Eduardo M Fagundes

Artigos

Coletânea de artigos técnicos e reflexões de Eduardo M. Fagundes publicados entre 2011 e 2017

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Tag: eficiência energética

  • Adote uma usina de energia renovável

    O apagão forçado coordenado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) em 19 de janeiro de 2015, provou que o sistema elétrico brasileiro opera no limite e qualquer elevação de demanda se torna instável. A restrição de oferta atingiu as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, ou seja, as regiões de maior concentração das atividades econômicas do país. O episódio mostrou nossa forte dependência das hidrelétricas, que tiveram sua capacidade de geração reduzida devido a longa estiagem que reduziu os níveis dos lagos de reserva. Infelizmente, episódios como este podem ocorrer com mais frequência. Embora, algumas empresas tenham geradores a diesel esses não são suficientes para atender toda a demanda ou, se atendem, por períodos pequenos, como é o caso dos data centers. Sistemas elétricos integrados, como o brasileiro, são eficientes se bem dimensionados e modernos (alto grau de automação), caso contrário, uma falha gera um efeito domino. Minha sugestão é que grandes consumidores de energia adotem uma usina de energia renovável e se instalem próximo a ela.

    Acredito que o futuro será da geração distribuída, onde empresas e pessoas gerarão sua própria energia para consumo. Hoje com um investimento de cerca de R$17.000 é possível instalar um sistema de microgeração de energia fotovoltaico para atender uma residência com quatro pessoas, com a possibilidade de repassar para a concessionária de distribuição local o excedente produzido durante o dia, compensando o consumo noturno. A Honda investiu R$100 milhões em um parque eólico de 27MW em Xangri-lá (RS) para atender a demanda da sua fábrica em Sumaré (SP) com uma redução entre 40-45% do custo em energia. Infelizmente, a Honda compartilha o mesmo sistema elétrico integrado para o transporte da energia que em caso de colapso do sistema ela será afetada.

    O Ministério das Comunicações e a Itaipu Multinacional assinaram um acordo de colaboração para a criação de um condomínio de data centers no parque tecnológico dentro da usina. Isso, a princípio, garantirá energia continua e barata (se aprovado algumas isenções fiscais) para os data centers. Nessa situação, mesmo com um colapso do sistema elétrico integrado, os data centers continuariam operando com a energia de Itaipu.

    Uma opção é que os governos (federal, estadual e municipal) criassem condições regulatórias e fiscais para as indústrias, incluindo a de serviços (Call Centers, Data Centers e outras) se instalassem próximas as usinas de geração, principalmente as de fontes renováveis como biomassa, eólica e fotovoltaica.

    Além de garantir maior confiabilidade de fornecimento de energia, desenvolveria as regiões próximas as fontes geradoras, que normalmente estão afastadas dos grandes centros metropolitanos, e estariam em conformidade com a política de redução de emissão de gases do efeito estufa.

    Isso vale também para um movimento que estou apoiando para criar Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) para a indústria de software.

     

  • Controle da demanda de energia é uma questão de sobrevivência empresarial

    Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o aumento da energia resultará um custo estrutural de R$401,30 por MWh até o final de 2015 para a indústria. Em 2013, o custo médio da indústria era de R$263,00 por MWh. A introdução das bandeiras tarifárias em 2015 representará um custo adicional de R$18,90 nos custos da indústria, elevando o custo da energia para R$420,20 por MWh. Isso associado ao baixo crescimento previsto da economia brasileira, exigirá ações drásticas de redução de custos nas empresas. A velha expressão “pense fora da caixa” deverá passar do discurso para a prática. Algumas ações deverão ser articuladas por sindicatos patronais e associações de empresas e sociedade em geral.

    Vamos começar com uma breve revisão do modelo do setor elétrico no Brasil. Nosso modelo, como em vários países, é regulado pelo governo para garantir a infraestrutura de geração, transmissão e distribuição de energia necessária para garantir a demanda em todas as regiões do país. O modelo inclui a concessão para empresas privadas explorarem mercados cativos de consumidores em regiões definidas pelo governo e distribuídas através de leilões públicos. A compra de energia pelas concessionárias de distribuição é feita através de leilão de energia já disponível das usinas geradoras, chamados leilões A1, e através de compromissos de compra de energia de usinas planejadas ou em construção com previsão de entrada em operação em 3 e 5 anos, chamados leilões A3 e A5, respectivamente. A construção e manutenção das linhas de transmissão de alta tensão também são concessões e obtidas através de leilão.

