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Tech & Energy Think Tank

Think tank independente com foco em energia, tecnologia e tendências globais. Análises para apoiar decisões estratégicas com visão de impacto.

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Autor: Eduardo Fagundes

  • Mais vale um funcionário com vontade de aprender que um especialista desinteressado

    Tenho a felicidade de conviver com jovens e acompanhar a transformação das gerações “baby boomer”, X, Y e Z, tanto no ambiente acadêmico como nas empresas. As mudanças são marcantes, desde funcionários totalmente submissos a hierarquia organizacional aos jovens que questionam as regras e buscam, constantemente, novas oportunidades de crescimento e qualidade no ambiente de trabalho. Obviamente, essas transformações impactam a operação das empresas e geram conflitos entre gerações. O lado, extremamente, positivo é o constante alinhamento das práticas de negócios e produtos ao mercado.

    Pessoas motivadas

    Dentro deste contexto, o desafio é saber contratar. Usar apenas o critério técnico é valido para projetos que exigem conhecimento especifico e pontual. A contratação de pessoal para quadros fixos da organização exige focar mais no comportamento que nas habilidades atuais e experiência anterior. Meu argumento é que a empresa contrata colaboradores para transformar a empresa alinhando com as necessidades do mercado ao longo do tempo.

    Ressalto três características importantes: ética, qualificação acadêmica compatível com a função e vontade de aprender.

    A ética resguarda a empresa de uso de práticas indesejáveis pelos clientes e pela legislação do país. Cria um ambiente de trabalho mais saudável com menos intrigas e conflitos pessoais. Melhora a satisfação dos clientes com o desenvolvimento de produtos e serviços em conformidade com as expectativas do mercado, dentro da legislação e com responsabilidade socioambiental, resultando em melhores resultados financeiros.

    A qualificação acadêmica compatível é essencial para exercer funções regulamentadas, como engenharia. A graduação assegura acesso a cursos de especialização e participação em fóruns e associações de classe para influenciar no uso de novas tecnologias, práticas de negócios e desenvolvimento de novos negócios.

    A última, porém tão ou mais importante que as duas primeiras, é a vontade de aprender. Pessoas com esse perfil questionam os processos, buscam fazer as coisas de forma diferente, encaram os erros como parte do processo de aprendizado, buscam conhecimento e habilidades em cursos e profissionais mais experientes e assumem riscos controlados para aplicar aquilo que aprenderam. Encaram a empresa como um meio para aprender e evoluir profissionalmente.

    As empresas se beneficiam com profissionais que querem aprender de várias formas. Para aprender essas pessoas preferem fazer que contratar, reduzindo o custo das operações e projetos. Por não terem medo de errar quebram paradigmas organizacionais e ultrapassam limites estabelecidos por funcionários mais experientes. Aprendendo mais rápido e usando novas tecnologias absorvem o conhecimento de outros funcionários, acelerando as transformações na empresa. Essas atitudes fazem que outros funcionários deixem suas zonas de conforto e reajam para não perderem seus empregos e status quo.

    Infelizmente, os maiores sabotares desse processo são a cultura da empresa e chefes que não estão dispostos a aceitar mudanças e riscos.

    Empresas que têm a cultura de punir erros, mesmo daqueles que querem acertar, inibem a criatividade e controlam seus funcionários pelo medo, resultando em baixo desempenho organizacional e alta rotatividade de pessoal, principalmente os mais jovens e talentosos. Nas empresas sem cultura de aprendizado, os treinamentos são para desenvolver habilidades técnicas para exercer funções especificas, para atender a regulamentação e programas de conformidade. Ao contrário, empresas com cultura de aprendizado permitem que seus funcionários desenvolvam habilidades em outras áreas, permitindo o desenvolvimento de uma visão holística que contribuirá para melhorar o ecossistema da empresa.

    Para não perder tempo, não comentarei sobre chefes que apenas controlam tarefas e exigem que seus subordinados ajam conforme suas regras e visão de mundo.

    Agora, como superar o desafio de recrutar pessoas que querem aprender? Se for sua empresa tiver uma cultura de aprendizado, os talentos baterão na sua porta. As dinâmicas de seleção e recrutamento atuais são suficientes para identificar os melhores talentos. Encontrando talentos contrate-os, mesmo que não tenha um posição no momento. Coloque-os em projetos e em departamentos de baixo desempenho como observadores. Os programas de trainees são excelentes para recrutar talentos. Outro processo são parcerias com Universidade e escolas técnicas para identificar alunos com potencial e investir em programas de estágio.

