O desemprego estrutural pode se tornar em funcional

A crise econômica internacional reduziu o crescimento global. A economia é um sistema integrado e as ações de seus agentes geram impactos em todos os países. Os países que concentram suas economias em commodities, como petróleo e minério, são duramente afetados em cenários econômicos desfavoráveis. As crises econômicas geram o desemprego estrutural, onde existe uma massa de trabalhadores qualificados maior que a oferta de empregos devido aos ajustes que as empresas fazem para compensar a retração de vendas. As crises estimulam as empresas a encontrarem novas maneiras para aumentar a produtividade e reduzir seus custos. Esse movimento interno das empresas corre a parte da massa de trabalhadores desempregados, criando um gap entre as novas qualificações exigidas pelas empresas e a dos desempregados. Quanto mais tempo um profissional fica desempregado maior será o seu gap com as novas práticas do mercado. Essa situação gera o desemprego funcional, onde as qualificações dos trabalhadores não se adequam mais as novas práticas de negócios do mercado, situação potencializada pelas inovações tecnológicas. Isso afeta tanto os trabalhadores operacionais quanto os trabalhadores do conhecimento.

Uma das formas de atualizar as qualificações dos trabalhadores para as necessidades do mercado é o treinamento. No Brasil, o FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador – garante o acesso a treinamentos gratuitos para trabalhadores desempregados. Entretanto, o treinamento só é efetivo se aplicado imediatamente e nas novas tecnologias que estão sendo adotadas pelas empresas.

Em qualquer economia o excesso de oferta reduz os preços. Isso também acontece, em parte, com os trabalhadores onde o preço do seu trabalho é o salário. Entretanto, no trabalho formal existe um limite mínimo garantido pela legislação ou pelos sindicatos. Esse salário mínimo acaba definindo o ROI – Retorno do Investimento – de muitos projetos de inovação e aumento de produtividade nas empresas. Empresas que não podem nem contratar ou investir em inovação correm o risco de fechar.

Parece que a saída é o empreendedorismo individual, sendo uma das poucas formas das pessoas assumirem o controle de suas carreiras. Como empreendedor é possível você definir seu preço e alocar seu tempo em diversas empresas, garantindo o desenvolvimento contínuo de suas habilidades e participar das inovações tecnológicas das empresas. Essa prática também é vantajosa para as empresas que podem contratar profissionais qualificados de forma pontual e incorporar novas práticas e inovações do mercado.

Acredito que a regulamentação da flexibilização do trabalho no Brasil ainda levará muitos anos devido à forte resistência dos sindicatos e centrais de trabalhadores. Entretanto, essa demora agrava ainda mais a situação dos trabalhadores desempregados e aumenta o risco de novas demissões.

Pense nisso e veja se não está na hora de você se transformar em um empreendedor.