    A composição da matriz energética é planejada para ser diversificada, incluindo hidrelétricas, termelétricas, eólicas, biomassa e fotovoltaicas. Para incentivar a diversificação da matriz e evitar disparidade de preços devido as diferentes tecnologias são realizados leilões específicos para novas tecnologias, como eólica e fotovoltaica. Também, existem leilões específicos para PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas).

    Existem duas formas de comercialização de energia: por quantidade e por disponibilidade. Por quantidade, é a compra de montantes de energia nos leilões por um preço fixo, normalmente, aplicáveis para hidrelétrica em leilões A1. Nesta modalidade, os geradores estão sujeitos a riscos de sobras ou déficits de energia que devem ser liquidados no mercado spot (PLD – Preço de Liquidação da Diferenças). Esses riscos são minimizados pelo chamado Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) entre as usinas participantes do sistema integrado nacional (SIN). Por disponibilidade, é quando uma usina geradora é remunerada para manter uma determinada capacidade de energia de reserva para ser acionada (despachada) quando necessário. Quando acionada, os custos operacionais são cobrados adicionalmente, como por exemplo o combustível utilizado na geração de energia.

    Devido à crise hídrica que assola a região sudeste houve uma redução de geração de energia pelas hidrelétricas compensada pela geração das termelétricas, acionando os contratos por disponibilidade, aumentando os custos de geração de energia. Esse custo adicional é pago pelos consumidores em suas contas de energia através das bandeiras tarifárias. A Aneel determina no final de cada mês qual será a bandeira (verde, amarela ou vermelha) do próximo mês. A bandeira vermelha significa um custo adicional de R$3,00 para cada 100 kW consumido. A bandeira amarela, um custo adicional de R$1,50 para 100 kW consumidos e a bandeira verde sem custo adicional. As bandeiras tarifárias são definidas por região (Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte) com exceção dos Estados que não estão no sistema integrado.

    Com as intensas ondas de calor existe um aumento da demanda de energia com o uso de equipamentos de ar condicionado, ventiladores e aumento do número de banhos com chuveiros elétricos. Praticamente, o sistema elétrico está operando a plena carga todo o dia. Começa pela manhã com o acionamento do ar condicionado nos escritórios se prolongando a noite nas residências, incluindo os banhos usando chuveiros elétricos a partir das 18 horas até as 21 horas (cerca de 111 milhões nesse período). Isso faz com que o ONS, Operador Nacional do Sistema, ordene o despacho de energia das termelétricas do início do dia até a noite. Esse fato é o que determina a bandeira tarifária vermelha.

    Note que temos uma redução significativa de demanda entre 22h00 e 7h00, ou seja, na madrugada. Em tese, o valor definido para cada bandeira tarifária já leva em consideração esse fato.

    Para reduzir as despesas operacionais das empresas deve-se reduzir a demanda e o consumo de energia para compensar a alta do preço da energia. Para consumidores industriais e comerciais com demandas acima de 500 kW é possível negociar a compra de energia através do mercado livre. Para consumidores cativos, comerciais e residenciais, que pagam as tarifas definidas pela Aneel, têm como única alternativa a redução da demanda (kW) e o consumo de energia (kWh).

    Explicando, demanda é a quantidade de energia necessária para fazer funcionar todos os equipamentos elétricos ligados em um determinado momento. Consumo é o tempo que utilizamos a energia ao longo de um período. As instalações industriais e comerciais pagam uma taxa fixa para que a concessionária garanta uma determinada demanda. Se a demanda utilizada for maior que a contratada é cobrado um valor adicional e o consumidor deve contratar uma demanda maior se isso ocorrer com frequência.

    As concessionárias de distribuição contratam montantes de energia nos leilões baseadas nas estimativas de demanda do seu mercado cativo. Caso necessite demandas adicionais, devem comprar energia no mercado spot, com preços significativamente maiores, sem poder transferir para as contas dos consumidores, exceção daqueles que contrataram demandas menores. Isso faz com que as concessionárias de distribuição se preocupem e incentivem o controle da demanda de seus usuários cativos. A Aneel, obriga as distribuidoras a investirem 0,25% da sua receita líquida em projetos de redução da demanda na sua área de concessão. Projetos comuns são a troca de geladeiras antigas por novas e substituição de lâmpadas antigas por mais eficientes para comunidades de baixa renda, gratuitamente. Existem projetos de troca de sistemas de ar condicionado antigos por novos em órgãos públicos e hospitais. Essa verba pode ser utilizada a fundo perdido ou para financiar projetos em empresas privadas com taxas muito atrativas.