    A “vontade de aprender” não está associado a idade da pessoa e sim a uma característica. Pessoas com mais experiência e vontade de aprender são ideais para serem mentores dos mais jovens, pois veem a oportunidade de continuar a aprender.

    Profissionais com vontade de aprender são mais valiosos que especialistas altamente qualificados que não estão dispostos a quebrar paradigmas e contribuir para o desenvolvimento da empresa.

  • Ambiente de homologação como estratégia de DRP

    Em ambientes de desenvolvimento de software existe uma infraestrutura para homologação de novos programas similar ao ambiente de produção. O ambiente de homologação é menor que o da produção, porém possui todas as características da infraestrutura de hardware e software para garantir que os testes finais seja realizados. Se usarmos um ambiente de processamento elástico podemos utilizar o ambiente de homologação como ambiente de produção em situações de contingência. Existem várias vantagens nessa estratégia, uma é que o ambiente está sempre configurado com as últimas versões de software do ambiente de produção. Outra vantagem é a redução de investimentos e despesas para manter ambientes apartados dos planos de recuperação de desastres (DRP – Disaster Recovery Plan). Uma vantagem adicional é implantar esse ambiente na modalidade de processamento em nuvem (Cloud Computing), para obter elasticidade, custo por demanda e conexões seguras via Internet.

    Planos de recuperação de desastres são essenciais para Data Centers com o objetivo de garantir a continuidade de negócios das empresas. O fato é que muitas organizações, incluindo entidades públicas, investem pouco em planos de continuidade de negócios e, consequentemente, em infraestrutura redundante para DRP nos Data Center. Provavelmente, essa situação ocorra pela baixa probabilidade de ocorrência de um desastre no Data Center. Entretanto, vários fatores estão se alterando, tanto do ponto de vista dos negócios quanto das mudanças climáticas extremas.

    Os negócios estão cada vez mais dependentes e integrados aos sistemas de informação para melhorar a experiência dos clientes e otimização dos processos de negócios. A simples ideia de paralização do Data Center pode trazer uma reação negativa dos investidores e clientes, que buscarão empresas com estruturas mais confiáveis.

    Criando sinergia entre o ambiente de homologação e o plano de recuperação de desastre é possível aumentar a produtividade do staff, ter foco no DRP, manter os ambientes atualizados, garantir a continuidade de negócios da empresa e conquistar a confiança de investidores e clientes.

    Mais detalhes entre em contato e participe da discussão.

  • Porque ainda se paga licenças caras pelos Data Warehouse tradicionais?

    O principal objetivo de um Data Warehouse (DW) é centralizar informações de diferentes fontes de dados para análises avançadas de dados. Estas análises permitem identificar tendências e identificar correlações importantes entre fatos, melhorando e acelerando as tomadas de decisão. Entretanto, os investimentos em ferramentas de DW tradicionais são caras e exigem muito planejamento para a normalização de tabelas do banco relacional e esforço de extração, transformação e carga dos dados. Felizmente, as tecnologias de código aberto de Big Data, como o Hadoop, Hive e HBase podem substituir a maioria dos atuais DWs. Então cabe a pergunta: porque as empresas ainda pagam por licenças caras de Data Warehouse?

    A primeira resposta poderia ser o risco da migração. Afinal, se está funcionando e já está no orçamento para que mudar? Existem coisas mais importantes para se preocupar. Obviamente, que não é uma boa justificativa no médio e longo prazo. O rápido crescimento dos dados dos novos modelos de negócios fará os custos aumentarem cada vez mais, tornando ainda mais complexa e cara a migração. Além da empresa perder competitividade em custo com seus concorrentes.

    A segunda resposta é a forte utilização do DW para apoiar a operação com muitas transações online (OLTP), inviabilizando a migração para tecnologias que oferecem pouco suporte para OLTP, como o Hadoop. O ponto aqui é saber se o custo das transações online são apropriados para o negócio usando uma ferramenta cara transações online.A terceira resposta poderia ser a recuperação do investimento no treinamento dos especialistas é na infraestrutura do DW. Neste caso, é bom ficar atento para não ficar refém dos especialistas e manter uma infraestrutura com poucas instalações no país, tornando ainda cara a operação.

