real” antes da concorrênciaModelos próprios de demanda, segmentação fina e política de crédito/estoque
IA e nuvemGanho de margem via FinOps e arquitetura multicloud estratégicaOtimização de contratos, replatforming e negociação técnica com hyperscalers
Data centersPosicionar-se em infraestrutura crítica e soberania digitalTeses de localização, energia renovável, redundância e parcerias estratégicas
Energia e PPAsCapturar volatilidade global em contratos previsíveis em reaisEstruturação de PPAs, Agri-PV, eficiência energética e gestão de portfólio
Computação quânticaEntrar cedo na curva de aprendizagem em energia e otimizaçãoSandboxes quânticos, pilotos com AWS/Braket e parcerias com academia
Risco regulatórioAntecipar STF–Congresso e marcos setoriaisMapas institucionais por projeto, cláusulas de proteção e cenários legais
GeopolíticaUsar riscos externos para reconfigurar mercados e cadeiasRedesenho de rotas, diversificação de clientes e contratos de longo prazo
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