    Os workshops e projetos que realizo sobre eficiência energética tem estimulado a criatividade de técnicos e executivos. Por exemplo, repensar o processo de produção para acionar máquinas em diferentes horários para reduzir a demanda de energia ou transferir a produção para o período noturno para reduzir o uso de ar condicionado, negociando melhores tarifas com a distribuidora. Mesmo com o pagamento de adicional noturno para os funcionários, alguns projetos são atraentes.

    Existem muitas alternativas para a redução de demanda e consumo de energia. O importante é a empresa considerar esse assunto estratégico e envolver todos os funcionários na identificação de oportunidades. Uma forma de estruturar essa iniciativa é adotar uma metodologia aderente a ISO 50.001 para avaliar e implantar as melhores ideias. Isso não é uma atividade “nice to have”, hoje é uma questão de sobrevivência das empresas.

     

  • Autoprodução e Mercado Livre de Energia uma estratégia de continuidade de negócios

    Imagine investir R$1,4 bilhões em uma nova fábrica e deixar de operar por falta de energia. Ainda, como enfrentar o desafio de reduzir as emissões de gases de efeito estufa diminuindo custos e aumentando a produtividade. A solução da Holcim, multinacional do setor de cimentos, foi contratar 55MW médios por R$700 milhões até 2022 da CEMIG no mercado livre para sua nova planta em Barroso em Minas Gerais. Já a Honda decidiu investir R$100 milhões em geração eólica de 95MW/ano no litoral do Rio Grande Sul para abastecer sua fábrica em Sumaré em São Paulo, deixando de emitir 2.2 milhões de toneladas de CO2 (redução de 30% das emissões) e reduzindo entre 40-45% dos gastos em energia. A Volkswagen, usando uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) está suprindo 18% da sua demanda de energia. Esses fatos seguem os visionários fundadores da Votorantim que implantaram usinas de geração de energia para consumo próprio desde sua fundação em 1918. Não há dúvidas que a autoprodução e compra de energia no mercado livre é uma excelente alternativa para garantir as operações das fábricas com redução de impactos no meio ambiente. Os projetos garantem energia no curto prazo e retorno do investimento no longo prazo.

    As mudanças climáticas que o Brasil está experimentando coloca em discussão nossa matriz energética. Durante anos focamos na exploração dos nossos recursos hídricos e usinas operadas por combustíveis fósseis (óleo e gás). O uso de energia alternativa era inviabilizado por questões econômicas. Entretanto, com a mudança do cenário de geração e algumas decisões equivocadas da política energética as empresas devem assumir uma postura mais proativa para garantir a continuidade de seus negócios.

    O mercado livre de energia sofreu um revés no final de 2013 com um malfadado decreto lei que forçou a revisão dos contratos de fornecimento de energia no país. Esse decreto lei gerou um desequilíbrio nas contas das distribuidoras, pressionou o aumento dos preços de energia e criou uma percepção de insegurança jurídica de contratos no país. A estiagem que acometeu as regiões Sul e Sudeste forçou o uso das termelétricas, mais cara que as hidrelétricas. Esses fatos, colocaram o país em uma séria crise energética.

    O governo afirma que serão necessários investimentos de 2,6% do PIB para atender a demanda de consumo de energia até 2020. Essa expansão será apoiada por usinas hidrelétricas, eólicas e biomassa, que é o uso de matéria orgânica na geração de energia.

    Como foi anunciado pelo futuro ministro da fazenda, Joaquim Levy, o Brasil fará um esforço para criar superávit nas contas públicas. As previsões são de forte controle nos próximos dois anos, ou seja, até 2016. Provavelmente, as ações serão a eliminação ou redução dos incentivos à indústria, aumento das taxas de juros e aumento de impostos. Isso forçará ações internas de redução de custos das empresas.

