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Autor: Eduardo Fagundes

  • Custo da energia para a indústria deve aumentar 53% no próximo mês.

    Somando os subsídios sociais, pagamento das despesas do setor e os custos das termelétricas, a indústria deve pagar R$79 a mais por MW consumido. Uma indústria que consume 30MW que hoje paga R$150 por MW passará a pagar R$229 por MW. Passará a ter uma despesa de R$20,8 milhões ao longo de um ano. Alguns empresários afirmam que com esse cenário em breve não teremos mais problemas de energia, pois com a aniquilação da indústria nacional sobrará energia para outros setores.

    Acredito ser pouco provável que a indústria consiga subsídios para a energia, pois é uma importante fonte de arrecadação de impostos. Com um ICMS de 30% é uma das poucas receitas que ficam para os Estados. O PIS/COFINS é uma receita importante para atingir a meta de superávit do governo. As concessionárias de distribuição de energia precisam pagar os empréstimos do rombo no orçamento causado pela MP579, uma das trapalhadas do governo no setor elétrico.

    A carga de impostos e o desequilíbrio de preços da energia entre consumidores industriais e residenciais, faz a nossa indústria pagar um dos preços mais caros de energia do mundo. No Brasil, a energia da indústria é 20% mais barata que a residencial. Na Dinamarca é 70% e nos Estados Unidos é 44%. A justificativa é o consumo concentrado da indústria e não fortemente pulverizado como o residencial.

    As novas regras da Aneel sobre os encargos para o consumidor da PLD (preço de energia do mercado à vista) deve aumentar os encargos dos consumidores em até R$20 por MW consumido.

    No ano passado, o governo usou a CDE, Conta de Desenvolvimento Energético, para manter o custo da energia. Hoje, com o aperto fiscal a conta de cerca de R$21 bilhões será repassada para o consumidor.

    A solução para a indústria é investir em eficiência energética, incluindo estudos de autoprodução de energia e ingresso no mercado livre de energia.

    Não dá mais para “empurrar” essa questão, pois a conta será alta no final do mês, comprometendo significativamente as margens de lucro.

  • A Apple está pronta para entrar no mercado de carros elétricos?

    Já faz tempo que a Apple eliminou o “Computer” do seu nome. Sua visão é oferecer produtos inovadores para melhorar a vida das pessoas de forma sustentáveis.

    Ela tem investido em energia renovável em seus data centers e em baterias de maior capacidade para seus equipamentos. Ela é responsável pelo design e projeto completo de seus produtos. Tem em caixa cerca de US$180 bilhões e um valor de mercado de cerca de US$700 bilhões. Alguns de seus principais executivos  já trabalharam na Ford, GM e Chrysler. Tem reputação e experiência em operações globais.

    Não tenho dúvidas que a Apple está pronta para ingressar no mercado automobilístico, não apenas como fornecendo soluções complementares, mas como fabricante de carros.

  • Ford revela planos para Big Data

    A Ford Motor Company revelou planos ambiciosos para colocar Big Data no centro de seus negócios. A Ford vai contratar 125 novos funcionários em funções relacionadas a dados no seu centro de pesquisa do vale do silício até o final do ano.

    O CTO da Ford Raj Nair disse ao Wall Street Journal: “Acho que Big Data será muito maior do que a telemática”.

    Os planos da empresa é capturar dados de frete e logística para comparar os custos de peças e serviços em escala global. Nair disse: “uma vez que começamos a ficar realmente bons na análise de grande volume de dados, podemos usar essa experiência para olhar para a cadeia de suprimentos.”

    A Ford já tem experiência no tratamento de grandes volumes de dados – seus carros mais recentes vêm equipados com 74 sensores e o seu carro híbrido gera 25GB de dados a cada hora que são enviados para a fábrica para análise e pode ser consultada pelos proprietários através de um aplicativo móvel.

  • Os desafios e oportunidades do crescimento sustentável brasileiro

    Enfim uma sinalização sobre a economia brasileira. O ministro da Fazenda Joaquim Levy deu uma ótima notícia sobre as bases da economia para os próximos anos, em Davos no World Economic Forum. A direção é focar nos investimentos e estabilizar a transferência de renda através dos programas sociais. Ele mencionou a estratégia de formação de PPPs (Parcerias Público-Privadas) para atrair novos investimentos em infraestrutura. A operação Lava a Jato que investiga a corrupção na Petrobras deve conter a corrupção em outras áreas e melhorar o retorno dos investimentos no país. O desafio será transferir a mão de obra de setores da economia que perderam atratividade para os setores que investirão na infraestrutura.