    A quarta resposta seria a falta de confiança em softwares de código aberto (open source). Essa resposta tem pouco fundamento uma vez que as maiores empresas adotam software livre com grande sucesso, como Google, Yahoo!, IBM, Cisco e outras centenas de empresas muito grandes. Apenas quem quer proteger sua posição na organização usaria esse argumento.

    A quinta resposta seria usar o argumento que bancos de dados noSQL não são totalmente consistentes em ambientes Big Data. A questão aqui depende do negócio, em ambientes de análise de grandes volumes dados a eventual perda de algum dado não impactará o resultado da análise. Ou seja, devemos utilizar as ferramentas certas para cada tipo de aplicação.

    A criatividade e diferentes modelos de negócios podem gerar outras respostas. Entretanto, acredito que na maioria dos casos é possível encontrar uma solução com software livre para reduzir custos e aumentar a produtividade nas empresas.

    Parto do princípio que nenhuma empresa consegue ter recursos suficientes para desenvolver e manter complexos ambientes de software e concorrer no longo prazo com ferramentas como Hadoop para Big Data e outras soluções para os novos negócios.

  • Tecnologia e sofisticadas técnicas de gestão de projeto ajudam, mas não fazem a diferença na entrega do produto final

    Na lista de livros de administração mais vendidos da Livraria Cultura, dois livros sobre gestão de projetos aparecem nas seis primeiras posições. No meu primeiro contato com gestão de projetos, ainda na escola de engenharia, me questionava como os egípcios conseguiram construir grandes obras de engenharia civil, entre elas as pirâmides sem PERT/CPM, técnica usada pelos americanos no desenvolvimento dos submarinos nucleares Polaris, em 1957. Depois, me intrigava como gerenciavam sem os softwares Primavera (agora da Oracle) ou Project da Microsoft. Agora, com as redes sociais e softwares de gestão de portfólio continuo com a dúvida. Visitei o Egito para ver as pirâmides e fiquei ainda mais impressionado com as maravilhosas mesquitas e suas colossais cúpulas. A pergunta que faço é qual o impacto da evolução tecnológica e das novas técnicas de gestão de projetos para aumentar a satisfação dos Stakeholders, entregando projetos no prazo, no orçamento e na qualidade prometida?

    foto-piramides-egito

    As pirâmides eram a pousada eterna dos faraós e nada era mais importante para eles que continuar com uma vida próspera depois da morte. Os arquitetos das pirâmides sabiam que seriam enterrados na pirâmide junto com o faraó quando morresse. Os feitores dos operários e dos escravos tinham privilégios durante a construção da pirâmide. Baseado na expectativa de vida do faraó existia um prazo para concluir a construção. Quem falhasse no trabalho tinha penalidades severas podendo perder a própria vida. Ou seja, todos estavam envolvidos no projeto e suas vidas e, segundo a crença na época, até depois da morte.

    Fico admirado em observar que muitos executivos delegam as tarefas de gestão a gerentes de projetos, acreditando que o projeto se auto realiza sem sua presença e apoio, apenas usando técnicas de monitoramento ou softwares de gestão. Vejo que alguns gerentes enxergam o gerenciamento de projeto como um fim e não como um meio para atingir os objetivos. Gráficos bem elaborados e intermináveis reuniões para justificar atrasos e necessidade de mais recursos são comuns. O máximo que pode acontecer é a demissão de alguns membros do projeto e uma frustrante justificativa para os acionistas ou proprietário da empresa que o projeto atrasou e que medidas severas foram tomadas de recuperação que, infelizmente, aumentaram o custo do projeto e seu prazo de entrega.

    Se compararmos os projetos corporativos e a construção das pirâmides podemos encontrar os principais pontos de uma gestão eficiente de projetos. Sem dúvida, a mais importante é a liderança e o comprometimento do dono do projeto. O segundo, é que o projeto fazia sentido para os principais assessores do faraó, pois afinal eles seriam enterrados vivos na pirâmide. Para os artesões e escravos o bom trabalho representava uma vida mais tranquila e sabiam que em caso de falha pagariam com a própria vida. Por último, como a construção era a principal obra do faraó não faltavam recursos financeiros e humanos para completar o projeto.

    Resumindo, o sucesso de um projeto depende da forte liderança e comprometimento do dono do projeto, que o projeto faça sentido para quem trabalha nele e que existam recursos suficientes para executá-lo. Ou seja, tecnologia e sofisticadas técnicas de gestão de projeto ajudam, mas não fazem a diferença na entrega do produto final.