    A queda do preço internacional do barril do petróleo em 30%, comercializado em torno de US$70, tem um lado positivo e outro negativo. Com a autossuficiência de petróleo dos Estados Unidos com a produção de energia a partir do gás de xisto, o preço cairá ainda mais.  O lado positivo é que, em teoria, o preço de geração de energia por termelétrica deve reduzir, viabilizando a construção de novas usinas poluidoras movidas a óleo. O lado negativo, além de ser energia suja, é que a Petrobrás, empresa com a maior dívida do planeta, não poderá reduzir o preço interno do petróleo sob o risco de insolvência e de perda da capacidade de investimento no pré-sal. Isso sem comentar as potenciais multas e indenizações a investidores internacionais, pelo menos, dos escândalos de corrupção que estão sob investigação.

    O Brasil deve enfrentar outro desafio importante para a sua economia que é a queda de 10-30% dos preços médios das commodities de minério de ferro, soja e farelo de soja que representam quase 30% do total exportado pelo país, devido a superoferta internacional. Somado a isso, é prevista a saída de investidores de mercado futuro de matérias-primas em busca de outros ativos, como os dos títulos públicos dos Estado Unidos. Isso deve impactar diretamente nossa balança comercial, reduzindo nossa capacidade de investimento.

    Esse cenário econômico e a previsão de crescimento oficial de 0,8% da economia brasileira para 2015, pode reduzir a capacidade de atrair investimentos para a construção de novas usinas geradoras de energia. Como evidência a essa afirmação, foi o fato que no último leilão de energia, realizado no dia 5/11 de energia existente, foram comercializados apenas lotes de 3 anos e nenhum lote de 5 anos, com o preço médio de R$197,09 por MWh, praticamente sem deságio. Esse fato, provavelmente, está associado as incertezas do futuro da economia e política do país, incluindo a falta de transparência dos números oficiais e insegurança jurídica dos contratos.

    Nesse cenário de incertezas, a melhor forma de garantir o fornecimento de energia para as operações atuais e projetos futuros de expansão das empresas é a autoprodução ou compra de energia no mercado livre. As empresas devem considerar um eventual sobrepreço no custo da energia como um seguro para garantir a continuidade de seus negócios e como uma ação para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

    Estou coordenando um grupo de usuários (GU) na SUCESU-SP, associação de usuários corporativos de TI, para discutir e apoiar a autoprodução e compra de energia no mercado para data centers, responsáveis por um grande consumo de energia nas empresas e emissor de gases do efeito estufa.

    Veja mais detalhes em http://efagundes.com/inovacao/index.php/sustentabilidade/

     

  • Indicadores de sustentabilidade e eficiência energética para data centers

    Cada vez mais as empresas líderes estão aderindo, voluntariamente, a compromissos de responsabilidade social e preservação do meio ambiente. Essa iniciativa, obrigatoriamente, deve envolver suas cadeias de fornecedores, pois são responsáveis pelas matérias primas e componentes que integram de seus produtos e serviços. A demanda por energia e água para os data centers é significativa e deve ser tratada com atenção, tanto para a infraestrutura interna como nas contratações de serviços externos.

    Segundo estudos do Greenpeace, os data centers e os equipamentos de computação em geral consumem 1,5% da energia global e emitem cerca de 2% dos gases do efeito estufa (CO2 e outros gases). Portanto, geram um significativo impacto nas mudanças climáticas. Em muitos países ainda se utiliza o carvão como principal combustível para geração de energia, gerando toneladas de gases e resíduos poluentes.

    No Brasil, a matriz energética é baseada em geração hídrica (63,09%), térmica (28,35%), eólica (3,29%%) e outras fontes renováveis. Em decorrência da grande estiagem de 2014 que reduziu o volume de água dos lagos de reserva das hidrelétricas a geração de energia das termelétricas vem aumentando. Consequentemente, aumentando a emissão de gases de efeito estufa.

    Empresas que operam no Brasil e usam serviços de processamento de dados no exterior devem computar a emissão de gases do efeito estufa em sua conta de poluição ambiental. No Brasil, as empresas que utilizam energia das concessionárias de distribuição, chamados consumidores cativos, devem considerar o aumento do uso das termelétricas na sua conta de poluição. O impacto disso é a necessidade de aumentar as iniciativas para neutralização do carbono, resultando em mais investimentos e despesas.