    Apesar do pessimismo em Davos, comparado com o ano passado, as ações mencionadas pelos governos devem surtir bons resultados no médio prazo. O programa QE europeu (Quantitative Easing), compra de ativos e títulos públicos, pelo EBC (European Central Bank) deve fomentar o crescimento econômico na Europa. A estabilização da economia americana e o anúncio do presidente Obama de um programa de distribuição de renda, incluindo US$320 bilhões de crédito estudantil e US$60 bilhões para colégios comunitários em 10 anos, deve criar novos mercados para produtos disruptivos de países emergentes. A afirmação do primeiro ministro chinês que o país deve crescer acima de 7% em 2015 deve manter as importações e exportações em níveis normais. A grande expectativa é que com a redução do preço do petróleo em 50% os países terão a oportunidade de reorganizar suas economias e criar um novo ciclo de crescimento.

    Como afirmou o ministro Levy temos que arrumar a casa e nos prepararmos para acompanhar o novo ciclo de crescimento global. Infelizmente, se não fosse a corrupção colossal no país retardando o término das obras de infraestrutura para, através de aditivos contratuais, aumentar o faturamento e desvios de recursos, o Brasil estaria em condições de acompanhar o crescimento global e reduzir a distância social e econômica dos países desenvolvidos. Agora só nos resta captar dinheiro da iniciativa privada para concluir as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e remunerar esses investimentos, aumentando os custos de produção e, esperançosamente, colocar os bandidos na cadeia.

    Os desafios do Brasil são do seu tamanho:imenso e diversificado. Estamos sofrendo as conseqüências do descaso da sociedade que permitiu que empresas, governos e cidadãos corruptos se apropriassem de recursos da nação e mantivesse governantes incompetentes na gestão pública. A falta de combate efetivo do desmatamento da Amazonia está refletindo na forte estiagem nas regiões Sudeste e Cento-Sul. Essas regiões estão na faixa desértica do hemisfério sul e só são férteis devido a umidade vinda da região amazônica. O desmatamento e a fumaça das queimadas impedem a formação de chuva e antecipou em 15 anos a previsão da grande estiagem. O risco é tão grande de desertificação que pode acabar com o agronegócio e criar um êxodo da população para outras regiões, como segundo alguns estudos ocorreu entre os anos 1.000 e 1.300 que dizimou populações na região.

    Infelizmente, a questão dos desmatamentos não é tão simples de se resolver. O Brasil tem a maior área cultivável do mundo e terá uma enorme responsabilidade para alimentar os mais de 9 bilhões de habitantes do planeta até 2050. Isso significa que cada metro quadrado de terra arável deve ser usada com máxima eficiência na produção de alimentos. Apesar de justos os movimentos pela reforma agrária, a agricultura e pecuária deve ser tratada como estratégia de Estado direcionando investimentos e regulamentando o setor para aumentar, significativamente, a produtividade no campo. Devem ser aplicados investimento pesados em agricultura de precisão, colocando a tecnologia a serviço da nação. Felizmente, temos a Embrapa que desenvolve avançados estudos e tecnologia para o campo com reputação internacional.

    Exportar commodities reduz, consideravelmente, nossa capacidade de aumentar o superávit da nossa balança comercial. Empresas e governo devem investir na transformação da commodities em produtos industriais para exportação. As Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) devem ser incentivadas para focar na exportação e reduzir os tributos e burocracia interna. As áreas de serviços, incluindo tecnologia da informação, devem ser habilitadas para exportar serviços a partir das ZPE, fato que a legislação atual não permite.

    Obviamente, para implementar qualquer plano de crescimento precisamos de mão de obra qualificada e ferramentas avançadas. Temos que coordenar a criação de cursos para atender as necessidades do mercado e orientar os jovens para as reais possibilidades de cada setor. As escolas técnicas e faculdades devem assumir a responsabilidade de formar profissionais que possam ingressar no mercado de trabalho habilitados, sem a necessidade de treinamento adicional pelas empresas ou de cursos de pós-graduação.

    O período de retração e ajustes da economia brasileira está gerando uma massa de desempregados que precisam, rapidamente, retornar ao trabalho para não perderem a competitividade e criar um gap tecnológico. Sindicatos e governo devem promover treinamentos para novos postos de trabalho ajustando o perfil dos trabalhadores para as áreas com escassez de mão de obra.

    Resumindo, temos desafios e oportunidades. Cabe a sociedade e seus governantes agirem de forma planejada e eficiente para colocar o Brasil no rumo do desenvolvimento sustentável.