    Nesse contexto, é fundamental uso de indicadores para medir e avaliar o desempenho e impactos ambientais dos data centers. Segue uma recomendação de indicadores para os data centers internos e para serem incluídos nas RFPs (Request for Proposal) para a contratação de serviços de data centers:

    • PUEPower Usage Effectiveness (eficiência energética). O indicador PUE é uma medida da energia total do data center dividido pelo consumo de energia dos equipamentos de TI. A recomendação é medir a energia consumida pelos equipamentos de TI na saída da unidade de distribuição de energia (PDU) ou na saída da fonte de alimentação ininterrupta (UPS). A medição da energia total do data center deve ser no ponto de distribuição central para incluir refrigeração, iluminação e infraestrutura de apoio, além das cargas dos equipamentos de TI;
    • GECGreen Energy Coefficient (coeficiente de energia verde). O indicador GEC quantifica a parcela de energia de um data center que vem de fontes verdes. O GEC é computado como a energia verde consumida (medido em quilowatt-hora ou kWh) dividida pelo total de energia consumida pelo data center (kWh). Para efeitos do GEC, “energia verde” é definida como qualquer forma de energia renovável certificada por uma autoridade oficial;
    • ERFEnergy Reuse Factor (fator de reutilização de energia). O indicador ERF identifica a parcela de energia que é exportada para a reutilização para fora do data center. O ERF é calculado como a energia reutilizada dividido pela energia total consumida pelo data center;
    • CUECarbon Usage Effectiveness (Uso eficaz do Carbono). O indicador CUE permite a avaliação das emissões de gases do efeito estufa totais de um data center em relação ao seu consumo de energia de TI. O CUE é calculado como o total de emissões equivalentes de dióxido de carbono (CO2eq) do consumo de energia do data center dividido pelo total de consumo de energia dos equipamentos de TI;

    O ideal é que o monitoramento desses indicadores seja feito de forma automática através de um software DCIM (Data Center Infrastructure Management), que possibilita a integração dos dados da infraestrutura predial e computacional.

    As pressões dos clientes e a legislação ambiental, mais cedo ou mais tarde, obrigará as empresas a adotarem mecanismos de medição e ações para a redução do consumo de energia e redução dos gases de efeito estufa. Melhor começar de forma voluntaria para obter uma curva de aprendizado e de investimentos sem pressão de tempo.

  • Negócios lucrativos de TI para reduzir as emissões de CO2

    A expectativa é de redução das emissões de TI (dispositivos de usuários, telecomunicações e data centers) entre 2011 e 2020 em 2,3%, comparado com o aumento de 6,1% entre 2002 e 2011. Os principais motivos são a maior eficiência energética dos equipamentos e a substituição dos PCs por tablets.

    Em 2011, os data centers contabilizaram 0,16 GtCO2, ou 17%, das emissões de TI. É esperado um crescimento mais rápido até 2020, chegando a 0,29 GtCO2. As emissões serão lideradas pela demanda de armazenamento de dados. Entretanto, várias tecnologias estão contribuindo para neutralizar os impactos do crescimento das emissões, como a virtualização de servidores, eficiência energética dos equipamentos, e melhoria das tecnologias de refrigeração, resultando na melhoria do PUE (Power Usage Effectiveness).

    O crescimento do consumo de energia pelos data centers é inevitável, porém é essencial para viabilizar outras tecnologias que contribuem para a redução global das emissões de CO2. A utilização de ambientes Cloud Computing contribui para o aumento da eficiência operacional das pequenas e médias empresas e abrem novas oportunidades de negócios. Tecnologias de pesquisa na Web, e-mail, redes sociais, acesso remoto e colaborativo para documentos, música e vídeo são alguns serviços que contribuem para a redução geral das emissões de CO2.

    O uso de Big Data contribuirá, significativamente, para o mapeamento em tempo real do tráfego, das redes sociais, ferramentas de tomada de decisão a partir de análises de negócios em tempo real, medições inteligentes (smart metering) que contribuem para a geração de valor na economia.

    Em 2008, o Brasil estava na 14ª posição no ranking dos maiores emissores de CO2 do planeta, contribuindo com 1,4% do total das emissões. O principal ofensor era o desmatamento das florestas para a agricultura e pecuária, com 42% das emissões. A geração de energia contribuía com 18% e o transporte com 12%.

    Em 2013, devido a longa estiagem que o Brasil está sofrendo nossa matriz energética se alterou e deixamos o 2º lugar do ranking de maiores produtos de energia hidráulica do mundo, com uma queda de 7%. O uso de gás natural e óleo provocou o crescimento de 6,7% das emissões de CO2, segundo relatório BP Energy Review. Essa mudança fez o Brasil sair da 14ª posição para a 11ª posição no ranking de maiores emissores de CO2.

    Essa mudança da matriz energética, aumentando a produção de energia das termelétricas, pressiona o aumento de preços da energia e as emissões de gases do efeito estufa. São esperados aumentos significativos do preço da energia enquanto durar a estiagem através do uso das bandeiras tarifarias que repassa para os consumidores o custo extra pelo uso das termelétricas em 2015.

    Por outro lado, o mercado de TI continua crescendo, principalmente nos acessos à Internet. Em 2013, o Brasil tinha 143 milhões de usuários de celulares com 52,3 milhões com conexões banda larga móvel. Em agosto de 2014, o número de celulares pulou para 276,15 milhões, com 132,89 milhões de conexões banda larga móvel, dos quais 3,67 milhões com terminais 4G, segundo a ANATEL.

    No Brasil, 70% do faturamento de TI são provenientes de 16% de fornecedores de TI, principalmente de grandes multinacionais. Algumas dessas empresas estão criando centros de desenvolvimento no país que podem contribuir com soluções locais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e minimizar as mudanças climáticas.

    A TI pode contribuir em quatro áreas: (1) digitalização e desmaterialização de produtos e processos; (2) comunicação e coleta de dados; (3) integração de sistemas; e, (4) otimização de processos.

    Na área de digitalização e desmaterialização de produtos e processos, podemos utilizar videoconferência e trabalho remoto para minimizar os impactos dos meios de transporte e intensificar o uso do comércio eletrônico, redução do uso de papel e mídia online, reduzindo o impacto na área de serviços ao consumidor.

    Na área de comunicação de coleta dados, a utilização de medidores eletrônicos pelas concessionárias de energia e água reduziria, significativamente, o enorme contingente de pessoas nas ruas coletando dados e equipes de corte e religa. Coletas de dados sobre trânsito orientam os motoristas a utilizar novas rotas e ganhar tempo e combustível, evitando emissões de CO2 (serviços como o Wase). Outra aplicação pouco desenvolvida no país é a agricultura de precisão que auxilia na otimização do cultivo agrícola e na gestão da pecuária.

    A integração de sistemas permitirá a integração dos dados das novas fontes de micro e mini geração de energia renováveis independentes ao sistema integrado, melhorando a gestão da demanda de energia. A integração dos sistemas de tráfego melhorará a eficiência da gestão.

    Nos data centers, o uso de ferramentas DCIM, Data Center Infraestruture Management, integrando dados dos sistemas de TI com os sistemas de infraestrutura predial aumentarão a disponibilidade dos serviços e melhorará a gestão dos recursos de forma integrada.

    A otimização de processos com o objetivo de redução das emissões de CO2 tem uma ampla gama de soluções. No setor de energia, melhorar o balanceamento de carga e otimização da geração de energia. Na área de transporte, otimização do planejamento de rotas e sistemas de logística. Na indústria, a automação de processos industriais. No comércio, a redução de estoques e otimização de entregas de encomendas. Na agricultura, a introdução do conceito de fazendas inteligentes. Na área de construção predial, o uso de práticas de conservação de energia.

    Resumindo, a área de TI tem uma enorme contribuição a oferecer na redução das emissões dos gases de efeito estufa, tanto de sua própria infraestrutura como contribuir em outras áreas da economia. Essas contribuições, além de gerar negócios lucrativos, são ações de responsabilidade social e ambiental.

  • Cloud Computing e a Eficiência Energética das empresas

    Os data centers são um dos maiores ofensores no consumo de energia das empresas, chegando a representar 40% das despesas da infraestrutura. Também, são responsáveis por uma grande quantidade de emissão de gases do efeito estufa, direta e indiretamente. Uma solução para reduzir os custos de energia e mitigar as emissões de CO2 é a transferência dos data centers das empresas para fornecedores de Cloud Computing.

    Os data centers consumem cerca de 1,5% de toda a energia produzida no mundo e emitem cerca de 2% dos gases do efeito estufa global. Empresas que aderiam a compromissos de preservação do meio ambiente têm no Cloud Computing uma alternativa viável para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

    Alternativamente, as empresas podem adotar na fase inicial do projeto migrar sua infraestrutura de servidores e armazenamento para o fornecedor de Cloud Computing na modalidade de Collocation, ou seja, alugar um espaço físico no data center do fornecedor para aproveitar sua infraestrutura predial.

    As reduções de custos e emissão de gases do efeito estufa são imediatos. A começar pela liberação da área física na empresa, principalmente se a área for alugada ou se a empresa tem plano de expansão dos escritórios.

    Outro fator de redução é no investimento (CAPEX) para a atualização tecnologia do parque instalado, incluindo sistemas de energia e refrigeração. O aumento das despesas (OPEX) com a contratação dos serviços podem trazer benefícios contábeis.

    Outros benefícios podem trazer redução de custos indiretos, tais como a simplificação dos processos internos, redução de riscos de acidentes, redução do prêmio do seguro das instalações da empresa, etc.

    Um dos mitos que já foi superado sobre Cloud Computing é a falta de segurança das informações e de sua infraestrutura. Sobre segurança da informação, os fornecedores investem maciçamente em ferramentas, pessoal especializado e monitoração 24×7, tornando o ambiente mais seguro que o das empresas. Do ponto de vista de infraestrutura, os data centers possuem recursos redundantes e monitorados constantemente.

    Faça uma boa ação com a natureza, migre seu Data Center para Cloud Computing e ainda ganhe com a redução de custos de energia e aumento da segurança.

  • Quem quer vender precisa ter produtos sustentáveis

    Agora não tem mais jeito. Se sua empresa pretende continuar no mercado o caminho é ter produtos sustentáveis. O governo segue firme na implementação de seus acordo internacionais sobre mudanças climáticas. Um dos critérios para a aquisição de novos produtos pelo governo será o Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro que tem categorias de eletrodomésticos a automóveis. Por exemplos, os veículos oficiais a serem adquiridos ou alocados devem comprovar eficiência energética e menor consumo de energia. O mesmo vale para equipamento eletrônicos e sistemas de iluminação. Toda a aquisição de produtos que contém madeira devem fazer parte do Programa Brasileiro de Certificação Florestal do Inmetro. Resumindo, ou sua empresa se alinha ou cai fora do mercado.

    Leia o artigo Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis

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    Programas do Inmetro são referência para contratações sustentáveis

    Fonte: Portal Brasil – 20.03.2014

    Brasil – O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, do Governo Federal, em Brasília, lançou, neste mês de março, a 2ª edição do Guia de Contratações Sustentáveis, com o objetivo de orientar a inclusão de critérios de sustentabilidade a serem observados na aquisição de bens e na contratação de obras e serviços no âmbito da Justiça do Trabalho em todo o Brasil.

    Entre os instrumentos legais apresentados como embasamento para a adoção de tais critérios, é citada a conformidade dos produtos, insumos e serviços com os regulamentos técnicos pertinentes em vigor expedidos pelo Inmetro de forma a assegurar aspectos relativos à saúde, à segurança, ao meio ambiente, ou à proteção do consumidor e da concorrência justa.

    O Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do Instituto, por exemplo, é citado como parâmetro para a aquisição de diversas categorias de produtos – de eletrodomésticos a automóveis.

    A Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (Ence) do PBE, que classifica de “A” a “E” a eficiência energética de máquinas e aparelhos consumidores de energia, é considerada referência para a compra de refrigeradores, condicionadores de ar, lâmpadas LED, computadores de mesa, laptops etc.

    Já veículos leves de passageiros para uso oficial, adquiridos ou locados, devem apresentar maior eficiência energética e menor consumo de combustível dentro de cada categoria, em conformidade com os requisitos constantes no Regulamento de Avaliação da Conformidade para Veículos Leves de Passageiros e Comerciais Leves, disponíveis no site do Inmetro.

    Para modelos das categorias subcompacto, compacto, médio e grande, a comprovação da conformidade com esses critérios deve ser feita pela Ence das classes de maior eficiência, ”A” ou “B”.

    Para a aquisição de produtos oriundos da madeira, o guia recomenda observar os critérios da rastreabilidade e da origem dos insumos a partir de fontes de manejo sustentável em conformidade com o Programa Brasileiro de Certificação Florestal do Inmetro (Cerflor).

    Na concepção dos projetos e especificações de obras e serviços, a envoltória do prédio, o sistema de iluminação e o sistema de condicionamento de ar devem observar os requisitos para os níveis de eficiência energética A ou B dos Requisitos Técnicos da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos – RTQ-C, aprovado pela Portaria Inmetro nº 372 de 17/09/2010 e Portaria Complementar nº 17 de 16 de janeiro de 2012.

    Ainda segundo a publicação, o Selo Ruído, que classifica os produtos de “A” a “E”, a partir dos decibels emitidos, também deve ser levado em conta na aquisição de eletrodomésticos como liquidificadores, secadores e aspiradores de pó.

    O Conselho Superior da Justiça do Trabalho é parceiro do Inmetro em coordenação compartilhada do Fórum Governamental de Responsabilidade Social, criado em 2010. O tema de contratações públicas sustentáveis será debatido na próxima reunião do Fórum, no dia 29 de abril.

  • A dura tarefa de definir a estratégia para data centers

    A definição estratégica para data centers é um grande desafio para as organizações. O crescimento da demanda de aplicações para apoiar as unidades de negócios exige o aumento da infraestrutura dos data centers. Esse desafio gera fortes pressões internas por redução de custos. É fundamental alinhar os requerimentos dos data center e as iniciativas para controlar os custos operacionais. Deve existir um forte entrosamento entre o CIO (Chief Information Officer) e o CFO (Chief Financial Officer) para evitar conflitos internos e fragilizar a infraestrutura realmente necessária para a infraestrutura do data center atender os requerimentos de negócios.

    Um dos desafios dos data center é o seu desempenho energético e a adoção de práticas de sustentabilidade. Nesse contexto deparamos que as questões de aumento dos custos de energia:

    • O consumo de energia dos data centers quadruplicaram na última década, apesar da duplicação da eficiência energética dos processadores a cada dois anos;
    • Aumentou a densidade de calor por metro quadrado dos racks de servidores;
    • A eficiência energética e de consumo de água não acompanhou a eficiência dos processadores exigindo mais investimentos e ações para garantir uma alta disponibilidade dos serviços;
    • Apesar da virtualização e consolidação dos servidores, a base instalada continua a crescer (40 milhões de servidores em 2012), a um custo de US$5 bilhões por ano de energia e refrigeração;
    • Poucas ações para aumentar a eficiência energética dos data centers.

    Em contraste, novas e sofisticadas tecnologias de gerenciamento de energia dos processadores tem alcançado uma redução de até 85% do consumo de energia.

    Esse cenário implica na adoção de novas estratégias para os data centers.

    A computação em nuvem está no centro das decisões de infraestrutura para os data centers. O esforço para garantir a alta disponibilidade do sistema (99,99% de uptime) muitas vezes exige um acréscimo na infraestrutura necessária e, consequentemente, um significativo aumento no consumo de energia. Por meio de provedores de serviços em nuvem, as organizações podem minimizar a redundância que consome energia e os custos de manutenção e gerenciamento associados.

    O uso da nuvem para soluções de armazenamento pode resultar em uma redução no consumo de energia. No entanto, é necessário fazer um estudo detalhado para avaliar esse beneficio. Por exemplo, se arquivos muito acessados estiverem armazenado na nuvem os requerimentos de rede podem ser superiores se os arquivos estiverem armazenados localmente.

    A decisão de construção de um data center deve levar em consideração vários elementos, principalmente no aumento de consumo e monitoramento de energia. Alguns estudos mostram a viabilidade de reformas nos data center com econômicas significativas do consumo de energia.

    Para mitigar os custos de energia uma das soluções é localizar os data center em locais próximos a fontes abundantes e renováveis de energia, como hidrelétricas, eólicas e fotovoltaicas. A estratégia já deve estar alinhada com as futuras normas regulatórias de neutralização do carbono impostas pelos governos.

    Novas arquiteturas de rede empregando algoritmos de redes virtuais podem melhorar a eficiência energéticas dos data centers.

    Uma métrica-chave utilizada pelos data centers são o PUE (Power Usage Effectiveness) e o pPUE (Power Usage Effectiveness parcial). Entretanto, o PUE não captura algumas transformações fundamentais da infraestrutura de TI porque sua visão baseia-se nos equipamentos físicos (servidores e chillers)  e não na visão funcional (processamento e refrigeração) dos data centers.

    Resumindo, o desempenho e investimentos dos data centers devem estar alinhados com as estratégias de negócios da empresa e sustentabilidade. É necessário que todas as áreas de negócios, incluindo a área de finanças, colaborem para uma tomada de decisão correta sobre os data centers. O planejamento precisa incluir e monitorar novos indicadores e abordagens para garantir a eficiência energética e a adoção das melhores práticas de definição da infraestrutura e gestão dos data centers.